Henrique J. C. de Oliveira, Computador e Ensino, Viseu, 2003.

2Características específicas do computador

 

<<<

Podemos definir o conceito de interactividade como sendo  a relação que se estabelece entre o utilizador e a máquina, sem a qual o programa não poderá desenvolver-se, exigindo uma atitude permanentemente activa que permite ao utilizador uma progressão subordinada a várias factores:

            ● ritmo de aprendizagem;

            ● interesse;

            ● percurso.

 

Esta relação de interactividade estabelece-se através de diferentes «canais» de comunicação, tais como o teclado, o monitor e os diferentes periféricos habitualmente utilizados, de entre os quais o mais importante deverá ser o «rato».

 

O aparecimento de programas diversos para computador deu origem a um novo conceito e simultaneamente a uma poderosa «ferramenta» de comunicação e informação - o HIPERTEXTO.

 

O que é um hipertexto? Qual a sua origem?

 

O termo hipertexto surge pela primeira vez em 1965 e «ficou a dever-se a TED NELSON. Segundo ele, a ideia já o acompanhava há alguns anos, tendo-lhe surgido pela primeira vez em Outubro ou Novembro de 1960, quando frequentava um curso de iniciação à informática que, em princípio, o deveria ajudar a escrever os seus livros de Filosofia. De acordo com as suas próprias palavras, procurava «um meio de criar, sem incómodo, um documento a partir de um vasto conjunto de ideias de todos os tipos, não estruturadas, não sequenciais, expressas em suportes tão diversos como um filme, uma banda magnética ou um pedaço de papel».

 

Queria poder, p. ex., «escrever um parágrafo que apresentasse portas (se fosse hoje, que estamos habituados a falar de sistemas operativos como, por exemplo, o sistema Windows, talvez ele dissesse «janelas») atrás das quais um leitor pudesse descobrir ainda muito mais informações que não aparecessem imediatamente na leitura desse parágrafo». Actualmente, e estamos a reportar-nos ao texto de A. BARIBAULT[1], escrito em 1990, em que se fala de TED NELSON, o autor do hipertexto procura ainda anotar as suas ideias «em pequenos autocolantes» que classifica por dias, por semanas e por anos, e que correspondem a diferentes projectos que tem em mente».

 

Actualmente, nos começos da primeira década do segundo milénio, talvez que Ted Nelson já não utilize o sistema de autocolantes para registo das ideias. As tecnologias evoluíram e os computadores encolheram. Actualmente é possível fazer estes registos em computadores portáteis de bolso, que permitem uma catalogação, de maneira fácil e ordenada.

 

Em que consiste o hipertexto? Qual a filosofia que lhe está subjacente?

 

Paulo Dias[2] relaciona o hipertexto com a «maneira humana de pensar e agir, baseada na associação de ideias.  Trata-se (...) de uma armazenagem não sequencial de informação, com base na associação das unidades de informação, privilegiando as relações paradigmáticas (associação de ideias, que, por exemplo, num texto vulgar, só é conseguida através de notas de rodapé), e não só as sintagmáticas (sujeito/predicado) próprias de uma leitura linear subjacente a qualquer texto /p. 87/».

>>>


[1] A. BARIBAULT, Xanadu, in: “Science et Vie”, Nov. 1990, pp. 190-193.

[2] - DIAS, Paulo – e MENESES, Isabel C. -, Problemática da representação hipertextual, in: “Revista Portuguesa de Educação”, Instituto de Educação da Universidade do Minho, n.º 3, pp. 83-91.

 

Página anterior Índice geral Página seguinte