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Isto
de tradições e...
São Martinho
Henrique J. C. de Oliveira |
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Perante
uma repetição frequente de provérbios que eram
idênticos, começámos por considerar erróneo encher
páginas com listagens deste tipo. Mas o nosso ponto de
vista em breve acabaria por mudar.
Perante
um número elevado de provérbios que se afiguravam
idênticos, optámos por registar todas as variantes em
verbetes, ainda que a diferença apenas estivesse em
substituir «Pelo São Martinho» por «Em São
Martinho» ou «No dia de São Martinho».
Uma
vez registados todos os provérbios, um por cada
verbete, e efectuada uma classificação por grupos e
subgrupos, acabámos por concluir que, sem este registo
repetitivo dos provérbios com todas as suas variantes,
não é possível efectuar uma análise de natureza
sócio-linguística; e a nossa reflexão nunca poderia
fazer-se. E isto porque os provérbios constituem um
reflexo daqueles que os produzem; e sendo cada um de
nós o resultado do ambiente cultural em que estamos
inseridos, acabamos por obter, através deste conjunto
de registos, um espelho da maneira de ser e de pensar e
dos costumes da população de uma determinada região.
Tendo
em conta as ideias e palavras-chave nos diferentes
registos de provérbios em que o nome de São Martinho
é referido, agrupámos os verbetes em duas grandes
categorias: a primeira, fornece-nos elementos
relacionados com a época e as actividades agrícolas; a
segunda, mostra-nos os costumes, que variam de acordo
com as regiões e os produtos nelas existentes.
Na
primeira categoria, encontramos, quer pela positiva,
quer pela negativa, uma referência àquilo que se pode
ou se deve semear no mês de São Martinho, ou seja, por
alturas de Novembro. A acreditar nos provérbios, a
menos que os elementos indicados apenas lá estejam por
uma questão de rima com o nome do santo, os produtos
assinalados para a época são a fava, os alhos, o linho
e o cebolinho. É o que nos dizem as variantes dos
mesmos provérbios, das quais apenas reproduzimos um
exemplo de cada: «Pelo São Martinho, semeia o teu
linho.»; «Por São Martinho, semeia a fava e o
linho.»; «Pelo São Martinho, semeia o teu cebolinho,
que o meu já está crescidinho.»; «Em dia de São
Martinho, semeia os teus alhos e prova o teu vinho.»
Qualquer
dos exemplos transcritos se caracteriza, do ponto de
vista estilístico, pelo recurso à tautologia, sendo o
provérbio ritmicamente subdividido em dois ou três
segmentos, em que cada um, embora metricamente desigual,
tem a característica de apresentar a mesma rima
consoante, em que Martinho rima com linho, cebolinho,
crescidinho e, noutras variantes, com vinho.
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