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         – 
        Sou uma jornalista do jornal "SONHAR" que gostava de conhecer algo sobre 
        a QUERCUS e sobre as cegonhas. O QUE É EXACTAMENTE A QUERCUS? 
        – 
        A QUERCUS é uma associação que visa os aspectos da conservação da 
        natureza, é uma associação a nível nacional, organizada em núcleos dos 
        quais o núcleo regional de Aveiro é representado por mim. 
        – O que 
        significa o nome QUERCUS? 
        – 
        O nome "Quercus" é a palavra latina para as espécies de árvores das 
        quais o carvalho é a árvore mais significativa, mais importante. 
        – Soube que 
        as cegonhas estiveram aqui, em Aveiro. Poderia referir alguns factos de 
        maior destaque sobre esse assunto? 
        – 
        Os registos antigos dizem-nos que durante muitos anos houve uma grande 
        percentagem, uma enorme família de cegonhas cá em Aveiro, nomeadamente 
        no vale do rio Vouga, junto a Salreu (Estarreja). Com o andar dos anos a 
        população de cegonhas foi diminuindo em Aveiro. Durante muitos anos só 
        se encontrou UM ninho. No ano passado, porém, houve um acréscimo muito 
        significativo no distrito de Aveiro. As cegonhas normalmente chegam 
        vindas do Sul, de África, em princípios de Fevereiro e regressam 
        novamente ao Sul em fins de Agosto. Nesse período, nidificam e criam os 
        seus filhos. Aveiro é a região mais litoral do Norte de Portugal onde 
        aparecem cegonhas. 
        A 
        QUERCUS teve a oportunidade de controlar, estudar e seguir, no ano de 
        1991, quatro ninhos dos quais três eram novos. Ali em Barrô, perto de 
        Águeda, outro na Trofa; e um outro em Eirol; e mais dois ninhos em 
        Estarreja. Um dos ninhos de Estarreja criou; o outro não sabemos o que 
        lhe aconteceu. Também detectámos um ninho na zona de Sarrazola, perto do 
        rio Vouga, mas caiu. Registámos quatro ninhos, com resultados efectivos, 
        pois tiveram onze filhotes. 
        É 
        interessante frisar que na zona de Aveiro onze novas cegonhas surgiram. 
        Não sabemos se todas elas sobreviveram, porque no seu regresso ao sul de 
        África há muitos perigos. Esperamos que para o ano elas voltem em força. 
        – Quando é 
        que elas regressam? 
        – 
        Voltam em Fevereiro. 
        – Quais 
        foram os factores que levaram as cegonhas a procurar menos a região de 
        Aveiro? E também porque houve agora este regresso? 
        – 
        É difícil responder a estas perguntas. A poluição terá sido um factor 
        importante – não só aquela que existe aqui na cidade, mas toda a que 
        existe ao longo da rota seguida pelas cegonhas. A instabilidade que se 
        vive nos países de África também terá contribuído muito para a 
        diminuição do número de cegonhas, na medida em que muitas delas terão 
        sido abatidas. Pensamos que contribuiu para esse resultado o aumento do 
        número de caçadores. Quanto ao acréscimo do número de cegonhas na região 
        de Aveiro não implica que tenha havido uma diminuição nos níveis de 
        poluição, como, de certa forma, algumas entidades oficiais querem fazer 
        acreditar. Houve um acréscimo e isso é inegável. No entanto trata-se de 
        um fenómeno que tem de ser devidamente estudado em conjunto com outros 
        semelhantes que se têm verificado noutras regiões. Pode adiantar-se que 
        as condições existentes aqui na região (Rio Águeda, Rio Vouga, Ria de 
        Aveiro) são óptimas para a que a população de cegonhas tenda a aumentar. 
        – As 
        cegonhas são alvo dos caçadores? 
        – 
        Sim. Infelizmente temos verificado com bastante frequência que as 
        cegonhas são alvos para os caçadores. E não o deviam ser, porque as 
        cegonhas são uma das espécies protegidas por lei. Inclusivamente sabemos 
        que os caçadores têm tendência para atirar sobre as cegonhas sem 
        qualquer motivo. Aqui, em Aveiro, tivemos conhecimento de duas cegonhas 
        que foram atingidas logo no primeiro dia de abertura de caça (dia 15 de 
        Agosto). Uma morreu e uma outra foi atingida numa asa. Foi essa cegonha 
        que a QUERCUS , com a ajuda desinteressada de algumas pessoas, recolheu 
        e conseguiu recuperar. 
        – Onde é 
        que as cegonhas costumam fazer os seus ninhos? Nos telhados? 
        – 
        Não só. As cegonhas costumam fazer os seus ninhos em qualquer plano 
        alto. Fazem-nos por exemplo, nas chaminés (as cegonhas são uns animais 
        extraordinariamente sociáveis, gostam de multidões e por isso escolhem 
        locais povoados para os construirem), nas torres das igrejas, em postes 
        de alta tensão, em árvores. 
        A 
        QUERCUS tem inclusivamente um protocolo com a EDP, para que quando haja 
        ninhos de cegonhas em postos de alta tensão que prejudiquem o bom 
        funcionamento dos seus serviços, estes não sejam destruídos.          
        (Continua na página 11) 
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