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            Paulo era um menino de cinco anos, pequeno, 
            franzino e muito curioso. 
            
            Ele não era uma criança igual às outras que só 
            queriam andar na brincadeira, a imitar os seus heróis de televisão, 
            com espadas e canhões. Às vezes, até parecia um adulto a falar com 
            elas, sobre o perigo das armas. 
            
            Fazia muitas perguntas aos pais sobre a guerra do 
            Golfo, o massacre em Timor, as suas consequências, etc. 
            
            Certo dia, estava à mesa a almoçar com a família, 
            e de repente parou de comer. 
            
            O pai ao vê-lo assim, perguntou-lhe: 
            
            – Que se passa, filho? Não tens fome? 
            
            E Paulo, com aquela carinha de bebé, que ele 
            ainda tinha, responde: 
            
            – Estava agora a pensar naqueles que não têm nada 
            para comer, e nós aqui, regaladinhos, a comer o nosso bife com 
            batatas fritas. 
            
            Os pais, sem saber o que dizer, olhavam um para o 
            outro, muito admirados com as palavras. Passado um bocado, Paulo 
            perguntou: 
            
            – Sabem qual é o meu maior sonho? 
            
            – Não. Diz lá, qual é? – disse a mãe. 
            
            – O meu maior sonho é ser Presidente da 
            República, para impedir que em Portugal haja guerras como a do 
            Golfo. 
            
            E lá ficaram, outra vez, os pais a olhar um para 
            o outro. Era realmente uma criança muito especial. 
            
            Aos vinte anos casou, e teve dois filhos: Pedro e 
            Joana. Não chegou a Presidente da República, mas continuou a 
            defender os direitos dos mais desfavorecidos. 
            Mafalda Dias  | 
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            No meio dos campos verdejantes, 
            
            Observando o rio, 
            
            Está uma menina sentada. 
            
            Sonha coisas belas, 
            
            Coisas fantásticas, 
            
            Coisas enigmáticas para nós, 
            
            Mas tão claras para ela. 
            
            Sonha com uma futura invasão  
            
            De extra-terrestres, 
            
            Vindos em missão de Paz.  
            
            Sonha com o Sol e a Lua 
            
            Que falam com ela e 
            
            Lhe contam 
            
            Os seus segredos. 
            
            Eu, observo essa menina 
            
            Que se debruça sobre o rio. 
            
            A imagem projectada na água,  
            
            Pura e límpida, 
            
            É a minha. 
            
            E, aí, eu descubro 
            
            Que essa menina sonhadora,  
            
            Sou eu! 
            
            Cristina Borges  | 
          
          
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            Sonhar? 
            Sim, eu gosto de sonhar. 
            Deixar-me levar por um sonho, 
            Se for bonito, começo a sorrir. 
            Se for medonho, desato a fugir. 
            Deixar-me voar por entre as nuvens, 
            Ir até ao fim do arco-íris 
            E tirar-lhe um pedaço. 
            Ir até ao Sol, à Lua, 
            Conversar com eles, 
            Dizer o meu nome, a minha idade, 
            Perguntar-lhes a data de nascimento. 
            E depois acordar, 
            Contar e reviver. 
            SONHAR? SONHAR! 
            
            Cristina Borges  | 
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             O Meu maior 
            sonho 
            Não vos digo, não 
            Ele é propriedade privada 
            Do meu coração. 
             
            Mas tenho outro grande sonho 
            Que é comum a gente boa, 
            É o de haver PAZ no Mundo 
            E ver a GUERRA presa em Lisboa. 
            
            Mafalda Dias  |