A CARTA COMERCIAL
A
carta comercial, segundo alguns, tornou-se
uma operação de rotina, praticamente realizada mecanicamente e de forma
convencional, tendo muitas vezes como destino o cesto de papéis do
destinatário.
Apesar
de, em muitos casos, preferirmos substituir uma carta por um simples
telefonema, a verdade é que uma carta, se tiver algo de original, algo que
prenda a atenção do leitor, poderá ter grandes probabilidades de cumprir o
objectivo proposto.
Apesar
das grandes facilidades e potencialidades fornecidas actualmente pelos meios
telemáticos, a carta comercial constitui ainda um meio de comunicação bastante
importante no mundo dos negócios, não devendo ser relegada para segundo plano.
Ela permite ainda transmitir aquilo que, muitas vezes, não conseguimos dizer
oralmente. Ela continua a desempenhar uma grande quantidade de funções e não é
por acaso que continuam a publicar-se trabalhos de carácter
essencialmente prático sobre o assunto[1].
Eis
uma breve relação das tarefas que poderão ser desempenhadas pela
correspondência comercial:
♦ Dar seguimento
a ordens de compra, de venda, de envio, de prestação de serviços, etc;
♦ Promover
produtos ou serviços;
♦ Envio de
informações e circulares;
♦ Requerimentos;
♦ Pedidos de
esclarecimento, de pagamento, etc.;
♦ Ofícios e
ordens de serviço, etc.
A
carta comercial é o meio mais difundido de comunicação e, embora
aparentemente simples, apresenta toda uma série de aspectos que, apesar de
parecerem pequenos pormenores sem grande importância, são importantes para
obtenção de uma boa eficiência. Para que uma carta, seja ela de tipo familiar,
seja de tipo comercial, consiga o máximo da eficácia, deverá obedecer a todo um
conjunto de quesitos importantes, que vão desde o mais pequeno detalhe até ao
conteúdo informativo veiculado. Estes aspectos têm a ver com: a) a apresentação;
b) a redacção.
A
apresentação deve ter em conta três grandes aspectos:
♦ a qualidade do
papel;
♦ o formato;
♦ o aspecto
gráfico.
O
papel utilizado na correspondência deve ser de boa qualidade. Não se exige um
papel de luxo; importa, isso sim, é que seja fino, flexível, resistente e macio
ao toque. A cor mais habitual é a branca, embora em certos casos se possam
adoptar outras, mas sempre em tons claros. Por vezes apresentam-se textos
de tipo comercial em papel de tom escuro com letras invertidas, isto é, em tom
contrastante, habitualmente em letras brancas. Todavia, textos apresentados
desta maneira tornam a leitura normalmente difícil, exigindo, para evitar esse
inconveniente, um cuidadoso arranjo gráfico. Sejamos, pois, simples, usando de
preferência um papel branco ou mate, fino e de boa qualidade.
Outro
aspecto a ter em conta é o do formato a utilizar. Até há algum tempo,
eram utilizadas folhas nas dimensões de 27 por 21 centímetros.
Actualmente usa-se um papel em formato normalizado, com 29,7 por 21 centímetros,
habitualmente designado por formato A4. Não há obrigatoriedade na utilização de
formatos únicos; no entanto, a sua utilização permitirá uma melhor
classificação e arquivo da correspondência. O formato do papel deverá estar de
harmonia com o tamanho do sobrescrito, de modo que, dobrando a folha em três
partes aproximadamente iguais, caiba perfeitamente, não ficando a carta
engelhada nem dobrada no momento em que se fecha o envelope.
Também não será de
bom tom utilizar um envelope exageradamente grande relativamente ao formato da
página.
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CONSTITUINTES
DE
UMA
CARTA
COMERCIAL |
CABEÇALHO |
parte da
carta constituída por um desenho ou logotipo e identificação da firma |
BLOCO
INICIAL |
data
destinatário
referência
saudação
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CORPO
DA CARTA |
parte central
com a mensagem |
BLOCO
FINAL |
despedida
antefirma
assinatura
anexos e iniciais
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Figura
77: Diferentes constituintes de uma carta comercial. |
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Toda
a carta comercial deverá ser escrita apenas na face anterior. Quando se torna
indispensável maior espaço, deverão utilizar-se outras folhas, que
deverão ser numeradas.
Se
a qualidade do papel e o formato têm importância, aquele que maior impacto
apresenta junto do destinatário é o aspecto gráfico, pois é o que
primeiro lhe prende a atenção. O aspecto gráfico tem a ver com aquilo que
habitualmente se designa pela expressão «mancha gráfica».
Em
primeiro lugar, a folha deverá apresentar uma mancha gráfica regular e correctamente marginada, devendo a margem
esquerda ter uma largura de cerca de 3 a 4 centímetros, não só
pelo aspecto visual, mas sobretudo para permitir posteriormente um correcto
arquivo nos classificadores, não obrigando a furar a folha sobre a mancha
textual e permitindo uma leitura cómoda do texto, sempre que se torne
necessário consultá-lo.
Em
segundo lugar, o aspecto gráfico tem a ver com o estilo adoptado na
distribuição das diferentes partes que compõem a mancha textual. Esta é
composta pelos seguintes elementos (veja-se o quadro da figura 77):
♦ cabeçalho;
♦ bloco inicial;
♦ corpo da carta;
♦ bloco final.
O
cabeçalho é a parte impressa no alto da
carta, por vezes até em relevo, constituída normalmente por um logotipo (opcional) e um bloco de texto, no qual se indicam o
nome da casa, a firma ou denominação social, o ramo de comércio ou indústria em
questão, a direcção completa (rua, número, andar, código postal, cidade,
província, país), o apartado postal e o número de telefone (ou telex, telefax,
telegramas, etc). Poderá ainda indicar outras filiais, sucursais ou
escritórios, Membros da Presidência, Conselho de Administração, Gerência ou
Administração, lema da empresa, número de contribuinte, etc.
O
cabeçalho é um elemento bastante importante, pois contribui, com os restantes
elementos já mencionados, para causar uma boa impressão junto do destinatário.
Daí que o cabeçalho deva ser adequado à empresa ou profissão desempenhada,
original e facilmente memorizável, ter uma aparência moderna e estar bem
impresso. Por estas razões, o bloco formado pelo logotipo e texto, que
constitui o cabeçalho, deverá ser feito por alguém com experiência e bom gosto,
a fim de que o conjunto resulte harmonioso e estético.
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Figura 78: Alguns
exemplos de cabeçalhos idênticos aos que se encontram normalmente em
correspondência comercial.
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O
conjunto logotipo e texto podem apresentar diferentes estruturas. Existem
diversos formatos de cabeçalho, sendo o mais corrente o horizontal, em que o
conjunto imagem e texto ocupam uma secção rectangular, ficando normalmente a
imagem do lado esquerdo. Outro formato utilizado é o de pirâmide, normal ou
invertida, situando-se imagem e texto dentro de uma secção triangular,
que pode ficar à esquerda ou no meio do cabeçalho[2]. Dentro do formato horizontal, o
cabeçalho pode também jogar com a simetria, ficando o texto entre duas imagens
iguais ou numa posição centrada relativamente a um eixo. Noutros casos ainda, o
conjunto pode ocupar uma secção poligonal, regular ou irregular. Embora sejam
estes os formatos habituais, a criatividade e sentido estético podem levar a
outros formatos originais e cativantes. Como sugestão, aconselhamo-lo a
recolher alguns exemplares de cartas comerciais autênticas e a analisá-las
tendo em conta os aspectos referidos.
Se
efectuarmos uma leitura de obras especializadas, verificaremos que uma das
recomendações feitas é a de que o cabeçalho deve evitar toda a exibição
espaventosa, pois esta pode ser prejudicial. Em contrapartida, recomendam uma
elegância sóbria na disposição dos elementos. E aconselham que o desenho
represente certos produtos relacionados com o ramo comercial e para os quais se
pretende chamar mais a atenção: instrumentos, ferramentas, máquinas, automóveis,
produtos medicinais ou laboratoriais, produtos alimentares, etc.
Mas
se a folha de boa qualidade com um cabeçalho bem impresso é um elemento a ter
em conta, não poderemos descurar a etapa seguinte: a da redacção e
dactilografia da carta. É muito importante a redacção do texto; mas por muito
bem redigido que ele esteja, o resultado final será desagradável se a mancha
textual e a impressão dos caracteres não for igualmente cuidada.
É necessário para
a boa apresentação de uma carta:
♦ uma boa
impressão dos caracteres, especialmente quando se usa uma máquina de escrever
ou, no caso de um computador, uma impressora
─ uma fita gasta não permite uma boa
impressão;
♦ uma correcta
digitação do texto, evitando trocas de letras, erros de carácter ortográfico ou
até mesmo ausência de letras ou de palavras;
♦ uma boa
distribuição da mancha textual, devendo haver harmonia entre esta e as margens;
Apesar
dos meios informáticos darem, actualmente, uma preciosa ajuda na elaboração da
correspondência comercial, facilitando o trabalho de digitação de uma carta, a
verdade é que toda a base do sucesso reside essencialmente no trabalho da
pessoa que digita o documento, pelo que esta deverá saber como ordenar os
diferentes elementos constituintes de uma carta: o bloco inicial, o corpo da
carta e o bloco final.
Antes
de vermos cada um destes elementos, uma vez que eles podem ser colocados em
diferentes posições, dentro da mancha textual, convirá referir os estilos de
apresentação das cartas.
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Figura 79: Carta em
que os blocos constituintes se encontram distribuídos segundo o eixo da
diagonal. |
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Alguns
livros técnicos fazem referência a três estilos diferentes: semi-bloco;
bloco; bloco total. A verdade é que o estilo pode ser bastante variável, pois
tem a ver com o arranjo estético da mancha gráfica. Como base de referência,
poderemos indicar dois estilos, tendo em conta a disposição dos blocos inicial,
final e corpo da carta relativamente a um eixo que, partindo do canto superior
esquerdo, ligará o canto inferior esquerdo
─ na vertical
─ ou o canto inferior direito
─ na diagonal.
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Figura 80: Carta em
que os blocos constituintes se encontram distribuídos ao longo do eixo
vertical da margem esquerda. |
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Observem-se
atentamente as figuras 79 e 80, que nos mostram a distribuição da mancha
textual organizada segundo os dois eixos indicados, e veja-se como os
blocos constituintes se encontram distribuídos.
O
bloco inicial é a parte da carta que contém a
data, o destinatário, a referência e a saudação de abertura. Destes quatro
elementos, a referência ou assunto é o único que é facultativo, pelo que pode
ou não existir. Este elemento consiste numa breve frase na qual se dá a
conhecer o conteúdo da carta. Se facultativo e raro na correspondência
habitual, constitui um dos elementos sempre presentes nas chamadas
cartas normalizadas, isto é, nas cartas elaboradas
segundo as normas DIN. Mas vejamos primeiro a distribuição do bloco inicial nas
cartas não normalizadas.
A
data é sempre escrita na parte superior
da carta, imediatamente por baixo do cabeçalho, quando este existe, sendo
precedida do nome da localidade. Normalmente coloca-se do lado direito,
embora haja quem prefira colocá-la no lado esquerdo. Não há
obrigatoriedade de localização, mas há toda a vantagem em ter um sítio fixo,
para que facilmente se possa localizar.
Acerca
da data, convirá chamar a atenção para o facto de que, em português, só há uma
única forma correcta de a escrever. Deve-se
sempre indicar o nome da localidade, separada por uma vírgula, seguindo-se-lhe
obrigatoriamente por esta ordem o dia, o mês e o ano, de acordo com o modelo:
No final da data nunca se coloca nenhum sinal de pontuação.
O único existente na data é a vírgula que separa a localidade da data.
O
quadro da figura 81 apresenta um conjunto de dez datas das quais só quatro
estão de acordo com as normas portuguesas. Identifique as correctas e procure
descobrir o que há de incorrecto nas restantes.
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Figura 81: Do conjunto
de datas apresentadas só 4 estão correctas. Quais? Procure determinar o que
há de incorrecto nas restantes.
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O
segundo elemento do bloco inicial é o
destinatário. É, como o nome indica, a parte
onde se apresentam os diferentes elementos referentes à pessoa a quem nos
dirigimos, ou seja, é todo aquele conjunto de elementos indispensáveis para que
a carta chegue às mãos da pessoa a quem se destina: nome, rua, número, andar,
localidade, código postal e país,no caso de se tratar de correspondência para o
estrangeiro.
Este
conjunto de elementos é colocado um pouco abaixo da data, aconselhando-se,
no mínimo, um espaço de duas linhas. No entanto, a sua colocação está
dependente do tamanho do texto. Não há uma posição certa e obrigatória para a
colocação do
destinatário: há quem o coloque à direita, há quem o coloque à
esquerda. Nos modelos indicados nos esquemas das figuras 79 e 80 o destinatário
encontra-se sempre à esquerda. Há quem prefira colocar o destinatário
encostado à margem direita, cumprindo deste modo uma dupla função por permitir
a identificação do destinatário pelos correios. Deste modo, a data[4] deverá ocupar uma área que permita,
uma vez dobrada a carta em três partes iguais, a sua leitura através da janela
do
sobrescrito. Há também quem distribua os elementos da direcção
em escada, a que se dá o nome de distribuição em escala. É no entanto um
tipo de apresentação com tendência para desaparecer e actualmente considerado
incorrecto por alguns manuais de correspondência comercial, que aconselham que
os diferentes elementos da direcção se apresentem perfeitamente alinhados pela
esquerda e de acordo com as sequências seguintes, tendo em conta a localização
do
destinatário:
A - Se nos dirigimos a uma
pessoa em particular, directamente para a sua morada:
1º - fórmula de tratamento ou
título: Sr., Srª, Dr., Prof., etc.
2º
- nome da pessoa;
3º - morada completa.
B - Se nos dirigimos a uma
pessoa em particular, para o seu local de trabalho:
1º - Fórmula de tratamento ou título;
2º - Nome da pessoa;
3º - Cargo ocupado: Presidente, Secretário Geral, Director; Administrador;
Reitor; Delegado; etc.
4º - Empresa, departamento ou secção onde ocupa o cargo, seguindo uma ordem
do geral para o particular;
5º - Direcção postal.
C - Se nos dirigimos a uma
empresa ou instituição:
1º Nome completo da firma, instituição ou empresa;
2º Departamento ou secção;
3º Direcção postal.
No
final de cada linha da parte relativa ao destinatário não há necessidade de
usar qualquer sinal de pontuação.
Eis alguns exemplos de
indicações de destinatários:
Sr. António Augusto Mendes
Rua Visconde da luz, 25-2º/Dtº
3000
COIMBRA
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Sr. Horácio Magalhães Bastos
Sócio Administrador
Empresa de Construção Moderna
Rua Castro Matoso, 23
3810
AVEIRO
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A
referência é um elemento nem sempre presente
na correspondência comercial. Quando existe, é colocada abaixo do destinatário,
com uma linha de intervalo, alinhada pela esquerda. Consiste numa breve alusão
ao assunto da carta, normalmente precedida das palavras «Referência» ou
«Assunto», podendo estas ser apresentadas de forma abreviada.
A
saudação ou fórmula de cortesia é a expressão inicial que antecede
o corpo da carta. Sendo uma fórmula de cortesia, equivale, a nível da
comunicação linguística, ao elemento que, numa situação de oralidade, chamará a
atenção do sujeito receptor, desempenhando simultaneamente uma função fática e
uma função de cortesia e, em certos casos, uma função apelativa, procurando
captar não só a atenção do receptor mas sobretudo captar-lhe a sua
simpatia, tornando-o logo à partida mais receptivo para aquilo que lhe
vai ser proposto. Veja-se, por exemplo, a fórmula «Ilustríssimo e
distintíssimo Professor...», cujo tom marcadamente adulador está bem
patente.
A
fórmula de cortesia escreve-se sempre do lado esquerdo, podendo ficar
totalmente encostada à margem esquerda, procedimento bastante frequente
ultimamente, ou alinhada com a primeira letra da primeira linha da carta,
correspondente à marcação dos parágrafos.
Existe
um elevado número de fórmulas de tratamento, na sua grande maioria já entradas
no uso corrente e consideradas por alguns manuais práticos como fórmulas
caducas, absurdas e vazias de conteúdo. Apesar de todas as críticas que lhes
possam fazer, a verdade é que continuam em uso e dificilmente desaparecerão das
normas correntes. No entanto, a nossa preferência deverá ir para as fórmulas
mais simples e despretensiosas. A seguir se apresenta uma lista com algumas
retiradas de correspondência actual e apresentadas, em alguns casos, com a
forma abreviada correspondente:
Ilustríssimos Senhores (Ilmos Srs.)
Excelentíssimo Senhor (Exmo. Sr.)
Digníssimo Senhor...
Caríssimo Senhor...
Distintíssimo
Doutor ...
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Ex.ma Senhora...
Estimadíssimo Senhor ...
Distinto cliente ...
Distinto Senhor ...
Estimado cliente, ...
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Distintíssimo e Ilustríssimo
Professor, ...
Amigos e Senhores (Am.os
e Snrs.
ou Amigos e
Srs.)
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A seguir à fórmula de saudação há
manuais que consideram como obrigatório o uso de dois pontos (:). Outros
consideram que o sinal que deverá ser utilizado é a vírgula (,). A consulta de várias cartas redigidas em
português permite-nos constatar que tanto a vírgula como os dois pontos
são utilizados, embora a grande maioria utilize a vírgula, o que nos leva a
concluir que talvez seja esta a pontuação preferida. Seja como for, a conclusão
final que teremos de tirar é que qualquer um deste sinais de pontuação será
aceitável, competindo a quem escreve optar por um ou por outro.
Convém chamar a atenção para o facto
de que há um conjunto de fórmulas de saudação de uso obrigatório com
determinadas entidades, tais como reis e príncipes, embaixadores, detentores de
cargos públicos e políticos e entidades eclesiásticas[5]
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Figura 82: Exemplo da
apresentação do bloco inicial em cartas de acordo com as normas DIN. |
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A
correspondência
normalizada, ou
seja,
segundo as normas DIN (Sigla formada a
partir das palavras da expressão alemã «Dast ist Norm», que significa 'isto é
norma'), caracteriza-se por apresentar uma distribuição dos elementos do
bloco inicial segundo uma estrutura fixa, entre o cabeçalho e o corpo da carta.
Após a apresentação do destinatário, à esquerda ou, mais frequentemente, à
direita, numa área que corresponde à da janela de leitura dos envelopes com janela,
existe um sector já impresso, no qual se indicam a referência e a data da carta
a que se dá resposta e os elementos referentes à carta enviada, tais como n/ carta de, n/ referência, data.
Todos estes elementos são colocados na mesma linha, tendo por baixo, com uma a
duas linhas de intervalo, a indicação Assunto:, após o que se segue o
corpo da carta. Vejam-se as figuras 82 e 83, que nos mostram dois
exemplares de cartas normalizadas, uma relativa a uma empresa de navegação, a
outra dando uma ideia da correspondência normalmente utilizada em
estabelecimentos oficiais de ensino.
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Figura 83: Exemplo da
apresentação do bloco inicial de uma carta segundo as normas DIN idêntica às
utilizadas na correspondência oficial em estabelecimentos de ensino em
Portugal. |
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Sugestão de
trabalho 23
Antes da análise dos restantes elementos que compõem
uma carta, efectue uma pequena pausa de reflexão, fazendo as actividades a
seguir propostas.
Actividade 1
Verifique se as direcções a seguir
apresentadas se encontram correctas.
Caso
contrário, identifique o que está incorrecto:
1
Para
Senhor M. P.
C. de Abreu,
Avenida dos
Aliados, 28 - 2º/Esq.
4000
PORTO
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2
Exmo Senhor
Manuel Pinto
de Abreu,
Av. Dr.
Lourenço Peixinho, 27 - 3º,
3800 AVEIRO
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3
Exmo Senhor
Júlio Soares
Rua do Souto,
32
4700
BRAGA
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4
Abreu y Gomez, Construcciones
Edificio Marbella,
Portal C, 6º -
124;
Apartado de
Correos 1221.
27001 Lugo.
ESPANHA
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5
Exmª Senhora
D. Maria da
Conceição P. de Almeida Ribeiro.
Rua Castro
Matoso, 26 - 3/Dtº.,
3800 AVEIRO
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Actividade 2:
Utilizando os elementos indicados em
cada grupo, escreva correctamente os destinatários:
1
Coimbra -
Prof. Carlos Antero de Oliveira - Instituto de Estudos Românicos -
Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra - 3000
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2
Sócio-Gerente - Avenida de Camões, 12
-
Senhor Camilo Arantes de Oliveira - Viana do Castelo - Casa das
Máquinas - 4900
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3
Francisco
Alves da Silva - Lisboa - 1300 - Avenida da índia, 72
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4
Rua do Museu
Grão-Vasco, 13 - 2/Esq.
-
Juliana Sarmento Rodrigues - Viseu - 3500
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5
Abreu y Gomez, Construcciones
- Espanha
- Apartado de Correos
1221 - Portal C, 6º -124 - Edificio Marbella 27001 Lugo
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O
corpo da carta é a parte
central e a mais importante, pois corresponde à exposição do assunto. Toda a
carta deverá ser escrita tendo como base uma estrutura bem definida. Antes de
se redigir o texto, há toda a vantagem em formular um conjunto de questões
fundamentais:
- O quê?
─ (ou seja, o
objectivo, aquilo que se pretende);
- A
quem?
─ (Quem é o
destinatário);
- Como?
─ (Tem a ver
com o conteúdo e a forma);
-
Quando?
─ (A altura em
que se deve escrever: será oportuno ou não?)
Significam estas quatro questões que
é importante saber o que se pretende, pois a redacção da carta varia de acordo
com os objectivos. Por outro lado, há toda a vantagem em conhecer as
características da pessoa a quem nos dirigimos, pois o tom da carta deve ter em
conta as características do destinatário. Seria descabido, por exemplo, enviar um
pedido de pagamento num tom áspero a um cliente que costuma ser cumpridor e
pontualíssimo nos pagamentos mas que, por qualquer motivo imprevisto ou por
lapso, se esqueceu de enviar o pagamento dentro do prazo habitual. Igualmente
seria descabido enviar uma proposta de aquisição de uma moradia ou um
apartamento a alguém que entrou em falência ou que de antemão sabemos que não
tem quaisquer meios para efectuar uma aquisição de tão grande envergadura.
Quando não possuímos elementos sobre
o destinatário, convirá adoptar um conjunto de regras importantes, que passamos
a indicar:
♦
Determinar com rigor o que se pretende com a carta, de modo a redigi-la da maneira mais adequada à
situação;
♦ Evitar ferir as
susceptibilidades do destinatário, com alusões a temas diversos ou manifestando
desprezo por determinado tipo de pessoas. Há toda a conveniência em assumir
sempre uma posição de neutralidade, de modo a não colidirmos com a liberdade de
pensamento e a maneira de ser de cada um;
♦ Procurar captar a atenção do
destinatário utilizando uma linguagem correcta, educada, simples, clara e
despretensiosa;
♦ Elaborar um plano cuidadoso de
desenvolvimento.
Há manuais de correspondência
comercial que consideram que o corpo de uma carta deve compreender duas partes
distintas: o preâmbulo e a exposição do assunto.
O preâmbulo
é a parte
inicial antes da entrada no assunto, onde se apresenta a confirmação de uma
carta nossa anteriormente enviada, por ex., e para a qual não obtivemos
qualquer resposta, ou o aviso da recepção de uma carta, etc. O assunto é a
apresentação daquilo que se quer dar a conhecer. Na correspondência de carácter
oficial, é habitual tratar-se apenas de um assunto em cada carta, ao
passo que, na correspondência comercial, poderá ser abordado mais do que um
assunto, a menos que nos dirijamos a uma empresa que, pelas suas dimensões e
organização, possua diferentes secções com funções específicas. Quando numa
carta se apresenta mais do que um assunto, é de toda a conveniência que cada
matéria ocupe um parágrafo específico.
Além desta estrutura bipartida
─ preâmbulo e
assunto
─, há manuais
que consideram que toda a carta comercial deverá seguir uma estrutura
tripartida, constituindo a já clássica divisão em Introdução, desenvolvimento
e conclusão.
Na introdução dir-se-á
algo que prenda a atenção do leitor e o leve a ler a carta até ao fim.
No desenvolvimento,
apresentar-se-ão os diferentes elementos que poderão interessar o
leitor: argumentos, factos e vantagens devidamente organizados, de modo a
despertarem o desejo de adquirir algo, se se trata de uma oferta de produtos,
ou levarem o destinatário a corresponder ao que lhe é solicitado, se se trata,
por exemplo, de um pedido de pagamento.
Ao apresentarmos a argumentação,
é conveniente que quem redige procure colocar-se na posição do
destinatário, efectuando o levantamento das vantagens ou dos inconvenientes
daquilo que é proposto, de modo a que, na conclusão da carta, seja apresentada
a ideia final que leve definitivamente o destinatário a agir. Há que procurar
um bom remate para o encerramento da carta, pois de contrário poder-se-á
perder todo o trabalho anteriormente realizado.
Se se trata de uma carta destinada a
efectuar uma encomenda de diversos produtos, é vantajoso que a
carta seja redigida de tal maneira que torne fácil e rápida a leitura daquilo
que é essencial, pelo que os diferentes elementos da encomenda deverão ser
apresentados separadamente, linha a linha, indicando o produto, sua referência
e o número de unidades pretendidas.
Deste modo permitir-se-á uma consulta e controlo de modo
fácil e rápido no momento em que se procede à satisfação da encomenda.
Para pôr em destaque estes
elementos, facilitando a consulta, devem ser registados num tipo de letra
diferente. Se a carta é feita à mão, o que na prática quase já não se faz,
salvo em casos muito excepcionais, convirá destacar os produtos pedidos
sublinhando-os ou inserindo-os numa área da carta separada dos
restantes elementos do corpo da carta. Se se utiliza a máquina de escrever, os
produtos pedidos poderão ser destacados indicando-os
em maiúsculas. Quando
se utiliza o computador, prática cada vez mais corrente hoje em dia, esses
elementos poderão ser destacados utilizando-se quer um tipo de letra
diferente, quer as letras em negrito (bold).
Há firmas que já têm um sistema de
correspondência, com modelos próprios impressos, que permitem uma indicação de
todos os elementos respeitantes ao pedido de encomendas: designação do produto,
número de referência, número de unidades; valor total da encomenda. No entanto, quando tal não acontece, há toda
a conveniência em seguir as indicações atrás referidas.
O
bloco final é constituído
pela despedida, antefirma e assinatura da carta.
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Figura 84: Exemplos de
alguns fechos de cartas. |
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A
despedida constitui o
fecho da carta e consiste na habitual fórmula final de cortesia, que poderá ser
colocada à esquerda ou a direita, de acordo com o estilo utilizado (Vejam-se
as figuras 40 e 41, pp. 250-251). Há muitas fórmulas utilizáveis, umas mais
simples, outras mais complexas e cerimoniosas, como veremos mais adiante. A
seguir à fórmula de despedida, nunca se esqueça de utilizar uma
vírgula.
A seguir à fórmula de despedida,
coloca-se a
antefirma (se for caso
disso) e a
assinatura, elementos
que podem ser apresentados à esquerda ou à direita. Quando existe a antefirma,
esta é constituída pelo nome da empresa ou da firma, seguindo-se-lhe
um espaço em branco para a assinatura e o nome completo da pessoa que assina,
tendo na linha imediatamente a seguir e por baixo o título ou o cargo
desempenhado. A assinatura deverá ser feita à mão no espaço deixado entre a antefirma e o nome da pessoa que assina. Se não existir qualquer indicação da
empresa ou firma, a assinatura deverá ser feita no espaço deixado para o efeito
entre a despedida e o nome dactilografado, tendo por baixo o cargo
desempenhado.
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Figura 85: Exemplos de alguns fechos de cartas
comerciais. |
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Observem-se as figuras 84 e 85, que apresentam alguns exemplos de blocos finais, contendo a fórmula de
despedida, a assinatura e, em alguns casos, a antefirma. Se efectuarmos uma
pesquisa e observação de cartas comerciais, poderemos verificar que, em alguns
casos, a fórmula de despedida se encontra à esquerda e a antefirma ou a
assinatura à direita. Noutros casos,
estes elementos encontram-se alinhados num conjunto situado à direita.
Daqui poderemos concluir que não há uma forma rígida e única de colocar os
elementos do bloco final em correspondência comercial.
Quando se junta um ou vários
documentos, escreve-se à esquerda e na parte final da carta (vejam-se
as figuras 79 e 80), por extenso ou abreviado,
«Anexo: ... ou Anexos:
...» (formas abreviadas: An. ou Ans.), indicando-se os
documentos enviados.
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Figura 86: Exemplos de
alguns fechos de cartas comerciais. |
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No fim das cartas escritas, podem-se indicar as iniciais não só
da pessoa que as ditou, mas também de quem as dactilografou ou digitou.
Se ao terminarmos uma carta
verificamos ter esquecido alguma coisa com importância, não deveremos
acrescentá-lo no final por meio do recurso ao
Post-scriptum. Este recurso
deverá ser banido da prática corrente, pois pode ser considerado como reflexo
de falta de cuidado no trabalho efectuado. Se o que ficou por indicar não é
urgente, mais valerá dizê-lo numa carta posterior. Se é urgente, então
será preferível voltar a dactilografar toda a carta. No caso de utilizarmos os
meios informáticos, não será necessário escrever nova carta, pois é
extremamente fácil inserir no local adequado do texto aquilo que ficou por
dizer. Igualmente não serão desculpáveis incorrecções resultantes de uma má
digitação ou apresentação da carta, já que o uso do computador permite remediar
com grande facilidade e reduzido trabalho qualquer tipo de incorrecção.
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Figura 87: Diferentes
aspectos gráficos que uma carta comercial pode apresentar, vendo-se três
maneiras correctas e uma incorrecta. |
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Quererá isto dizer que o uso do post-scriptum
está totalmente banido da correspondência comercial? A resposta lógica será a
negativa, pois este continua a usar-se frequentemente... mas
intencionalmente, com o objectivo de chamar a atenção do destinatário para
determinado aspecto que se considera importante ou para reforçar a função
apelativa, quando se trata de cartas que visam influenciar o receptor. É o que
encontramos correntemente naquelas cartas que visam promover determinados
produtos. Nestas, procura-se intencionalmente levar o potencial cliente a
agir, complementando e reforçando tudo quanto já foi anteriormente dito ao
longo da carta. Vejam-se, por exemplo, os excertos transcritos nas cartas
da figura 86.
Tendo em conta as indicações
fornecidas nas páginas anteriores, a carta deverá apresentar, no final, um
arranjo gráfico harmonioso, podendo a mancha gráfica apresentar dois estilos
distintos, conforme já vimos anteriormente. Tendo em conta as regras enunciadas
e os modelos propostos nas figuras 79 e 80, a mancha gráfica deverá apresentar um
aspecto final de acordo com os esquemas A, B ou C da
figura 87 e nunca o
aspecto irregular apresentado em
D. O esquema C mostra-nos o aspecto gráfico da carta em
que o destinatário se situa no lado direito, na zona que corresponde, uma vez
dobrada a carta em três partes iguais, à zona da janela do envelope,
desempenhando assim uma dupla função. Em qualquer dos esquemas, A, B ou C,
verificamos que o texto se encontra sempre alinhado a partir quer da linha
tracejada, que corresponde à margem esquerda, quer da linha vertical tracejada,
ao centro da folha.
O aspecto da mancha gráfica da carta
está dependente, como é lógico e fácil de deduzir, da maior ou menor extensão
do corpo da carta, pelo que quem a digita deve ter em conta este aspecto. Se o
corpo da carta, ou seja, a mensagem a transmitir é reduzida, terá de jogar com
o espaçamento das linhas e o tamanho dos caracteres. Isto é extremamente fácil
de fazer quando se utilizam os meios informáticos, que permitem dimensionar a
mancha textual, mediante indicação das medidas das margens, escolher o
espaçamento entre linhas e os tipos e tamanhos de letra. No caso de se utilizar
uma máquina de escrever, terá de se jogar apenas com o espaçamento das linhas e
a largura das margens que, em alguns casos, poderá estar também condicionada
pela existência do cabeçalho. É que há cabeçalhos que, à partida, definem as
dimensões da mancha textual e das margens. Mas, na maior parte dos casos, este
pré-dimensionamento não se verifica, pelo que quem digita o documento
deverá ter em conta a distribuição dos diferentes constituintes da carta, a fim
de obter uma composição final agradável.
Quando o texto da carta é
demasiadamente extenso, não cabendo numa só página, as restantes folhas deverão
apresentar igualmente um aspecto estético agradável. Há certas empresas que só
se preocupam com o aspecto da primeira página, apresentando as seguintes sem
qualquer preocupação de ordem estética. É como ter uma casa com uma fachada
lavada, mas com o interior totalmente desarrumado. Toda a boa impressão causada
antes de entrar desaparece, revelando o desleixo de quem a habita. Assim, as
páginas seguintes devem ser escritas num papel da mesma qualidade (boa, como é
lógico!) e apresentar uma disposição gráfica harmoniosa, com as margens devidamente
justificadas, isto é, devidamente alinhadas e nas dimensões da primeira página.
Há firmas que revelam já esta preocupação, tendo folhas especialmente impressas
para a continuação do texto, nas quais indicam não só os números das páginas,
mas outras indicações como o número de referência, a data e o destinatário.
Não havendo folhas impressas para
continuação, a prática mais simples, mas indispensável, consiste na numeração
das páginas seguintes, o que poderá ser feito no canto superior direito,
alinhado com a margem, ou ainda no centro, na zona do cabeçalho, ou até mesmo
no fundo da página.
Há também quem numere as páginas de
acordo, por exemplo, com o modelo 1/5, 2/5, 3/5, ... 5/5, o que permite saber
não só a página onde nos encontramos, mas também o seu número total. No caso do
exemplo indicado, o documento seria constituído por um total de 5 páginas.
Regra importante é também nunca
deixar a assinatura no cimo de uma página, completamente isolada do resto do
texto. Como norma, devem-se apresentar nessa última página duas ou três
linhas do último parágrafo, seguindo-se a despedida, a antefirma (havendo-a)
e a assinatura, juntamente com as referências ou anexos, no caso de existirem.
[1] - O leitor interessado nesta matéria tem à sua
disposição uma vasta bibliografia, constituída por obras publicadas em várias
línguas e em várias épocas. Algumas são já bastante antigas, outras
relativamente recentes, mas todas elas fornecem elementos e sugestões com
interesse. Apesar da grande variedade de bibliografia, limitamo-nos à
indicação de apenas três obras acessíveis e ainda disponíveis em língua
portuguesa:
●
EDUARDO PINHEIRO, Manual prático de correspondência comercial, 8ª ed.,
Porto, Editorial Domingos Barreira, s/d, 222 páginas;
●
JOSÉ VIEIRA, Cartas comerciais em português, 2ª ed., Porto, Porto
Editora, 1988, 328 pp.
●
GASTON FERNANDEZ DE
LA TORRIENTE e EDUARDO
ZAYAS-BAZAN, Como escrever cartas eficazes, 1ª ed., Mem Martins,
Edições CETOP, 1990, 180 páginas.
[2] - Na figura 78 são-lhe apresentados alguns exemplos de
cabeçalhos com logotipos. Exceptuando o último exemplo, os restantes não
pertencem a nenhuma firma existente. Qualquer semelhança com a realidade terá
sido pura coincidência.
[3] - Relativamente às datas apresentadas no quadro da
figura 81, apresenta-se a seguir a solução. Estão correctas apenas as datas com
os números 2, 5, 7 e 9. O que está errado: a data 1 apresenta três erros (dois
pontos, mês abreviado e ponto final); a data 3 tem uma vírgula no fim; a data 4
está abreviada e com a ordem invertida; a data 6 está abreviada e com a ordem
invertida, começando pelo ano em vez do dia; a data 8 tem o nome do mês em
minúscula; a data 10 separa a localidade por meio de um hífen e acaba com ponto
final.
[4] -
Relacionado com o registo das datas,
será conveniente recordar que não existe, como é corrente ouvir-se, «data à
moda da Europa». Apenas é correcta a forma por nós indicada. A este respeito,
transcrevemos uma carta publicada num jornal, cujo conteúdo merece a nossa
reflexão.
Não existe data à moda da Europa
NÃO
EXISTE qualquer norma europeia para escrever datas, ao contrário do que pode
deduzir-se de uma «Nota da Redacção» publicada com a carta de um leitor
[EXPRESSO, 22/2/92: «Ambicionaria tornar a nascer»]: a questão do formato das
datas numéricas é muito curiosa e permite abordagens múltiplas, nomeadamente na
história recente da evolução que teve no nosso país.
A
Norma Portuguesa 950, de 1984, aplica-se exclusivamente à forma de
representação numérica das datas, correspondendo ao que está estabelecido,
desde 1976, em norma da ISO (Internacional Standard Organization,
organismo de normalização internacional,
com sede em Genebra, portanto fora da CE, de âmbito mundial). De acordo com
essa norma, a representação de uma data sob forma inteiramente numérica deve
ser constituída do seguinte modo:
a)
4 algarismos para o ano. A representação deve reduzir-se a 2 algarismos
quando a omissão do século não for susceptível de criar confusão; contudo,
devem utilizar-se 4 algarismos em particular na correspondência e para
fins de documentação;
b)
2 algarismos para o mês;
c)
2 algarismos para o dia.
Curiosamente,
difundiu-se em Portugal a ideia de que «a nova maneira de escrever datas
era uma orientação comunitária - o que é inteiramente falso, mas ajudou a
aceitação do respectivo uso, dado o significativo acolhimento verificado aos
ideais da integração.
Nos
outros países comunitários a sua aceitação e a sua divulgação são muito
limitadas e sempre em sectores muito específicos, ligados à informática. A
própria Comissão da Comunidade codifica a sua legislação escrevendo as datas na
forma «dia, mês, ano».
A
grande vantagem da nova representação exclusivamente numérica de datas estava
efectivamente relacionada com o tratamento automático da informação, que esteve
na origem desta normalização, mas que deixou já de ser importante dado que a
maior parte do moderno «software» para computadores admite e converte os
diversos formatos de data.
Uma
outra utilidade poderá ser a indexação de arquivos em microfilme, para busca
automática, mas de qualquer modo mantém-se o carácter específico de aplicação,
como se de um código se tratasse.
[...]
Será que não conseguimos refrear esta nossa tendência para considerar que o que
vem de fora é que é bom?
João
M. S. Gaiolas, Monte de Caparica
EXPRESSO, 4 de Abril de
1992.
[5] - Aqui se apresenta uma relação das fórmulas de
tratamento para entidades especiais:
●
Reis e
príncipes
Senhor/Senhora - Sereníssimo - Senhor/Sereníssima
- Senhora (Este tratamento verifica-se sempre mesmo que rainhas e princesas
sejam solteiras).
Majestade/Vossa
Majestade - Alteza/Vossa Alteza
●
Presidentes,
ministros, membros de supremos tribunais e tribunais de contas, governadores,
reitores e vice-reitores de universidades:
Excelentíssimo Senhor
Excelência/Vossa
Excelência (V. Exª)
●
Embaixadores:
Excelentíssimo Senhor Embaixador
●
Cardeais:
Eminência
Reverendíssima ou então
Eminentíssimo e
Reverendíssimo Senhor
Vossa Eminência
Reverendíssima (V.E.R.)
●
Canónicos:
Ilustre Senhoria
Vossa Senhoria
Convém
desde já frisar que entre Portugal e o Brasil há diferenças consideráveis
relativamente às fórmulas de tratamento. Enquanto Portugal é mais conservador,
o Brasil prefere utilizar expressões mais simples.
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