Acesso à hierarquia superior.

Henrique J. C. de Oliveira, Gramática da Comunicação, Col. Textos ISCIA, Aveiro, FEDRAVE, Vol. I, 1993, 311 pp., Vol. II, 1995, 328 pp.


VII

A Língua Portuguesa
Diferentes Aspectos de Análise do Discurso

 

O discurso directo, indirecto e indirecto livre. Os conceitos de descrição, narração, diálogo, monólogo e efusão lírica Introdução. A descrição. Classificação tipológica da descrição. Condições prévias para a elaboração de uma descrição. A sinestesia. Vocabulário utilizado na descrição. Esquemas auxiliares para elaboração de textos descritivos. Trabalhos práticos.

 
 

Sugestão de trabalho 18 (Parte II)

Na primeira parte das sugestões de trabalho, as actividades incidiram na análise de textos ligados à descrição de paisagens, de localidades ou de edifícios, ou seja, à descrição topográfica e, no caso do texto acerca da Ria de Aveiro, à descrição cronográfica. Nesta parte, as sugestões de trabalho vão essencialmente incidir na criação pessoal de textos, para o que lhe serão propostos esquemas práticos de trabalho, que poderá utilizar ou adaptar de acordo com os seus próprios objectivos. São esquemas que visam fundamentalmente uma descrição de tipo objectivo e que lhe permitirão ajudar a descrever um objecto, uma sala, uma casa ou um edifício, um monumento, uma localidade, uma paisagem, etc.

As questões formuladas nos planos deverão ser utilizadas por si tendo em conta o tema que vai desenvolver. Servem apenas, repetimos, para o ajudar a organizar as suas ideias, facilitando-lhe o trabalho. Em alguns casos, competir-lhe-á a si formular as questões mais adequadas. 

QUADRO COM VOCABULÁRIO DESCRITIVO PARTE I

DISPO-

SIÇÃO

disperso disseminado compacto glomerado amontoado sobreposto encastrado empilhado concentrado desordenado  ao fundo à volta de  à esquerda  em frente à direita ao lado perto longe à distância atrás em primeiro plano mais adiante ao longe em cima em baixo

 

 

 

 

DIMEN-

SÃO

fino estreito  grosso largo grande pequeno minúsculo exíguo reduzido   espesso volumoso amplo enorme gigantesco colossal   vasto imenso alto médio baixo profundo elevado longo desmesurado   interminável   indefinido  enorme   exagerado   extenso   curto   infindável

 

 

 

 

FORMA

quadrado rectangular triangular poligonal arredondado circular   regular irregular rectilíneo oval esférico cilíndrico piramidal cúbico plano vertical horizontal oblíquo achatado oblongo amarrotado curvo ondulado serpenteante sinuoso côncavo convexo   abaulado   proeminente saído  raiado  estriado com veios marmóreo  liso  rugoso anguloso uniforme

 

 

 

 

COR

claro escuro eve carregado deslavado esbatido matizado discreto   berrante multicolor bariolado policromo pigmentado tingido garrido   suave mesclado  florescente

 

 

 

 

BRILHO

brilhante faiscante rutilante polido luminoso ofuscante deslumbrante   estonteante vidrado vítreo baço mate fraco polido apagado cintilante

 

 

 

 

 

 Figura 59:  Vocabulário usado normalmente em textos descritivos (1ª parte).

 

 

QUADRO COM VOCABULÁRIO DESCRITIVO - PARTE II

ESTADO

fresco novo robusto  intacto  sólido  líquido  gasoso  atrasado  velho  envelhecido  desconjuntado  partido  desfeito  carunchoso  gasto deteriorado avariado arrasado  impecável  perfeito  imperfeito defeituoso

 

 

 

SOM

suave agradável irritante forte fraco estridente grave agudo alto baixo harmonioso ritmado murmurante rumorejante ensurdecedor metálico melodioso ruidoso barulhento cristalino rouco cavo cantante medonho horripilante calmante repousante relaxante gritante distante próximo gaguejante plangente retumbante  ribombante  estonteante  esfuziante

 

 

 

CON-

TACTO

liso aveludado acetinado  sedoso  agradável  desagradável  rugoso  áspero  peludo  felpudo  pegajoso  escorregadio  macio  frio  cálido  morno  gélido

 

 

 

CONSIS-

TÊNCIA

 sólido  líquido  viscoso espesso  fluido  aglutinante  cremoso  pastoso  gelatinoso  flácido  duro  mole  molengão  consistente

 

 

 

ODOR

aromático perfumado  cheiroso  estonteante  pesado  acre  capitoso  agradável  excitante  calmante nauseabundo  agoniante  execrável  fétido  pestilento  fedorento

 

 

 

GOSTO

agradável desagradável doce adocicado azedo amargo picante  apimentado avinagrado saboroso gostoso salgado agridoce ácido  acidulado ensosso

 

 

 

Figura 60: Vocabulário usado normalmente em textos descritivos (2ª parte).

 

Deverá também escolher e seguir as alíneas em função daquilo que pretende fazer, o que significa que a ordem não tem obrigatoriamente de ser aquela em que lhe são sugeridas, muito embora a sua ordenação tenha sido feita segundo uma sequência lógica.

Para a realização dos trabalhos, há todo um conjunto de vocabulário próprio das descrições. Os quadros das figuras 59 e 60 apresentam alguns exemplos, que poderá utilizar e que deverá mesmo procurar completar com outros vocábulos. Para o efeito, cada quadro apresenta uma zona em branco, onde os poderá acrescentar.

 

Uma localidade: aldeia, cidade, rua, etc.

Efectue a descrição de uma localidade ─ aldeia, vila ou cidade ─ ao seu gosto ou de um aspecto dessa localidade que tenha merecido a sua atenção. Para sua ajuda, poderá recorrer ao plano de desenvolvimento que lhe é sugerido. As questões formuladas servem apenas para o ajudar a reflectir sobre os diferentes aspectos. Antes de iniciar o seu trabalho, releia o texto de Júlio Dinis e recorde a estrutura seguida por ele na descrição da cidade do Porto.

 

I - INTRODUÇÃO

            a)    Situação.

            b) Razões da escolha  Vivi lá? Quando? Quanto tempo? Ainda lá vivo? Quando é que deixei de lá viver? Quando é que a visitei? Em que circunstâncias lá fui? Que motivos me levaram a ir (ou a passar) por lá? Que motivos me levaram a falar de...?
 

II - DESENVOLVIMENTO

            a) Aspecto geral Qual o aspecto geral? Qual a sua extensão? Qual a sua forma? Quais as suas dimensões? De que maneira os elementos (casas, objectos, seres, etc.) estão agrupados? Existem muitos? Poucos? Ordenados? Desordenados?

            b) Carácter da povoação (casa; construção; etc.) É antiga? Recente? (Indicar datas, caso se saiba ou se possam arranjar elementos) É reconstruída? Tem interesse? (Histórico? Turístico? Cultural? Mera curiosidade?) Porquê?

            c) As ruas  São estreitas? Largas? Rectilíneas? Às curvas? Bem pavimentadas? Como? Bastante frequentadas? Em que ocasiões? Muito/pouco movimento? Em que altura?

            d) As casas  São características? (típicas? antigas? modernas? etc.) Qual o tipo de casa predominante? Qual o material de construção predominante? Qual/quais o(s) edifício(s) mais importante(s)? Porquê?

            e) Os monumentos  Quais são? Quais os mais importantes? Que evocam? Quais as suas características? etc.

            f) Os ruídos  Fábricas? Comboios? Outros? Quais? Naturais? De pessoas? De animais? Agradáveis/desagradáveis? Que impressões geram em quem os ouve?

            g) Os odores  Agradáveis? Desagradáveis? Suas proveniências?

            h) Aspectos cromáticos  Que cores predominam? Que sensações provocam? Etc.

            i) Outros aspectos que acho com interesse.
 

III - CONCLUSÃO

           Gosto (gostava/gostei) do elemento que descrevi? Porquê? Gostaria (ou não) de lá viver? Gostaria de viver noutro local em vez deste? Porquê? O que penso de... comparando com outro/a ...  conhecido/a?
 

 

Nota:  Sempre que possível, ilustrar o trabalho com imagens, desenhos, fotos, etc.

 

Um objecto

Certo dia, ao passear nas ruas de certa cidade, viu na montra de um antiquário um objecto exótico, que atraiu irresistivelmente a sua atenção. Além do facto de desconhecer a sua função, fez-lhe evocar outros objectos que, em tempos idos, possuiu. Entrou no antiquário e analisou-o nos seus mais ínfimos aspectos. Imagine que se encontrou perante uma situação destas ou que tem de efectuar a  descrição de determinado objecto. Descreva-o, então, procurando dar dele uma ideia rigorosa. Para sua ajuda, poderá utilizar o plano que a seguir lhe é sugerido.


I - INTRODUÇÃO

a) - Onde se encontra o objecto que vou descrever;

b) - Quando e em que circunstâncias o encontrei.

 

II - DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto  Qual o aspecto, a forma e as dimensões?

b) Material de que é feito

c) Antiguidade  É um objecto recente? É antigo? Pertence a uma época determinada?  Qual?

d) A função  É um objecto útil? Tem valor? É meramente decorativo? Para que serve?

e) O estilo  Tem algum estilo particular? Qual?

f) Elementos de que se compõe  Descrição pormenorizada dos diferentes aspectos

 

III - CONCLUSÃO

O objecto tem valor para mim? Qual? Apenas monetário? Sentimental? Porquê? Gosto (ou gostaria) de o possuir? Porquê?
 

 

Como exemplo de descrição de um objecto, leia o pequeno texto, extraído da obra de Eça de Queirós, Os Maias, cap. XIII:
 

            ... Olhe o armário, veja que centro!

            Que beleza! Enchendo quase a parede do fundo, o famoso armário, o «móvel divino» do Craft, obra de talha do tempo da Liga Hanseática, luxuoso e sombrio, tinha uma majestade arquitectural: na base quatro guerreiros, armados como Marte, flanqueavam as portas, mostrando cada um em baixo-relevo o assalto de uma cidade ou as tendas de um acampamento; a peça superior era guardada aos quatro cantos pelos quatro evangelistas, João, Marcos, Lucas e Mateus, imagens rígidas, envolvidas nessas roupagens violentas que um vento de profecia parece agitar; depois, na cornija, erguia-se um troféu agrícola com molhos de espigas, foices, cachos de uvas e rabiças de arados; e, à sombra destas coisas de labor e fartura, dois faunos, recostados em simetria, indiferentes aos heróis e aos santos, tocavam, num desafio bucólico, a frauta de quatro tubos.

 

Um edifício / uma casa

Antes de efectuar a descrição de um edifício ou de uma casa que considere merecer o seu trabalho, quer pela antiguidade ou estilo, quer pela sua estrutura e características invulgares ou, muito simplesmente, pelo valor sentimental que tem para si, releia os textos transcritos, respectivamente de Eça de Queirós, em que ele descreve o Ramalhete, e de Júlio Dinis, em que se descreve uma agradável vivenda no Minho. Se os planos seguidos por estes autores não se adequarem ao que pretende, utilize ou adapte o esquema que a seguir lhe é apresentado.

I - INTRODUÇÃO

a)Situação  Onde fica? É a minha casa? Onde a vi? Quais as circunstâncias que me permitiram conhecê-la?

II - DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto geral  Trata-se de um edifício? Um pavilhão? Um palacete? Uma moradia?... Qual o seu enquadramento? Quais as dimensões?

b) Estilo Apresenta um estilo particular? Trata-se de um edifício moderno? Construção tradicional? Casa típica de aldeia? Como é a chaminé? O telhado? etc.

c) Os materiais  Qual o tipo de material utilizado na construção? É característico da região? Como são as paredes? E a cobertura do telhado?

d) Diferentes partes da casa A planta Descrição das diferentes partes da casa, seguindo uma ordem rigorosa e insistindo sobretudo no que é característico. Recorde o plano seguido por Eça de Queirós, em texto anteriormente transcrito. O pátio de entrada; o rés do chão; a sua estrutura; os compartimentos e sua descrição; o primeiro andar; os compartimentos e sua descrição; etc.

e) O jardim  Situação; características e funções; etc.

III - CONCLUSÃO

a) Observações pessoais  O que penso desta casa: quais os sentimentos que desperta em mim? Estou-lhe ligado sentimentalmente? Gostaria de aí viver? Porquê? Que alterações lhe introduziria? etc.
 

 

Um compartimento

Embora ligado à descrição de um edifício ou de uma casa, apresenta um aspecto mais particularizado, constituindo como que um complemento ao plano anterior, pelo que poderá tornar-se vantajosa a utilização de um plano no estilo do sugerido. Por vezes, numa casa, que poderá ser a nossa ou outra qualquer onde já tenhamos ido ou estado, há uma sala onde gostámos de entrar, onde gostaríamos de passar parte do nosso tempo. E quem diz uma sala, diz uma loja, um escritório, uma oficina, um café, etc.

Descreva, pois, uma sala, uma loja, uma oficina ou um lugar do género à sua escolha. Poderá utilizar o esquema a seguir proposto ou, a partir deste, criar um mais adequado ao tipo de descrição que vai fazer.


I - INTRODUÇÃO

a) Situação  Onde fica este compartimento/sala/oficina, etc? Para que serve? Que motivo me levou a escolhê-lo?
 

II - DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto geral  Qual a impressão produzida? Agradável? Desagradável? Quente? Frio? Gélido? Bem iluminado? Mal iluminado? Confortável? etc.

b) Mobiliário e sua disposição  esquerda... ao centro... à direita... no meio... num extremo... no outro... ao fundo... à volta...  etc.)

c) O estilo  Indicar o que é característico

d) Sensações transmitidas Quais os sons? Quais os odores?

e) O que se vê através da janela

 

III - CONCLUSÃO

a) O que sinto/penso Gosto deste compartimento? sala? etc. Gosto de aqui vir? Gosto de aqui permanecer? Porquê?
 

 

Um monumento

Quando se fala de monumento, a descrição poderá ir desde uma obra de arte com dimensões relativamente reduzidas, como uma estátua, por exemplo, até uma edificação de grandes dimensões, tal como um castelo, um forte, um mosteiro, uma igreja, ou seja, uma edificação arquitectónica. Neste caso, aquele que descreve deverá ter uma noção exacta do tipo de edificação, bem como do vocabulário relacionado com a sua arquitectura. Para aquisição desse vocabulário, poderá servir como ponto de partida a consulta de um dicionário enciclopédico e, para um trabalho mais profundo, a consulta de obra específica sobre arte.

Recorrendo a um monumento que conheça, na sua localidade, ou a uma imagem, postal ou fotografia, efectue a sua descrição. Se desejar, poderá utilizar um esquema idêntico ao que a seguir lhe é sugerido. 

I - INTRODUÇÃO

a)Breve apresentação  Onde fica? Onde o vi? Em que circunstâncias?

 

II - DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto  Proporções: grande? pequeno? alto? Qual o estado de conservação? Qual o plano? (Veja os quadros das figura 20 e 21. Deverá, caso isso seja possível, dar uma ideia exacta das dimensões)

b) O estilo  Qual a época de construção? Quem foi o autor? Qual o estilo? (Para determinar o estilo, deverá recorrer a uma enciclopédia ou livro de arte.)

c)Os materiais  De que é feito? Qual o material de construção predominante? É característico da região?

 d) As diferentes partes   Descrevê-lo em pormenor, segundo uma sequência lógica e acentuando sobretudo o que é característico. Utilizar terminologia adequada.

e) Funções  Para que servia/serve?  Ainda é utilizado? Por que motivo foi construído?

 

III - CONCLUSÃO

a)O que penso ou sinto  Indicar as impressões produzidas, algumas reflexões pessoais sobre ele um juízo crítico: agrada-me? Porquê? Considero-o importante? Porquê? Qual o estado de conservação? Deverá ser preservado? Porquê? Qual a opinião pública acerca dele? Concordo com ela? Justificar.

 

Uma paisagem

Antes de efectuar a  descrição de uma paisagem que conheça bem ou que tenha perante si, recorrendo à sua observação no próprio local ou através de uma gravura (pintura, fotografia, postal, etc.), leia os textos anteriormente apresentados, em especial o de Garrett, no qual se descreve o vale de Santarém, e os textos 3 e 4, nas sugestões de trabalho - parte I. Poder-lhe-á ser útil o vocabulário presente nos quadros das figuras 59 e 60 (páginas 155-156), relativamente à disposição, à cor, ao brilho, ao som e ao  odor.

Siga uma ordem lógica de acordo com as indicações fornecidas na rubrica "condições prévias para a elaboração de uma descrição". Poderá utilizar a proposta de plano a seguir apresentada.


I - NTRODUÇÃO

a) Apresentação  Em que circunstâncias a observei? É uma paisagem familiar? Onde a vi? Quando? Em que época? (estação) do ano? Em que momento do dia? Ao amanhecer? Em pleno dia? Ao entardecer? Num momento de tempestade? Etc.

 

II - DESENVOLVIMENTO

a) O que vejo  Impressão geral: o relevo; as formas; a vegetação; as cores; o céu; marcas da presença humana: culturas, quintas, povoações, construções (indicar aquilo que é marcante e a impressão em nós produzida).

b) O que ouço  Intensidade dos ruídos; suas características; citar os mais marcantes ruídos da natureza: água que corre; os sons das aves ou dos insectos; sons humanos; etc.

 c) O que sinto  Odores que chegam até nós e sensação produzida: prazer, calma, angústia; mal-estar; etc; respectiva justificação.

 

III - CONCLUSÃO

a) O que penso da paisagem  Gosto dela? Porquê? Gosto de lá estar? Gostaria de lá permanecer? Porquê Se me desagrada, quais os motivos? O que preferiria então? Como gostaria que ela fosse?
 

Certo dia, o escritor e moralista francês Jean de La Bruyère (1645-1696) afirmou: «Há lugares que admiramos, há outros que nos tocam mais profundamente e onde gostaríamos de viver». Descreva um lugar que admire ao qual esteja sentimentalmente ligado.

 

Descrição técnica

Casos há em que temos necessidade de descrever com o máximo rigor um objecto, de modo a dar ao leitor uma ideia exacta, rigorosa, não só sobre as suas características, mas inclusivamente acerca do seu modo de funcionamento.

Procure efectuar uma descrição rigorosa de um aparelho ou máquina (uma aparelhagem de alta fidelidade, uma câmara de vídeo, um electrodoméstico, uma máquina fotográfica, etc.), tendo o cuidado de indicar os seus constituintes e de explicar o seu funcionamento, de maneira que qualquer pessoa, por muito pouco conhecimento que possua dele, fique suficiente e claramente esclarecida para dele se poder servir.

Eis um esquema possível de trabalho:

I - INTRODUÇÃO

a) Breve referência  Para que serve o/a aparelho/máquina; Qual o fabricante; Breve apreciação crítica

 

II - DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto  Qual o aspecto, a forma e as dimensões. Materiais de que é feito.

b) Constituintes  Elementos de que se compõe sua descrição pormenorizada e respectivas funções (se relevantes)

c) Funcionamento  Instruções claras, precisas e sequenciais de modo que qualquer um, lendo-as, fique a saber trabalhar minimamente com ele.

 

III - CONCLUSÃO

a) Breve síntese   Síntese de tudo quanto foi abordado e seja fundamental, de modo a permitir uma rápida revisão e verificação das informações fornecidas.

Lembre-se de que deverá usar uma linguagem objectiva, um registo de língua corrente, se destinado a utilizadores, técnico, se destinado a especialistas, e um discurso de terceira pessoa. Utilize de preferência frases curtas e completas. Poderá ter de recorrer por vezes à metalinguagem. O esquema acima transcrito poderá mesmo nem ser o mais adequado, se pensarmos no caso em que se torna necessário fornecer a potenciais compradores as instruções acerca do funcionamento de um aparelho. Numa situação destas, a descrição ficará reduzida a pequenos textos, em linguagem clara e objectiva, introduzidos por um pequeno título, e apresentados segundo uma determinada sequência, constituindo no seu conjunto um pequeno livro de instruções. Estes textos deverão ser completados com imagens ou esquemas explicativos do aparelho.

 

Sugestão de trabalho 19 (Parte III)

Os textos que a seguir se transcrevem estão relacionados com a descrição de seres vivos, humanos, animais ou vegetais. Leia-os atentamente e procure, em seguida, responder às questões formuladas.

Texto 6:

            À ruidosa exclamação com que José Urbano saudou a cavalgada, rompeu desta um coro unânime de brados, que em uns desafiava o conhecimento que tinham do jovial negociante, e em outros o estranho costume de jornada de que ele vinha revestido.

            José Urbano montava uma égua corpulenta, mas não de raça apurada. Um chapéu de palha de amplíssimas abas, preso por uma fita por baixo da barba, um barrete preto subjacente que lhe defendia as orelhas de um leste em perspectiva, que a sua ciência meteorológica prognosticava iminente; óculos verdes, baluarte contra a invasão da poeira; guarda-sol minhoto, com honras de barraca, mas o único que tem razão de ser; um capote de camelão, verdadeiro epigrama ao sol da Primavera; galochas capazes de arrostar com o dilúvio ao lado da arca; alforges repletos, uma cabaça a tiracolo, diante de si uma trouxa e na garupa uma pequena mala; tal o conjunto de acessórios que concorriam para o efeito prodigiosamente cómico do recém-chegado.

JÚLIO DINIS, Justiça de Sua Majestade, ob. cit.

1 - Após a leitura atenta do texto, distinga a parte correspondente à descrição.

2 - Classifique o tipo de descrição recorrendo ao quadro da figura 20.

3 - Utilizando um lápis, encerre dentro de um rectângulo os diferentes elementos referentes à caracterização da personagem:

chapéu de palha

 

barrete preto ...

3.1 - Diga qual a sequência seguida pelo Autor na caracterização da personagem.

4 - No pequeno parágrafo correspondente à descrição, podemos afirmar que há três momentos distintos, que poderemos fazer corresponder ao esquema: introdução, desenvolvimento e conclusão;

4.1 - Delimite-os;

4.2 - Indique qual a sua função.

5 - Efectue o levantamento, a três colunas, das seguintes classes gramaticais presentes no segundo parágrafo: verbos; nomes; adjectivos.

5.1 - Contabilize-os de modo a determinar a frequência de utilização destas três classes gramaticais;

5.2 - Verificou que há uma classe predominante, uma que vem imediatamente a seguir e cujo valor numérico é também elevado e uma que está em número reduzido. Explique o porquê destes valores.

 

6 - Hoje em dia, quando falamos da descrição de uma personagem, utilizamos preferentemente as designações «retrato físico» e «retrato psicológico» em vez das indicadas no quadro da figura 17.

6.1 - Classifique então o tipo de retrato tendo em conta os aspectos predominantes;

6.2 - Verifique se, através dele, é possível obter alguns elementos respeitantes ao aspecto psicológico da personagem e registe-os.

 

Texto 7:

            Não sei de maior dificuldade que a de descrever a heroína de um romance. Tão pouca coisa basta para a desconceituarmos aos olhos da leitora!... Eu, porém, sacrificarei à verdade algumas simpatias que poderia angariar a maior, se a menosprezasse. Descrevo-a tal qual ela era. Em primeiro lugar, começarei por dizer que o modo por que ela trajava realçava-lhe tudo que eram dotes naturais.

            Maria Clementina, sobrinha de José Urbano, era de uma configuração elegante, na qual se observavam as regulares proporções que a arte não teria decerto a corrigir. De um porte desafectadamente majestoso, inexplicavelmente combinado a uma expressão de bondade insinuante e atractiva, havia no andar, nas feições, na maneira de olhar, um ar de dignidade e de nobreza, que intimidava os mais ousados. Um singelo vestido de riscado escocês, adornado apenas por um colarinho liso, e por uns punhos apertados por duas coralinas, deixava-lhe sobressair todo o correcto contorno daquelas gentis formas femininas, de uma flexibilidade admirável. No rosto não havia aquela combinação de rosas e neve, que para muita gente constitui o supremo grau de beleza, e contudo não era trigueira, nem de uma alvura desmaiada dos tipos alemães, que tão frequentemente se combinam com cabelos ruivos, antipática combinação; mas para lhes dar uma ideia daquele colorido encontro-me gravemente embaraçado; a natureza concedeu àquelas tintas uma singular influência sobre a fantasia do coração, empregou-as apenas em alguns rostos de mulher, que exercem então um poder verdadeiramente magnetizador. Um romancista português, e outros franceses, comparou uma dessas cores à da pérola; e tem um pouco disto efectivamente, mas excede-a em beleza. Quanto a mim considero-as as mais perigosas. Imaginem um rosto assim, animado pelo cintilar de uns olhos negros, orlado por uma moldura de cabelos também pretos, cujas ondulações naturais semelhavam elegantes ornatos; concebam a mais bem modelada boca, cujos lábios, convenientemente grossos, agitava incessante um mal perceptível tremor, sinal evidente de uma exaltada sensibilidade; suponham agora toda esta simpática cabeça, graciosamente coberta por um largo chapéu de palha, que a assombrava de uma penumbra de efeitos ópticos e fascinadores, e terão explicada a razão pela qual o major não se fartava de fixar esta rapariga com os mais inequívocos sinais de uma sincera admiração e decidida simpatia.

JÚLIO DINIS, Justiça de Sua Majestade, op. cit.

 

1 - Leia o texto anteriormente transcrito e preste atenção às propostas de títulos que lhe são apresentadas:

A - Retrato de Ricardina 

B - Caricatura de Maria Clementina

C - Retrato de Maria Clementina

 

D - Uma figura cativante de mulher

E - Uma rapariga de sonho

F - Uma figura cativante

 

1.1 - Elimine aqueles que acha que nunca poderão ser seleccionados e justifique;

1.2 - Dos restantes, seleccione apenas três títulos de entre aqueles que considera mais significativos;

1.3 - Indique aquele que, embora correcto, considera menos significativo. Justifique.

1.4 - Dos três seleccionados qual escolheria? Justifique.

1.5 - Se nenhum dos títulos indicados lhe agrada, proponha um que ache mais significativo e sugestivo.

2 - Efectue o levantamento dos traços físicos e psicológicos de Maria Clementina.

3 - Procure determinar a estratégia seguida pelo Autor na caracterização da figura feminina.

4 - Embora no texto predomine o discurso de terceira pessoa, há nele um momento em que o narrador recorre ao discurso de segunda pessoa:

4.1 - Identifique esse momento:

4.2 - Diga qual a função da linguagem que lhe está inerente;

4.3 - Que pretendeu ele?

5 - Com base no texto, demonstre ou infirme a seguinte afirmação: «Júlio Dinis, ao escrever o conto, procurou dar um retrato o mais exacto possível da heroína».

 

Texto  8:


AUTO-RETRATO

Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, meão na altura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio, e não pequeno;

 

Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura,

Bebendo em níveas mãos por taça escura

De zelos infernais letal veneno;

 

Devoto incensador de mil deidades

(Digo, de moças mil) num só momento,

E somente no altar amando os frades;

 

Eis Bocage, em quem luz algum talento;

Saíram dele mesmo estas verdades

Num dia em que se achou mais pachorrento.

            BOCAGE, Opera Omnia
 

 

1 - Leia atentamente o soneto de Bocage acima transcrito.

2 - Efectue o levantamento dos traços caracterizadores, físicos e psicológicos.

3 - Determine a estrutura utilizada pelo Autor na elaboração da sua autocaracterização.

 

Texto  9:

            Pata-ao-Léu, o cachorro com que me brindara o Sr. Chinoca, era-me solícito como um escudeiro. Ao desandar a chave da fechadura, já o ouvia gemebundo de prazer, prestes a saltar-me ao peito, num desaforo prolixo de saudades.

            Tinha os cabelos pretos, a tez morena, maciça, quase cómica pelo movediço e rasgado dos olhos, todo negro, afora uma das patas que era branca de neve. Por isso era o parecer dele pitoresco, figurando-se que trazia a mão enluvada, ou que de todo o corpo trajado de beca somente a mão punha a nu.

            As sombras das grandes alas desertas não lhe causavam medo; espírito forte, só cria nas ratazanas, que sarabandeavam pelos escanos do soalho, e nas aves nocturnas, que se esganiçavam nos forros. Nos olhos e nos jeitos lia-se-lhe um sentimento muito materialista por aquela mansão dolente, tão populosa em espectros.

AQUILINO RIBEIRO

 

1 - Leia atentamente o pequeno texto acima transcrito.

2 - Verifique como até de um animal é possível elaborar um retrato, no qual, pelas suas características, que revelam certa inteligência, sensibilidade e afabilidade, que o tornam simpático, é possível apresentar, ao lado dos aspectos físicos, o aspecto psicológico, tal como se se tratasse de um ser humano.

2.1 - Efectue o levantamento desses aspectos: físicos e psicológicos;

2.2 - Identifique os traços que poderiam ser inerentes a um ser humano.

 

Texto 10:

            Quando Afonso da Maia, Vilaça e o abade recolheram do seu passeio pela freguesia, escurecera, havia luzes pelas salas, e tinham chegado já as Silveiras, senhoras ricas da Quinta da Lagoaça.

            D. Ana Silveira, a solteira e mais velha, passava pela talentosa da família, e era em pontos de doutrina e de etiqueta uma grande autoridade em Resende. A viúva, D. Eugénia, limitava-se a ser uma excelente e pachorrenta senhora, de agradável nutrição, trigueirota e pestanuda; tinha dois filhos, a Teresinha, a «noiva» de Carlos, uma rapariguinha magra e viva com cabelos negros como tinta, e o morgadinho, o Eusebiozinho, uma maravilha muito falada naqueles sítios.

            Quase desde o berço este notável menino revelara um edificante amor por alfarrábios e por todas as coisas do saber. Ainda gatinhava e já a sua alegria era estar a um canto, sobre uma esteira, embrulhado num cobertor, folheando in-fólios, com o craniozinho calvo de sábio curvado sobre as letras garrafais da boa doutrina; e depois de crescidinho tinha tal propósito que permanecia horas imóvel numa cadeira, de perninhas bambas, esfuracando o nariz: nunca apetecera um tambor ou uma arma: mas cosiam-lhe cadernos de papel, onde o precoce letrado, entre o pasmo da mamã e da titi, passava dias a traçar algarismos, com a linguazinha de fora.

            Assim na família tinha a sua carreira destinada: era rico, havia de ser primeiro bacharel, e depois desembargador. Quando vinha a Santa Olávia, a tia Anica instalava-o logo à mesa, ao pé do candeeiro, a admirar as pinturas de um enorme e rico volume, Os Costumes de Todos os Povos do Universo. Já lá estava nessa noite, vestido como sempre de escocês, com o plaid de flamejante xadrez vermelho e negro posto a tiracolo e preso ao ombro por uma dragona; para que conservasse o ar nobre de um Stuart, de um valoroso cavaleiro de Walter Scott, nunca lhe tiravam o boné onde se arqueava com heroísmo uma rutilante pena de galo; e nada havia mais melancólico que a sua facezinha trombuda, a que o excesso de lombrigas dava uma moleza e uma amarelidão de manteiga, os seus olhinhos vagos e azulados, sem pestanas como se a ciência lhas tivesse já consumido, pasmando com sisudez para as camponesas da Sicília, e para os guerreiros ferozes de Montenegro apoiados a escopetas, em píncaros de serranias.

EÇA DE QUEIRÓS, Os Maias, cap. I

1 - Leia atentamente o texto transcrito e dê-lhe um título sugestivo.

2 - Divida-o em partes e estas, por sua vez, em momentos, sintetizando numa simples frase os respectivos conteúdos  (Nota: possivelmente, não encontrará uma estrutura regular, com conclusão.)

3 - Defina o retrato físico e psicológico de todos os elementos femininos da família Silveira.

3.1 - Que traços predominam?

4 - Efectue o levantamento dos traços físicos e psicológicos de Eusebiozinho.

5 - Na caracterização da personagem, o Autor recorreu ao uso dos diminutivos:

5.1 - Sublinhe-os a lápis;

5.2 - Indique qual o seu valor estilístico e semântico.

6 - Certamente que quando leu o texto, se não riu, pelo menos sorriu perante a imagem que Eça de Queirós nos deu de Eusebiozinho.

6.1 - Destaque os recursos utilizados pelo Autor para obter esse efeito cómico;

6.2 - Diga se se poderá considerar o retrato de Eusébio como uma caricatura. Justifique.

 

Texto 11:

            (...) Um dia ela julgara perceber que, por trás das suas lunetas escuras, o conselheiro lhe deitava de revés um olhar apreciador para a abundância do seio; fora mais clara, mais urgente, falara em paixão, disse-lhe baixo: Acácio!... Mas ele com um gesto gelou-a e de pé, grave:

            Minha senhora,

            As neves que na fronte se acumulam

            Terminaram por cair no coração...

            É inútil, minha senhora! (...)

            [O conselheiro] Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito.

            O rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgada no alto; tingia os cabelos que duma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crânio.

            Fora, outrora, director-geral do Ministério do Reino, e sempre que dizia el-rei! erguia-se um pouco na cadeira. Os seus gestos eram medidos, mesmo a tomar rapé. Nunca usava palavras triviais; não dizia vomitar, fazia o gesto indicativo e empregava restituir. Dizia sempre «o nosso Garrett, o nosso Herculano». Citava muito. Era autor. E sem família, num terceiro andar da Rua do Ferregial, amancebado com a criada, ocupava-se de economia política: tinha composto os ELEMENTOS GENÉRICOS DA CIÊNCIA DA RIQUEZA E SUA DISTRIBUIÇÃO, segundo os melhores autores e como subtítulo: Leituras do Serão! Havia apenas meses publicara a RELAÇÃO DE TODOS OS MINISTROS DE ESTADO DESDE O GRANDE MARQUÊS DE POMBAL ATÉ NOSSOS DIAS, COM DATAS CUIDADOSAMENTE AVERIGUADAS DE SEUS NASCIMENTOS E ÓBITOS.

            Já esteve no Alentejo, Conselheiro? perguntou-lhe Luísa.

            Nunca, minha senhora e curvou-se. Nunca! E tenho pena! sempre desejei lá ir, porque me dizem que as suas curiosidades são de primeira ordem.

            Tomou uma pitada duma caixa dourada, entre os dedos, delicadamente, e acrescentou com pompa:

            De resto, país de grande riqueza suína!

                        EÇA DE QUEIRÓS, O primo Basílio, cap. II.

 

1 - Leia atentamente o texto transcrito procurando demarcar a parte estritamente descritiva.

1.1 - Diga se considera importante a parte restante do texto para a caracterização da personagem e justifique.

2 - Efectue o levantamento dos traços físicos e psicológicos da personagem.

3 - Ponha em destaque os aspectos que nos permitem afirmar que estamos na presença de uma caricatura.

 

 

Sugestão de trabalho 20 (Parte IV)

À semelhança da parte II das sugestões de trabalho, deverá procurar redigir os seus próprios textos de acordo com o tema pedido e utilizando ou adaptando as sugestões fornecidas. Na parte III encontram‑se textos em que se faz o retrato ou a caricatura de personagens. Se já não se recorda deles, releia‑os e procure colher algumas sugestões de trabalho.

 

Uma planta

Descreva uma planta que tenha perante si e que, pela sua beleza, merece a sua simpatia ou admiração. Poderá ser uma simples flor, um ramo de flores, uma planta selvagem ou até mesmo uma árvore. Poderá recorrer ao esquema a seguir apresentado.

I INTRODUÇÃO

a) Apresentação Qual o nome? É uma planta selvagem? Cultivada? Onde a vi? Onde pode ser encontrada? Em que época?

 

II DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto Qual a forma? As dimensões? As cores predominantes?

b) Diferentes partes  Pôr em destaque aquilo que é característico, tal como o tronco, as folhas, a forma, os frutos, etc.

c) Os odores Sendo caso disso, procurar indicá‑los.

d) Os ruídos Havendo‑os, referir o barulho das folhas, dos insectos, dos pássaros.

e) Impressões Trata‑se de uma planta imponente? Vigorosa? Raquítica? Pequena? Bela? etc.

 

III CONCLUSÃO

a) Síntese  Indicar apenas os aspectos mais importantes.

b) Reflexão pessoal  Gosto desta planta? Sim/não?  Porquê? Como a considero: útil? agradável? valiosa? etc. Porquê?

 

 

Um retrato (físico/moral)

Efectue o retrato físico e moral de uma pessoa sua conhecida, familiar ou amigo, ou de uma pessoa que, pela sua importância para a comunidade em que está inserida, considera como tendo algum valor e merecer a sua atenção. Antes de efectuar o trabalho, procure observá‑la, registando os aspectos físicos e psicológicos que considera mais importantes. Em caso de dificuldade na realização do seu trabalho, releia os textos exemplificativos apresentados na parte III das sugestões de trabalho, quer de Júlio Dinis, quer de Eça de Queirós (textos 6, 7, 10 e 11).

Para sua ajuda, poderá utilizar o esquema de trabalho a seguir indicado ou, a partir dele, criar o seu próprio plano.

 

I INTRODUÇÃO

a) Apresentação  Quem é? Onde a conheceu, encontrou ou viu pela primeira vez? Por que razão decidiu falar dela? Qual a sua importância para si ou para a comunidade?

 

II DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto   Apresentação geral. Silhueta: alta; baixa; gorda; magra; morena; loira; bem/mal vestida; etc.

b) Diferentes partes do corpo (Não é possível descrever tudo, pelo que apenas se deve reter o que é característico. Deve‑se seguir uma ordem pré‑estabelecida)

o rosto: como é? (oval; arredondado; bochechudo; mirrado; chupado)

a cor da pele

os cabelos: (louros; pretos; castanhos; brancos; ruivos; lisos; ondulados; sedosos; gordurosos; raros; bastos; bem tratados; lavados; sujos; etc.)

a boca A forma; os lábios; os dentes; etc.

o tronco e os membros; etc.

c) Vestuário A forma. Dentro da moda? Antiquado? Invulgar? Extravagante? Usado? O tecido. As cores. O grau de limpeza. Os sapatos.

d) Atitudes e gestos A voz (baixa, alta; cava; clara; rouca; agradável; melodiosa; irritante; etc.) Os tiques (verbais/gestuais)

e) Hábitos e ocupações

 

III CONCLUSÃO

a) Sentimentos produzidos em nós por essa pessoa. Porquê.

b) Reflexões várias sobre ela

 

 

NOTA: À medida que se efectua a descrição física, poder‑se‑ão apresentar aspectos que revelem as características psicológicas, morais e sociais da pessoa retratada. Lembremo‑nos que, frequentemente, os aspectos físicos constituem indícios dos aspectos morais. Recordem‑se os textos apresentados como exemplo na parte III.

 

Um animal

Recorde o pequeno texto transcrito na parte III, no qual se faz a descrição de um animal. Efectue também a descrição de um animal à sua escolha, doméstico ou selvagem. Antes de o descrever, procure observá‑lo bem, de modo a registar as suas características e aspectos mais significativos. Utilize o esquema a seguir proposto ou, a partir dele, elabore o seu próprio plano de trabalho.


I INTRODUÇÃO

a) Apresentação  Que animal é? Doméstico ou selvagem? Onde o encontrei ou vi? Que facto me levou a falar dele?

 

II DESENVOLVIMENTO

a) Aspecto Pelagem/plumagem Cor/cores Forma do corpo Tamanho

b) Diferentes partes do corpo A cabeça, as patas, etc. Referir o que é característico.

c) Habitat Onde vive: ninho; toca; etc. Descrição (tão rigorosa quanto possível e se tiver interesse)

d) Hábitos e atitudes   Onde e como dorme. Como procura alimento. De que se alimenta. Etc.

e) A "voz"   Tipo de som que emite (indicar o nome, se existente: latido; uivo; mio; etc.)

f) Características comportamentais Qual o seu nível de inteligência? Quais as suas reacções? Parece compreender o homem? É afável? Esquivo? Gosta da companhia do homem? É afeiçoado ao dono, se doméstico? Quais as suas qualidades e defeitos?

 

III CONCLUSÃO

a) Serviços prestados

b) Sua utilidade ou não e porquê

c) O que pensamos/sentimos por ele
 

 


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