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Onde obter a informação: serviços de documentação; meios de
comunicação social; livros técnicos, obras de vulgarização e
manuais escolares; bibliotecas públicas e privadas; dicionários
e enciclopédias; meios informáticos. Algumas regras para
pesquisa da informação. Como organizar/arquivar a informação.
Saber ouvir e tomar notas. A leitura e sua classificação
tipológica. Condições para uma boa leitura. A leitura rápida. A
leitura em voz alta. O plano ou estrutura dos textos. O resumo. |
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SABER OUVIR E TOMAR NOTAS
Para a realização de qualquer tipo de trabalho
expositivo, saber captar a informação constitui uma etapa importante. No
começo deste capítulo utilizámos como título: "A informação:
base da comunicação". Este título é passível de discussão. Será a
informação a base da comunicação ou, pelo contrário, a comunicação a
base da informação?
Qualquer que seja a resposta, a verdade é que uma
pressupõe obrigatoriamente a outra. E para obtenção da informação,
teremos de recolher, através do processo da comunicação, seja oralmente
ou através da leitura, todos os elementos referentes aos conteúdos
pretendidos. Assim, para o processo de aquisição de conhecimentos,
torna-se indispensável não só saber escutar, quando se trata de
situações de comunicação oral, mas também saber ler, quando recorremos
às fontes de informação escrita.
De
acordo com determinadas obras que se ocupam dos problemas da comunicação
e expressão, a reflexão sobre o saber escutar e o saber ler apenas surge
após o estudo das teorias sobre a comunicação. Parece-nos, no entanto,
que deveremos seguir um caminho inverso: primeiro, reflectir sobre a
audição e a leitura e só depois sobre os problemas da comunicação, a fim
de aprendermos a analisar, tirar notas e resumir os conteúdos a partir
de textos orais e escritos.
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Tendo
em conta alguns trabalhos de pesquisa já elaborados por diversos autores,
na nossa actividade profissional, 45 % do tempo é ocupado a «escutar» o
telefone, os colegas, os clientes, os superiores, os subordinados, os
meios de comunicação social (rádio, televisão), etc.; 30 % é consagrado
à fala; 16 % são ocupados a ler; para a escrita apenas restam 9 %. |
Figura 3: Percentagens
de tempo ocupadas a escutar, falar, ler e escrever. |
Apesar da elevada percentagem de tempo consagrado a escutar, uma boa
parte dos conteúdos acaba por se perder. Acontece que o acto de escutar
depende de um conjunto de aspectos de ordem fisiológica,
psicolinguística e psicológica, bem como do tipo de situações de
comunicação oral em que nos encontramos. Se não ouvirmos bem, à partida
as nossas condições de recepção estarão reduzidas. Mas a deficiência na
audição pode não ser devida às nossas deficientes condições fisiológicas.
Outros aspectos podem levar a que parte da informação se perca: ruído na
sala, uma ideia súbita que nos salta à mente desviando-nos a atenção do
que está a ser dito, uma pessoa ao lado que se nos dirige quebrando a
nossa atenção, uma expressão ou frase que não entendemos, etc., tudo
isto são factores que nos impedem de captar a totalidade ou o máximo da
informação. Para que isto não aconteça, convirá:
●
detectar e eliminar possíveis factores de distracção:
ruído, por exemplo;
●
escolher uma sala com adequadas condições acústicas;
●
adoptar uma atitude activa durante a audição,
procurando acompanhar e reter o que é dito;
●
registar os aspectos que consideramos importantes, transcrevendo
passagens, resumindo ideias, etc.[1].
Relativamente ao registo da informação, há meios auxiliares que
poderemos classificar em três grupos: meios mecânicos; meios semimecânicos; meios pessoais.
O primeiro
─
meios mecânicos
─
consiste na utilização do gravador. Embora a informação fique toda
registada, acaba quase sempre por se revelar insuficiente. Torna-se
indispensável a sua audição e, sobretudo, a transcrição para o papel,
tarefa morosa e difícil que pode levar horas, mesmo tratando-se de um
registo relativamente curto.
Os
meios semimecânicos consistem no uso da estenografia.
Os
meios pessoais são normalmente aqueles que mais utilizamos e consistem
em tomar notas registando passagens que consideramos importantes,
palavras-chave, esquemas, resumos das ideias, etc.
Saber
escutar e reter informações por meio de apontamentos pessoais é uma
capacidade que se pode adquirir e desenvolver com a prática. Há técnicas
facilmente utilizáveis para registo das informações. Um processo
bastante corrente consiste na aquisição de automatismos individuais:
emprego de abreviaturas, escrever resumindo o que vai sendo dito, etc.
Relativamente às abreviaturas, convirá criar um código pessoal que
deveremos registar e manter permanentemente, para que mais tarde não
suceda depararmos com anotações que nem nós próprios consigamos decifrar.
Assim, dão-se algumas sugestões de abreviaturas correntemente utilizadas
no quadro da figura 4. O espaço em branco, após aquelas por nós
indicadas, tem como finalidade permitir-lhe acrescentar outras que já
utilize ou venha a utilizar, possibilitando-lhe assim criar um bloco
mais completo.
Nunca
nos deveremos esquecer que o sistema de abreviaturas só deverá ser
utilizado em apontamentos pessoais. Utilizar abreviaturas em textos
normais, para serem lidos por outras pessoas, deve ser considerado como
erro grave.
Figura 4: Quadro com algumas das abreviaturas
mais usadas.
Como
sugestão de trabalho, para treino e desenvolvimento da capacidade
de escrita rápida na tomada de notas de informações essencialmente orais,
desenvolva a seguinte actividade:
1 -
Grave em cassete ou em vídeo um bloco informativo - um noticiário, por
exemplo, um poema, parte de um discurso, etc.
2 -
Pegue num bloco de apontamentos e caneta;
3 - Rebobine e ouça a gravação, procurando registar o máximo de informação;
4 -
faça um balanço daquilo que conseguiu registar.
Como
regras que deverá ter em conta, poderá registar as seguintes:
Nunca
se esqueça de ir numerando as páginas no canto superior direito. Não o
fazendo, arrisca-se a nunca mais encontrar a ordem da sequência.
Nunca
escreva nas costas da folha. Essa parte poderá ser-lhe útil para mais
tarde acrescentar sugestões, alterações, etc.
Nunca
se esqueça de identificar aquilo que for registando: pessoa que falou,
data, local, hora, e o título para posterior arquivo.
Se
lhe for fornecida bibliografia, textos complementares, fotocópias,
deverá numerá-los e juntá-los às suas notas.
[1] Acerca dos problemas relativos à audição, espécies de comunicação
oral, dificuldades de escutar e causas dessas dificuldades, veja-se
o trabalho de João David Pinto Correia, Introdução às Técnicas de
Comunicação e de Expressão, Lisboa, Livraria Novidades
Pedagógicas, col. Biblioteca Prática do Professor, 1978, pp. 51-58. |