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Fabrico Tradicional do Azeite em Portugal (Estudo Linguístico-Etnográfico), Aveiro, 2014, XIV+504 pp. ©

 

IX

OUTROS ELEMENTOS DO LAGAR

 

A CENTRIFUGADORA

A centrifugadora(30) é uma máquina moderna, adoptada nos lagares mais evoluídos nos princípios do século XX, muito provavelmente por volta dos anos 20 ou 30. Na muita bibliografia em nosso poder relativamente a Portugal, apenas encontramos referências a estas máquinas em obras técnicas relativamente recentes, por exemplo, nos boletins da Junta Nacional do Azeite. Uma das referências relativamente pormenorizada encontramo-la na enciclopédia de onde extraímos a imagem da figura 162, publicada entre 1935 e 1938, que nos mostra um corte esquemático de um modelo e que nos refere que «os separadores centrífugos» são máquinas «de adopção recentíssima», com as quais «a separação do óleo se torna mecânica e, pode-se dizer, total», reduzindo para alguns minutos uma operação que, nos sistemas tradicionais, exigia trabalho e bastantes horas de espera.

Não vamos aqui referir os princípios de funcionamento e modelos deste tipo de máquina, cujo interesse etnográfico é praticamente nulo. Todavia, não podemos deixar de lhe fazer referência, uma vez que, nos diversos lagares onde a encontrámos, vimos que era vulgarmente conhecida pela designação de separadora.

 

 
  Figura 164: Centrifugadora e diversos objectos do lagar de Condeixa-a-Nova, P. 277, dist. Coimbra.  

O termo técnico centrifugadora é geralmente conhecido pelas pessoas que trabalham nos lagares de azeite, muito embora nas suas formas populares: centrícia (Ponte da Arranca, P. 100, conc. De Vinhais, dist. Bragança), centrífeca (Miranda do Corvo, P. 280, dist. Coimbra), centrífica (Quinta de Vila Nova, P. 53, conc. Baião, dist. Porto), centrificadora (Santa Clara de Louredo, I.L.B., conc. e dist. Beja), centrífuga (Valpaços, P. 80,  dist. Vila Real). Registámos uma vez apenas o vocábulo correcto na Quinta do Esporão, freg. de Midões, conc. Tábua, dist. Coimbra.

Além das formas alteradas do vocábulo centrifugadora, por nós registadas, o termo mais comum é o de separadora, que registámos em diversos lagares do distrito de Coimbra(31).

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(30) – A figura 162 reproduz a gravura apresentada na Enciclopédia Italiana di Scienze, Lettere ed Arti, Roma, 1935, vol. XXV, pág. 301. Para o leitor que não saiba o que é a máquina centrifugadora, existente geralmente nos lagares modernos de azeite, remetemo-lo para as imagens reproduzidas neste trabalho. Na fig. 94, pág. 208, é visível a parte superior desta máquina, no canto inferior esquerdo. A fig. 163 deste capítulo mostra-nos outro modelo, juntamente com diversos objectos de medição do azeite.

(31) – Registámos o vocábulo separadora apenas em sete lagares do distrito de Coimbra: Castelo Viegas, P. 288, Condeixa-a-Nova, P. 277, Miranda do Corvo, P. 280, Quinta da Costa, P. 238, Ervedal, P. 236, Foz do Caneiro, P. 255, Quinta do Esporão, freg. Midões, conc. Tábua.

 

 

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