A CENTRIFUGADORA
A
centrifugadora(30)
é uma máquina moderna, adoptada nos lagares mais evoluídos nos
princípios do século XX, muito provavelmente por volta dos anos 20 ou
30. Na muita bibliografia em nosso poder relativamente a Portugal,
apenas encontramos referências a estas máquinas em obras técnicas
relativamente recentes, por exemplo, nos boletins da Junta Nacional do
Azeite. Uma das referências relativamente pormenorizada encontramo-la na
enciclopédia de onde extraímos a imagem da figura
◄162, publicada entre
1935 e 1938, que nos mostra um corte esquemático de um modelo e que nos
refere que «os separadores
centrífugos» são máquinas «de adopção recentíssima», com as
quais «a separação do óleo se torna mecânica e, pode-se dizer, total»,
reduzindo para alguns minutos uma operação que, nos sistemas
tradicionais, exigia trabalho e bastantes horas de espera.
Não
vamos aqui referir os princípios de funcionamento e modelos deste tipo
de máquina, cujo interesse etnográfico é praticamente nulo. Todavia, não
podemos deixar de lhe fazer referência, uma vez que, nos diversos
lagares onde a encontrámos, vimos que era vulgarmente conhecida pela
designação de separadora.
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Figura 164: Centrifugadora e diversos objectos do lagar de
Condeixa-a-Nova, P. 277, dist. Coimbra. |
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O
termo técnico
centrifugadora é geralmente conhecido pelas pessoas que trabalham
nos lagares de azeite, muito embora nas suas formas populares:
centrícia (Ponte da Arranca, P. 100, conc. De Vinhais, dist.
Bragança), centrífeca (Miranda do Corvo, P. 280, dist. Coimbra),
centrífica (Quinta de Vila Nova, P. 53, conc. Baião, dist.
Porto), centrificadora (Santa Clara de Louredo, I.L.B., conc. e
dist. Beja), centrífuga (Valpaços, P. 80, dist. Vila Real).
Registámos uma vez apenas o vocábulo correcto na Quinta do Esporão, freg.
de Midões, conc. Tábua, dist. Coimbra.
Além
das formas alteradas do vocábulo
centrifugadora, por nós registadas,
o
termo mais comum é o de separadora, que registámos em diversos
lagares do distrito de Coimbra(31).
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(30) – A figura 162 reproduz a gravura apresentada na Enciclopédia
Italiana di Scienze, Lettere ed Arti, Roma, 1935, vol. XXV, pág.
301. Para o leitor que não saiba o que é a máquina centrifugadora,
existente geralmente nos lagares modernos de azeite, remetemo-lo para as
imagens reproduzidas neste trabalho. Na fig. 94, pág. 208, é visível a
parte superior desta máquina, no canto inferior esquerdo. A fig. 163
deste capítulo mostra-nos outro modelo, juntamente com diversos objectos
de medição do azeite. |
(31) – Registámos o
vocábulo separadora apenas em sete lagares do distrito de Coimbra:
Castelo Viegas, P. 288, Condeixa-a-Nova, P. 277, Miranda do Corvo, P.
280, Quinta da Costa, P. 238, Ervedal, P. 236, Foz do Caneiro, P. 255,
Quinta do Esporão, freg. Midões, conc. Tábua. |