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Fabrico Tradicional do Azeite em Portugal (Estudo Linguístico-Etnográfico), Aveiro, 2014, XIV+504 pp. ©

 

VIII

SISTEMAS DE DECANTAÇÃO

 

B) TAREFAS DE BARRO

 


DISTRITO
 

  TIPO DE PRENSA


   DESIGNAÇÃO

Vara

Parafuso

Misto

Hidráulica

AVEIRO

-

1

-

-

talha

COIMBRA

13

3

-

3

tarefa=12 talha=7

TOTAL

13

4

-

3

talha=8x  tarefa=12x

 
 

Figura 127: Distribuição das tarefas de barro encontradas em 20 lagares, tipos de prensa e designações dadas pelos informadores.

 

A análise do quadro da figura 127 e seu confronto com o elaborado para as tarefas de granito permite-nos tirar algumas conclusões. Enquanto as tarefas de granito surgem apenas em lagares tradicionais e mistos, verificamos que as tarefas de barro surgem já em alguns lagares mais modernos, dotados de prensas hidráulicas, muito embora a predominância se verifique relativamente aos lagares tradicionais. Isto será devido provavelmente ao facto da tarefa de barro apresentar melhores condições de laboraç­ão que as tarefas de granito, acrescido pelo facto do barro, geralmente vidrado na face interior, permitir uma maior higiene do que as de granito.

A análise dos dois quadros parece também indicar que o material de que são feitas as tarefas, tal como já vimos em relação à construção dos lagares, estará relacionado com a matéria-prima mais abundante na região. As tarefas de granito existem em regiões onde este material é abundante, ao passo que as de barro se encontram essencialmente numa região onde predomina a argila.

Dos vinte lagares visitados em que encontrámos tarefas de barro(24), o de Anterronde, P. 120, no concelho de Arouca, apresenta tarefas com características diferentes. É o único lagar em que as tarefas possuem uma boca estreita, evocando-nos o modelo referido por Jaime Lopes Dias(25), cujo desenho reproduzimos na figura 128. O modelo reproduzido corresponde, segundo o Autor, à tarefa usada na Sertã na década de 1940, a qual tinha um estrangulamento que formava a cabeça de onde saía a amufeira e cujas espichas eram «manobradas pelo sangradouro que comunica com o exterior do lagar por um alvanel ou aqueduto». Ao contrário do que nos diz J. Lopes Dias, todas as tarefas que nós observámos e, na maior parte das vezes, fotografámos, não estão «soterradas a alguns centímetros abaixo do nível da sertã ou alguer». Encontram-se, de facto, todas abaixo do nível da sertã, mas acima do nível do solo, embutidas numa caixa de tijolo e cimento, para a qual A. Ladislau Piçarra(26) forneceu o nome de tendal, que nunca tivemos a oportunidade de ouvir em nenhum dos lagares visitados. Como exemplar único e diferente de todos os restantes, passamos desde já à sua análise.

 

 
  Figura 129: Aspecto das talhas do lagar de Anterronde, P. 120, freg. Santa Eulália, conc. Arouca, dist. Aveiro.  

Tal como se pode verificar pela figura 129, as tarefas do lagar de Anterronde, em número par, ocupam uma secção rectangular a alguns centímetros abaixo do nível da zona de enseiramento da prensa de parafuso (recorde-se a fig. 107), estando a esta ligada por meio de um tubo que atravessa o muro largo, que separa a zona de prensagem da zona de decantação. Para facilitar a depuração do azeite, uma canalização conduz a água a ferver da caldeira para o primeiro recipiente. Quer este, quer o seguinte para onde corre o azeite limpo, são designados no lagar de Anterronde pelo vocábulo talha, como nos foi dito pelo mestre do lagar:

«– (...) O azeite escorre d'acolá, cai num cànozinho, bem e cai aqui.

– Como se chama isto?

Aqui? Uma talha. Depois bai bindo, bindo, subindo, subindo, subindo, subindo, porqu'o azeite anda sempre no laço da água, da água quenti. Depois, depois é água quente (...), põe-se aqui a cair [utilizando a mangueira ligada à torneira] e depois a água cai aqui e bai prò fundo da talha e o azeite bem sempre no cimo e bai passar p'r'àqui [para o segundo recipiente].

– Esse segundo recipiente como se chama?

É outra talha. O azeite passa apurado p'r'àqui. Cai ali daquela [isto é, cai na primeira talha] e daquela é apurado e cai nesta. Agor'àqui é só azeite. E ali é azeit'e água (...).»

Nos restantes dezanove lagares visitados no distrito de Coimbra, independentemente dos sistemas de prensagem, todas as tarefas são idênticas no formato e dimensões. Em todos os lagares encontrámos tarefas rigorosamente similares ao exemplar de reserva que fotografámos no lagar de Carrão, Vila Nova, no concelho de Penacova, não fosse alguma partir-se e ter de ser substituída.

 

Figura 130: Tarefa de barro de reserva, para substituição caso alguma se quebre, no lagar de Carrão, freg. Vila Nova, conc. Penacova, dist. Coimbra.  

Figura 131: Corte de uma tarefa de barro, mostrando como funciona o sistema de escoamento da água-ruça. Legenda: 1-azeite; 2-colo; 3-água-ruça; 4-espicha.

Com cerca de um metro de altura, as tarefas são constituídas por duas partes: a superior é uma espécie de bacia de boca larga, com um diâmetro que anda na ordem dos 80 centímetros e uma capacidade de cerca de 60 litros, segundo nos explicou um informador; a parte inferior, separada da superior por um estrangulamento a cerca de 1/3 da altura, constitui um depósito onde se encontra a água-ruça. Quando a água-ruça é excessiva na tarefa, efectua-se o seu sangramento através do orifício existente próximo da base do recipiente menor. Este é tapado, segundo apurámos em vários lagares, por meio de um pequeno torno afiado de madeira, colocado de dentro para fora, geralmente conhecido por espicha (nº 4 da fig. 131), designação que não é a única como veremos em breve. Para que a água possa correr, a espicha é empurrada ligeiramente para dentro; para fechar, é simplesmente largada e a pressão do líquido no interior empurra-a para fora, obstruindo a saída. No fundo, como nos foi claramente explicado por um informador, na Quinta do Rol (freg. Ançã, conc. Cantanhede), a espicha, de madeira aguçada e com estopa, funciona como uma válvula, servindo-se de um princípio físico bastante conhecido: todos os líquidos contidos num recipiente exercem uma pressão constante sobre as paredes, de dentro para fora, tanto maior quanto maior for a coluna de líquido, tal como se exemplifica no esquema elaborado durante a visita ao lagar referido, reproduzido na figura 131.

Antes de analisarmos a tarefa do ponto de vista linguístico e de apresentarmos o que vimos de mais significativo nos lagares visitados, teremos de referir o caso do lagar da Ribeira (freg. S. Paio, conc. Penacova), que constitui um caso excepcional, que nos levou a não o incluir nem nas tarefas de granito, nem nas de barro. A tarefa que observámos neste lagar de vara, com um diâmetro de 72 centímetros, é rigorosamente igual em tudo ao que dissemos em relação às tarefas de barro: o mesmo formato, os mesmos dois recipientes sobrepostos, o mesmo estrangulamento a cerca de 1/3 da altura, o mesmo orifício para escoamento das águas-ruças. O mesmo para tudo, excepto para o facto de que não era de barro, mas sim de «pedra milheira», como nos disse o informador e como tivemos a oportunidade de comprovar, espantados e algo contrariados, porque vinha estragar toda a nossa teoria, constituindo como que uma excepção a confirmar a regra. Sendo igual em tudo às tarefas de barro – e até polida interiormente –, tinha a vantagem de ser mais resistente que as de barro, não precisando de tarefas sobressalentes para o caso de se partir, como encontrámos no lagar de Carrão.

Apresentada a excepção à regra, que não poderia ser omitida sob pena de falta de rigor, passemos aos aspectos linguísticos, ou seja, à terminologia relacionada com as tarefas de barro.

Para a parte superior da tarefa, que constitui uma bacia com diâmetro entre 70 e 80 centímetros e uma fundura até cerca de 2/3 da altura, não encontrámos qualquer designação específica. Para o estrangulamento que separa o recipiente superior do inferior, encontrámos a designação de colo apenas no distrito de Coimbra, P. 261, 297, e ainda em Carrão (freg. Vila Nova, conc. Penacova). Para o recipiente inferior, além da designação fornecida por  Jaime Lopes Dias(27),  nunca vimos atribuir-lhe nome especial em nenhum lagar. Todavia, para o objecto  que  tapa o orifício  por onde se escoam  as águas-ruças, encontrámos não só explicações sobre o seu fabrico e funcionamento, como também cinco designações distintas: bichaneira, dist. Coimbra, P. 285; espicha, dist. Coimbra, P. 255, 297, e ainda Quinta do Rol (freg. Ançã, conc. Cantanhede); espicho, dist. Coimbra, P. 284, 294, 300, e ainda Fontainhas (freg. Seiça, conc. Vila Nova de Ourém, dist. Santarém-I.L.B.); rolho, dist. Coimbra, P. 256, dist. Porto, P. 56; torno, dist. Aveiro, P. 120, dist. Coimbra, P. 256, 257, 258, 262, dist. Porto, P. 51, 52, 57.

É necessário acrescentar que os cinco vocábulos anteriormente enumerados se aplicam sempre ao mesmo objecto, presente em todas as tarefas independentemente do material de que são feitas. Todavia, relativamente às tarefas de barro que encontrámos no distrito de Coimbra, as únicas em que o torno ou espicha é colocado pelo lado do interior, funcionando como uma válvula, as explicações fornecidas sobre a sua forma e construção foram pormenorizadas. Mas vamo-nos limitar a uma breve transcrição de um diálogo gravado:

«– Mas a espicha fica por dentro?

...É metida aqui por dentro.

– É algum pau?

É um pauzito. É feito cum bocado d'estopa ou linho.

E òpois aquilo é cosido c'um'àgulha p'ra mode aquilo não sair fora (...)» (P. 297, Mata, freg. Vila Nova do Ceira, conc. Góis, dist. Coimbra).

Em qualquer dos lagares de vara visitados, a tarefa fica por baixo da vara, entre a zona de enseiramento e o solo, cujo desnível é de cerca de 1,20 metros, numa caixa de tijolo e cimento, constituindo a zona para a qual A. Ladislau Piçarra forneceu o nome de tendal(28).

 

 
  Figura 132: Lagar do Pereiro, P. 262, freg. Souselas, conc. Coimbra. De cada lado da fornalha, as duas tarefas, entre a zona de enseiramento e o fuso da vara.  

No lagar do Pereiro, P. 262, com duas varas, existe apenas uma tarefa por vara, colocada num tendal com cerca de um metro de altura, situado entre a zona de enseiramento e o fuso da vara, tendo ao lado, entre as duas varas e as tarefas, a caldeira com a respectiva fornalha, tal como se documenta na figura 132. O terço inferior da tarefa fica abaixo do nível do solo, tendo uma abertura rectangular na base, que permite manobrar a espicha. O azeite e as águas do caldeamento escorrem durante a prensagem da sertã para a tarefa através de uma caleira, que pode ser feita de metal ou de cimento, mas que é constituída, na maior parte das vezes, simplesmente por uma telha tradicional portuguesa, com a concavidade voltada para cima, e que atravessa a parede que separa as tarefas da zona de enseiramento.

 

 
 

Figura 133: Pormenor da tarefa de barro vidrado do lagar de Pereiro, P. 262. Em baixo, o sangradoiro; ao alto, a tampa da tarefa, encostada à parede da fornalha; sobre o bordo, uma candeia de barro.

 

Tal como pode ser observado na figura 133, que nos mostra em pormenor a tarefa do lagar de Pereiro, a ampla abertura da tarefa é coberta com uma tampa circular de madeira, que se vê colocada ao alto, encostada à parede da fornalha. Cimentada sobre o bordo da tarefa, uma candeia de barro permite que uma luz esteja permanentemente acesa, alimentada pelo azeite extraído. Para evitar qualquer acidente, a luz que alumia o trabalho nas tarefas é obrigatoriamente de azeite. Deste modo, ainda que haja algum acidente, será apenas azeite que cai na tarefa, pelo que o óleo lá existente não sofrerá qualquer prejuízo.

Noutros lagares do distrito de Coimbra, existem duas tarefas por vara, colocadas lado a lado no tendal, geralmente de tijolo e cimento.

No lagar da Mata, P. 297 (freg. Vila Nova do Ceira, conc. Góis), as duas tarefas da vara esquerda (figura 74) ocupam um tendal de tijolo e cimento delimitado pelas escadas de acesso à zona de enseiramento, a cerca de um metro de altura relativamente ao nível do solo. As tarefas da vara da direita ficam entre a fornalha e caldeira e as escadas de acesso do lado direito. Veja-se, a este propósito, a figura 18, pág. 57, que nos mostra a planta deste lagar, na qual é perfeitamente visível a situação das tarefas. Por cima delas, para facilitar a depuração do azeite, duas torneiras permitem que seja deitada água a ferver proveniente da caldeira.

 

 
  Figura 134: Tarefas do lagar de Dianteiro, P. 256, freg. Torres do Mondego, conc. e dist. Coimbra.  

 No lagar do Dianteiro, P. 256 (freg. Torres do Mondego, conc. Coimbra), as duas tarefas ocupam um tendal constituído por blocos de pedra e cimento, situado ao lado da fornalha. Com um bordo à altura de cerca de  70 a 80 centímetros, o recipiente  infe­rior  para  as  águas-ruças fica abaixo do nível do solo (vd. fig. 134), sendo o acesso à espicha permitido por duas amplas aberturas rectangulares. À semelhança de outros lagares de vara visitados que possuem tarefas de barro, também aqui elas são cobertas com grandes tampas circulares de madeira. O azeite e as águas do caldeamento das seiras são conduzidas da zona de enseiramento e prensagem para as tarefas por meio de condutas com a forma de um Y feitas no chão. Conforme se pretendia que os líquidos corressem para uma ou outra tarefa, obstruía-se o sulco com um bocado de baganha, conforme nos explicou o informador, como pode ser verificado no excerto do diálogo que passamos a transcrever:

«– E o azeite espremido corre para onde?

Depois o azeiti d'aqui peg'à escorrer a tod'à bolta, hum?, e continuà bir p'r'àqui, cai aqui.

– Ah, vem cair aqui?

Pois, p'à talha.

– Mas vai cair através de quê?

Tapa-s'ali, olhe, tapa-s'ali no rego [vd. fig. 135, nº 4] assim c'um bocadinho de baganh'àli, porque este cano ali dá p'às duas coisas [isto é, para as tarefas ou talhas 1 e 2]. Tapa-se aqui assim. Ele está cheio [1], vira-se p'r'àquela [2]. Aquela tem azeite p'ra se medir, sai este moinho p'r'àli, pode-se fabricar dois moinhos, um p'ra cada. Isto é feito cada... cada moinho, que nós lhe chama­mos, corre p'ra cada talha. Inquanto estiver a correr, não se pode fabricar outro. Depois, deixou...

– Isto é uma talha?

É, é, isso é uma talha.

– E o que é que se faz na talha?

É o aparador do azeite.

– Mas já sai azeite puro?

Pois, pois. Òpois sangra-se lá embaixo (...)» (P. 256, Dianteiro, freg. Torres do Mondego, conc. e dist. Coimbra).

Dos lagares com prensas de parafuso e prensas hidráulicas visitados no distrito de Coimbra, que possuíam tarefas de barro, iremos limitar-nos a três lagares: o lagar da Moura Morta, com prensa de parafuso; os lagares de Alvares e Quinta da Portela, com prensas hidráulicas.

 

 
  Figura 136: Prensa de parafuso e tarefas do lagar de Moura Morta, P. 294, freg. S. José das Lavegadas, conc. Poiares, dist. Coimbra.  

No lagar de Moura Morta, P. 294 (freg. S. José das Lavegadas, conc. Vila Nova de Poiares), a única prensa de parafuso existente fica a meio da zona de enseiramento, que ocupa metade do lagar, de secção rectangular, a cerca de um metro acima do nível do solo. Do lado esquerdo da prensa (vd. fig. 136), entre a parede do lagar e uma abertura coberta por uma tábua, ficam três tarefas de barro vidrado, cobertas com grossas tampas circulares de madeira. Do lado direito, entre a abertura e as escadas de acesso à zona de enseiramento e prensagem, apenas duas tarefas, igualmente cobertas.

A prensa era «tocada à unha», exigindo o trabalho de quatro homens para as diferentes prensagens. O azeite e as águas corriam para as tarefas de serviço por meio de um rego existente no pavimento de cimento. Embora a fotografia não o mostre, existia na base do tendal, no fundo de cada tarefa, uma abertura para se proceder ao sangrar das tarefas. Conforme nos explicou o Senhor António Pereira, «...de bez em quando, q'ando elas [as tarefas] estão cheias, bão sangrando p'ra baixo. Tem um espicho em baixo, naqueles buracos», que a fotografia não mostra, por termos privilegiado a prensa durante o enquadramento da imagem.

O lagar de Alvares (conc. Góis, dist. Coimbra), acoplado a uma fábrica abandonada de tecelagem e a um moinho de trigo, estava há muito tempo desactivado quando o visitámos, no dia 20 de Junho de 1970. Pertencia aos herdeiros da viúva de Manuel Barata Lima e, nos seus tempos áureos, era accionado por uma moderna turbina a água da Fundição de Fradelos, no Porto.

A azeitona era moída num moinho de uma só galga e a massa espremida numa prensa hidráulica, a cuja bateria manual (vd. fig. 95, pág. 227) fora adaptada posteriormente um sistema de accionamento por meio de larga correia de cabedal.

 

 
  Figura 137: Aspecto das tarefas do lagar de Alvares, conc. Góis, dist. Coimbra.  

O azeite e as águas resultantes das prensagens corriam para um conjunto de quatro tarefas de barro, situadas numa sala independente do lagar (vd. fig. 137). Embutidas num tendal construído com tijolo e cimento, eram cobertas por tampas circulares de madeira, sobre as quais existiam outras tampas de secção quadrada que, uma vez baixadas, formavam uma longa mesa plana de madeira. O sangramento das tarefas fazia-se por meio dos quatro sangradoiros rectangulares existentes na base do tendal.

 

 
  Figura 138: Tarefas do lagar da Quinta da Portela, P. 285, freg. Santo António dos Olivais, conc. e dist. Coimbra.  

O lagar da Quinta da Portela, P. 285, já anteriormente por nós referido em capítulos anteriores(29), era um lagar com duas prensas hidráulicas, servidas por uma série de tarefas ou talhas de barro de grande diâmetro, todas em linha num longo tendal de cimento. Embora não as tenhamos  contado  quando  visitámos  o  lagar,  a  figura 138  dá-nos uma clara ideia do seu elevado número. O azeite e a água vão para as tarefas de serviço através de uma conduta, um cano metálico, a todo o comprimento do tendal. O azeite e as águas quentes deitadas durante as prensagens correm do carro da prensa para um pio metálico, colocado sob uma larga manga de tecido. Este pio metálico, com um formato rectangular e paredes altas, está ligado às tarefas por meio de um cano. Compete ao mestre do lagar seleccionar a tarefa ou tarefas necessárias para a prensagem e operação de decantação. Por cima do cano que liga o pio às tarefas, existem tantas torneiras quantas as talhas, para permitir que seja adicionada água a ferver ao azeite, a fim de facilitar a operação de decantação ou depuração do azeite.

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(24) – Dos 20 lagares visitados em que as tarefas são de barro, apenas o de Anterronde, P. 120, pertence ao distrito de Aveiro, conc. de Arouca. À semelhança do lagar de Vila Viçosa, foi um dos quatro lagares anteriormente analisados. Os restantes, no distrito de Coimbra, serão aqui enumerados por ordem dos concelhos a que pertencem. A seguir a cada um, indicaremos também a freguesia.
      Conc. de Cantanhede: Quinta do Rol – Conc. de Coimbra: Eiras, P. 257, e Vilarinho, P. 258, freg, de Eiras; Quinta da Portela, P. 285, freg. Santo António dos Olivais; Remungão, P. 261, e Souselas, P. 262, freg. Souselas; Carvalhosas, P. 286, e Dianteiro, P. 256, freg. Torres do Mondego – Conc. de Góis: Alvares e Ameoso do Senhor, P. 300, freg. Alvares; Mata, P. 297, freg. Vila Nova do Ceira – Conc. de Pampilhosa da Serra: Malhada da Serra, P. 302, freg. Pessegueiro; Três Aldeias, P. 303, freg. Três Aldeias – Conc. de Penacova: Varrelas, freg. Carvalho; Foz do Caneiro, P. 255, freg. Lorvão; Ponte da Mata, freg. Sazes; Carrão, freg. Vila Nova – Conc. de Poiares: Moura Morta, P. 294, freg. S. José das Lavegadas.

(25) – JAIME LOPES DIAS, op. cit., pág. 188.

(26)Recorde-se o que anteriormente se disse, a propósito do vocábulo pote, na pág. 267, onde fizemos referência a A. Ladislau Piçarra.

(27) – JAIME LOPES DIAS, op. cit., pág. 108 (vd. fig. 128 do nosso trabalho).

(28) – Embora nunca tenhamos ouvido este vocábulo ao longo das várias dezenas de inquéritos realizados nas diferentes regiões do País, passamos a adoptá-lo no nosso trabalho para maior facilidade na exposição.

(29) – Recorde-se o que se disse anteriormente acerca deste lagar, nos capítulos II (págs. 33, 34 e 42), IV (págs. 134 a 136) e VII (pág. 256).

 

 

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