ENTRE as manifestações artísticas do nosso Distrito, conta-se, como das mais
importantes, a da fundação e
manutenção de agremiações musicais, mais ou menos brilhantes e
prósperas, pelas quais se pode aquilatar do bom gosto das diferentes populações e das suas aptidões para a
música.
Feito previamente o inventário das povoações em que existe uma ou mais
dessas Sociedades, dirigimos uma circular ao regente de cada uma delas,
na esperança de que a promessa de publicação, no Arquivo, do resumo dos
seus depoimentos nos traria as informações que a todos pedíramos,
respeitantes ao ano da fundação da sua banda, aos fundadores, ao
primeiro
e actual regente, e ainda aos seus sócios beneméritos.
Enganámo-nos: com o nosso apelo, apenas obtivemos informações
acerca das bandas de Aveiro, Vista Alegre, Ílhavo,
Pinheiro da Bemposta, S. João da Madeira, Pardilhó, Ovar, Estarreja,
Cucujães, Albergaria a Velha, Junqueira (Vale de Cambra), S. João de Loure, Sever do Vouga, Eixo, Vasos e Figueiredo do Burgo
(Arouca). Desanimávamos do nosso intuito, quando soubemos que o Sr. Dr.
ANTÓNIO ZAGALO DOS SANTOS, de Ovar, já possuía, a tal respeito,
bastantes elementos, colhidos em circunstâncias mais felizes. A ele nos
dirigimos, portanto, para que S. Ex.ª elaborasse o estudo que nós, à
falta de dados,
não. poderíamos fazer. Com desprendimento e generosidade pouco vulgares,
pôs imediatamente o Sr. Dr. ZAGALO DOS SANTOS à nossa disposição a
colheita de informes que já fizera e quis que fôssemos nós quem
utilizasse esse seu trabalho. Aqui fica expressa a nossa gratidão.
O que vai ler-se é, pois, o resultado das informações recolhidas pelo ilustre investigador ovarense, conjugadas com as dos
regentes que pronta e inteligentemente se dignaram responder à circular,
e ainda com os depoimentos de indivíduos
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100 /
estranhos a essas Sociedades, mas amantes de música. Figuram, nos
primeiros artigos, como é de justiça, e pela ordem cronológica das
respostas, as bandas de que obtivemos informações, directas ou
indirectas. Irão depois as outras, à medida que acerca delas formos
sendo informado.
FILARMÓNICAS DE AVEIRO
Sobre bandas da Capital do Distrito, limitamo-nos a reproduzir o depoimento do Sr. José Ferreira Pinto de Sousa, a quem ficamos muito
grato.
Vem de longe a notícia da existência de agremiações musicais em Aveiro.
Segundo a Crónica dos Carmelitas, à festa que se fez no Convento do
Carmo, por ocasião da canonização de Santa Teresa, em 1622, assistiu a
melhor música da terra, de orquestra ou capela, sendo que, naquele
tempo, as bandas
marciais eram apenas constituídas por pífanos e tambores.
− Em 1668, havia nesta cidade uma corpo ração de charameleiros, que
ganhara, na festa de S. Miguel, a irrisória quantia de 400 réis. − Em
1742, havia na igreja de S. Miguel uma Colegiada, que tinha a sua
música, um dos mestres da qual foi um tal P.e Luís Simões. − No longo
espaço de tempo decorrido entre essa data e 1817, nenhum documento ou
referência se conhece a músicas de Aveiro. Nesta data, porém,
instituiu-se uma capela de padres, regida pelo P.e José Joaquim Plácido
(o Padre Parracho), irmão do hábil jurisconsulto aveirense que se chamou
Joaquim António Plácido. Esta capela organizou-se
para se poderem fazer com solenidade as festividades da Sé de Aveiro,
que era então na igreja da Misericórdia. Foi aquele padre quem deu as
primeiras lições de música ao então menino de coro da Misericórdia, onde
também havia colegiada, José Pinheiro Nobre, o Marcela, que depois foi
discípulo distinto do
espanhol Cléder, exímio tocador de trombone de varas. − Em
princípios de 1834, como noutras terras do país, organizou-se a Guarda
Nacional, que em Aveiro e Ílhavo teve existência legal por decreto de 29
de Março daquele ano. José Pinheiro Nobre, apesar dos seus 13 anos, era
um apreciável executante de trompa. E nesta qualidade fez parte da banda daquela Guarda, ao mesmo tempo que
se aplicava ao estudo da música com D. Romão Avias, mestre da banda de
Caçadores n.º 28. Como este e como Cléder, foi José Pinheiro notável
executante de trombone de varas. − Nem todos os corpos militares tinham
bandas efectivas: as músicas eram contratadas por períodos anuais. José Pinheiro, findo o
contrato
com aquela Guarda, foi para o
regimento n.º 24, de Viana do Castelo; e, com a transferência deste
regimento para Viseu, ficou José Pinheiro em Viana, no Regimento de
Infantaria n.º 3. − Findos os sucessivos contratos
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que ali assinara; regressou José Pinheiro a Aveiro em 1844; e, dois
anos depois, reorganizou com o P.e João de Pinho a antiga filarmónica de
Aveiro, com os elementos saídos da Guarda Nacional, quase todos
espanhóis; entre eles o celebre André Navarro. − Nesse ano, a 14 de
Maio, rebentou a revolução chamada «Patuleia» ou «Maria da Fonte». Para
sustentar essa revolução, organizaram-se «corpos populares», que apenas
se destinavam à defesa das respectivas localidades. A banda respectiva
foi organizada e regida por José Pinheiro Nobre; Aquele batalhão
continuou até a Convenção de Gramido (23 de Junho de 1847), e a
filarmónica continuou, sob a mesma batuta, até 26 de Outubro de 1849,
data em que José P. Nobre foi para Anadia organizar e reger a
filarmónica de que era protector o Dr. Alexandre de Seabra. A banda nem
por isso se extinguiu: melhor ou pior, foi continuando. − Pela ordem de
serviço n.º 3, de 13 de Janeiro de 1837, formou-se o Batalhão de
Caçadores n.º 28, aquartelado em Aveiro, o qual, pela organização de 1842
(Ordem do Exército n.º 56, de 16 de Dezembro), passou a ter o n.º 7.
Este batalhão foi em 26
de Agosto de 1850 transferido para Guimarães e depois dali para Valença.
Tinha, além da banda, uma charanga, formada pelos corneteiros e um ou
outro músico que compareciam ao toque de recolher. Dizia-se que a
charanga era melhor que a música! − Neste batalhão, houve um mestre de
música − um tal Armada − que deixou em
Aveiro alguns discípulos de clarinete, entre os quais Francisco da Costa
− o Francisco Cerralheiro − e José Vieira Guimarães.
Em 1 de Junho de 1853, voltou José Pinheiro Nobre para Aveiro e reassumiu
a regência da antiga Filarmónica que dirigira. Cerca de dois anos depois, foi com outros componentes
unir-se à Filarmónica da Vista Alegre −, o que foi motivado pela
circunstância de alguns componentes daquela Filarmónica se recusarem a
tocar gratuitamente na festividade que em 31 de Maio desse ano se fez em
honra de N. S. da Conceição por ordem da Ordem Terceira de S. Francisco.
Pouco mais ou menos desde 1841 a 1866, teve a
Filarmónica de Aveiro,
entre outros, os regentes seguintes: José Pinheiro Nobre, Armada, José
da Silva, Manuel de Abreu (músico de Caçadores 7), Gastão (contra-mestre
do mesmo batalhão), José Matias dos Santos, Guilherme Maria Santana,
Manuel Carvalho, P.e José Joaquim de Carvalho e Góis e António Maria
Valério de Sousa Brandão, de Ovar. − Pela retirada deste, motivada pela
falta de recursos da Filarmónica, assumiu a regência o P.e Manuel
Ferreira Pinto de Sousa, na qual se manteve até 15 de Novembro de 1877.
Em seguida, foram seus regentes: José Pinheiro Nobre, José Serrano
(músico reformado de Infantaria 9), Manes Nogueira, Alfredo Santos, João
Pinto de Miranda, Dr. Vasco Rocha (falecido em 5 de Março de 1932) e
Alfredo Leal. É seu actual
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102 /
regente o Sr. Armando da Silva. A respectiva orquestra está, desde 1937,
a cargo do Sr. P.e António Gonçalves Estêvão.
José Pinheiro Nobre fundou e
regeu em Aveiro uma filarmónica que se
estreou em 12 de Maio de 1856 e à qual deu o título de «Aveirense», o
que deu causa a que a outra adoptasse a designação de «Amizade». − Por
motivos que se ignoram, saiu José Pinheiro desta Filarmónica em 1870.
Desde essa data até 1886, organizou e dirigiu filarmónicas várias (Vagos, Angeja, Oliveira do Bairro, Mealhada, Redinha, Condeixa, Ançã e Aveiro).
− Pela sua saída da Filarmónica Aveirense, ficou esta regida
pelo P.e Jorge de Pinho Vinagre; mas, como mais tarde lhe não fosse
permitido reger a banda, ficou com a chefia
da orquestra, e a banda passou a ser regida sucessivamente
por Luís Henriques, António Pereira Viana, Biscaia, e João de Pinho das
Neves Aleluia. Extinta a Filarmónica Aveirense, alguns dos seus
componentes ainda se juntaram para fazer algumas festividades sob a
regência de Sá Pinto, músico de 1.ª classe de Infantaria n.º 24.
Em 1908, principiou o Sr. António dos Santos Lé a ensinar rapazes para a
organização de uma nova filarmónica; e, nove meses depois, tocava ela,
pela primeira vez, na Praça do Comércio, em 26 de Dezembro daquele ano,
na inauguração do obelisco, ali mandado erigir pelo Clube dos Galitos.
Esta filarmónica, à qual o seu fundador deu o nome da «Banda de José
Estêvão», ainda subsiste e tem sido sempre dirigida e regida pelo Sr.
António dos Santos Lé. Esta banda nada tem
de comum com a extinta Filarmónica Aveirense.
Em 15 de Novembro de 1933, por iniciativa do Sr. António de Pinho
Nascimento, foi fundada a «Banda dos Bombeiros Voluntários − Guilherme
Gomes Fernandes», com antigos elementos saídos das outras duas bandas
desta cidade. Esta banda estreou-se no dia 30 de Novembro de 1934, 25.º
aniversário da Companhia. Foi seu primeiro regente o músico de 1.ª
classe de Infantaria n.º 19, Delfim Matias, e é seu actual regente o Sr.
Arnaldo de Almeida Vasconcelos, músico reformado da extinta banda da
Guarda Republicana do Porto.
No intervalo entre a extinção da
Filarmónica Aveirense e a completa
organização da Banda de José Estêvão, houve uma agremiação de
indivíduos que fazia as festividades da igreja ou de orquestra, ordinariamente regidos por António Alves, chefe da banda de Infantaria
n.º 24, enquanto aquela banda não teve pessoal habilitado para esse
serviço.
José Pinheiro Nobre, como professor de música do Asilo-Escola Distrital,
organizou em 1889, com os seus alunos, uma
fanfarra ou charanga, que regeu durante cerca de dezoito anos
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Pela sua aposentação, foi provido naquele lugar, em 21 de
Outubro de 1908, o Sr. António dos Santos Lé, antigo aluno
do Asilo, que transformou a charanga em banda marcial. Esta
banda tem tido várias crises, provenientes da falta de pessoal,
que resulta da redução do número de asilados e da saída dos
mesmos aos dezasseis anos de idade. Continua, porém, a aula de música. −
Desta banda têm saído bastantes executantes para as bandas de Aveiro e
outras.
É ainda digno de registo o
seguinte:
Em 1878, organizou e regeu o
P.e Manuel Ferreira Pinto
de Sousa uma pequena orquestra para fazer as festividades
(lausperenes) da Associação do S. C. de Jesus, da qual era
presidente D. Amélia Rebocho Freire de Andrade. Essa orquestra apresentou-se em público, pela primeira vez, em 28 de Abril daquele
ano, na igreja de Santo António. Como agradasse
muito, foi o seu regente instado para figurar noutras festividades, de Aveiro e proximidades. Exibiu-se, pela última vez,
no dia 28 de Outubro de 1883, na festa de N. S. do Rosário,
promovida pelo Bispo-Conde Bastos Pina.
Em 1888, o tenente de Cavalaria Júlio Augusto Ferreira
organizou e dirigiu em Aveiro um grupo musical, inicialmente
pouco numeroso, formado por amadores e com fins unicamente
recreativos. Denominava-se «Recreio Musical» e dava no salão
do Teatro Aveirense, sua sede, concertos, chamados ensaios
musicais, que tinham por ouvintes as pessoas das famílias do
seu Director e mais componentes. O primeiro concerto realizou-se no dia 5 de Dezembro de 1888 e o último em 25 de Abril
de 1890. O grupo extinguiu-se por motivo da saída daquele
oficial para a Escola Prática de Cavalaria.
FILARMÓNICAS DE ÍLHAVO
Vista Alegre − Acerca desta banda, apenas sabemos que
foi criada em 1826 pelo fundador da fábrica de porcelana, José
Ferreira Pinto Basto; que é «privativa da fábrica e composta única e
exclusivamente de operários dela» e que foram seus
regentes, desde a fundação até 1934: José Vicente Soares (1826-1828); Prudêncio Apolinário (1830-1834); Filipe Marcelino
Chaves (1834-1838); António Dias (1838-1845); João António Ferreira
(1845-1851); António Dias (1852-1866); Joaquim Martins Rosa (1867-1907); e Berardo Pinto Camelo (1907-1934).
É seu actual regente o Sr. Duarte Gravato.
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Sociedade Filarmónica llhavense (Velha). − As informações que se seguem foram-nos obsequiosamente fornecidas pelo
Sr. Dinis Gomes. A banda foi fundada em princípios de 1836
pelos ilhavenses Conselheiro Dr. António José da Rocha, magistrado (tio
avô de Rocha Madahil, um dos Directores do Arquivo),
e José Ferreira da Cunha e Sousa, mais tarde Governador Civil
de Aveiro, autor da curiosa Memória sobre Aveiro, que a nossa revista
publicou no último ano. Aqueles dois indivíduos, apaixonados amadores dramáticos, tinham organizado em
Ílhavo uma
companhia de curiosos, que devia estrear-se num teatro por
aqueles construído numa dependência do passal da freguesia,
junto da igreja matriz da vila. Para o primeiro espectáculo,
haviam falado à orquestra da fábrica da Vista Alegre; mas à
última hora esta faltou, por imposição do director daquela fábrica,
que era da política contrária à dos organizadores da Companhia.
Estes, magoados com o procedimento havido com eles, levaram-se em brios e fundaram
uma música, aqui chamando para esse serviço José Vicente Soares, ex-regente de bandas militares e que fora também o primeiro regente da banda da Vista
Alegre. Depois deste, teve vários regentes, sendo o que mais
aturou no lugar o ilhavense Francisco dos Santos Barreto, homem de
múltiplas aptidões.
Por morte deste, a música decaiu muito,
quase se extinguindo. Cerca de 1885, um grupo de bons ilhavenses, tendo à
frente João da Conceição Barreto, mais tarde funcionário do
Ministério do Interior, reorganizou-a, dando-lhe o nome de «Sociedade
Filarmónica Ilhavense», que ainda conserva. Nessa
nova fase, que chegou a ser áurea, foi seu primeiro regente o P.e João
Rodrigues Franco, de Vagos, que era um violinista distinto,
mas que, por motivo de doença, pouco se demorou no
lugar. Foi substituído por um espanhol, de apelido Serrano,
emigrado político que vivia em Aveiro, o qual soube dar à
música uma modelar organização artística. Depois dele, vários regentes
dirigiram a música de Ílhavo até ao actual, que é o
professor primário Sr. João Marques Ramalheira (Guilhermino).
− À «Sociedade Filarmónica Ilhavense» foi há pouco tempo prestada homenagem, sendo dado o seu nome à travessa que
serve a sua casa de ensaios».
Devemos acrescentar que um dos regentes que maior
impulso conseguiu dar à famosa «Música Velha» de Ílhavo,
elevando-a a notável grau de perfeição, melhorando o seu instrumental, e proporcionando-lhe, mercê da actuação política que
exercia no concelho, frequentes exibições, foi justamente o nosso
obsequioso informador, Sr. Dinis Gomes. Ficaram memoráveis
certos arraiais da festa do Senhor Jesus em que os desafios da
música velha com as mais afamadas do distrito se prolongavam,
por vezes, até à madrugada, terminando frequentemente na
/
105 / farmácia mais próxima entre compressas de arnica e tiras de adesivo,
tal era o número de cabeças partidas.
Banda dos Bombeiros Voluntários de
Ílhavo. − Reportamo-nos ainda a informações do Sr. Dinis Gomes: «Dissidências havidas a dentro da
«Sociedade Filarmónica Ilhavense» deram
origem à saída dalguns dos seus elementos. Estes, em pequeno número, mas
auxiliados por amigos pessoais com preponderância na Corporação dos Bombeiros, formaram uma nova filarmónica, que se apresentou em público, pela primeira vez,
em 15 de Abril de 1900, sob a regência de Vitorino Maia, natural de Vagos, mas empregado na fábrica da Vista Alegre e um dos melhores
elementos da respectiva banda. Tempos depois,
por ter saído da Vista Alegre para uma fábrica do Porto,
abandonou a «Música Nova» (assim se ficou chamando popularmente a
banda). Anos volvidos, regressou do Porto e assumiu novamente a regência
da música até à sua prematura morte.
A banda tem tido vários regentes, sendo o actual a Sr. José Redondo,
natural de Ílhavo, músico militar reformado».
FILARMÓNICA DO PINHEIRO DA BEMPOSTA
Com o título de «Sociedade Filarmónica Harmonia Pinheirense», foi fundada em 13 de Novembro de 1881 por José
Caetano dos Santos Ribeiro, Caetano Dias Ferreira e Manuel
José Alves. A escritura pública da Sociedade foi assinada primitivamente por dezassete sócios, mas a seguir entraram mais,
perfazendo o número de vinte e oito. Tocou, pela primeira
vez, em Março de 1882.
O seu primeiro regente foi Caetano Dias Ferreira, músico
de Caçadores 9, do Porto. Em 1885, sucedeu-lhe Sebastião
Maria de Quadros Côrte-Real, grande violinista, e foi sub-regente da
filarmónica António Pereira Murça.
Na segunda fase da sua existência, foi a banda regida por
António Pereira Murça e por João Pereira; na terceira, deram-lhe grande impulso os regentes António Martins, da Vila
da Feira; os músicos militares: João Vieira, João Alves, Salvador
Guimarães e António Alves; nos últimos tempos,
regeu-a o Sr. Arnaldo de Almeida Vasconcelos, músico reformado da extinta banda da Guarda Republicana do Porto, e
rege-a actualmente o Sr. António Martins, seu antigo regente.
O primeiro instrumental foi comprado na Casa Castanheira,
do Porto, e custou 320.530 réis; o segundo, em diapasão normal, niquelado, foi oferecido em 1913 pelo grande benemérito
pinheirense, recentemente falecido, Sebastião Lopes da Cruz;
/
106 /
foi expressamente fabricado na casa Jerôme Thibouville-Lamy
& C.ie, de Paris, e foi o primeiro que, neste 'diapasão, veio para
Portugal, para banda civil.
Em 1932, a 13 de Novembro, com atraso de um ano, comemorou-se, na casa
de ensaios desta Sociedade, o 50.º aniversário da sua fundação, com uma
sessão solene e inauguração do grupo fotográfico dos primitivos
componentes, e a banda deu, à noite, um concerto público.
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BANDA DO PINHEIRO DA BEMPOSTA
Fotografia tirada quando da sua fundação
em 13-11-1881 |
Esta Sociedade tem sido auxiliada por muitos beneméritos,
cujos nomes é justo aqui ficarem arquivados. Foram eles,
principalmente: P.e João António dos Santos Pato, prior da
freguesia; Dr. Manuel Luís Ferreira; Dr. Daniel da Silva Ribeiro; Dr.
Francisco da Silva Ribeiro; Dr. Abel da Silva Ribeiro; António Ribeiro
Pereira Pinto; João de Melo; Manuel Joaquim da Silva e Sebastião Lopes
da Cruz. A este último,
além do oferecimento do segundo instrumental e de vários subsídios, fica
a Sociedade devendo o legado de cinco mil escudos,
com que em seu testamento a contemplou.
O principal impulsionador da Sociedade tem sido, há largos
anos, o Sr. Ismael da Silva Ribeiro, farmacêutico, um dos pouquíssimos sócios fundadores ainda vivos.
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BANDA DE S. JOÃO DA MADEIRA
Esta banda foi fundada por alturas de 1860. Foram seus fundadores o
P.e
António Pereira Leal Maia, de Macieira de Sarnes, ao tempo capelão de
Santo António desta vila, e Manuel Dias Martins, industrial de
chapelaria, de S. João.
O primeiro regente foi o italiano Badoni, residente no Porto. Mais
tarde, veio reger a banda outro italiano, de apelido Squadrani. − Nos
últimos tempos, um dos regentes mais prestigiosos − foi o maestro Sousa
Morais, antigo regente da banda de Infantaria n.º 6, do Porto, autor de
várias rapsódias e de outras composições musicais notáveis. O típico
repique dos sinos de S. João da Madeira inspirou-lhe uma peça a que ele
pôs o nome de «Os sinos de S. João da Madeira». − O actual regente
desta banda é o Sr. Manuel J. Neves, autor de várias composições
musicais, de carácter profano. Completa a direcção artística da
Sociedade o Sr. P.e António Maria de Almeida e Pinho, compositor de
música sacra e hábil director de grupos corais e orfeónicos.
FILARMÓNICAS DE PARDILHÓ
Banda Clube Pardilhoense (vulgo «Música Velha»).
− Foi
fundada em 4 de Novembro de 1874 com o nome de «Banda União», pelo P.e
Cura António Joaquim Vigário e Matos, auxiliado pelo mestre régio P.e
José Lopes Ramos; por António Joaquim da Silva, seu principal instrutor,
que aprendera música no Algarve, e por outros.
O grande maestro Badoni prestou o seu auxílio a esta banda, nos seus
primeiros tempos. Foram seus regentes: Manuel de Almeida, Rodrigo
António Fidalgo, José Maria Valente de Almeida, Manuel Pedro Calado, e
Clemente Ferreira Amador. O actual regente é o Sr. Firmino Ferreira
Amador.
Banda Nova de Pardilhó.
− Foi fundada em 1928 por
Manuel de Matos Caixeiro, Américo Marques da Costa e António Pitarma.
Apresentou-se em público, pela primeira vez e sob a regência de Manuel
Caixeiro, no dia 24 de Junho de 1929, no
Largo da Fonte da Samaritana, em Pardilhó.
Designou-se, primitivamente, «Banda União Pardilhoense
em Capricho». Hoje, porém, por estar ligada a uma associação
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recreativa, usa o nome de «Banda da Associação Musical Pardilhoense «Saavedra Gomes», mas é mais conhecida por «Banda
Nova de Pardilhó». − Foram seus regentes, além de Manuel
Caixeiro e António Pitarma, os sargentos Guedes, António Santos, Arnaldo de Almeida Vasconcelos, e Tavares. A banda
chegou ao seu mais alto grau de perfeição sob a regência de
Arnaldo Vasconcelos. Actualmente, é ela regida pelo Sr. António
Ferreira Pitarma.
JOSÉ PEREIRA TAVARES
Continua na pág. 195 −
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