José Pereira Tavares, Filarmónicas do distrito II, Vol. VII, pp. 195-199.

FILARMÓNICAS DO DISTRITO

II

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FILARMÓNICAS DE OVAR

BANDA Ovarense − Acerca desta filarmónica recebemos uma extensa informação do Sr, José Augusto da Cunha Lima Júnior, da qual extraímos o que mais pode interessar os leitores.

A Filarmónica Ovarense foi fundada no dia 4 de Dezembro de 1811 por José Coelho Pereira de Melo, pouco depois substituído pelo maestro António José Valério, de S. Tiago de Riba Ul (Oliveira de Azeméis), que a dirigiu até 1821. Sucedeu a este regente seu filho, de 13 anos de idade, António Maria Valério de Sousa Brandão, mais tarde conhecido pelo «maestro» Valério, o qual se notabilizou como compositor de marchas fúnebres, ofícios da Semana Santa e missas. Como obras de maior relevo, escreveu um Stabat Mater e uma Sequentia, esta feita expressamente para as exéquias do Dr. Correia Teles. − A Sousa Brandão sucedeu Benjamim Rodrigues da Silva Nábia, que exerceu a regência da banda até 1904. Era compositor de certo mérito e foi progenitor de numerosa prole de artistas, aos quais muito deveu a banda. − Em 1904 foi Silva Nábia substituído por seu filho David Rodrigues da Silva, que apenas contava quinze anos de idade. Nesta altura e sob a regência de uma criança, apresentou-se a Banda Ovarense ao «Certame musical» de Aveiro, em 1905, no Jardim Público, e conquistou o primeiro prémio, conferido por um júri de maestros de músicas militares. − Em 1907, por David Nábia se ter ausentado para o Brasil, retomou o pai a regência da banda, que completamente veio a deixar em 1914. − Substituiu-o outro filho, Artur Rodrigues da Silva, que em 1916 abandonou a regência por ter de embarcar para a África Oriental, como expedicionário de Infantaria n.º 24; o qual, regressando de África em 1917, retomou a regência e a exerceu até 1925, em que foi substituído por Joaquim Maria Pereira da Silva, regente até 1931. − Todos / 196 / estes regentes eram de Ovar. Pode mesmo considerar-se como tal o maestro António Maria Valério, que, apesar de haver nascido em S. Tiago de Riba UI, veio a fixar-se e a constituir família em Ovar, onde viveu durante setenta e oito anos.

De 1931 a 1936 regeu a banda o capitão-chefe de música, reformado, Salvador Pereira de Sousa Guimarães, que lhe deu grande impulso. − Seguiu-se uma época de crise, até que assumiu a direcção da banda o actual regente, Sr. Joaquim da Silva Figueiredo. Foi já debaixo da sua batuta que a Banda Ovarense obteve, em Março de 1939, em Aveiro, a terceira classificação num «certame musical». − As últimas palavras do nosso informador, na nota que nos enviou, são as seguintes:

− «Não pretendo sobrepor a Banda Ovarense a qualquer outra: somente quero mostrar o trabalho persistente e cheio de amor bairrista dos seus componentes, que têm conseguido manter de pé uma obra que conta hoje 128 anos.»


Banda dos Bombeiros Voluntários de Ovar. − Esta banda foi fundada em 1889. Fundou-a Luís Valério de Carvalho, seu primeiro regente, e é agora regida pelo Sr. Francisco Matos.


FILARMÓNICA DE ESTARREJA

A actual «Banda Municipal de Estarreja» foi fundada em 1858 pelo professor primário Agostinho António Leite, com o nome de Filarmónica Estarrejense. − Em 1890, passou a denominar-se Filarmónica União Salreu-Estarrejense, e em 1927 foi incorporada na corporação dos Bombeiros com a designação de Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja.

A Câmara de Estarreja resolveu, em 1936, conceder-lhe o título de Banda Municipal de Estarreja, que actualmente usa. É seu actual regente o Sr. Álvaro Pereira dos Santos, que assumiu esse cargo em 1930.


FILARMÓNICA DE CUCUJÃES

A «Banda Municipal de Cucujães» foi fundada em 1891 pelo P.e Plácido José Gonçalves. A escritura da Sociedade foi lavrada em Oliveira de Azeméis em 2 de Fevereiro. Foi seu primeiro regente o fundador; mas, não podendo acompanhar a banda, foram contratados sucessivamente dois regentes, um de Albergaria a Velha, outro do Porto, aos quais se seguiram: Manuel Pereira dos Reis, do Souto da Feira, e Rufino José Correia, de Cucujães, ambos músicos de valor, a quem a banda / 197 / muito ficou devendo. Em 1919, assumiu a regência o Sr. António Pinto Godinho, de Cucujães, antigo executante de flautim e requinta na banda.

Como benfeitores, devem citar-se especialmente: M. Brandão, que ofereceu o primeiro instrumental; a Condessa de Penha Longa; João R. Quatorze; Manuel Alves Soares; João Alves Soares; José Maria de Castro Lopes Júnior e Hermenegildo Brandão; e tem esta colectividade sempre a seu lado o grande benemérito Sr. Augusto de Castro Lopes Brandão, proprietário da «Camisaria Progresso », do Rio de Janeiro.

No dia 2 de Fevereiro deste ano, comemorou-se, no «Cine-Teatro Progresso», de Cucujães, o 50.º aniversário da banda. Esta executou alguns trechos musicais, e o Sr. Padre Gonçalo, dos Beneditinos, evocou, num discurso, o fundador da colectividade e teve palavras de louvor para os benfeitores, especialmente para o Sr. Augusto Brandão.


FILARMÓNICA DE ALBERGARIA A VELHA

Banda das Fábricas Metalúrgicas «Alba». − Esta banda, também conhecida por «Banda da Alba», foi fundada em 1938 pelos proprietários da Fábrica Alba, Srs. Augusto Martins Pereira, Américo Martins Pereira e João Pinheiro Mourisca, e apresentou-se pela primeira vez em público na noite de 22 de Abril de 1939, em concerto público. É seu regente o Sr. António de Almeida, subchefe da Banda da Marinha (aposentado). − Sucedeu à Banda dos Bombeiros Voluntários, fundada em 1860 por José Marques de Lemos, António José Marques de Lemos e José Marques de Lemos Júnior. Foram sucessivamente seus regentes: João Maria de Abreu, Miguel Chaló, José Henriques Pinheiro, Francisco Correia de Sá e Melo, Fernando Pinheiro, Américo Sales, Francisco Matos, António Martins, Albérico Ribeiro, João Pinto, Américo Amaral e João Marques de Lemos.


FILARMÓNICA DE JUNQUEIRA

A Banda de Junqueira (Vale de Cambra) foi fundada em 1898 pelo P.e Domingos Tavares da Silva, pelo professor José Pereira Dias e por Manuel Rodrigues de Almeida. Foi seu primeiro regente Joaquim Coutinho, ao qual se seguiram Cipriano Tavares Falcão e Francisco Aguiar, subchefe da banda de Infantaria n.º 6. Rege-a actualmente o Sr. Ramiro dos Santos. / 198 /

 

FILARMÓNICA DE S. JOÃO DE LOURE

Esta banda foi fundada em 1826 principalmente por António José de Andrade, e Padres Alexandre da Silva e Joaquim Dias. O primeiro foi quem de início a regeu; o actual regente é o Sr. João Júlio da Costa Cardoso, subchefe de música (reformado).


FILARMÓNICA DE SEVER DO VOUGA

A Filarmónica Severense teve o seu início em 1880, graças à iniciativa do abade Justino Tavares e dos cidadãos José Rodrigues da Costa Carvalheira, e Joaquim Tavares Rôge, que foi quem primeiro a dirigiu. Foram a seguir regentes: António Francisco Tavares; Vergílio Augusto de Oliveira, reformado da Guarda Municipal do Porto; António Fernando, subchefe de banda; e José de Figueiredo Bastos. − Dirige-a actualmente o Sr. Manuel Marques.


FILARMÓNICA DE EIXO

A Banda de Eixo, denominada «Associação Recreativa Eixense», data de 1 de Maio de 1924. A primeira direcção, eleita pela comissão organizadora, presidida pelo Sr. Evaristo Fernandes Mascarenhas, foi constituída pelos Srs. Aristides Dias de Figueiredo, Manuel Marques Dias Júnior e João Luís Ferreira de Abreu, e a actual direcção constituem-na os Srs. Manuel Dias Vaia Júnior, Herculano Rodrigues Felizardo e Manuel Dias de Oliveira. − Foram sócios fundadores: Dr. Jaime de Magalhães Lima, Dr. Dinis Severo Correia de Carvalho, Dr. Alfredo Coelho de Magalhães, Dr. Carlos Alberto Ribeiro, ten.-cor. David Ferreira da Rocha, Aristides Dias de Figueiredo, João Pinho Brandão, João Armando Dias Fernandes, Jerónimo Fernandes Mascarenhas, João Luís Ferreira de Abreu, Sebastião Luís Ferreira de Abreu, José Aires Fernandes, Manuel Nunes Marques Dias, Viriato Moreira, Sebastião Pereira de Figueiredo, José Pereira de Figueiredo, Manuel Dias de Carvalho, Avelino Dias de Figueiredo, P.e Manuel da Cruz, João Martins Pinho, Jerónimo Fernandes Mascarenhas Júnior, Francisco João de Amorim, Calisto Dias Saldanha, Evaristo Fernandes Mascarenhas, Manuel M. Saldanha, José M. Alves de Azevedo, Ermelindo Saldanha, José Fernandes de Jesus, Porfírio Luís Ferreira de Abreu, Manuel Dias Naia Jarmelho, Manuel Luís Ferreira, José Maria Soares Pereira, João Nunes de Carvalho e Silva, João José Nunes Marques, Samuel Fernandes da Silva, e António do Carmo Magalhães. − O primeiro regente / 199 / da banda foi o Sr. António dos Santos Lé, de Aveiro; o segundo e actual é o Sr. João António Salgado, subchefe de música.


FILARMÓNICA DE VAGOS

A Banda Vaguense, que vive desde 1860, teve por fundadores: João de Miranda Ascenso, prior de Vagos; António Máximo Branco de Melo; Duarte Justiniano da Rocha Vidal; Dr. Cipriano dos Santos Graça; Manuel José Pinto Camelo Coelho; João Ferreira da Cruz; Constantino Fernandes Maia; Manuel José da Trindade, professor; e José Caetano Santiago. − Foram seus regentes desde a fundação até hoje: Guilherme Santana; José Pinheiro Nobre; Manuel de Sousa Avidos, regente de Caçadores 7, de Aveiro; P.e José Fernandes de Carvalho e Maia; Luís José Pinto Camelo Coelho; Joaquim José da Trindade; João Fernandes de Carvalho e Maia; Miguel Maria Dias Pinho Santiago; Adelino Mendes Bulhão; Berardo Pinto Camelo; Silvério de Melo, músico de 1.ª classe, reformado; Vitorino Maia; Benjamim Pinto Camelo; José Maria Pinto Camelo Sarabando; Narciso Gravata; Manuel Maria Mouro; Herculano Mouro e Adelino Mendes Bulhão. − A Comissão que actualmente dirige os seus destinos é formada pelos Srs. Joaquim Gil, João Costa, João Ribeiro, Eugénio Sarabando e Manuel Maria Gil.


FILARMÓNICA DE FIGUEIREDO DO BURGO

Esta banda, segundo informações que nos foram dadas pelo actual presidente da direcção, Sr. Américo Gomes de Sousa Brandão, «é a mais antiga do concelho de Arouca». Foi fundada em 1740 pelo P.e Custódio José Gomes, pároco da freguesia do Burgo a que pertence o lugar de Figueiredo, o qual foi seu primeiro regente. Passados cerca de cinquenta anos, esta banda foi desmembrada, dando origem à Banda da Vila de Arouca. − O actual regente é o Sr. Manuel Pato de Oliveira, professor oficial da freguesia de Moldes, de Arouca.

JOSÉ PEREIRA TAVARES
Continua no vol. ???, pág. ???

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