POR
iniciativa da Delegação Distrital da M. P. de Aveiro
comemorou-se o Dia de Goa.
Pelas 12,30 horas procedeu-se à concentração dos filiados e
estudantes junto ao Padrão da M. P.. Aqui foram hasteadas a meia abriça as bandeiras Nacional e da M. P.
e depostas
flores.
Em seguida foi proferida uma breve alocução à Juventude
pelo
graduado, aluno deste liceu, Eufrázio Filipe, que disse:
«Ao ter conhecimento desta manifestação patriótica, não quis,
como um representante da juventude a que pertenço, deixar de proferir algumas breves palavras sobre a monstruosa injustiça que foi a
violação da Índia Portuguesa.
Foi em 18 de Dezembro de
1961 que a União Indiana assaltou Goa, Damão e Diu, verificando-se mais uma vez que o mundo, em
que os valores morais se degradam, voltou a pertencer à tirania
dos
poderosos. Goa foi uma perda irreparável para o Mundo Português,
pois era a expressão viva do diálogo português pelo mundo.
Portugal seria pouco mais do que uma zona confundida na
Península Ibérica, se não fosse ter na história da Humanidade a
gloriosa credencial da Expansão que teve por culminância a Índia.
Por sua vez Goa não teria passado dum lugarejo indiano, se o
mundo oriental lhe não devesse o grande serviço de ter sido a
Metrópole ocidental do Oriente.
Portugal e Goa interpenetram-se mutuamente. Portugal, ao
longo de quatro séculos e meio, imprimiu aos povos e aos
territórios
de Goa, Damão e Diu a sua inconfundível e própria personalidade que,
estou certo, saberão preservar como a mais expressiva riqueza
do seu definitivo sentido de vida, Ninguém pode imaginar o que a
Nação sofreu e sofre, com a injusta usurpação de Goa. Resta-nos a
esperança que o mundo dá muita volta, e, sabendo-se como se sabe
que não foram os goeses que expulsaram os portugueses, tão seus há
tanto tempo, nem foram os portuguees que abandonaram os goeses,
por não poderem sentimentalmente amputar-se de si próprios, é
inevitável que Goa, Damão e Diu hão-de continuar a compreender Portugal, para continuarem a compreender-se a si próprios.
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Vou agora terminar, pois, por mais que se fale da nossa Índia e por
muito que se diga da nossa Goa, será sempre muito mais o que ficará
por dizer.
Que a Juventude do presente e do futuro saiba honrar a
glória do nosso Passado.»
Em seguida o Delegado Distrital da M. P., sr.
Dr. Fernando
Marques, historiou os seis anos do cativeiro da Goa Portuguesa.
À tarde, no nosso Liceu, o sr. professor
Dr. José Marinho
fez uma palestra subordinada ao tema: «A Projecção de Goa no Mundo»,
que, noutro lugar, reproduzimos com o devido relevo.
Da Redacção |