Isabel Soares
(7.º Ano)
A educação duma criança começa vinte anos antes «do seu nascimento,
pela educação da Mãe». Quem terá já pensado no alcance deste dito de
Napoleão, que ao mesmo tempo levanta o sério problema da educação
das Mães?
Sem dúvida, aquele que a
21 de Novembro de 1957 expirou serenamente, com a certeza de ter
legado à sociedade todos os seus esforços, todos os dotes do seu
coração generoso.
«Grande mestre, grande
português, grande cristão» – o Dr. António Carneiro Pacheco.
Ele soube duma maneira
grandiosa, suprir a deficiência da educação, que a maior parte das
jovens, infelizmente, recebe.
Já que nem todas podem
recebê-la na devida altura para, vinte anos depois – segundo o
grande imperador – a transmitirem a seus sucessores, que ao menos na
adolescência, a possam obter devidamente.
Por outro lado há que
burilar pela vida fora a educação básica da infância, há que formar
mulheres aptas para todas as lutas – baluartes contra os quais,
sejam impotentes todas as intempéries, alicerces sobre os quais as
famílias se congreguem e elevem.
E assim surgiu essa obra
redentora em prol da formação integral da mulher, para elevação do
povo português – a «Obra das Mães pela Educação Nacional».
Não é de modo algum uma
obra de assistência, mas essencialmente uma obra de educação. Ela
prepara, inteligentemente
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e dum modo prático, a mulher para a vida desde o ensino familiar e
doméstico, ao ensino agrícola, desde assistência materno-infantil às
danças e jogos de crianças, desde a psicologia da adolescência e
pedagogia aplicada, aos problemas de criação artística; desde a
missão de apostolado da trabalhadora social à defesa civil do
território.
Ali se formam vontades
fortes, se aperfeiçoam caracteres; dali saem mulheres que não cedem
perante obstáculos, harmoniosa e progressivamente desenvolvidas,
contrariamente ao ritmo desta época de velocidade, instável e
inquieta.
É verdadeiramente uma
escola de coragem, dum somatório de finalidades ideais, modeladora
de almas, prontas a servir a Deus, à Pátria e à Família.
As sociedades onde a
mulher se subtraiu à sua missão de educadora, abandonou a sua
dignidade, descurou as responsabilidades inerentes ao seu sexo, são
sociedades moralmente decadentes e socialmente em crise.
Urge, portanto, dar a
maior importância à educação das raparigas, fazer delas mulheres
actuais, intelectuais e desportivas, mas também as primeiras
interessadas no conforto e beleza do lar, esposas e mães.
É este o papel relevante
da «Obra das Mães», formando, instruindo e estimulando as mães
portuguesas para que elas cumpram plenamente a sua missão, pois nas
suas mãos está, em grande parte, o destino da Nação e da Humanidade.
Quem há que não preste o
preito merecido ao autor de semelhante obra? Quem não sinta no seu
coração o reconhecimento e a admiração por esse extinto vulto
nacional, que foi um verdadeiro Ministro da «educação»?
– «Não se é português só
por se ter nascido em Portugal» – dizia ele. «A honra de ser
português ganha-se com um contínuo acta de amor a Portugal».
Ele também a ganhou
pelos altos serviços que prestou a Portugal.
Tiremos da vida desta
grande alma a lição que ressalta, a nossos olhos: – vale a pena
sonhar grandes coisas e pôr na sua realização toda a alma e
perseverança. Vale sempre a pena ter na vida um grande ideal e
comunicá-lo aos outros, para que a centelha se não extinga e possa
acender ainda em outras a luz de novos ideais. |