Tinha
seis anos quando me ri do meu desenho.
Para
mim, no meu ingénuo conceito ou no meu jeito, a perfeição dos meus
traços, parecia realizar-me. Por coincidência, assaz divina por
inexplicável ser, reparei que no meu lado estava um menino, igual a mim,
igual aos outros, porque ao entrarmos na Escola, somos aparentemente
todos iguais.
Professor austero, mas personalizado, deu por terminada a tarefa do
desenho e mandou-nos entregar. E eu, por mera curiosidade de um só
comparar, não resisti a espreitar o do meu companheiro de carteira. Azar
meu ou uma lição? — E que ele chamava-se Joaquim Filipe.
Mais
tarde vim a saber, que já havia sido descoberta a Teoria da
Relatividade.
Artur Ramisote - 1995 |