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A
LUZ NÃO SE EXTINGUE |
Uma
luz que se apaga e mais nada! Desde séculos, talvez desde
1122, que esta lâmpada arde na capela. Fundação de quem?
Quem foi o pobre ou o rico que deixou ao convento primitivo
uma doação em troca da luz que arde há tantos anos? E o que
se quis perpetuar por esta forma? Uma catástrofe ou uma
esperança? Acendeu-a, numa hora de dor, qualquer mulher
ajoelhada aos pés da Cruz, cumprindo uma promessa pelo filho
em perigo? Pela Pátria em perigo?... Ignoro-o. Os títulos do
convento nem sequer mencionam o nome do fundador. Só sei que,
hoje mesmo, a luz se extingue. O padre a meu lado insiste:
—
Hoje mesmo.
—
Apaga-se?
—
Apaga. Há oito séculos que esta luz arde sem sabermos porquê.
Mas hoje, esta noite, a lâmpada não é renovada e a luz
morre.
—
Morre! E até agora nunca se apagou?
—
Nunca. Das casas do cabido vinha o rendimento para a luz e o
rendimento acabou. A luz extingue-se esta noite.
Apagar
uma luz é nada. É um facto insignificante e vulgar. Mas uma
luz que arde há tantos séculos, dia e noite, uma luz que
perpetua não sei que dor, que suprema angústia ou que
suprema esperança, faz-me cismar na vida e na morte.
Do
convento antigo resta a velha igreja de pedra e uma torre de
granito com ameias. A frialdade aqui dentro vem do claustro húmido,
com dois túmulos encravados na parede e deste conjunto de
edificações sobrepostas. Até na igreja há acrescentos de
diferentes épocas. A capela românica, metida na muralha, é
talvez a igreja primitiva. Só se dá por ela ao pé do altar.
A abóbada é achatada, o granito de grão áspero esboroa-se,
e já há muito que a chuva, que se infiltra dos telhados, a
teria derruído se a não escorassem grossas traves de
castanho. Cheira aqui dentro a terra e a sepulcro, e o
ambiente, a escuridão palpável, põe-me em frente da grande
realidade do além.
Sento-me
para assistir à agonia da luz que arde há oito séculos,
renovada num subterrâneo pelas mãos dos vivos e dos mortos
— e agora mesmo vai morrer. Mais uns minutos passam, o tempo
roda e a agonia irrisória deste fio de luz prolonga-se e
assume no meu espírito proporções de tragédia. Parece-me
que outra coisa maior vai morrer no mundo. Para todo o sempre
a dor que a acendeu e a sustentou ao lume da vida, vai
desaparecer na treva espessa. Outra morte maior avança, mais
calada, mais profunda — a morte definitiva... Só faltam
alguns segundos. A camada de azeite, fina como um papel,
reduz-se cada vez mais. O padre senta-se num banco poído, ao
meu lado, com aquele ar meditativo dos seres habituados ao silêncio
e à sombra. Ao pé do altar estão duas mulheres amachucadas
como trapos, duas nódoas mais escuras na treva opaca da
capela.
A
luz amortece e crepita. Vai morrer. A luz vai morrer! Mas do
altar um farrapo negro de mulher ergue-se; do farrapo saem mãos
esguias que tocam a lâmpada e a luz reacende-se. Recuam as
trevas e o vulto ajoelha-se numa prece balbuciada. Não
distingo as feições
nem sequer os traços das figuras. Confundo o ser que sofre ao
meu lado com o outro que há séculos acendeu pela primeira
vez a lâmpada. Confundo com a Dor a sombra que se destacou da
sombra e ergueu lentamente os braços. A dor não morre. O que
não morre é a dor! Tenho-a aqui presente. A Dor não data de
há oitocentos anos, mas de sempre. Tão antiga como o homem,
nossa eterna companhia, dura e benéfica, caminha connosco e
ao nosso lado.
Agora o
drama insignificante cessou, e não me interessa a lâmpada,
nem a velha capela glacial, nem as mulheres amarfanhadas
suplicando. O que me interessa é a continuidade da dor.
Sempre a dor! A de há séculos e a de hoje, a que acendeu
pela primeira vez a lâmpada e a que não deixou apagar-se.
Sempre este grito sufocado, o gesto repetido, as mãos
erguidas e o choro correndo desde que o mundo é mundo. Pelo
amante ou pelo filho? Pela Pátria? Pela dor ignorada dos
seres que a vida calca, pela ânsia que nos devora, pela
aspiração tão inerente à alma como o pólen à asa para
voar. A dor nunca se extingue... Luz e dor andam ligadas e não
há separá-las. São talvez o melhor da vida — a dor que
nos redime, a luz que nos sustenta.
Mas
então — pergunto — é a dor que não se extingue ou a luz
que não se extingue?
Nem
a dor nem a luz.
RAUL
GERMANO BRANDÃO
Nasceu na Foz do Douro em 1867 e estudou no Porto.
Frequentou o Curso Superior de Letras mas não o terminou,
tendo ingressado na Escola do Exército. Reformou-se como
major em 1912 e dedicou-se à lavoura na região de Guimarães.
Colaborou em vários jornais. Fez parte do grupo do “Cenáculo”
portuense, dos quais faziam também parte António Nobre e Júlio
Brandão. Embora a sua obra não seja vasta, influenciou vários
escritores contemporâneos. Morreu em 1930. Da sua obra
destacam-se História de um palhaço, A morte do palhaço,
Os pobres, Húmus, Os pescadores, Portugal Pequenino, etc.
SER
JOVEM
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Ser
jovem
E viver intensamente o
PRESENTE,
Esquecer o passado,
Programar o
FUTURO
Ser
jovem
E dar amizade e amor,
Sem ligar a raça ou cor!
É dar o sorriso de graça
A quem passa.
Ser
jovem
É
dizer NÃO ao individualismo,
Acompanhar o progresso!
Enfim,
Ser jovem
É
ter ESPERANÇA
De construir um MUNDO MELHOR!
ANA
CRISTINA REBELO DUARTE, n.º 3, 11º A
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A
ESCOLA
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A
escola é vida
é magia
é fantasia...
A
escola não é fronteira;
A escola não é uma casa triste.
A escola, pelo contrário,
É algo que existe
A escola não é outra
margem
A escola é para aprender,
Ajudar a ensinar,
Ajudar a perceber.
Perceber a recordação
Perceber que não é ilusão
Perceber que estamos aqui
Chamados pelo coração.
A escola é cheia de
vida...
De magia...
De fantasia...
SANDRA FERNANDES, n.º
30, 7º C
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