PALAVRAS PARA UMA MUDANÇA
Este não é mais um texto sobre relação alunos-professores, sobre
caixotes de lixo queimados ou sobre os perigos das faltas
intercalares. De panfletos publicitários sobre qualidades
civis dos alunos já quase não precisa este jornal: nós já
conhecemos esses textos de cor!
O que se trata aqui é de algo com mais requinte, mais «souplesse».
Trata-se do que Aveiro não tem e que nós, escola desta
cidade, devemos reivindicar — e lutar por isso.
Não, não é uma rede de esgotos mais eficiente, ou um novo
projecto para combater a poluição da ria... não se trata de
assuntos políticos, mas culturais: é cultura (q. b.) que
falta a Aveiro!
E, no mínimo, é obrigação institucional das escolas
“impingirem” esse espírito dinâmico que falta à cidade
(e à juventude!...) em relação á cultura. É que os jovens
que a frequentam são o futuro.
Nós não andamos na escola só para aprender fórmulas, teoremas e
axiomas; nós não somos sementes a germinar pelos
professores, mas pequenas árvores que eles têm que regar e
cuidar.
A Escola ensina os alunos a serem alguém. É aqui que nós construímos
a nossa imagem, que não é baseada em matéria curricular,
mas em toda uma vivência escolar, principalmente extra-aulas.
Entre as várias instituições existentes para servir essa
“vivência” existe este oportuno jornal.
Como nenhuma das outras “instituições” existentes mostrou
agitação cultural suficiente (mesmo as antigas DAE’s!...),
cabe a este jornal essa parte mais que fundamental da construção
em nós, alunos, de um espírito de cultura.
Venho propor que este JORNAL não se confine a assuntos unicamente
escolares, mas que atinja outros horizontes, que seja sinónimo
de agitação juvenil, que se ouça em toda a cidade. Venho
propor que aqui se escreva sobre arte, música, cinema,
teatro, espectáculos, personalidades, rádio e outros
projectos audaciosos. São estas as coisas com mais requinte,
com mais “souplesse”...
Este texto é um manifesto com a intenção de nós, jovens, começarmos
a agitar a tão estagnada vida cultural duma das maiores potências
económicas nacionais — Aveiro.
Para se atingir esse fim, o primeiro passo é começar a escrever
dessas coisas neste jornal.
É esta a minha proposta.
São as minhas palavras para uma mudança.
MARCO, n.º 13 – 11º C
NOTA DA REDACÇÃO
Estamos de inteiro acordo com o teu pensar. No entanto,
para tal, é preciso que toda a juventude desta escola (e não
só!) contribua com as suas qualidades e boa vontade para que
isso se concretize. Portanto... mãos à obra e produzam bons
trabalhos. |