De
acordo com a documentação fornecida aos líderes em formação do
Prof2000, os grandes objectivos são:
1
– Promover a formação contínua dos professores;
2
– Favorecer a utilização das TIC em educação;
3
– Desenvolver e identificar técnicas e moldes comunicacionais na formação
contínua de professores à distância;
4
– Potenciar a troca de experiências entre escolas;
5
– Facilitar às comunidades
escolares o acesso aos serviços multimédia e à informação disponível
na Internet.
São
ao todo cinco grandes objectivos, suficientemente abrangentes para
permitir que o projecto não se exaure facilmente, se não ficarmos
mentalmente limitados aos aspectos relacionados com a formação de
professores.
Face
àquilo que nos foi dado ouvir durante a II Jornada do Prof2000, efectuada
em 19/12/2001 em edifício da PT - Inovação, foram apresentados alguns
sinais de preocupação que só terão razão de ser se o programa ficar
limitado à formação de professores e esquecer os outros objectivos e,
sobretudo, a vertente pedagógica, objectivos tão ou mais importantes que
a própria formação de professores à distância.
Se,
numa fase inicial, a formação de professores é condição sine qua
non para que o projecto consolide alicerces, após algum tempo, a
vertente de formação de professores poderá correr o risco de perder
importância. Não perderá nunca na sua totalidade, porque em novas
tecnologias, como aliás em quase todas as áreas do saber, a formação
nunca se esgota. Por muito que se aprenda, muito mais fica por aprender e
a evolução é permanente, exigindo uma permanente
actualização. Todavia, a sua importância é menor, na proporção
inversa dos restantes objectivos.
Uma
vez formados os líderes e alargado o número de utilizadores da rede,
que, na nossa modesta opinião, deverá estender-se a todo o País e
sempre mantida e melhorada em anos vindouros (ainda que, por qualquer
motivo se lhe tenha de alterar o nome), o programa Prof2000 deve começar
a pensar de maneira mais significativa, embora sem descurar a formação
de professores, nos restantes
objectivos, ou seja, nos pontos 2, 4 e 5. Deve, pois, começar também a pensar
na vertente pedagógica e formativa dos nossos alunos e
cidadãos.
Apesar
de, frequentemente, considerarmos a Internet como uma vasta lixeira à
escala planetária, tal não significa que deva ser desprezada e banida. Há,
de facto, excessivo lixo na rede mundial, mas, tal como nas lixeiras
reais, é sempre possível encontrar muita coisa com valor. Daí que nem
deveríamos utilizar a palavra «lixeira», porque o que efectivamente
existe é um elevado grau de poluição informativa. Isto é a consequência
lógica da cada vez maior facilidade de produção de material informativo
ou «desinformativo» para a Internet. Com a cada vez maior facilidade de
produção de páginas, qualquer sapateiro pode dar-se ao luxo de começar
a tocar rabecão. E forçosamente terão de surgir sons menos agradáveis.
Mas esta característica atractiva da Internet poderá ser uma mais valia,
se os professores aprenderem a tirar partido das facilidades da Internet e
a utilizá-la como um recurso educativo.
Como
é que o Prof2000 poderá ter um papel de destaque nas TIC? Será através
da formação à distância de professores? Ou será pensando nas
potencialidades pedagógicas da Internet e começando a tirar partido dela
como ferramenta pedagógica, abrangendo não exclusivamente os nossos
alunos, mas também toda a comunidade em que a escola se insere?
Procuremos
tornar estas ideias um pouco mais claras. Comecemos pela formação à
distância. O que pensamos dela?
Consideramos
que a formação à distância só terá validade como último recurso. E
cremos que este ponto de vista não é só nosso. Se fosse, certamente que
na formação dos novos líderes não teríamos tido um total de 50 horas
presenciais. As tecnologias modernas são óptimas. A videoconferência,
possível através da Internet mas praticamente esquecida do Prof2000, é
uma boa plataforma de comunicação e de formação, mas o contacto
directo, in situ, de formador e formandos é insubstituível.
Só ele permite um melhor conhecimento de formador e formandos e
uma indispensável empatia entre todos os intervenientes no processo de
formação. E dizemos todos, sem excepção, porque o próprio formador não
escapa ao processo do qual ele é o dinamizador. Por muito completo e
auto-suficiente que um formador seja, tem sempre muito para aprender no
contacto com os formandos, aprendizagem que não se limita a conteúdos de
índole científica, mas também a todos os outros aspectos essenciais à
natureza humana.
A
prova do que acabámos de afirmar é que, na II Jornada do Prof2000,
formadores houve que consideraram que não podiam efectuar uma adequada
formação à distância sem a colaboração dos líderes nas escolas. Daí
a quantidade de mecanismos de controlo que os formadores à distância
foram obrigados a imaginar e a implementar, que nem por isso dispensaram a
colaboração dos líderes.
Todavia,
tornando-se o líder elemento importante neste aspecto, não só para
facilitar a vida aos formandos na utilização das novas tecnologias, como
também para suprir as dificuldades sentidas pelos formadores, a verdade
é que o ME fez tábua rasa destes aspectos, tendo eliminado pura e
simplesmente a creditação horária anteriormente atribuída aos líderes
das escolas.
É
inadmissível que, sendo o papel do líder importante, se invoquem «medidas
de contenção da despesa pública aprovadas na Assembleia da República»
e desinvistam no ensino, quando são os nossos dirigentes os principais
esbanjadores do erário público.
Não
se pense, com esta reflexão, que estamos contra a formação à distância.
Não estamos contra ela nem muito menos a defender a formação
presencial, que consideramos muito mais válida e aliciante que a
primeira. Limitamo-nos aqui a fazer uma simples reflexão sobre os prós e
os contras de duas modalidades válidas de formação. E como a segunda
modalidade de formação, isto é, a formação presencial, dado o número
cada vez maior de centros de formação espalhados pelo País, é a mais
frequente e preferida por formadores e formandos, poderá isto fazer com
que o Prof2000 possa começar a estiolar, caso não se comece a pensar
mais seriamente nos objectivos por nós destacados, para que não se perca
toda a jornada já feita ao longo destes últimos anos.
O
facto das escolas do País poderem estar ligadas em rede a um servidor
situado na PT – Inovação é uma mais valia para o ensino e para o
nosso País, se não menosprezarmos os objectivos inicialmente enumerados
e consignados no Programa do projecto.
Um
dos grandes papeis do líder estará em fazer descobrir na comunidade
escolar, junto de professores, alunos, encarregados de educação e sua
envolvente social, a grande valia pedagógica da ligação das escolas a
uma rede que ultrapassa o âmbito nacional. Um dos papeis do líder será
precisamente o de sensibilizar os colegas para as potencialidades pedagógicas
do projecto, fazendo com que a Internet passe a constituir mais um recurso
pedagógico para enriquecimento de todo o processo de ensino-aprendizagem.
Bem
sabemos que esta é uma tarefa árdua, pródiga em decepções que não
devem fazer-nos desanimar. O facto de todo o nosso esforço de sensibilização
para a iniciativa da semana do Netdays ter redundado num total fracasso,
com zero por cento de adesão, não significa que o nosso papel tenha sido
inútil. Do mesmo modo que a água acaba por furar a pedra mais dura, a
actividade do líder acabará sempre por produzir resultados. A
sensibilização é um processo lento, cujos frutos por vezes dificilmente
se conseguem ver. Todavia, o facto de ter sido «compulsivamente»
escolhido para líder do prof2000 da Sec. José Estêvão deu já alguns
frutos, que poderão ser colhidos e explorados pelos professores já
despertos para as potencialidades da novas tecnologias e, neste caso
concreto, da Internet.
Apesar
do elevado número de horas que começámos a passar na escola, em
detrimento de outras actividades que desenvolvíamos nos tempos livres,
pudemos já dar um pequeno contributo para o trabalho desenvolvido por
muitos profissionais do ensino. O jornal “Alternativas”, produzido no
âmbito do ensino recorrente, pode presentemente ser consultado em
qualquer parte do planeta e em qualquer momento. Os módulos didácticos
produzidos em vários formatos digitais (Toolbook, PowerPoint, HTML, etc.)
deixaram de ser um trabalho de aproveitamento limitado e geralmente
arrumado na gaveta, estando agora disponíveis para todos os interessados,
que os poderão consultar directamente através da Internet ou descarregá-los
para os computadores pessoais.
A
página pessoal do actual líder da escola, já de cariz reduzidamente
pessoal, poderá tornar-se, futuramente, uma página colectiva e de âmbito
cultural, abrangendo associações culturais da região de Aveiro, jornais
escolares, etc. É esta a nossa perspectiva futura. Enquanto página
pessoal, o seu valor cultural e pedagógico será sempre reduzido. Mas, se
enriquecida com o apoio de vários colaboradores e mais abrangente, poderá
tornar-se numa mais valia para a comunidade em que o projecto se insere.
Se os departamentos da escola colaborarem e aceitarem o projecto que já
propusemos para o DLRC (Departamento de Línguas Românicas e Clássicas),
a escola poderá ter, além da página da escola já existente, um recurso
educativo e cultural ao serviço da comunidade.
Com
iniciativas mais abrangentes, que não se limitem ao apoio do líder à
formação de professores à distância, o Prof2000 alcançará plenamente
os objectivos enunciados, dificilmente morrendo. Quando muito, poderão
mudar-lhe o nome, dando continuidade ao projecto. Deste modo, os sinais de
preocupação manifestados na II Jornada do Prof2000 (preferimos a palavra
«jornada» no singular) deixarão de ser uma preocupação, passando a
funcionar como balizas de sinalização para iniciativas com futuro.
Atendendo
a que há no servidor do Prof2000 uma elevada quantidade de materiais de
interesse pedagógico, sugerimos que seja criada uma base de dados em que
os trabalhos sejam devidamente classificados por categorias e áreas do
saber. Sabemos que isto que propomos é uma tarefa gigantesca e difícil,
atendendo a que no servidor existem cerca de 70 mil documentos criados.
Seguramente que uma elevada percentagem terá um reduzido valor pedagógico,
mas isso não invalida que possam ter algum interesse. Daí a
necessidade de se efectuar uma
triagem e uma catalogação, podendo, numa das colunas da base de dados,
ser indicada a sua importância.
Esta avaliação enquanto recurso pedagógico poderá ser feita
assinalando-se o seu valor de
maneira idêntica ao que se faz para avaliar o software e o hardware em
revistas especializadas, ou seja, indicando-o com uma a cinco estrelas,
se a escala de avaliação for de um a cinco. Sabemos bem que os critérios
têm sempre uma certa margem de subjectividade; mas esta será
minimizada se houver parâmetros de avaliação, tais como: qualidade da
linguagem (correcção linguística), originalidade, importância
educativa, apresentação, nível de ensino, etc. |