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Introdução e conceito de ortografia. Períodos da
ortografia portuguesa (breve história). Erros mais frequentes em
textos escritos. Palavras, sílabas e acentos tónicos. Os sons da
fala humana. Ênclise, próclise e acentos especiais. As notações
léxicas e suas funções. Os sinais de pontuação e sua utilização.
Trabalhos práticos. |
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OS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Além das notações léxicas já apresentadas, a linguagem escrita serve-se
de um conjunto de sinais, que têm como objectivo, a nível do escrito,
procurar reproduzir graficamente o ritmo, as entoações, as pausas, em
suma, todo um conjunto de características próprias da comunicação oral.
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Figura 26:
Quadro com os diferentes sinais de pontuação. A sua função é a de
servir como marcas auxiliares da leitura. |
A cada acto elocutório, a cada
função da linguagem, corresponde um determinado ritmo, uma determinada
entoação. Os sinais de pontuação vão funcionar, a nível do texto
escrito, como marcas auxiliares de leitura, ajudando-nos a dar uma
sequência lógica às frases, com pausas maiores ou menores, e a
imprimir-lhes uma correcta entoação, tornando-as mais significativas e
expressivas.
Os sinais de pontuação são
geralmente divididos em dois grupos: os sinais de pausa e os
sinais de entoação. Esta divisão tem essencialmente uma função
didáctica, já que, rigorosamente, não podemos separar os sinais de pausa
dos restantes, na medida em que todos eles ajudam a dar entoação; no
entanto, a função principal dos sinais de pausa é a de marcar pausas
mais ou menos prolongadas no discurso.
Além destes sinais, utilizam-se nos
textos escritos muitos outros recursos, que podem também ter um valor
expressivo; é o caso, por exemplo, do emprego de maiúsculas, de tipos de
letra diferentes, como o itálico, o negrito, os versaletes, o
sublinhado, etc..
Não é muito fácil a utilização
imediata de forma correcta dos diferentes sinais de pontuação. No
entanto, para além do conhecimento das funções específicas de cada um
deles, há um conjunto de sugestões práticas, que poderão facilitar a
aprendizagem do seu uso correcto.
A VÍRGULA
A vírgula marca uma pausa de pequena
duração. Serve para separar os elementos secundários de uma oração e
também para separar orações nas frases complexas. É, talvez, o sinal de
pontuação mais incorrectamente utilizado, pelo que convém ter sempre
presente algumas regras que passamos a apresentar, de entre as quais
destacamos a primeira.
I - Dentro da oração
1º- NUNCA se separam
por vírgulas os elementos principais de uma oração quando se
encontram seguidos e ainda que não estejam pela ordem normal. Esta
separação só poderá verificar-se no caso de uma construção frásica que
procure pôr em realce um determinado elemento, procurando dar uma certa
expressividade à frase, como no exemplo: "O João, já não o vejo há
dias!"
2º- Serve para separar diferentes
elementos com a mesma função sintáctica. É o caso das enumerações, que
constituem, por exemplo, um sujeito composto, e complementos:
A raiz, o tronco, os ramos, as
folhas, as flores e os frutos da árvore do meu quintal acompanham-me nas
tardes calmas de lazer.
Achava os homens declamadores,
grosseiros, cansativos, pesados, frívolos, chulos, triviais.
(Machado de Assis).
Observação: Quando os elementos da enumeração vêm ligados por
conjunções
─ caso do polissíndeto
─,
há escritores que separam os diferentes elementos por vírgulas, embora
isso não seja necessário:
Abrem-se lírios, e jasmins, e rosas. (Alberto de Oliveira)
Suspira e chora e cansa e geme e sua. (António Ferreira)
3º - Serve para separar elementos
com funções sintácticas diferentes, geralmente para os realçar. É usada
para:
° a) - isolar o aposto ou
continuado:
D. Afonso Henriques, o
Conquistador, fundou Portugal.
° b) - isolar o vocativo:
Menino, não faça isso.
° c) - isolar elementos repetidos:
"Nada,
nada
─
dizia o Vilaça todo amável
─
cá o nosso solzinho português sempre é o melhor"
(Eça, Os Maias.)
° d) - isolar complementos
circunstanciais:
Ontem, durante a manhã,
estavas à janela.
Observação: Se o complemento é de reduzida
extensão, pode ser dispensada a vírgula: "Ontem estavas à janela".
No entanto, a vírgula poderá conferir uma determinada expressividade: "Ontem,
estavas à janela".
° e) - isolar, na datação de um
escrito, o lugar:
Aveiro, 3 de Maio de
1990.
° f) - indicar a supressão de um
elemento (geralmente o verbo) ou de um grupo de
palavras:
Chuva, névoa, desconforto,
A imagem da minha vida!
(António Botto)
II - Entre orações
1º - Serve para separar as orações
coordenadas assindéticas:
Aproximou-se pé ante pé,
empurrou devagar a porta, espreitou, viu que não havia ninguém,
entrou.
2º - Serve para separar as
orações sindéticas, excepto as introduzidas pela conjunção e:
Parecia distraído, mas não perdia
nada do que se dizia.
Observação: Podem-se separar por vírgula as
orações coordenadas por meio da conjunção e quando o sujeito é
diferente:
A mulher morreu, e cada um dos
filhos procurou o seu destino.
(F. Namora)
Igualmente se podem separar por
vírgulas, embora não seja necessário, as orações introduzidas por e:
Comigo o mundo canta, e cisma, e
chora, e reza,
E sonha o que eu sonhar.
(Teixeira de Pascoaes)
3º - Das conjunções
adversativas, mas coloca-se sempre no começo da oração; as
restantes podem vir no começo ou após um dos seus termos. Se se quiser
marcar uma pausa mais prolongada, poder-se-á usar o ponto e vírgula (;)
em vez da vírgula:
Pensa o que quiseres, mas a tua
ideia está incorrecta.
Pensa o que quiseres, a tua ideia,
no entanto, está incorrecta.
Pensa o que quiseres, a tua ideia
está, no entanto, incorrecta.
Pensa o que quiseres; a tua ideia,
no entanto, está incorrecta.
4º - Serve para separar as orações
intercaladas:
"Faz sempre os teus trabalhos,
disse ele ao filho, e eu te ajudarei."
5º - Serve para separar as orações
subordinadas:
Quando acabares, vai falar com o
teu professor.
Se tiveres um pouco de tempo, vai
ver este filme.
Não faças isso, que pode ser
prejudicial.
Observação: Se a oração subordinada constitui
o desenvolvimento necessário da frase não se usa a vírgula, como no caso
das consecutivas e integrantes:
Falou tão baixo que ninguém o ouviu.
Ele disse que estava cansado.
6º - Serve para isolar as orações
subordinadas relativas adjectivas:
O juiz de linha, que
estava atento, não deixou passar a falta.
Nem sempre estas orações são
separadas por vírgulas. Quando são apenas restritivas, e não
explicativas, como é o caso do exemplo anterior, a vírgula não se usa:
O livro que escolheste não
presta para nada.
7º - Serve para separar as orações
reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de particípio quando equivalentes
a orações adverbiais:
A trabalhar desta maneira,
cedo enriquecerá.
Tendo reparado que as
moças o olhavam, corou até às orelhas.
Conhecidas as regras,
fácil será aplicá-las.
O PONTO FINAL
Este sinal indica uma pausa máxima
após uma sequência final descendente. Emprega-se para marcar o final das
frases ou períodos, sejam eles simples ou compostos.
Quando se passa de um assunto ou
conjunto de ideias para outro, costuma-se marcar a transposição com uma
pausa maior na voz. Na escrita, esta pausa é marcada pelo ponto final
seguido de parágrafo.
Quando se efectua um parágrafo,
deixa-se o resto da linha em branco e muda-se para a linha seguinte,
deixando-se sempre um pequeno espaço em branco no começo da linha.
Embora, ultimamente, esteja a tornar-se moda escrever-se logo no começo
da linha, não deixa de ser erro grave, podendo, em alguns casos,
dificultar mesmo a compreensão, já que o aspecto visual ou gráfico é um
importantíssimo auxiliar da leitura. Esta utilidade é ainda mais
flagrante quando se está habituado a praticar a chamada "leitura
rápida", também designada pelas expressões "leitura visual" ou
"dinâmica". Não nos devemos esquecer que a marcação dos parágrafos tem a
ver com a própria estrutura do texto, com a maneira como as ideias estão
organizadas, pelo que, através da observação da mancha gráfica (ou
tipográfica, no caso dos textos impressos) se podem obter desde logo
informações complementares sobre o conteúdo do texto.
Se, eventualmente, não quisermos
começar ligeiramente mais dentro quando efectuamos um parágrafo, então
será de toda a conveniência deixar uma linha de intervalo entre cada
parágrafo, prática esta que vem sendo cada vez mais frequente, mormente
em textos escritos em computador com processadores de texto.
O ponto serve também para assinalar
as abreviaturas e as siglas:
I.S.C.I.A. Sr. Sr.ª Dr. V. S.ª
V. Ex.ª O.N.U. C.E.E. R.P.
Modernos escritores há que usam
frequentemente o ponto final em vez da vírgula, criando deste modo
períodos bastante curtos, por vezes segmentos reduzidos a um só
vocábulo, como nos dois textos seguintes:
"A tua presença provocou em mim o
sentimento inédito que buscava. Fiquei transposto. Outro. Como desejava."
(Almada Negreiros)
"Tristeza.
Sentimento que às vezes me invade. Procuro reagir. Ligo o rádio. A
publicidade e certos locutores, que estragam a música com palavras
inúteis, enfadam-me. Desligo. A tristeza continua. O silêncio do quarto
esmaga-me. Procuro uma cassete. Música suave. Volto a ligar o rádio.
Carrego na tecla. Música suave enche o quarto. Apodera-se a pouco e
pouco de mim. Adeus tristeza!
A música penetra-me e embala-me. Os
sons tornam-se distantes. Adormeço."
PONTO E VÍRGULA
Tal como a designação indica, este
sinal apresenta uma função intermédia entre o ponto e a vírgula, podendo
aproximar-se ora de um, ora do outro. Daqui resulta uma certa imprecisão
no seu emprego. A título de ajuda, apresentam-se algumas regras:
1º - Serve para separar num período
orações da mesma natureza que tenham uma certa extensão:
"Não sabe mostrar-se magoada; é
toda perdão e carinho." (Machado de Assis)
2º - Serve para separar partes de um
período, quando uma delas já está subdividida por vírgulas:
Luísa gosta de romances; sua irmã,
não.
3º - Serve para separar os
diversos itens de enunciados enumerativos em leis, decretos, portarias,
regulamentos, etc.
DOIS PONTOS
Este sinal tem várias funções na
escrita. Entre outras, serve para marcar:
1º - O discurso directo;
2º - Uma enumeração explicativa:
Reúna os seguintes ingredientes: 6 ovos, 1 kg de açúcar, um de farinha,
fermento, ...
3º - Um esclarecimento, uma síntese
ou uma consequência do que foi enunciado:
"A razão é clara: achava a sua
conversação menos insossa que a dos outros homens." (M. de Assis)
4º - Depois do vocativo, no começo
das cartas, requerimentos, ofícios. No entanto, são normalmente
substituídos pela vírgula.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Este sinal serve para assinalar as frases interrogativas. Pode, no
entanto, servir para dar mais vivacidade ao discurso, como é o caso da
chamada interrogação ou pergunta de retórica.
Por vezes, emprega-se o ponto de
interrogação para exprimir a dúvida e até mesmo a surpresa, surgindo
frequentemente nos textos associado ao ponto de exclamação:
"Tu já acabaste com o
maço de cigarros?!"
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Tal
como o nome indica, este sinal serve para ajudar a exprimir conteúdos de
natureza emotiva ou afectiva. Utiliza-se normalmente:
a) - depois de interjeições ou de
termos equivalentes, como os vocativos intensivos, as apóstrofes:
Adeus, para sempre adeus!
Vai-te, oh! vai-te, que
nesta hora
Sinto a justiça dos céus
Esmagar-me a alma que
chora. (...) (A. Garrett)
b) - para marcar uma surpresa,
juntamente com o ponto de interrogação:
Já chegaste?! Cuidei que
vinhas mais tarde.
c) - na frase imperativa, quando o
discurso se apresenta imbuído de uma forte carga emotiva:
─
Não vás! Volta, meu filho! Não desampares a tua pobre mãe!
d) - para marcar um reforço especial
na duração, na intensidade ou na altura da voz:
─
Varo-os como a cães!... Canalhas!!!... Hei-de lhes acabar com a manha de
andarem atrás de mim!...
(Branquinho da Fonseca)
RETICÊNCIAS
Este sinal serve para indicar uma
interrupção da frase, uma hesitação, uma surpresa, uma dúvida, uma ideia
que fica por expressar, cabendo ao leitor imaginar a sequência, a
suspensão da voz no diálogo, para marcar a interrupção do discurso e
tomada da palavra pelo interlocutor, para realçar uma palavra ou
expressão, etc.
AS ASPAS
Este sinal serve para assinalar uma
citação, para fazer sobressair certos termos ou expressões (caso dos
estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos), realçar
ironicamente uma expressão ou palavras, para assinalar o discurso
directo quando não se usa o travessão, para destacar o título de uma
obra.
PARÊNTESES (ou parêntesis)
Este sinal de pontuação serve para intercalar num texto uma indicação
acessória, um comentário, um aparte, uma nota emocional.
Observações: Eis alguns casos em que também se
podem usar os parênteses:
a) - para referências a datas e
indicações bibliográficas;
b) - para citação textual de uma
palavra ou frase traduzida;
c) - para indicações cénicas, nas
peças de teatro;
d) - para isolar orações
intercaladas.
TRAVESSÃO
Este sinal serve para assinalar os
diálogos (na transcrição dos discursos directos), isolar orações
intercaladas e destacar certas partes do texto.
COLCHETES
Este sinal constitui uma variedade de
parênteses, de uso restrito. Emprega-se para:
1º - indicar uma inserção na
transcrição de um texto de outro escritor;
2º - indicar as transcrições
fonéticas;
3º - isolar uma parte dentro de
outra já separada por parênteses.
MAIÚSCULAS
A utilização das maiúsculas é um
processo que tem por objectivo chamar visualmente a atenção para
determinada palavra, individualizando-a ou assinalando simplesmente o
começo de um período. Há inúmeros casos, geralmente conhecidos de todos,
em que se usam as maiúsculas; no entanto, convirá referir alguns. As
maiúsculas usam-se[12]:
1º - no começo das frases;
2º - no começo dos versos, em
português;
3º - com os antropónimos e seus
cognomes;
4º - nos nomes de postos, cargos ou
dignidades hierárquicas, em documentos oficiais, na correspondência, por
deferência entre particulares:
"Por determinação do Ex.mo
Director da..."
"Ao meu prezado Mestre, ..." "Meu
querido Pai, ..."
5º - nas formas de
tratamento reverencioso, nas abreviaturas de títulos universitários e
eclesiásticos, na assinatura de documentos por altas individualidades;
6º - nas formas pronominais e
adjectivas que se refiram a entidades sagradas ou pessoas de alta
hierarquia falando de si mesmas:
"Foi Ele que nos criou e
tudo governa."
7º - nos nomes dados a animais,
quando personificados:
-
Senhor Corvo, disse a Raposa arguta, saboreando já o queijo que iria
obter...
8º - com os toponímicos, tais como
nomes de países, cidades, lugares, ruas, lugares públicos, acidentes
geográficos, etc.:
O Mondego nasce na Estrela e desagua no Atlântico, depois de passar por
duas
cidades:
Coimbra e Figueira da Foz.
9º - nos pontos cardeais e
colaterais, quando designam regiões ou quando abreviados:
O Norte é mais trabalhador que o
Sul.
10º - nos nomes de astros e nomes
mitológicos e sagrados;
11º - nos nomes que designam altos
conceitos políticos, religiosos, nacionais, quando empregados
individualmente sem quaisquer qualificativos:
A República e a Monarquia são duas
formas de governo.
12º - nos nomes do calendário, de
épocas e de festas tradicionais. No entanto, os dias da semana
escrevem-se com minúsculas.
13º - nos nomes de raças, povos ou
populações, quando considerados na globalidade:
O
Português foi um povo destemido que deu novos mundos ao mundo.
14º - nos nomes de artes e ciências,
quando designam disciplinas:
Ele é doutorado em Medicina. Ela
tem aulas de Física e Matemática.
15º - nos nomes de factos históricos
ou de grandes empreendimentos públicos e nos actos solenes ou de
autoridades da República, em documentos oficiais:
O Centenário da Princesa Santa Joana
ocorreu em Maio de 1990.
16º - nos títulos ou subtítulos de
livros, publicações periódicas e produções artísticas:
Os Maias
são talvez a obra mais lida em Portugal.
17º - nos nomes de agremiações,
escolas, repartições, associações, edifícios públicos e estabelecimentos
particulares;
Observações:
· a)
- Nos nomes compostos
por justaposição, a maiúscula no primeiro elemento obriga a maiúscula no
segundo;
· b)
- Os elementos de
ligação entre os nomes, nas locuções substantivas próprias, escrevem-se
com minúsculas:
Freixo de Espada à
Cinta Francisco de Holanda
Sugestão de trabalho 8
Nas páginas
seguintes, são-lhe apresentados diversos trabalhos práticos, numa
sequência de oito, relacionados com diversos aspectos tratados ao longo
das páginas deste capítulo, tais como problemas de translineação, de
acentuação e de pontuação.
Procure efectuá-los e, em caso de dúvida, recorra
às informações que anteriormente lhe foram apresentadas.
Trabalho prático 1
Num
determinado trabalho, efectuou-se a translineação de elevado número de vocábulos. Ao
efectuarmos a sua análise, constatou-se que nem todos tinham sido
correctamente divididos.
1 - Identifique-os, marcando com C ou E
os correctos e os errados;
2 - Identifique em que consistiu o erro nos
vocábulos que considerou como Errados.
Trabalho prático 2
Imagine
que, tendo criado um texto, as palavras a
seguir apresentadas tinham de ser separadas para mudança de linha. No
espaço em frente de cada uma, efectue a silabação tendo em conta as
regras da translineação:
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couve-flor |
cou- // ve- //
-flor |
desaguar |
de- // sa- //
guar |
czarista |
______________________________________ |
psicólogo |
______________________________________ |
aclimatar |
______________________________________ |
sublingual |
______________________________________ |
perspicaz |
______________________________________ |
factor |
______________________________________ |
desfazer |
______________________________________ |
ninho |
______________________________________ |
admissão |
______________________________________ |
contíguo |
______________________________________ |
cárie |
______________________________________ |
pneumático |
______________________________________ |
aguentar |
______________________________________ |
psicologia |
______________________________________ |
coordenar |
______________________________________ |
desfez-se |
______________________________________ |
exceder |
______________________________________ |
cafeeiro |
______________________________________ |
quintalório |
______________________________________ |
calceteiros |
______________________________________ |
cristalizações |
______________________________________ |
vidraça |
______________________________________ |
actrizita |
______________________________________ |
compassado |
______________________________________ |
retiniam |
______________________________________ |
alegremente |
______________________________________ |
fugidio |
______________________________________ |
ilustração |
______________________________________ |
persianas |
______________________________________ |
enxárceas |
______________________________________ |
andaimes |
______________________________________ |
casario |
______________________________________ |
subterrâneo |
______________________________________ |
desassossego |
______________________________________ |
supersticioso |
______________________________________ |
indemnização |
______________________________________ |
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Trabalho prático 3
Num
texto de um jornal ocorreram alguns erros de
translineação. Procure-os e identifique o erro ocorrido.
(Nota: O texto,
extraído do suplemento de um jornal diário, foi por nós intencionalmente
alterado, criando-se erros não existentes no original.)
Trabalho prático 4
Propositadamente,
no texto seguinte, foram eliminados os acentos a
todas as palavras. Leia-o atentamente e procure corrigi-lo. Em caso de
dúvida, consulte as páginas deste capítulo.
Cercado por soitos verdes de castanheiros centenários, Quadrazais e um grande
povoado moreno de casas pobres, edificadas sobre um vasto canape de
terra vermelha, de encosto voltado a Espanha.
A marcar-lhe
as entradas, nos pontos cardeais, alvejam as capelas de S. Sebastiao,
Santo Cristo, Santo Antonio e Santa Eufemia, quatro sentinelas
liturgicas a roda da igreja paroquial de uma so nave, ladeada por filas
de altares, onde se entronizam, vestidas de sedas claras e cobertas de
joias, as imagens venerandas dos quadrazenhos[13].
Bravios e
destravados de lingua, e sempre negociantes na fala e no trato, os
quadrazenhos mascaram frequentemente a verdade com truques verbais que
lhes adormentem a consciencia, mas nunca dao testemunho falso, se alguem,
sobre o livro santo, os empraza a jurar em nome de Deus, por eles tao
ingenuamente amado, que, pela Semana Santa, ao descendimento da Cruz, a
multidao se agita, como em Jerusalem nas horas do Calvario, e os seus
gritos estridentes abafam os cantos de Igreja e a voz dos pregadores.
Mal
vislumbram, nessa hora, os sacerdotes, de escadas nos ombros,
encapuzados e vestidos de branco ate aos pes, a caminharem para a grande
Cruz de Cristo, a turba ergue os braços, estorce-os, alucinada na dor,
como se de novo fosse correr sangue das chagas de Jesus.
─ Ai
coitadinho!
─
clama-se, angustiadamente.
─ Despreguem-no
com jeito!
─ Peguem-lhe
com amor!
E ao ve-lo,
depois, carinhosamente, levado no esquife, ja aliviados porque o maior
sofrimento passou, suplicam suavemente:
─ Nao
o balancem!
─ Levem-no
devagarinho![14]
No entanto,
e apesar destas lagrimas que se renovam pelo aniversario das almas[15],
de tal modo a vida aventurosa e dificil do quadrazenho humaniza o
auxilio sobrenatural, que arvorou Santo Antonio em protector do negocio
proibido, e com tao acreditado sucesso, que a caixa do taumaturgo
extravasa de moedas, nos dias de grande contrabando.
Desta
vez, porem, nem as moedas nem os rogos chorados, em todas as casas e
capelas, davam esperanças contra as novas ameaçadoras que vinham de
Lisboa.
A imprensa ja falava em mudança de Governo, por nao se demitir o oficial que
trocara as armas do Estado por uma quadrazenha de vida facil.
E no
parlamento o caso levantara tumulto e risos.
─ Este
oficial, crapuloso e vendilhao, e afilhado do senhor ministro da Guerra
- clamou um fogoso deputado oposicionista, alongando o braço, a guisa de
florete, para a bancada governamental.
─
Foi ele que, traiçoeiramente, contando com a protecçao do Governo,
introduziu a colera em Portugal.
NUNO DE MONTEMOR,
Maria Mim, Lisboa, 3ª edição, pp. 173-176.
Trabalho prático 5
Propositadamente,
no texto seguinte, foram eliminados os sinais de
pontuação. Tente compreender o sentido do texto e coloque adequadamente
os sinais de pontuação: vírgulas, pontos e ponto e vírgula.
Além disso
aqui em Portugal há muita outra gente que ensina os outros Religiosos
ensinam os seus e os de fora os mestres seculares também ensinam E
assim as minhas opiniões podem ter por objecto não uma só pessoa isto
me basta advertir a estas pessoas que querem saber mais que os autores e
quererão explicar e interpretar mal as minhas palavras onde concluo
que a todos venero e estimo mui particularmente somente direi o que me
parece se devia fazer para poder instruir com fruto
...
... ... ... ... ...
... ... ... ... ...
... ... ... ... ...
... ... ... ... ...
...
Começo
pois nesta carta pela Gramática que é a porta dos
outros estudos da qual depende a boa eleição dos mais porque
muitos não entendem o que significa este nome por isso não fazem
grande progresso na Gramática eu ainda que falo com V. P.
que o sabe falarei daqui em diante como se falasse com quem o não
soubesse
A Gramática é a
arte de escrever e falar correctamente todos aprendem
a sua língua no berço mas se acaso se contentam com essa
notícia nunca falarão como homens doutos os primeiros
mestres das línguas vivas comummente são mulheres ou gente de pouca
literatura de que vem que se aprende a própria língua com muito
erro e palavra imprópria e pela maior parte palavras
plebeias é necessário emendar com o estudo os erros daquela
primeira doutrina uma razão ainda que boa um
pensamento esquisito exposto com palavras toscas ou que não signifiquem
o que se quer desagrada muito e comummente não persuade
... ...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ...
Isto suposto
julgo que este deve ser o primeiro estudo da Mocidade e que a
primeira coisa que se lhe deve apresentar é uma Gramática da sua língua
curta e clara porque neste particular a voz do Mestre
faz mais que os preceitos e não se devem intimidar os
rapazes com mau modo ou pancadas como todos os dias sucede
mas com grande paciência explicar-lhes as regras e
sobretudo mostrar-lhes nos seus mesmos discursos ou em algum
livro vulgar e carta bem escrita e fácil o exercício e a razão de
todos esses preceitos (...)
Luís António
Verney,
Verdadeiro Método de Estudar, Carta Primeira
Trabalho prático 6
Propositadamente, no texto seguinte, foram eliminados os acentos e os
sinais de pontuação: pontos, vírgulas, travessões, reticências,
pontos de interrogação... Leia e corrija o texto.
numa destas ocasioes em que voltava de dentro do quarto do irmao encontrou se com um
criado rapaz ainda o qual encostado a ombreira da porta do jardim
parecia tao dominado por pensamentos penosos que nem lhe deixaram
perceber a aproximacao de Jenny
a jovem
inglesa olhou o com bondade e parando junto dele perguntou-lhe
Como esta
sua mae Jose
o rapaz
voltou a si e tomando logo uma atitude de respeito respondeu
hoje ainda
nao sei minha senhora ontem porem deixei-a bem mal
Hoje nao
sabe!
─
exclamou Jenny desviando o olhar para o relogio do corredor que
marcava onze horas e meia.
─
Nao sabe e e perto do meio-dia!
entao minha
senhora? como o Sr Carlinhos se levanta mais tarde...
─
Va ve la, Jose va Naquele estado coitada!...
sabe la a falta
que lhe estara fazendo?
─
Mas se
va; carlos
nao lhe importa eu lhe direi Ande va
Entao muito
agradecido minha senhora
─
disse o rapaz sensibilizado com a bondade da sua jovem ama
Jenny
continuou passeando
ao passar
junto das escadas do mirante parou afirmando se em alguma coisa que
via nelas subiu dois ou tres degraus e curvou se para observar
melhor; era uma pena de ave que o vento transportara do patio para
ali Jenny nao pode reprimir um pequeno movimento de desagrado
o
escrupuloso amor do asseio radicado no caracter e nos habitos ingleses
nao lhe permitia ver com indiferenca aquilo
─
varreram-se hoje estas escadas Pedro
─
perguntou ela a um criado com longo avental branco que naquele momento
passava no corredor
varreram
sim minha senhora
─
respondeu este
repare
─
acrescentou Jenny
─
a falar verdade sao bem pouco cuidadosos Veja este corrimao cheio de po
─
E que se tornou a sujar O vento...
─
Seria; mas nao tira que se limpe outra vez
JÚLIO DINIS,
Uma família Inglesa, capº IV.
Trabalho prático 7
Propositadamente, no texto seguinte, foram eliminados os sinais de
pontuação. Tente compreender o sentido do texto e coloque adequadamente
os sinais de pontuação: vírgulas, ponto e vírgula,
travessões, reticências, etc.
MORGADO
À ceia o
patrão com a cara de poucos amigos recusara-lhe as festas desta
maneira deixa-te lá de brincadeiras e enche-me esse bandulho que
amanhã de madrugada nem que chovam picaretas tal e qual meteu a
viola no saco claro e atirou-se ao penso como pôde mas não sentia
vontade tinha ainda no estômago os tojos que despontara à tarde no
monte e andava sem saber porquê de coração apertado além disso
aqueles modos do dono até parece que endureciam o feno a gente também
vive de boas palavras e com toda a franqueza gostava do sujeito
desde que ele há seis anos na feira dos vinte e três o distinguira no
meio de um regimento de azémolas e lhe dera uma palmada rija na anca
simpatizara com a sua figura atarracada vermelha a respirar alegria
quanto custa o jerico vinte libras não é estampa para tanto
dinheiro ai o alma do diabo a desfazer vinte libras nem menos um
real deixe o garrano por dezasseis e já é caro como fogo o cigano
mas logo que o viu contar as dezassete moedas e pegar-lhe à arreata
estremeceu de contentamento estava farto das bebedeiras do Preguiças
cheio até às orelhas de subir a malvada ladeira da Queda a ouvir-lhe as
asneiras de bebedolas mas era um macho aguentava no lombo quinze
alqueires de farinha como se fossem quinze alqueires de penas e o
moleiro com cardina ou sem ela nas feiras punha o preço em vinte
libras e ninguém lhe pegava isso é carregá-lo de oiro e tinha de
regressar à loja à maldita loja encostada ao moinho ao lado da roda
sempre molhada e toldada de barulheira e no dia seguinte trepar
novamente a encosta ao som da mesma cantilena de sempre Zumba na barra
da saia, ó Zé... comida - carqueja palha cevada estreme e só lá
de tempos a tempos uma mãozinha de grão vida negra por isso quando
o fulano chegou e lhe deixou cair a mão larga na garupa sentiu-se
redimido e apenas ele se lhe escanchou em cima e o meteu pela estrada
de Feitais parecia-lhe que ia pelo ar de tão feliz em casa logo
uma manta a resguardá-lo dum resfriado e milhão branco e graúdo na
manjedoira um céu aberto evidentemente que não havia só rosas naquela
casa longe disso o macho dum almocreve sabe Deus mas bem comido
e bebido um homem trabalha com alegria de mais a mais se o patrão diz
o seu dito de vez em quando a animar ah Morgado que me deixas ficar
mal (...)
MIGUEL TORGA,
Bichos
Trabalho prático 8
Os
dois textos a seguir transcritos foram extraídos de um jornal diário. Tivemos o
cuidado de os transcrever rigorosamente de acordo com os originais,
publicados no suplemento de domingo, dia 6 de Maio de 1990, página 10,
do jornal O Primeiro de Janeiro. Apenas omitimos a imagem
central, mostrando um utilizador frente a um computador e diversas
disquetes[16].
Além de pequenas falhas resultantes de uma
deficiente digitação, que denotam falta de cuidado ou ausência de
revisão de provas, os textos apresentam diversas incorrecções a nível da
translineação, da pontuação, da redacção e da sintaxe. Existem
igualmente marcas de oralidade que poderiam ter sido suprimidas,
melhorando a qualidade textual da informação.
Leia atentamente os textos e procure corrigir as
deficiências e melhorar o conteúdo.
________________________________
[12] –
Acerca do emprego das maiúsculas, além do acordo ortográfico já citado,
consulte-se o volume I, páginas XXXIX a XLVI do dicionário
Lexilello, Porto, Lello & Irmão, Editores, 1989.
[13] –
Alem da Senhora da Assunçao, que e orago, tem altares a Senhora do
Rosário, Senhora das Dores, Senhora dos Remedios, Senhora do
Livramento, Menino Jesus, Almas do Purgatorio, S. Gens e ultimamente
a Senhora de Fatima. Quase todas estas imagens eram, ainda ha pouco
tempo, de vestir.
[14] –
Na procissao nocturna de sexta-feira santa, pelas ruas de janelas
iluminadas e decoradas com as mais finas roupas, as mulheres gritam
e muitos dos homens soluçam.
[15] –
Por muito longe da terra que se encontrem, os quadrazenhos nunca
faltam no aniversário das almas (13 de Março) nem na festa de Santa
Eufemia (16 de Setembro).
[16]
–Em
2010, momento em que reconvertemos a Gramática da Comunicação
para um formato em html, este texto constitui em certa medida um
documento histórico, uma vez que nos fala de um suporte de informação
hoje praticamente desaparecido e substituído por sistemas mais compactos
e de alta capacidade de armazenamento de ficheiros informáticos. Há
muito as «pens» substituíram as disquetes, tal como estas, dentro
de algum tempo, irão provavelmente ser substituídas por outros suportes
mais evoluídos.
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