Houve palestras relacionadas com as Alternativas Energéticas e foram
feitas experiências em tempo real em laboratórios remotos - acesso
através da Internet à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
O papel do Secretariado nas empresas foi apresentado por uma antiga
aluna da Escola; também foram abordados os problemas da Higiene e da
Segurança no Trabalho.
Uma palestra sobre a Arte Nova motivou alunos e professores para uma das
características mais marcantes de Aveiro.
A sessão de encerramento contou com as presenças do Professor Doutor
Manuel Silvestre da Universidade de Aveiro, do Departamento de Economia,
Gestão e Engenharia Industrial, que introduziu o tema ao apresentar
algumas das conclusões do seu doutoramento sobre “Empreende-dorismo e
Criação de Empresas”; do Engenheiro Paulo Santos, do Departamento de
Mecânica da UA; do Dr. João José Ferreira, Director de recursos Humanos
da BBT (ex-Vulcano); do Professor Luís Filipe Malheiros da FEUP e da
Dra. Cristina Marques da AIDA (Associação Industrial do Distrito de
Aveiro).
Estiveram presentes vários professores e alunos da Escola, bem como
elementos da Associação dos Antigos Alunos da EICA, parceiros na
organização das Jornadas Técnicas.
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Habituado a classificações de Bom e de Muito bom, o seu filho chega a
casa com um Medíocre. Preocupante? Claro que sim. Provavelmente,
deslocar-se-á à escola para perceber a razão dessa classificação obtida
num trabalho de grupo, que o seu filho fez sozinho, em casa e sob sua
orientação. Apesar da lógica da explicação dada pelo Director de Turma,
talvez até continue a discordar dos critérios de avaliação.
O que aconteceu? O trabalho deveria ter sido desenvolvido em duas aulas,
os recursos disponíveis eram vários: inúmeros meios de comunicação
social; manuais escolares; o próprio professor. O seu filho e os
colegas, convencidos de que todos arrecadariam os dezoito valores que o
seu filho habitualmente alcançava, optaram por conversar sobre outros
assuntos, durante os cento e oitenta minutos em que deveriam ter
trabalhado. Não desenvolveram atitudes de interajuda, não geriram
conhecimentos, nem contornaram dificuldades, nem apostaram no futuro,
que se jogava na terceira aula, quando defendessem o trabalho. Nessa
aula, o seu filho revelou estar por dentro da temática investigada; mas
os dois colegas de grupo balbuciaram duas ou três ideias,
atrapalharam-se e foram incapazes de defender a tese tão bem explanada
(e para a qual o pai ou a mãe tanto tinham contribuído). Resultado: a
nota atribuída ao grupo foi o Medíocre, a classificação dos elementos
que não tinham trabalhado.
Esta história1
ilustra uma das conclusões tiradas na mesa-redonda sobre
Empreendedorismo nas III Jornadas Técnicas, dinamizadas na Escola
Secundária Dr. Mário Sacramento, pelo Departamento de Estudos
Científico-Tecnológicos na semana passada. De facto, se é importante ter
bons conhecimentos teóricos, mais importante ainda é desenvolver
competências que levem à resolução de problemas. Explico: ninguém
contrata uma pessoa unicamente porque ela sabe muita teoria. Numa
entrevista para um emprego, tem-se em conta a média do curso, mas se o
candidato não se souber sentar, não se apresentar correctamente, revelar
incapacidade de comunicação, será preterido por outro que, apesar de uma
média inferior, se apresenta bem, responde facilmente a uma questão de
gestão de conflitos e revela à-vontade na conversação.
Por tudo isto, a Escola tem de sofrer uma revolução radical, pois ainda
privilegia a transmissão de conteúdos, em detrimento do desenvolvimento
de competências. A lógica deste último conceito obriga a mudar de
atitude: a aula terá de ser cada vez um espaço de reflexão. (Para o “seu
filho” e para os colegas, tudo é uma “seca”. Como contrariar esse
sentimento irreverente da juventude? Não haverá um momento em que essa
opinião poderá ser alvo de debate? Por que não reflectir sobre a
importância do esforço e também do insucesso, não se ficando pela
opinião superficial de que tudo o que fazemos deve dar prazer?) A Escola
é o espaço por excelência em que o insucesso pode ser reabilitado, em
que se pode aprender a assumir riscos. Nas empresas, a não ser em
pequenos sectores de inovação, é impossível falhar, o erro pode custar
muito dinheiro e implicar mesmo o despedimento. Nas escolas, o erro e a
falha deveriam ser valorizados para a aprendizagem.
Voltando ao “seu filho” e aos colegas, provavelmente não terão percebido
que aquele professor lhes tinha dito que aquela disciplina funcionava
como uma empresa, os horários, a hierarquia e o código de conduta eram
para ser levados à risca, e que o esforço de todos seria compensado (ah!
Aqui deveriam ter compreendido que “muito esforço + esforço nenhum”
resultaria em “quase nada”.). O professor tinha escrito no quadro uma
frase intrigante, que finalmente começava a fazer sentido: “TRUQUE:
Finge que gostas daquilo de que não gostas.”
Concluindo, no grupo do “seu filho”, alguém teria de ser empreendedor,
manifestando uma atitude interventiva, tendente ao desenvolvimento da
qualidade de vida do grupo, deveria ter persuadido os colegas a
apostarem num trabalho com qualidade, que seria apresentado no prazo.
Pode ser que o tal Medíocre os faça descobrir que, afinal, na Escola, há
muitas propostas que os levam a desenvolver capacidade de
empreendedorismo. Basta quererem (ou fingirem que querem, que vai tudo
dar ao mesmo!).
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in: "Correio do Vouga" de 26 de Abril
de 2007
1 –
História inventada aqui e agora. Qualquer semelhança com a realidade é
pura coincidência. |