Acesso à página inicial.

Artes - Letras - Ciências
Suplemento do n.º 271 do "Litoral"
Dezembro de 1959, Ano I, n.º 4
pág. 28

asas cortadas, asas!


Brasas de brasas, brasas
do lume já meio morto,
asas cortadas, asas
nas sombras do mundo absorto... 

que lentidão,
que silêncio,
que terras sem nenhum pão,
que vento sem nenhum sopro!

Brasas de brasas, brasas,
asas cortadas, asas..,

livros presos nas estantes,
palavras órfãs nos longos caminhos tristes
das entrelinhas
dos artigos dos jornais...

risos pardos de jograis
nos esconsos
da vida intensa que vivemos!

Brasas de brasas, brasas,
asas cortadas, asas... 

pés grudados no chão
sonhos empacotados
húmus prenhe de vida
com flores por germinar
gritos mortos na boca
de quem não pode gritar... 

Brasas de brasas, brasas,
asas cortadas, asas... 

o vento torna em fogueira
as brasas meio apagadas,
às asas crescem as penas
que um dia foram cortadas.

Linóleo de Gaspar Albino

Eis um ciclone,
as penas já estão crescidas!

Brasas de brasas, brasas,
asas cortadas, asas...

    poema de Iília da fonseca

 

As imagens têm voz Entrevista com Mário Braga Correspondência dos Leitores Três Poemas de William Carlos Williams Rodolfo da Cantuária Crítica literária Carta a Mário Sacramento Considerações gerais sobre "factos" Carta a Luís Francisco Rebello Uma exposição de monotipias de Emanuel Macedo e José Paradela Digesto de Notícias Lembrança de Raul Brandão Ilusões (conto) Entrevista com o Dr. José Pereira Tavares Concerto do Silêncio (crónica) Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande Poemas Escamas Asas cortadas Fac-símiles

 

Página anterior Página inicial Página seguinte