Alguns jornais aveirenses estiveram presentes na cerimónia de homenagem, no dia 22 de Maio de 2001, tendo dado informação do acontecimento.

Transcrevemos os textos de apenas dois deles, para que não se torne excessivamente redundante a notícia que aqui se deixa do acontecimento.

A primeira transcrição diz respeito ao jornal “O Aveiro”, edição N.º 489 de 24/5/2001, que, na página 9, nos diz:

INICIATIVA - Teatro e Escritores recebem “louvor”

Homenagens na José Estêvão

 

Os escritores Vasco Branco, Costa e Melo e Bartolomeu Conde, bem como o Círculo Experimental de Teatro de Aveiro (CETA) foram homenageados na passada terça-feira, na Escola Secundária José Estêvão.

A cerimónia decorreu na biblioteca daquele estabelecimento de ensino e a ideia partiu do Departamento de Línguas Românicas e Clássicas, iniciativa que a Escola Secundária José Estêvão abraçou num momento em que comemora os 150 anos do Liceu de Aveiro e o Ano Europeu das Línguas.

Maio é precisamente o mês em que este estabelecimento de ensino resolveu dar ênfase à língua portuguesa. A realização da homenagem surge, pois, explicada na medida do contributo destes três nomes no campo das letras, a nível distrital, enquanto o “louvor” para com o CETA compreende o trabalho de divulgação da língua portuguesa através do teatro.

De salientar que o programa de comemorações dos 150 anos tem previsto para sábado uma iniciativa que dá pelo nome “Escola Aberta à Comunidade e Sessão/Colóquio sobre o ensino secundário”, com a presença do Ministro da Educação. Nesse mesmo dia será lançada mais uma edição de revista “Labor”, cuja 1ª publicação aconteceu em 1926.

No dia seguinte será celebrada uma Missa na Sé, seguida de romagem à estátua de José Estêvão, sendo depois servido um almoço volante de antigos alunos, funcionários e docentes do Liceu e da Escola Secundária José Estêvão.

As comemorações culminam a 20 de Outubro com a cerimónia oficial que assinala a primeira aula do Liceu e que conta com o Concerto de Abertura do Ano pela Filarmonia das Beiras.

Informação mais desenvolvida é-nos fornecida pelo jornal "Diário de Aveiro" de 24/5/2001 que, na página 3, nos diz:

Escola Secundária José Estevão presta homenagem a escritores 

Literatura lembrada no mês
da lusofonia

CRISTINA PAREDES
EDUARDO PINA (FOTO aqui omitida)

O Departamento de Línguas Românicas e Clássicas da Escola Secundária José Estêvão (ESJE) prestou, esta semana, uma homenagem a Costa e Melo, Vasco Branco, Bartolomeu Conde e CETA, ali representado por Arlindo Silva. A iniciativa insere-se nas comemorações do Ano Europeu das Línguas e, mais concretamente, no mês dedicado à portuguesa.

Sobre a iniciativa que homenageou personalidades ligadas à escrita de obras, cinematografia e à arte teatral, Arsélio Martins, presidente do Conselho Executivo da ESJE, sublinhou a sua importância, mostrando-se de acordo com o facto dos professores reunirem com pessoas que «fazem parte da língua, ao nível local, que a apresentam, fazendo-a falar bem, chamam-na à atenção e dão corpo aos textos». Mas, Arsélio Martins é da opinião que «a homenagem ficaria completa se esta geração de professores levasse tudo isto até às últimas consequências, tornando claro qual é a selecta literária dos autores regionais, além da selecta literária dos valores nacionais e literários portugueses». No seu entender, esta acção é «arriscada», mas é um trabalho que faz parte das preocupações do Ministério da Educação, com vista a completar a educação das crianças dessa maneira.

Licenciado em Direito, Costa e Melo começou por exercer a sua função de advogado e notário nos Açores, em 1936. Entre outras actividades, conta-se a de fundador do PS e a de governador civil de Aveiro, em 1976. Costa e Melo manteve a colaboração permanente em jornais e revistas da região, e não só. Entre as suas obras de poesia poder-se-á destacar «Ecos do mesmo grito», publicada em 1960. Para o escritor, falar da língua portuguesa faz-lhe lembrar Aquilino Ribeiro, nomeada­mente «a sua riqueza habitual ao nível da terminologia que não deixa de enriquecer e respeitar os valores da língua portuguesa». Ultimamente, Costa e Melo tem-se dedicado a escrever livros, limitando-se a dar razão à sua força interior, que julga ter, no sentido de contar o que se passou consigo, o que se tem passado e o que gostaria que se tivesse passado.

Vasco Branco nasceu em Aveiro, em 1919, e desde aí tem preenchido a sua bibliografia com inúmeras obras literárias e cinematográficas, dedicando-se também às artes plásticas. Em 1945 fez a sua primeira exposição de pintura e, dois anos mais tarde, inicia a colaboração regular na revista “Mundo Literário”. Em 1952 publica a primeira de um total de 12 produções literárias, a que chamou de «Telhados de Vidro». «Fonte Seca» é o seu segundo livro, editado pelo jornal «Litoral», com o qual foi colaborando. Em 1957 edita o romance «Gente ao acaso» e, um anos depois, o seu primeiro filme - «O bebé e eu» -, que lhe valeu o primeiro prémio português do Cinema de Amadores de Lisboa. Actualmente, continua a dedicar-se à arte da cerâmica. Sobre a homenagem, o artista considera-a como uma forma dos alunos tomarem con­hecimento dos problemas de algumas pessoas mais velhas que passaram por experiências de várias ordens. Neste contexto, Vasco Branco mostrou-se disponível em colaborar com a ESJE, no sentido de poder mostrar aos alunos alguns dos seus filmes relacionados com a vida de Aveiro (no passado), a Ria, entre outros.

Inicialmente como empregado de mercearia e cerieiro, Bartolomeu Conde foi sucessivamente passando pela fábrica de pólvora, em Chelas, e pelas minas de Moncorvo. Mais tarde, viria a desempenhar a função de chefe de redacção do jornal «O Aveiro». As suas obras literárias estão directamente ligadas a aspectos etnográficos da região. Entre elas contam-se os três volumes intitulados «Cacia e Baixo Vouga» e, também, «Sarrazola, apontamentos etimológicos». Sobre o encontro, que não considera propriamente uma homenagem, diz que «recordar o que foi feito será, então, homenagear todas as pessoas que se interessam pela cultura popular».

O CETA fez-se representar por Arlindo Silva, presidente da Assembleia Geral e actor há 36 anos, que entende a homenagem como «uma simbiose bem vista, porque no fim de contas o teatro também é uma escola de leitura, onde se cultiva a língua».

Abílio Tarrinha, coordenador do departamento que organizou a iniciativa, justifica a realização do encontro com a importância da celebração da língua portuguesa. Por isso foi criado o mês da lusofonia. Abílio Tarrinha adiantou ainda que a ESJE está a estudar a possibilidade de vir a conseguir revitalizar o teatro escolar e, para tal, - estão a ser definidas as bases para a celebração de um protocolo com o CETA.

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