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I Encontro dos Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial Fernando Caldeira

1946 - 1971

 

Repercussões na Imprensa da época


- "Primeiro de Janeiro" 02/08/1971
-
"Século" – 04/08/1971
-
Lutador” – 27/08/1971
-Correio do Vouga” – 27/08/1971
- Comércio do Porto” – 04/09/1971
- "O Comércio do Porto” — 07/09/1971

- “O Comércio do Porto” – 08/09/1971
-
O Primeiro de Janeiro” – 08/09/1971
- “O Primeiro de Janeiro” — 08/09/1971
- “Jornal de Notícias" –
10/09/1971
-
Lutador” – Aveiro, 10/9/1971
- Correio do Vouga" – Aveiro, 10/9/1971
- "Litoral"
11/09/1971

 

“PRIMEIRO DE JANEIRO” – 02/08/1971

 

PRÓXIMA REUNIÃO DE ANTIGOS ALUNOS DA ESCOLA TÉCNICA

Vai efectuar-se no dia 5 de Setembro próximo a primeira reunião de antigos alunos da Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira — pois durante largo tempo teve a Escola Técnica desta cidade como patrono aquele mimoso poeta aguedense e antigo governador civil de Aveiro. A simpática jornada de confraternização estender-se-á a todos os que frequentaram aquele estabelecimento de ensino até 1946, isto é, até há um quarto de século.

Nas suas linhas gerais, o programa constará do seguinte: às 10 horas, concentração na Praça da República, seguida de uma sessão de boas vindas no salão dos Serviços Culturais da Câmara Municipal, aos antigos professores e alunos, usando da palavra o Dr. David Cristo; às 11 horas, aula simbólica, na antiga escola, nos anexos da Misericórdia, pelo antigo professor Dr. Manuel Marques Damas; às 11h30, missa de sufrágio, celebrada pelo professor Rev. António Augusto de Oliveira; às 12 horas, romagem ao Cemitério Central; às12h30, cumprimentos ao actual director da Escola, e visita a esta; às 13 horas, almoço de confraternização em local a designar de acordo com as exigências do número de inscrições. Estas, que se prolongam até ao próximo dia 20, podem efectuar-se na Rua do Dr. João de Moura, 75, Telef. 24071/2, e na Avenida do Dr. Lourenço Peixinho, 18 — Telef. 23207.

 


“Século” – 04/08/1971

 

Próxima reunião de antigos alunos da Escola Técnica

Vai efectuar-se, no dia 5 de Setembro, a primeira reunião de antigos alunos da Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira — pois durante largo tempo teve a Escola Técnica desta cidade como patrono aquele mimoso poeta aguedense, e antigo governador civil de Aveiro. A simpática jornada de confraternização estender-se-á a todos os que frequentaram aquele estabelecimento de ensino até 1946, isto é, até há um quarto de século.

Nas suas linhas gerais, o programa constará do seguinte: às 10 horas, concentração na Praça da República, seguida de uma sessão de boas vindas no salão dos Serviços Culturais da Câmara Municipal, aos antigos professores e alunos, usando da palavra o Dr. David Cristo; às 11 horas, aula simbólica, na antiga escola, nos anexos da Misericórdia, pelo antigo professor Dr. Manuel Marques Damas; às 11h30, missa de sufrágio, celebrada pelo professor Rev. António Augusto de Oliveira; às 12 horas, romagem ao Cemitério Central; às12h30, cumprimentos ao actual director da Escola, e visita a esta; às 13 horas, almoço de confraternização em local a designar de acordo com as exigências do número de inscrições. Estas, que se prolongam até ao próximo dia 20, podem efectuar-se na Rua do Dr. João de Moura, 75, Telef. 24071/2, e na Avenida do Dr. Lourenço Peixinho, 18 — Telef. 23207.

 


“Lutador” – 27/08/1971

 

I Reunião dos Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial Fernando Caldeira

No próximo dia 5 de Setembro, como já foi noticiado, reúnem-se os antigos alunos daquela Escola que a frequentaram até 1946.

O programa foi assim elaborado:

10.00 horas – Concentração no Largo José Estêvão seguida de recepção de boas vindas aos antigas professores e alunos no Salão de Cultura da Câmara Municipal em que usará da palavra o antigo aluno Ex.mo Sr. Dr. David Cristo;

11.00 horas – Aula Simbólica na antiga Escola pelo professor Ex.mo Sr. Dr. Manuel Marques Damas;

11.30 horas – Missa de Sufrágio pelos professores e alunos falecidos celebrada pelo professor Rev.o Padre António de Oliveira;

12.00 horas – Romagem ao Cemitério Central;

12.30 horas – Cumprimentos ao actual Director da Escola Industrial e Comercial de Aveiro e visita às instalações;

13.00 horas – Almoço de Convívio em local a designar.

 




”O Comércio do Porto” — 04/09/1971

 

REUNIÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DA ESCOLA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE FERNANDO CALDEIRA

 

Como já ontem noticiámos, vai realizar-se nesta cidade a primeira reunião dos antigos alunos da Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira, de Aveiro, daqueles que a frequentaram até ao ano de 1946.

O programa, que agora nos foi entregue pela comissão organizadora, é o seguinte: às 10 horas, concentração no Largo de José Estêvão, seguida de recepção de boas-vindas aos antigos professores e alunos, no salão de cultura da Câmara MunicipaI. Usará da palavra o antigo aluno Dr. David Cristo; às 11, aula simbólica na antiga Escola, pelo professor Dr. Manuel Marques Damas; 11.30, missa de sufrágio pelos professores e alunos falecidos, celebrada pelo professor rev. António de Oliveira; 12, romagem ao Cemitério Central, seguindo-se cumprimentos ao actual director da Escola Industrial e Comercial de Aveiro e visita às instalações. Após esta cerimónia, realiza-se um almoço de confraternização.

 


“Correio do Vouga” — 27/08/1971

 

REUNIÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DA ESCOLA DE FERNANDO CALDEIRA

Conforme já anunciámos, vai realizar-se a primeira reunião dos antigos alunos da Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira, de Aveiro, que a frequentaram até ao ano de 1946.

Será no dia 5 de Setembro, com o seguinte programa:

10 horas - Concentração no Largo de José Estêvão, seguida de recepção de boas vindas aos antigos professores e alunos, no Salão de Cultura da Câmara Municipal, ,em que usará da palavra o antigo aluno, sr. Dr. David Cristo.

11 horas - Aula Simbólica na antiga Escola, pelo professor sr. Dr. Manuel Marques Damas.

11.30 horas - Missa de sufrágio pelos professores e alunos falecidos, celebrada pelo professor rev.º Padre António de Oliveira.

12 horas - Romagem ao Cemitério Central.

12.30 horas - Cumprimentos ao actual Director da Escola Industrial e Comercial de Aveiro e visita às instalações.

13 horas - Almoço de convívio em local a designar.

 


“O Comércio do Porto” — 07/09/1971  

   

NOTA DE ABERTURA

O farol, um farol luminoso, vemos nós, todas as noites, a guiar os nossos navegantes, as nossas gentes do mar. E, de longe, lá está ele a espargir raios, luz, clarão. E o farol ilumina tanto mais quanto mais é de breu a noite. A sua clareira vai mais longe, vai mais ao largo! E o farol da BARRA de Aveiro lá está atento a tudo. Esta evocação vem-nos agora a propósito de que foi dele, ou por causa dele, que nasceu para Aveiro, e sua região, uma nova era de cultura no campo do ensino técnico.

Estávamos em 1893. O farol, o mais alto do País, era inaugurado solenemente pelo então ministro das Obras Públicas, o grande estadista Bernardino Machado. Por figuras ilustres desta região, foi-lhe dito da necessidade de se aperfeiçoarem as condições técnicas. Aquele membro do Governo mostrou-se interessado e, passado pouco tempo, publicava uma portaria criando a Escola de Desenho Industrial; funcionou primeiramente na secção de Barbosa de Magalhães do Asilo-Escola Distrital. Mais tarde, em 1914, com secção comercial, tomou o nome de Escola Industrial e Comercial do Dr. Fernando Caldeira; em 1916, passou para os anexos da Misericórdia, mas antes, porém, estivera no edifício onde hoje é a Capitania; em 1962 funcionou no Liceu Velho e, finalmente, em 1966 passou definitivamente para o actual e moderno edifício.

Feita esta biografia de uma das escolas comerciais mais antigas do País, outra coisa não queremos frisar nesta «Nota de abertura», senão que o farol da Barra começou por ser um marco a assinalar uma data memorável para a vida de Aveiro e ele continua, agora, ainda a dar luz, vida às gentes aveirenses.

E quem diria a Bernardino Machado que Aveiro muito lhe deve, que o seu genro, o mestre Aquilino Ribeiro, viria mais tarde a cantar no seu «Malhadinhas» as belezas da região aveirense e da raça das suas gentes?! Aquilino Ribeiro, segundo há dias nos afirmou a sua excelentíssima e distinta viúva, gostava imenso de Aveiro! Coincidência, é certo, mas Aveiro muito deve a essa ilustre família!...

 

I JORNADA DE CONFRATERNIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ANTIGA ESCOLA COMERCIAL FERNANDO CALDEIRA

 

O dia de intenso calor não conseguiu afastar alunos e professores da antiga Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira, de Aveiro, para se reunirem, pela primeira vez, numa jornada que ficará histórica na memória de todos quantos frequentaram aquele estabelecimento de ensino desde a sua fundação, em 1914, até 1946.


Foi um dia em que se viveram horas de saudosismo, de saudações, de reconhecimento, em que se fizeram projectos para o futuro e se analisaram factos presentes, em que se solicitaram empreendimentos para valorização do ensino no distrito e na cidade, em que se apresentaram sugestões válidas que a concretizarem-se seriam capazes de altos benefícios para a educação, em Aveiro.

A jornada, que reuniu cerca de duas centenas de professores e alunos, iniciou-se de manhã, com concentração no largo do grande tribuno José Estêvão, seguindo-se a recepção de boas-vindas aos antigos professores no Salão de Cultura da Câmara Municipal. Presidiu o Dr. Artur Alves Moreira, na qualidade de presidente da Câmara Municipal. Ladeavam-no o professor Júlio Augusto Cardoso, último director da Escola Fernando Caldeira e presentemente com a idade de 88 anos; Dr.Manuel Marques Damas, o professar com mais tempo de serviço; tenente Leonardo, o aluno mais antigo, e José Lourinho, o aluno mais novo.

O Dr. David Cristo, que foi aluno daquela Escola e leccionou nela mais de duas décadas, foi o orador escolhido para a sessão solene, passando pela frente do vasto público como nasceu, como cresceu e como desapareceu, para dar lugar a actual Escola, o estabelecimento de Fernando Caldeira.

 

A aula simbólica — Sede Homens

Após a sessão, todos se encaminharam para a sua antiga Escola — ao lado da igreja da Misericórdia. Ali, no átrio, com todos os alunos à sua volta, o Dr. Manuel Marques Damas deu a sua aula simbólica, saudou a todos e contou, com humorismo, certas peripécias da sua vida de professor com alunos ali presentes, que de vez em quando ia chamando. Ofereceu recordações das suas obras, e a todos entregou uma saudação. Nela reproduziu o seu sentir, o seu apelo à juventude de hoje. E terminou: «Sede alegres, mas ordeiros; alegres, mas de uma alegria sã e digna e, acima de tudo e em tudo. SEDE HOMENS».

Depois desta lição, muito embora simbólica, mas significativa, todos foram ao cemitério recordar os mortos, seguindo dali para a Escola Técnica. Foram recebidos pelo director, Dr. Amadeu Cachim, e pelo corpo docente. Saudou o actual director Artur Casimiro, respondendo-lhe com palavras de agradecimento o Dr. Amadeu Cachim. Nesta visita tomou parte a Banda do internato Distrital.

 

A bandeira ficará na antiga Escola

Num dos hotéis desta cidade, decorreu depois um almoço de convívio. Iniciou a série de Brindes João Batel; seguiu-se, em representação da Comissão Executiva, José Soares, que leu um escrito elaborado por essa Comissão, no qual formulava dois pedidos de muita transcendência, não só sentimental mas de carácter prático e de valorização do património da cidade. Disse como nasceu a bandeira da antiga Escola de Fernando Caldeira; do que ela vem significando ao longo dos tempos, em momentos de aveirismo e patriotismo; essa bandeira, agora, já nem sequer pode figurar como símbolo da actual Escola e, portanto, sugeria-se: «que a bela e expressiva bandeira possa ser vista e admirada, não só por todos nós, os que a tivemos por docel protector e unificador e inspirador, mas ainda por todos os que têm olhos e coração sensíveis à Beleza: merece ela condigno e público escaparate de museu. E, porque, ao que consta, vai ser dada nobilíssima destinação de repositório de arte às dependências renascentistas onde, por tantos anos, teve sede, e deu inumeráveis proveitos a tantas gerações, a Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira, é nosso parecer que a bandeira ficaria bem ali, como perene evocação — e como incentivo permanente a jovens mãos predestinadas, como as da D. Otília, a semear, sobre canteiros de seda, policromas flores e reflexos de sol. Ficaria bem, ali, a nossa bandeira, que hoje já nem sequer é símbolo da actual Escola, esta muito respeitável, sem dúvida e por nós muito querida, já que é prestigiada sucessora da velha Escola, mas sem o nome do patrono que naquela bandeira se fixou para nosso permanente louvor. Ficaria bem, ali, naquele ímpar conjunto arquitectónico, escrupulosamente restituído, estética e historicamente, à sua traça inicial, pelo carinho, devoção, sensibilidade e saber de um dos nossos, um que da nossa Escola foi aluno e viria, por dilatado tempo, a ser professor em cátedra atentamente escutada e respeitada — o Sr. Dr. David Cristo. Ficaria bem, ali, no ambiente, que se preconiza, da vasta mostra da obra inconfundível dos bairristas aveirenses de seiscentos e setecentos, e junto dos mimos de arte que nos legou a fé dos nossos avós. Ficaria bem, ali, a nossa bandeira, vivendo precisamente onde nasceu!»

 

 

Que o velho edifício da Escola seja restaurado e transformado em Museu de Estética e Estudo

A segunda petição oficial da Comissão Executiva dizia: «A mais, porém, nos atrevemos: solicitar à digna Mesa da Santa Casa de Aveiro — à qual, desde já, endereçamos os nossos agradecimentos pela gentil cedência do pátio da Misericórdia para a lição evocativa desta inolvidável manhã — que retome, sem mais demoras, os trabalhos de restauro dos preciosos edifícios. E fazemos este pedido na plena certeza de interpretar os sentimentos e desejos de todos os aveirenses que anseiam por ver ali, em pleno coração da cidade, um núcleo de estética e de estudo (para o qual já se registam generosas promessas de gratuitas e inestimáveis contribuições); aveirenses que, por outro lado (a não serem rápidas as diligências da Santa Casa na preservação e defesa do que, sendo seu, poderá aproveitar a todos), justificadamente receiam que tão auspiciosas esperanças de Aveiro se escoem e se deteriorem ingloriamente, como coisa fútil atirada às águas da nossa Ria, para irremediavelmente se perderem no mar — onde, por vezes, naufragam tantas negligenciadas riquezas...»

Falaram, ainda, Tiago Ribeiro; D. Maria da Conceição Gamelas, presidente do Grémio de Aveiro; Carlos Mendes, que evocou, além doutras figuras, o Dr. Alberto Souto e Armando Madail. O Dr. David Cristo lembrou figuras aveirenses: Carlos e Gervásio Aleluia, José Pinheiro e outros; o Eng.º Segismundo, antigo director da Escola Industrial de Braga e natural de Viana do Castelo, disse das semelhanças geográficas que há entre as duas cidades — Aveiro e Viana — e José Pinheiro Baptista.

 

 

Lembrada a urgência de se criar em Aveiro a Faculdade de Economia

Carlos Gamelas, o homem que fala sempre com um entusiasmo invulgar, nomeadamente quando tem de se referir à sua terra, dissertou sobre o valor económico que ocupa o distrito de Aveiro no cômputo nacional e, a propósito, agradeceu ao presidente da Câmara, ali presente, todo o carinho que tem dado ao sector do Ensino Técnico, pedindo para que se continuem a envidar esforços para que sejam criados estudos técnicos superiores e alvitrou, mesmo, a criação de uma Faculdade de Economia.

 

 

Uma Casa de Aveiro no Porto

Álvaro de Melo Albino, com humorismo, leu algumas das passagens ocorridas com o Dr. Damas, nas suas aulas. E a série de brindes sucedia-se: José Bilelo, Dr. Júlio de Mira Coelho, director da EIC da Figueira da Foz; Edneu Rigueira, estabelecido em Matosinhos, lembrou que já em tempos se pensou fundar no Porto uma Casa de Aveiro, visto serem muitos os aveirenses ali radicados, mas que obstáculos burocráticos prejudicaram as diligências.

 

Associação dos Antigos Alunos da Escola Fernando Caldeira

O Dr. Sebastião Dias Marques dissertou sobre o valor do Ensino Técnico, corroborando algumas das afirmações já feitas por Carlos Gamelas. Apelou para que o presidente da Câmara Municipal envide esforços para que do Ensino Técnico se passe para o Ensino Superior, e lembrou também a criação de uma Faculdade de Economia, na sede de um distrito em franco progresso, em todos os sectores. Mais adiante afirmou que daquela reunião alguma coisa de válido tinha de sair e que, para além do que já tinha sugerido, se crie a Associação dos Antigos Alunos da Escola Fernando Caldeira.

O Dr. Damas, Dr. David Cristo e José Soares voltaram a falar.

O primeiro, para mais uma vez agradecer todo o carinho dispensado; o segundo, para sugerir que sejam mandadas a todas as Escolas Técnicas do País saudações e, o último, para propor que aquelas reuniões se façam todos os anos e que seja presidente o Dr. Sebastião, incumbindo-se também de dar forma à criação da Associação dos Antigos Alunos.

 

Criação duma Secção do Instituto Comercial

O Dr. Artur Alves Moreira, presidente da Câmara, depois de fazer algumas considerações e de afirmar que às figuras ilustres começaria a dar-se-lhes o lugar que merecem e de que sempre considera o Liceu de Aveiro como Liceu de José Estêvão, anunciou em público, respondendo aos vários apelos ali formulados, que foi em Aveiro criada, por portaria a publicar em breve, uma secção do Instituto Comercial. Ficará dependente, por enquanto, do Porto. Trabalha-se para que seja criado também o Instituto Industrial e para a tal Faculdade de Economia, por que todos ansiamos. E todos não descansaremos enquanto outros voos, no campo do ensino superior, não sejam dados.

Encerrou o Dr. Amadeu Cachim, actual director da Escola Técnica, que propôs fossem enviados telegramas ao ministro da Educação Nacional, agradecendo o que acaba de criar e que lhe seja pedida a criação da tal Faculdade de Economia. E que o Dr. Artur Alves Moreira seja nomeado sócio honorário da Escola Comercial.

 


 

“Comércio do Porto” — 08/09/1971

 

CENTENAS DE ALUNOS

da antiga Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira
pedem um Instituto Politécnico

 

Foi uma jornada de muito merecimento a que no domingo transacto se realizou nesta cidade, como já noticiámos.

Mais de duas centenas de alunos da antiga Escola Comercial e Industrial de Fernando Caldeira confraternizaram durante um dia. Mas para além da confraternização algo de muito válido ficou e que está a produzir os seus frutos.

Nessa reunião foram enviados telegramas ao governador civil de Aveiro e ao ministro da Educação Nacional, agradecendo a recente criação do Instituto Comercial de Aveiro. Mas agora vão mais além: formulam o pedido da criação rápida de um Instituto Politécnico que sirva o distrito e a cidade em franco desenvolvimento económico.

Assim, todas as forças vivas da cidade e toda a cidade com aquelas juntam esforços para que as entidades respectivas se apercebam bem da potencialidade dum distrito que é o terceiro do País em quase todos os sectores da vida.

 


“O Primeiro de Janeiro” – 08/09/1971

 

NOTÍCIAS DE AVEIRO

Uma sugestão merecedora de aplauso

 

Com o desenvolvimento que vem tomando, com novos arruamentos na área tradicional da urbe oitocentista, cujos espaços vazios — ou ocupados por quintais de área relativamente grande, o que vem a significar o mesmo — com a ampliação do aro citadino, até subúrbios rurais sucessivamente incorporados na cidade em expansão, tem-se rasgado novas artérias. E, naturalmente, há que dar-lhes um nome. E, naturalmente, é necessário que esse nome mereça a consagração perpetuadora.

O patrono de uma rua ou praça, claramente, não se impõe por capricho ou debaixo de um cheque emocional de momento, amplificador de méritos, e que não deixa passar o tempo necessário para a sua objectiva e conveniente aferição. As consagrações toponímicas hão-de ser, inequivocamente, uma demonstração de preito, de admiração, respeito, simpatia e reconhecimento da comunidade inteira, e digamos, irrecusável e unânime.

As próprias homenagens a figuras nacionais com destaque na vida política, por muito sinceras e determinativas dos entusiasmos de veneração de quem as promove, não entram no sentimento colectivo. Para uma parcialidade constituem um indeclinável dever; para os da «mó-de-baixo», ficam atravessados na garganta e custam a engolir como «marmeIos-crus». E, por isso, vêm, muitas vezes, a ser sujeitas à antipática rotação dos alcatruzes...

Vêm estas considerações a propósito de uma sugestão agora apresentada pelo antigo professor do liceu e da Escola Técnica, Agostinho de Sousa, em carta enviada aos organizadores da magna e luzida primeira reunião dos que há menos de um quarto de século frequentaram o segundo dos referidos estabelecimentos de ensino.

Agostinho de Sousa, um quase octogenário, que mantém invejável frescura intelectual e invulgar vigor físico, lembrou o antigo professor e director da Escola — Escola de Desenho Industrial primeiro; e a seguir Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira — o tão simpático e prestimoso aveirense Francisco Augusto da Silva Rocha, para ser insculpido nas lápidas nominativas de (uma qualquer condigna artéria da urbe aveirense. Parece-nos digna do mais franco aplauso a lembrança do Sr. prof. Agostinho de Sousa, goês indefectível, mas sempre e tão atentamente preso a Aveiro, sua segunda pátria-pequena.

Silva Rocha foi Silva Rocha foi uma notabilíssima figura aveirense. Profundamente dedicado à sua terra, prestou-lhe serviços em diversos sectores. Foi camarista (quer dizer, vereador municipal, e vigilante e solícito, nesse período que o Dr. Lourenço Peixinho tornou histórico na urbanização aveirense); mesário da Misericórdia, membro de concessões cívicas, elemento de atracção à sua terra de artistas dos maiores que o nosso país tem; e homem que por magnanimidade de espírito sempre procurou consagrar, ser um elo de união, sempre que se esboçassem as desavenças.

Deixou trabalhos arquitectónicos, mais ou menos felizes no significado estético, mas, navegando ao sabor do dominante corrente da chamada «arte-nova» — de que não se afastaria, com uma pessoalíssima marca, que os torna inconfundíveis. Nas horas feriadas, com maior ou menor êxito, ensaiou a pintura. Deu, por vezes, colaboração à Imprensa periódica local — a última, já dobrados os noventa anos, para se associar à comemoração do centenário do benemérito aveirógrafo Marques Gomes.

Mas acima de tudo, com uma dedicação extrema e uma constância sempre atenta e solicita, um esforço sem desânimo nem cansaço, que se arrastou por largas dezenas de anos, para alcançar a promoção dentro dos planos de estudo mais modernos para a «sua» Escola — e nunca este «sua» terá um tão justo significado — ele foi o prestante, prestigiado e prestigiante director da Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira — de uma escola que até tinham um nome para a distinguir e para honrar.

Não sabemos de quem tão íntima e inteiramente se confundisse com uma escola. Aliás,

acompanhara-lhe os passos, amparara-lhos e orientara-lhos desde o início; e, valendo-se das suas relações pessoais e amizades, sobre o patrocínio de amigos — alguns aveirenses, como Homem Cristo, que à Escola dedicou a mais carinhosa atenção — trouxe as mais úteis boas vontades para as sucessivas fases de actualização e desenvolvimento da Escola Técnica Aveirense.

Silva Rocha foi mestre respeitado. Mais que respeitado, estimado unanimemente. Numa longa fase de Aveiro, foi um pioneiro e um paladino do ensino técnico. Poderemos considerá-lo como um dos «bandeirantes» do desbravamento de um futuro que apenas se prenunciava. Merece, pois, sem a menor hesitação, a homenagem menusatura que foi sugerida.

E a Câmara Municipal não deixará, de certo, de justamente acrescentar o nome do venerando mestre ao das várias figuras aveirenses, que tenciona consagrar na toponímia local.

 


“O Primeiro de Janeiro” — 08/09/1971

 

AINDA A REUNIÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DA ESCOLA FERNANDO CALDEIRA

 

Conforme pormenorizadamente noticiámos, realizou-se no passado domingo, nesta cidade, uma jornada de confraternização de antigos professores e alunos da Escola Industrial e Comercial de Fernando Caldeira, que a frequentaram até ao ano de 1946, num total de 170 pessoas.

Quiseram os participantes que, para além da reunião de amizade, de saudade e de companheirismo, algo mais fosse encontrado e reclamado para dar a Aveiro. Tanto o Sr. Dr. Sebastião Dias Marques, como o Sr. Carlos Manuel Gamelas, antigos alunos daquele saudoso estabelecimento de ensino que serviu tantas e tantas gerações aveirenses — manifestaram o alto interesse e a necessidade premente de se dar à cidade o tão ansiado Instituto Politécnico, complemento directo da secção agora surgida do Instituto Comercial do Porto.

Foram propostos e aprovados dois telegramas a enviar ao ministro da Educação Nacional e ao chefe do distrito, nesse sentido, a que nos referimos na devida altura e que hoje temos a oportunidade de transcrever. O primeiro, dirigido ao ministro Veiga Simão, é do seguinte teor:

«Centenas alunos frequentaram Escola Industrial Comercial Fernando Caldeira Aveiro desde a sua fundação até há um quarto de século, reunidos último domingo nesta cidade, saúdam respeitosamente Vossa Excelência e agradecem empenho já posto definitiva criação Instituto Comercial Aveiro, esperando confiadamente diligências oportuna criação ansiado Instituto Politécnico utilíssimo região aveirense presentemente franco progresso económico.»

O segundo telegrama, enviado ao governador civil de Aveiro, dizia:

«Antigos alunos Escola Industrial e Comercial Fernando Caldeira reunidos último domingo cumprimentam respeitosamente chefe distrito e aveirense Dr. Vale Guimarães esperando confiadamente continuidade empenho junto ilustre ministro Educação Nacional a quem acabam telegrafar criação ansiado Instituto Politécnico.»

 

- "Primeiro de Janeiro" 02/08/1971
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- "Comércio do Porto” — 07/09/1971

- “Comércio do Porto” – 08/09/1971
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O Primeiro de Janeiro” – 08/09/1971
- “O Primeiro de Janeiro” — 08/09/1971
- “Jornal de Notícias" –
10/09/1971
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Lutador” – Aveiro, 10/9/1971
- Correio do Vouga" – Aveiro, 10/9/1971
- "Litoral"
11/09/1971
 

Colaboração
Artur Casimiro da Silva

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19-06-2018