A POSIÇÃO
estratégica, chave do acesso a Coimbra e do domínio do fértil
vale do Mondego, justifica a importância militar de
Montemor-o-Velho e as cruéis devastações que sofreu. Há vestígios
de os romanos aqui se terem implantado, e os árabes
chamaram-lhe Munt Mahur.
D. Afonso III
atribui-lhe foral e D. Manuel dá-lhe maior autonomia
administrativa e jurídica. A vila antiga, essa, cresceu para
fora das muralhas, mas morreu no seu interior.
Montemor-o-Velho
é uma urbe composta de ruas cheias de recantos e de pormenores
arquitectónicos a descobrir. Pode-se começar o passeio pelo
Largo Diogo de Azambuja, onde se localiza um dos mais imponentes
monumentos da vila, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos
(1515). Tem capelas e claustros renascentistas, janelas e torre
ao gosto manuelino. A Fonte dos Anjos, que inicia a Rua António
Correia de Andrade, é de estilo manuelino (séc. XVII), com
arco semicircular encimado pelo escudo da vila. Seguindo em
frente, até à Rua Dr. José Galvão, encontramos a primeira
das três capelas da Procissão dos Passos. Como as restantes,
apresenta um arco pouco profundo, decorado com pinturas etnográficas.
A rua dá para a Praça da República, com o seu café central,
o edifício da Câmara Municipal, neomanuelino, e a Santa Casa
da Misericórdia. Aqui funcionou o primeiro hospital da vila.
Data do séc. XVII, aquando das reformas hospitalares de D.
Manuel. A porta principal é ladeada por dois nichos, de um lado
a imagem de Nossa Senhora da Piedade, do outro uma Pietá.
Descendo, à
esquerda, a Rua Tenente Valadim, encontra-se na primeira esquina
uma casa reconstruída com uma magnífica carantonha esculpida
na parede e a imagem de Santo António. Podem-se apreciar, ainda,
uma mísula e quatro cachorros decorados. Na mesma rua, no n.º
30, fica o Solar dos Pinas, com elegante portal da segunda
metade do séc. XVIII.
Subindo a
primeira ruela do lado direito, chega-se ao Largo do Paço, onde
ficam a segunda Capela dos Passos e algumas casas nobres, com as
tradicionais janelas de avental, à espera de recuperação. Subindo-se
a Rua Conselheiro D. João de Alarcão até ao Largo Alves de
Sousa, pode-se apreciar o cruzeiro
(séc. XVI) e a última Capela dos Passos.
Continuando o
percurso, depara-se com a Igreja de S. Martinho, templo gótico de
uma só nave, data do séc. XII. Nova subida, agora pela Rua
Direita do Castelo — onde se conjugam as casas aristocráticas
com as de cariz mais popular —, e é chegado, finalmente, o
momento da visita ao castelo, de onde se dominam, a perder de
vista, os campos do Mondego. Para norte, fica o paul de
Quinhendros ou do Taipal, área frequentada por numerosas aves.
No interior
das muralhas, encontram-se vestígios da Capela de Santo António
e do Abade João. Em estado de ruína encontra-se também a
Igreja de Santa Maria Madalena, do séc. XV. Melhor conservada
está a Igreja de Santa Maria de Alcáçova (1090). As intervenções
que sofreu deram-lhe características manuelinas e
renascentistas. Destacam-se os retábulos dos sécs. XII e XVII.
A descida pode
fazer-se através das ruas mais típicas, não esquecendo uma
passagem pela Igreja da Misericórdia (séc. XVI),
com um portal de arco entre pilastras jónicas e decoração de
João de Ruão. Situa-se na Avenida José de Nápoles, tal como
a Capela de S. Sebastião, de estilo renascentista. Segue-se o
cruzeiro (séc. XVI), com coluna dórica canelada. Chega-se,
finalmente, ao Largo da Feira, onde se realiza um mercado
quinzenal.
Terminado o
passeio, é tempo de saborear as espigas doces, pastéis típicos
de Montemor. Se a fome apertar, pode-se optar pelo restaurante
mais característico da vila, o Ramalhão, famoso pela
caldeirada de peixe e pelo ensopado de enguias.
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