Acesso ao índice geral

Helena Maria Ferreira Pinto Ramos, A Comunicação Interna. Estudo de Caso no C.E.T., 1997.

Capítulo 4 - Conclusões


Este trabalho, no qual se avaliou a situação da comunicação interna no C.E.T., abrangeu a totalidade dos recursos humanos da organização num total de 232 pessoas. A dimensão da amostra (70,3% para os trabalhadores e 83% para as chefias) é bastante importante pois quase atinge o universo das chefias e dos trabalhadores. Desta forma, podemos extrapolar as conclusões tiradas para a totalidade do universo.

Procuraremos fornecer uma condensação de tudo quanto foi apresentado e analisado no capítulo anterior, apresentando as nossas conclusões ordenadas segundo a abordagem dos três aspectos que nos propusemos analisar, surgindo, neste rumo, em primeiro lugar as conclusões relacionadas com os instrumentos de comunicação, em segundo, a análise concernente ao conteúdo das informações e, em terceiro lugar, as conclusões relacionadas com a forma da comunicação.

Nas conclusões às perguntas efectuadas, aos trabalhadores e às chefias, directamente comparáveis, fazemos a comparação metódica de opiniões entre estes dois níveis hierárquicos para facilitar a percepção de ambas as partes. Por último, apresentamos, segundo a mesma ordem de abordagem, os resultados das perguntas efectuadas em entrevista, ao Director Central e ao Director Central Adjunto que são directamente comparáveis a algumas perguntas dos inquéritos efectuados.

Antes de iniciarmos as conclusões, queremos focar um aspecto, a título informativo, que pode ser relevante nos resultados obtidos. A variável do tempo em que os trabalhadores se encontram ao serviço do C.E.T. pode ser  um factor significativo a considerar na análise, dado que indicia a possibilidade de existirem diferentes níveis de conhecimento e de envolvimento das pessoas com a organização, o que poderá originar uma certa diversidade de respostas.

A partir dos resultados obtidos nos inquéritos apurou-se que, do conjunto dos instrumentos apresentados, verificamos que somente em relação a quatro (revista do C.E.T., manual do empregado, jornal/boletim interno e sistema de sugestões), os trabalhadores têm uma percepção correcta da sua inexistência, tendo referido dois (revista de imprensa e o videotexto) como se na realidade existissem. A grande maioria está consciente dessa inexistência; no entanto, comparando a percentagem de trabalhadores que considera os instrumentos de comunicação disponíveis no C.E.T. como inexistentes, com a percentagem daqueles que não respondem, verificamos que, no total, é uma percentagem bastante significativa, o que nos leva a pensar que este facto pode revelar o seu desconhecimento relativamente aos meios de comunicação efectivamente existentes.

Relativamente à periodicidade de utilização, verificamos que tanto os trabalhadores como as chefias têm a percepção que, na sua globalidade, os instrumentos são utilizados às vezes. Segundo a sua tipologia, verificamos que os meios escritos são os menos utilizados, principalmente os quadros informativos, opinião que é partilhada por ambas as partes. Quanto aos meios orais, as opiniões são divergentes, especificamente sobre as conversas informais, que os trabalhadores percebem como acontecendo às vezes, enquanto as chefias, contrariamente, têm a percepção de acontecer diariamente, reafirmando esta ideia ao indicarem este instrumento como o preferido para comunicar com os seus colaboradores directos. Das novas tecnologias da comunicação, o correio electrónico é entendido por ambas as partes como sendo utilizado diariamente. 

A opinião diverge relativamente à satisfação dos trabalhadores e das chefias em relação aos instrumentos existentes. As chefias consideram os três tipos (oral, escrito e as novas tecnologias), no geral, satisfatórios. No entanto, menos de metade dos trabalhadores considera os meios orais satisfatórios, os meios escritos menos satisfatórios e as novas tecnologias da comunicação ainda menos satisfatórias que os meios escritos. Comparando os dados do quadro 15 com os elementos do gráfico 25, verificamos que, embora os instrumentos sejam apontados como satisfatórios pelas chefias, consideram-nos que não estão totalmente adequados às informações que veiculam.

Mediante os dados apresentados, em que a opinião dos trabalhadores se divide entre um parecer favorável e desfavorável, somos levados a pensar que os instrumentos existentes poderiam eventualmente ser melhorados.

A nossa  leitura  sobre os  recursos que deviam ser mais desenvolvidos, leva-nos a pensar que alguns podem apresentar certas dificuldades na transmissão de informação, pelo que sugerimos que devam ser analisados no sentido de serem mais adequados às necessidades. O instrumento a que os trabalhadores e as chefias atribuem maior importância são as reuniões por departamento e o correio electrónico. As chefias indicam ainda as reuniões com a Direcção, as conversas formais individuais, as reuniões de informação profissional e as brochuras/folhetos como os recursos a desenvolver prioritariamente.

Quanto aos instrumentos de comunicação a implementar, trabalhadores e chefias concordam que o jornal/boletim do C.E.T. e o sistema de sugestões/reclamações devem ser implementados no sistema de comunicação interna. Os trabalhadores indicam, ainda, que gostariam que existisse no C.E.T. um manual de integração. Ambos demonstram que gostariam de participar mais na vida da organização através da implementação destes recursos. Sabendo-se que se fazem reuniões ao nível dos departamentos, é de notar que algumas pessoas indicam estas reuniões como instrumento a implementar, o que nos leva a pensar que elas não são extensivas a todos os trabalhadores dos departamentos.

Comparando o quadro 4 e o gráfico 5 verificamos existirem instrumentos no sistema de comunicação que devem ser desenvolvidos e a necessidade de implementação de outros, o que é um facto muito importante.

Relativamente à regularidade com que os trabalhadores recorrem à informação escrita, verificamos que, apesar de uma  percentagem elevada afirmar que lê sempre a informação veiculada nos meios de comunicação escrita apresentados, a percentagem total dos trabalhadores que afirma nunca ler ou raramente ler é bastante significativa no total das respostas, o que nos permite concluir que os trabalhadores não recorrem frequentemente aos veículos de comunicação escrita para obter informação. Comparando os resultados obtidos no gráfico 7 com os do quadro 3, podemos inferir que essa reduzida frequência de utilização pode dever-se ao facto destes instrumentos não serem satisfatórios, o que confirma a nossa percepção de que devem ser alterados.

Inquiridas sobre os instrumentos da sua preferência para comunicar com os seus colaboradores directos, as chefias indicam, quase na totalidade, a utilização da comunicação informal. De todos os meios de comunicação formal apresentados, preferem o correio electrónico e as reuniões (reuniões de informação profissional e reuniões de departamento) para transmitir informações.

A grande maioria das chefias diz que a comunicação que estabelece com a Direcção de topo se processa, principalmente, através dos relatórios de desenvolvimento de actividades, sendo também bastante utilizadas as conversas informais para transmitir informações à Direcção. As reuniões da Direcção com os departamentos e as conversas formais individuais são pouco utilizadas.

Na tentativa de averiguarmos os veículos utilizados na transmissão da missão, objectivos, métodos e intenções da organização aos seus colaboradores, verificámos que os discursos dos Directores de topo e os documentos internos são os veículos utilizados. Os discursos dos directores das Áreas Funcionais, dos Blocos funcionais e as publicações internas não são percebidos para esse fim por cerca de metade das chefias. As publicações externas e as novas tecnologias da comunicação são entendidas como pouco positivas para esse fim.

Passando à análise do conteúdo da comunicação, começamos por concluir que os assuntos com mais interesse para os trabalhadores, sobre os quais desejam estar sempre informados, são, por ordem decrescente de importância, os objectivos do trabalho individual, as directivas da P.T., os produtos/serviços/projectos desenvolvidos no C.E.T., as informações sobre a actividade da P.T., a contribuição individual para os objectivos do C.E.T., as orientações do C.E.T. e o papel e resultados do departamento de cada trabalhador. Estes dados permitem-nos concluir que a comunicação com os trabalhadores deve abordar, pelo menos, estes assuntos, divulgando-os permanentemente a toda a gente. No entanto, para além dos assuntos referidos anteriormente, os trabalhadores gostariam de ter informações sobre vários outros aspectos, principalmente sobre os trabalhos realizados no C.E.T., o quadro de vencimentos e a atribuição de incentivos.

Pode-se ainda verificar que os trabalhadores sentem necessidade de um forte reconhecimento individual das suas realizações, não só no plano pessoal, mas essencialmente passando pela divulgação dentro da Empresa, valorizando-se, desta forma, a sua auto-estima.

Comparando a opinião das chefias com a dos trabalhadores, concluímos que os assuntos não têm a mesma importância para ambas as partes. As chefias mostram como principal preocupação a transmissão de informações sobre as orientações da Direcção do C.E.T. e sobre os seus objectivos e resultados. As chefias têm a principal preocupação de divulgar alguns assuntos específicos  sobre a própria organização, ou seja, comunicar assuntos sobre os quais têm uma actividade directa.

Daqui podemos então concluir que há necessidade de haver uma maior e melhor divulgação de outros tipos de informação, para que as pessoas estivessem informadas sobre todos os assuntos do seu interesse e que, efectivamente, estão directa ou indirectamente relacionados com a organização e com os trabalhadores.

Relativamente ao grau de satisfação acerca das informações divulgadas, a grande maioria dos trabalhadores considera o conteúdo das informações pouco satisfatório.

Comparativamente, podemos deduzir que a opinião das chefias se divide quase equitativamente entre satisfatória e pouco satisfatória, enquanto a opinião dos trabalhadores é significativamente mais desfavorável, com uma percentagem elevada que considera as informações divulgadas insatisfatórias. Esta análise permite-nos inferir que a informação sobre os objectivos anuais e resultados do C.E.T. é a mais divulgada na organização, enquanto outros assuntos, entre vários indicados pelos trabalhadores e, em particular sobre as possibilidades de evolução profissional, quase não são abordados nos diferentes meios.

Isto leva-nos a reflectir sobre o facto da satisfação dos trabalhadores relativamente à informação técnica e de âmbito geral poder estar relacionada com uma ampla divulgação das mesmas, sendo possivelmente considerada pela Direcção a mais importante para o desempenho profissional dos empregados.

A análise da opinião dos trabalhadores sobre a quantidade e o conteúdo da informação divulgada permite concluir que existe uma grande quantidade de informação, mas, leva-nos a questionar  se os conteúdos não estarão inadaptados aos interesses dos trabalhadores.

Pensamos que a informação a divulgar deveria ser seleccionada e organizada segundo a sua tipologia e áreas técnicas de interesse. A informação de âmbito geral deveria ser divulgada à generalidade dos trabalhadores e a informação técnica deveria ter um tratamento diferenciado consoante o público a que se destina.

Para verificarmos o conhecimento que os trabalhadores têm da missão, objectivos gerais e específicos do C.E.T., analisámos os gráficos 9, 10 e 11 conjuntamente. Comparando os dados obtidos, verificamos que as respostas são divergentes. Apesar de uma grande parte saber qual a missão do C.E.T., a percentagem dos trabalhadores que não conhece a missão e os objectivos do C.E.T. é bastante significativa. Na nossa opinião, para que os empregados se sintam motivados de forma a orientar os seus objectivos pessoais de acordo com os objectivos da empresa têm de ter um conhecimento total dos mesmos. A missão pode servir para comunicar a visão estratégica da organização, os seus objectivos para o futuro, e pode incluir aspectos como a atitude da empresa no mercado e os valores por que se guia. A importância que tem na comunicação com os empregados, pela influência comportamental que pode assumir junto das pessoas, faz com que a sua divulgação seja um aspecto a melhorar na comunicação interna do C.E.T..

Relativamente às informações que as chefias transmitem habitualmente à Direcção de topo, verificamos que se centram especialmente na divulgação da evolução dos trabalhos/projectos e sobre o desempenho do grupo, porque provavelmente, é a informação que lhes permite fundamentar alguns critérios para alterações remuneratórias. As restantes informações são genericamente transmitidas, sendo significativo que mais de metade das chefias não transmite informações sobre o clima social. Devido ao papel que desempenham no processo de transmissão da informação, pensamos que as chefias directas deveriam ter a percepção do ambiente social e fazê-la chegar à Direcção.

Numa abordagem global, para verificação das respostas fornecidas anteriormente, perguntámos qual a opinião sobre a comunicação interna. A opinião dos trabalhadores divide-se entre o positivo e o negativo, o que indica que, em certos departamentos, deve existir mais comunicação do que noutros. Apesar de tudo, as chefias consideram que a comunicação interna se situa entre suficiente e boa.

Passando seguidamente à análise quanto à forma de divulgação das informações, verificamos que existem aspectos comuns à opinião dos trabalhadores e das chefias. É partilhada a opinião de que existe retenção de informação, que está inadaptada às necessidades dos trabalhadores, que a informação não é deformada, mas é insuficientemente explicada e discutida com a hierarquia, não sendo por isso bem compreendida. Completamente em desacordo relativamente às chefias, os trabalhadores referem que a informação chega muito tarde.

Isto permite questionar que, se houver alterações no modo como os instrumentos são utilizados, a comunicação pode melhorar, isto é, se por uma lado, os instrumentos forem melhorados no sentido de os adequar aos objectivos, às mensagens a transmitir e aos receptores e, por outro, houver uma utilização efectiva desses recursos (uma comunicação efectiva nos dois sentidos) a comunicação pode processar-se de uma forma mais eficaz.

Comparando os resultados obtidos pela percepção das chefias e dos trabalhadores quanto à forma de comunicação, concluímos que, apesar de existirem alguns aspectos divergentes, a opinião geral é de que a forma como a comunicação interna se estabelece no C.E.T. deveria eventualmente ser trabalhada.

Apresentadas algumas características sobre a comunicação, verificamos que a opinião geral dos trabalhadores indica estarem mal informados, que os boatos são a informação que circula melhor dentro da empresa, que a informação ascendente é má, a informação ascendente e descendente ao nível das chefias é insuficiente e que não há circulação de informação, embora cada um tenha a percepção de que, por si só, sabe onde ir buscar a informação e como fazê-la chegar aos outros. As chefias concordam que as informações entre os níveis hierárquicos são insuficientes, que não dispõem de toda a informação; mas, quando a têm, comunicam-na, porque têm a noção que desempenham um papel fundamental no processo de comunicação. As características que verificamos existirem na forma de transmissão da informação podem concorrer para uma deturpação das informações, provocando falhas na comunicação e no relacionamento entre os trabalhadores. Estes factores podem gerar um clima de instabilidade e insegurança entre eles.

Comparando os resultados obtidos acerca da percepção das chefias e dos trabalhadores quanto à forma de comunicação. Concluímos que, apesar de existirem alguns aspectos divergentes, a opinião geral é de que a forma como a comunicação interna se estabelece no C.E.T. deveria eventualmente ser trabalhada.

As sugestões apresentadas pelos trabalhadores para melhorar a forma de comunicação fazem alusão, principalmente, a uma comunicação bidireccional (ascendente e descendente) mais efectiva, a um aumento da rapidez de informação e ao desenvolvimento do sentimento de confiança na Direcção e nos canais de comunicação, evitando a retenção das informações ao nível das chefias. Relativamente ao conteúdo, as principais sugestões dizem respeito à divulgação das decisões da Direcção acerca dos assuntos relacionados com o C.E.T., com a P.T. e com as Telecomunicações. Sugerem como principais instrumentos, as reuniões, o correio electrónico e os quadros informativos.

Os comentários que os trabalhadores fazem à situação actual da comunicação no sentido de a melhorar referem-se à necessidade de transparência da comunicação, à necessidade de uma mudança de mentalidade relativamente às fontes detentoras da informação, traduzindo-se num maior empenho e aumento das melhorias que se têm vindo a verificar ultimamente.

Comparativamente, podemos inferir existirem atitudes consentâneas entre os trabalhadores e as chefias no atinente às mudanças que importa introduzir na comunicação interna do C.E.T., tanto em relação à forma como ao conteúdo e aos instrumentos que constituem o sistema de comunicação. O aspecto mais enfatizado pelos trabalhadores, no geral, é o facto da comunicação da Direcção dever ser mais transparente, efectuando-se efectivamente tanto no sentido ascendente como descendente, de forma a desenvolver o sentimento de confiança das pessoas. O aspecto a que as chefias deram maior ênfase diz respeito ao estabelecimento de estratégias e implementação de acções de comunicação, no sentido de organizar as informações, melhorar a forma da sua transmissão, adoptando, para isso, uma atitude de gestão descentralizada e desburocratizada que sensibilize e responsabilize os trabalhadores, tendo que haver, também pela sua parte, o desenvolvimento de uma atitude e postura de comportamento correspondente.

Relativamente à forma de divulgação de informação, os trabalhadores indicam como principais factores de insatisfação, essencialmente, a retenção da informação, o facto de ser insuficiente ou incompleta e a informação transmitida não ser suficientemente explicada e discutida com as chefias.

As sugestões que apresentam para reduzir ou eliminar essa insatisfação demonstram a percepção que têm da comunicação e podem ser bons indicadores para uma eventual análise das alterações a efectuar. A criação de mecanismos de controlo na transmissão da informação, uma melhor utilização dos meios de comunicação disponíveis e a implementação de outros, o estabelecimento de uma comunicação multidireccional e o desenvolvimento de espírito de grupo foram as principais acções ou estratégias sugeridas, entre outras. Relativamente à categoria dos instrumentos, sugerem principalmente, a realização de reuniões com intervenientes de vários níveis hierárquicos e a utilização do correio electrónico.

Neste parâmetro de avaliação da comunicação, reforçam a opinião anteriormente demonstrada, de que os princípios de objectividade, transparência e reciprocidade devem ser os fundamentos em que deve assentar a comunicação interna.

Em relação à percepção que os trabalhadores têm do próprio local de trabalho, concluímos que a comunicação que se estabelece a um nível mais restrito, no grupo de trabalho ou no departamento, assim como com a chefia directa, varia entre boa e excelente. A comunicação que os trabalhadores estabelecem com os outros departamentos varia entre  suficiente e boa. São, no entanto, elevadas as percentagens de trabalhadores que consideram a comunicação insuficiente a estes dois níveis. Contrariamente, no parecer da Direcção, a comunicação varia entre o suficiente e insuficiente.

 Os resultados levam-nos a pensar que a comunicação com os outros sectores e com a Direcção talvez devesse ser melhorada, de forma a permitir um melhor conhecimento e uma compreensão mútua.

A opinião dos trabalhadores sobre a forma como se sentem informados sobre a organização a que pertencem divide-se entre um grupo de pessoas que se sente suficientemente informado e outro que se sente insuficientemente informado. A percentagem dos trabalhadores que se sente insuficientemente informada é muito significativa, sendo ainda superior à percentagem dos que se consideram informados. Estes dados indicam uma situação pouco favorável que devia ser considerada pelos elementos do C.E.T., partindo para uma análise aos motivos que estão na sua origem.

No que diz respeito aos meios e actividades de motivação e integração dos trabalhadores, a opinião das chefias divide-se entre satisfatória, pouco satisfatória ou inexistente. Concluímos que estas actividades são muito incipientes, não existindo no sistema de integração e envolvimento do C.E.T. um determinado número de actividades que certamente iriam contribuir para um maior envolvimento dos colaboradores com a organização. Em relação à participação das chefias nas actividades existentes, é relevante a sua participação em cursos de formação em áreas não tecnológicas, o que pode indiciar uma determinada sensibilização dos responsáveis hierárquicos para as áreas da liderança, comunicação e relacionamento interpessoal. Nas actividades mais vulgarizadas, nomeadamente nas festividades anuais, confraternizações do C.E.T., nos convívios por departamento e almoços, existe uma participação relativa das chefias; no entanto, nas actividades apresentadas que obrigam a uma determinada organização há uma menor participação das chefias. Aquelas que deveriam partir do empenhamento dos trabalhadores não existem. Os resultados fazem-nos pensar que talvez devesse haver um maior envolvimento dos responsáveis com o seu grupo, para aumentar o nível de motivação e integração dos trabalhadores.

Para sabermos qual o processo utilizado pelas chefias na recolha da informação ascendente, inquirimo-las sobre este assunto e verificámos que, genericamente, as chefias recolhem as opiniões dos trabalhadores nas situações previstas. A situação mais comum é quando o chefe se dirige directamente ao trabalhador no local de trabalho e quando o próprio trabalhador se dirige directamente ao chefe. A grande maioria das chefias é da opinião que a informação ascendente devia ter um tratamento sistemático e exaustivo, o que nos permite concluir que este factor é muito importante e que, provavelmente, poderia ser melhorado.

A opinião das chefias acerca de algumas afirmações apresentadas sobre a comunicação no C.E.T. demonstra uma grande divergência de respostas, partindo da análise global do quadro apresentado em relação às análises individuais que são feitas. As chefias consideram que não existe motivação nem animação da comunicação; mas, por um lado, as opiniões dividem-se em relação à comunicação interna favorecer a circulação de informação, em que a grande maioria considera que os trabalhadores não estão devidamente informados; por outro lado, a grande maioria considera que tem havido esforços para melhorar os problemas internos, realizando acções de comunicação com os trabalhadores, dividindo-se quanto à suficiência da informação existente.

Relativamente à importância dos objectivos apresentados no concernente à política de comunicação do C.E.T., as chefias são da opinião que estes três objectivos são bastante importantes: a difusão de informação pertinente, que permita a cada um compreender a empresa, adaptar-se permanentemente às eventualidade, ser autónomo e eficaz no posto de trabalho; a troca de opiniões, o enriquecimento recíproco, a coordenação e a interactividade entre pessoas; e a adesão a uma ambição, valores e objectivos comuns. Salienta-se todavia, a troca de opiniões como sendo o objectivo mais importante da política de comunicação interna.

As chefias consideram que, contudo, o objectivo mais importante para o C.E.T. deveria ser a adesão a uma ambição, a valores e objectivos comuns com vista à solidariedade de todos.

A opinião dos trabalhadores e das chefias sobre o inquérito realizado é coincidente, tendo sido considerado por ambas as partes bem concebido, sendo, contudo, relevado pelas chefias o facto de ser demasiado extenso, enquanto os trabalhadores sublinham o facto de permitir identificar alguns pontos fracos existentes na comunicação interna, que devem ser melhorados.

Relativamente às entidades a que os trabalhadores recorrem para obter informações, os dados obtidos permitem-nos concluir que a chefia directa (B.F.) tem um papel muito importante na transmissão de informação aos trabalhadores. Os secretariados são a segunda grande fonte de informação e o responsável pela área funcional encontra-se em terceiro lugar. A biblioteca que existe na empresa foi inserida no item “outras fontes” por ter um reduzido número de referências, o que nos permite concluir que tem um papel pouco relevante como fonte de informação na comunicação interna.

No tocante à Direcção de topo, concluímos que talvez devesse ter um papel mais activo como fonte de informação sobre determinados assuntos, nomeadamente os assuntos de gestão, assuntos relacionados com o C.E.T e assuntos relacionados com a P.T.. Na nossa opinião, a comunicação da Direcção com os seus colaboradores talvez devesse  ser mais desenvolvida, demonstrando o seu interesse, não só em comunicar com eles, como também pelos seus problemas.

A opinião das chefias sobre a imagem que os trabalhadores têm do C.E.T. divide-se, contraditoriamente, em dois grupos - os que consideram que o conceito dos trabalhadores sobre o C.E.T. coincide com a imagem que a organização quer transmitir e aqueles que consideram que não coincide. Estes dados fazem crer que cerca de metade dos trabalhadores pode transmitir uma imagem do C.E.T. menos favorável. A percepção sobre o conceito que os trabalhadores têm é de que existe um empenhamento activo de todas as pessoas do departamento para responder às solicitações da P.T., uma correcta percepção da importância do papel do C.E.T na P.T. e um conceito positivo do departamento e do C.E.T.. De uma maneira geral, as respostas apresentam uma percepção das chefias que apontam para uma imagem positiva em relação ao ambiente e às condições de trabalho existentes na organização.

Querendo obter a opinião das chefias em relação à implementação de um plano de comunicação, verificamos que a  grande maioria considera que deve ser desenvolvido um plano de comunicação, podendo admitir-se que consideram incipiente o plano existente. Quanto aos principais objectivos a estabelecer para esse plano, consideram que os que levam à melhoria do relacionamento estão em primeiro lugar, seguidos de objectivos relacionados com o conteúdo das comunicações, sendo os meios de comunicação a utilizar no plano objectivos menores. Relativamente à categoria do relacionamento, consideram como principais objectivos: informar com transparência, clareza e rigor; implementar o espírito de grupo. A transmissão da missão, dos objectivos e das informações gerais sobre o C.E.T.; a divulgação dos exemplos de realizações de sucessos e dificuldades profissionais são os principais objectivos em termos de conteúdo.

Por último, seguem-se as conclusões das perguntas efectuadas em entrevista à Direcção de topo (D.C. e D.C.A.) e que são directamente comparáveis a algumas das perguntas dos inquéritos.

A Direcção de topo considera que os instrumentos de comunicação interna que existem no C.E.T. são suficientes, levantando a probabilidade de poderem ser demasiados; no entanto levanta a hipótese de alguns dos instrumentos existentes poderem ser melhorados. Quanto à implementação de outros recursos, a Direcção tem em elaboração uma publicação especificamente dirigida aos clientes dos projectos, que poderá ser também distribuída aos empregados, não prevendo a implementação de outros, nomeadamente uma publicação interna e um sistema de recolha de sugestões/reclamações. Na sua opinião, a comunicação oral é notoriamente o meio mais utilizado com os empregados.

As medidas adoptadas pela Direcção para fazer a verificação da transmissão das informações e do clima social aos diferentes níveis hierárquicos, restringem-se a visitas pessoais aos departamentos, a um constante ‘estado de alerta a sinais’ que chegam quer  através dos relatórios de desenvolvimento de actividades quer na reunião semanal geral e através de conversas informais. Formalmente não implementou nenhum mecanismo de verificação porque considera que seria gerador de um clima de desconfiança as pessoas. 

A Direcção de topo parte do princípio que devem ser os responsáveis hierárquicos os transmissores da informação e que, apesar de existirem no C.E.T. as condições e os mecanismos para haver uma comunicação eficaz, a motivação das pessoas é mais importante que a existência desses mecanismos. Segundo este princípio, considera que a motivação e a criação do espírito de grupo são as principais medidas a adoptar para melhorar a comunicação  interna, o que, na sua opinião é possível através da formação em comunicação e pela generalização desse espírito de grupo com base nos valores humanos e na valorização profissional.

Relativamente ao conteúdo, considera que divulga toda a informação necessária aos seus colaboradores, considerando-a, por isso, suficiente e satisfatória.

Não obstante a opinião expressa, tem a percepção que, em certos momentos, ela é menos satisfatória, podendo ser insuficiente, pouco objectiva, não ser divulgada atempadamente e eventualmente sofrer alguma retenção, o que considera não ser intencional, mas dever-se a outros factores externos. A opinião global sobre a comunicação existente é que, na prática, o modelo de comunicação tem alguns aspectos negativos mas que não são preocupantes. A Direcção considera a comunicação um aspecto especialmente problemático num Centro de Estudos, que se deve ao facto da constante pressão a que as pessoas estão sujeitas na apresentação de resultados imediatos; percebe que existem alguns estrangulamentos da comunicação formal, não existindo por parte da Direcção qualquer intencionalidade de reter ou deformar informação, acrescentando que os canais existem para esse efeito, embora nem sempre funcionem na prática.

A Direcção de topo refere que adopta alguns procedimentos formais para envolver e integrar as pessoas na organização, nomeadamente através da atribuição de recompensas salariais e através da descentralização e delegação de competências. Contudo, considera a concretização dos projectos que desenvolvem, em produtos ou serviços, o principal factor de motivação dos seus colaboradores.

Mediante a apresentação de alguns resultados menos positivos do inquérito, em relação a alguns aspectos, verificamos que relativamente ao facto dos trabalhadores se considerarem mal informados, a Direcção parte do princípio que esse não é um sentimento generalizado, uma vez que a informação se encontra disponível a todos; relativamente ao principal factor de insatisfação dos mesmos ser o facto de não conhecerem o contributo pessoal nos objectivos do C.E.T., a Direcção também considera um sentimento que não pode ser generalizado, não podendo, no entanto, estar dissociado do papel das chefias na divulgação das informações. 

Em relação à forma de comunicação, a Direcção demonstra uma atitude de transparência, procurando estabelecer uma comunicação diária com os responsáveis hierárquicos, mantendo-se ‘aberta’ a todos quantos a solicitem. Contudo, apesar de verificar que a comunicação se estabelece essencialmente no sentido descendente, reforça a ideia de que é maior a importância da disponibilização da informação do que propriamente a sua divulgação. Apesar desta disponibilização, detecta que existem alguns problemas de comunicação, principalmente nos níveis hierárquicos mais baixos, por não haver um efectivo acesso a todos os meios de comunicação. Para além deste facto, considera ainda existir uma certa renegação da informação recebida, originada por uma falta de sensibilização ou motivação para determinadas informações por parte dos receptores. Na sua opinião, considera ainda existirem diferentes velocidades de transmissão das informações que podem prejudicar a comunicação formal, apesar de afirmar que a comunicação informal é imparável. O principal obstáculo que a Direcção reconhece para uma comunicação eficaz é existir um certo adiamento na divulgação das informações, que atribui às prioridades que se vivem diariamente na organização.   

A Direcção tem a percepção que a imagem do C.E.T., junto dos seus colaboradores, é consensual, sabendo que a Direcção está atenta às suas comunicações, o que, na sua opinião se materializa no clima de comunicação informal diário que os envolve no ‘espírito do C.E.T’..

Página anterior  Índice  Página seguinte