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Helena Maria Ferreira Pinto Ramos, A Comunicação Interna. Estudo de Caso no C.E.T., 1997.

- Capítulo 2 -
A Comunicação Interna no C. E. T. - Objecto de Estudo e Metodologia do Trabalho:

 
1 - Enquadramento e Justificação do problema
2 - Objectivos
3 - Hipótese
4 - Delimitação do problema
5 - População e Amostra
6 - Metodologia Utilizada


6 - Metodologia Utilizada

A metodologia que adoptámos para a elaboração do nosso trabalho, teve como principal finalidade obter o máximo de informação possível sobre a situação da comunicação interna no C.E.T., que só seria possível pelos meios seguidos. Pretendemos fazer uma análise realista, tendo para isso seguido critérios com um certo rigor na elaboração, distribuição, recolha e tratamento de todos os dados.

Para obtenção dos elementos que permitiram responder a todas as questões formuladas, a metodologia que adoptámos foi de natureza  qualitativa e quantitativa, pretendendo-se dar mais ênfase à segunda. Como instrumentos de trabalho utilizámos a observação directa participante, o inquérito por questionário (acompanhado de carta de apresentação e nota introdutória do Director Central Adjunto) e a entrevista directa pessoal. Utilizámos ainda mapas e quadros onde fizemos registos de alguma informação obtida pela observação directa considerada relevante para a investigação, os quais serviram, igualmente, de base de trabalho para a criação dos instrumentos utilizados.

Para obtermos o parecer da Direcção de topo, optámos por fazer a recolha de dados através da entrevista directa estruturada, tendo sido elaborados para o efeito dois guiões, um para o Director Executivo (D.C.I.D./C.E.T.) e outro para o Director Adjunto (D.C.A.). Estas entrevistas foram tratadas recorrendo ao método de análise temática, uma vez que não pretendíamos uma análise exaustiva, das quais apresentamos, em Apêndice 10, a grelha de análise. Considerámos particularmente relevante entrevistar a pessoa que, durante muito tempo, foi responsável pela área operacional de toda a comunicação do C.E.T, apesar de, no momento, já não se encontrar a desempenhar as mesmas funções, o que resultou da última reestruturação da empresa, tendo sido também elaborado um guião para esta entrevista.

O instrumento utilizado para a recolha de dados junto das chefias (A.F.’s e B.F.’s) e junto dos trabalhadores em geral foi o inquérito por questionário.

O primeiro passo para a elaboração dos instrumentos de pesquisa consistiu em definir o tipo de informação que pretendíamos obter, que neste caso concreto, eram informações sobre a comunicação interna no C.E.T., na perspectiva dos trabalhadores, dos principais elementos na transmissão de informação e dos responsáveis pela política de comunicação. Em apêndice encontram-se exemplares de todos os instrumentos utilizados.

A divisão da população nas categorias “trabalhadores” e “chefias” obrigou à elaboração de dois questionários, com  algumas características específicas, sendo um dirigido a todos os trabalhadores que não têm funções de responsabilidade na Estrutura de Gestão do C.E.T., abrangendo as categorias “Quadros superiores”, “Quadros Técnicos”, “Administrativos” e “Outros”. O segundo questionário foi elaborado para a estrutura de Gestão, dirigindo-se aos trabalhadores do C.E.T. que têm funções de chefia, com responsabilidade de gestão de recursos humanos, logísticos e financeiros. Abrange os Directores das Áreas Funcionais (A.F.’s) e os Directores dos Blocos Funcionais (B.F.’s).

Partimos do princípio que esta divisão em categorias permitiria verificar como a comunicação se processa no sentido vertical (descendente e ascendente) e horizontal.

A nossa pesquisa seguiu um plano estruturado de questões, assente em três parâmetros, adoptados para a elaboração de todos os instrumentos de pesquisa, com base nos quais fizemos a análise dos dados obtidos:

1.     A forma de comunicação - transmissão das informações;

2.     Os instrumentos de comunicação - utilizados na veiculação das informações;

3.     O conteúdo da informação transmitida - tipologia da informação.

Os  questionários  foram  estruturados  segundo  um  plano  orientado por este tipo de abordagem, que previu algumas perguntas iguais, de comparação directa, (1,2,7,8,9,11,14,16,18,20, do questionário aos trabalhadores e 1,3,4,6,7,8,11,21,22,24 do questionário às chefias) e outras, especificamente dirigidas a cada caso. As perguntas são, na sua maior parte, fechadas e de classificação, sendo algumas abertas, possibilitando uma análise quantitativa e qualitativa das respostas. Encontram-se estruturadas segundo uma ordem de abordagem que parte do geral (C.E.T.) para o particular (indivíduo), referindo-se ao conhecimento, à experiência e às atitudes das pessoas, relativamente à percepção que têm da comunicação. Este critério foi adoptado em ambos os questionários, para que as resistências e as adesões criadas fossem as mesmas em ambos os casos.

As perguntas abordam a percepção e a opinião que os colaboradores têm da sua organização, das relações hierárquicas, da qualidade da comunicação e, em geral, as expectativas e sugestões para melhorar a comunicação.

Queremos ainda referir alguns critérios adoptados na estruturação dos questionários que julgámos convenientes para o êxito deste trabalho.

Questionários - a utilização de uma escala de graduação com muitos ítens, em algumas perguntas, deveu-se ao facto de tentarmos fazer a maior adequação possível do instrumento de trabalho à realidade do C.E.T.. Não incluímos o ítem “sem opinião” para não induzir  o inquirido a este tipo de resposta estereotipada.

A questão sobre os dados pessoais foi colocada no fim do questionário com a finalidade de deixar os inquiridos à vontade para responder às perguntas, sem se sentirem identificados. No questionário das chefias, por questões metodológicas de anonimato, a variável sexo foi excluída, devido ao facto de existir uma única chefia do sexo feminino.

Os quadros que agrupam os instrumentos de comunicação foram elaborados com o nosso prévio conhecimento de não existirem alguns desses recursos, que estão identificados, no C.E.T..  Deste modo pretendeu-se verificar , por um lado, a percepção das pessoas acerca dos recursos existentes, e por outro, fornecer algumas referências para as perguntas seguintes relacionadas com os instrumentos a implementar.

As perguntas número 4 e número 20 do questionário aos ‘trabalhadores’ foram sugeridas pela Direcção. A primeira com o objectivo de determinar as entidades a que os trabalhadores recorrem para obterem informações sobre assuntos técnicos, sobre assuntos de gestão, assuntos relacionados com o C.E.T., assuntos sobre o departamento, assuntos sobre a P.T. e assuntos de âmbito geral. A segunda, para possibilitar aos inquiridos a oportunidade de avaliar e dar a opinião sobre o nosso trabalho, para que estivessem receptivos ao inquérito e a outros trabalhos em que fosse necessária a sua colaboração. Esta questão permitiu ainda verificar a receptividade dos trabalhadores a este tipo de iniciativa como instrumento de pesquisa de opinião.

Na pergunta 4 do mesmo questionário, era possível indicar mais do que uma entidade para o mesmo assunto, o que nos levou a considerar para a nossa análise o total de referências, não tendo por base os 147 trabalhadores correspondentes aos 100% de respostas. Sendo assim, analisámos as referências feitas a  cada ítem.

As perguntas abertas, de ambos os questionários, tiveram um tratamento manual, tendo sido previamente lidas e divididas em categorias quantificáveis, que definimos através de uma análise qualitativa. Para a pergunta 12.1 do questionário aos ‘Trabalhadores’, considerámos as seguintes categorias: princípios e métodos de comunicação a adoptar; acções a desenvolver e instrumentos de comunicação a utilizar. A pergunta 17 deste questionário, surge no fim, permitindo uma reflexão a todas as questões colocadas anteriormente e o incentivo à resposta seguinte.

Para a pergunta 18 do mesmo questionário, considerámos dois grupos principais: o grupo dos comentários à situação actual da comunicação e o das sugestões e expectativas para melhorar a comunicação. Este último grupo subdivide-se em 3 categorias de indicadores, sendo a primeira quanto à forma, a segunda quanto ao conteúdo e a terceira quanto aos instrumentos de comunicação. Para a pergunta 22 do questionário às chefias considerámos quatro categorias: comentários, acções e estratégias a desenvolver, conteúdo e instrumentos.

Para a pergunta 20 e 24, respectivamente aos dois questionários, estabelecemos as duas categorias seguintes: opinião sobre a estrutura e a temática do questionário e opinião sobre o tipo de iniciativa.

Através dos dados  obtidos em ambos os questionários pretendemos comparar respostas relativas ao conhecimento/percepção, opinião e atitude das chefias e dos trabalhadores. Pretendemos verificar se são convergentes ou divergentes, se existem incoerências entre as atitudes das chefias relativamente à opinião que transmitem.

Fizemos uma análise dos dados que considerámos mais relevantes para a informação que queríamos obter para o nosso trabalho, não tendo sido analisados todos os registos percentuais. No entanto, para possibilitar uma análise mais exaustiva da organização, no caso de haver necessidade, apresentamos todos os dados obtidos nos gráficos e quadros.

Numa segunda fase, fizemos  o tratamento e a primeira análise dos dados recebidos. Foi uma fase de trabalho que começou a partir do momento em que foram recebidas as primeiras respostas aos inquéritos. À medida que foram chegando, foi-lhes atribuído um número de referência sendo separados em grupos de 20.

Fizemos a tabulação e codificação de todas as perguntas tendo, para isso sido elaboradas matrizes em acetatos, para facilitar a leitura dos dados e proceder à sua digitação. Como forma de tratamento rigoroso dos dados, foram utilizados dois programas informáticos para computador: o programa Statistical Package for Social Sciences (S.P.S.S.), para fazer a análise estatística e o programa Excel para elaborar quadros, mapas e gráficos que foram utilizados para a nossa análise e na apresentação de dados. Todos os dados foram introduzidos na primeira base de dados, trabalhados no Excel estando interligados por meio do sistema de “linkagem”, de modo que a alteração dos valores numéricos dos mapas de raiz automaticamente actualiza os valores dos mapas, gráficos ou quadros subsequentes, reduzindo a possibilidade de erro. No final, foram importados para o Word, apresentando para cada pergunta, um quadro ou gráfico, dependendo da quantidade de informação a visualizar, tornando mais fácil a leitura de toda a parte expositiva.

Este processo tornou-se mais trabalhoso e moroso do que estava previsto, devido a uma grande quantidade de informação a tratar.

Previamente à distribuição, fizemos um pré-teste a ambos os questionários, respectivamente a grupo de 12 trabalhadores e a três chefias, para verificar eventuais dificuldades de compreensão textual, conceptual e estrutural.

Distribuição e recolha - Os inquéritos foram distribuídos à totalidade da população (trabalhadores e chefias), por considerarmos, em primeiro lugar, que não era excessivamente numerosa e, em segundo lugar, por as nossas previsões não indicarem que as devoluções atingissem os 100%.

Adoptámos a mesma metodologia para a distribuição e recolha de ambos os questionários, sendo colocados em envelopes do correio interno e depositados nos secretariados de cada departamento, que os distribuíram aos trabalhadores e fizeram o primeiro controlo quantitativo, tendo posteriormente, sido efectuado por nós. Este controlo foi efectuado para permitir uma análise por departamento, o que não viemos a concretizar por falta de elementos que não foram revelados por questões de confidencialidade.

Os questionários não foram distribuídos simultaneamente, devido à morosidade do processo de revisão a que foram submetidos. O dos trabalhadores foi distribuído primeiro, no mês de Maio de 1996 e o das chefias, por se encontrar ainda em fase de elaboração,  foi distribuído em Junho.

A metodologia de recolha consistiu em cada pessoa depositar o seu envelope, fechado e sem qualquer identificação, nos respectivos secretariados, que nos enviaram dentro do prazo determinado, que, no entanto foi prorrogado por mais uma semana para salvaguardar eventuais atrasos. Observámos, curiosamente, que alguns questionários vieram perfeitamente identificados, tendo-nos sido directamente enviados via correio interno.

A distribuição do questionário aos trabalhadores do C.E.T. que se encontram nas instalações do I.T., tiveram que ser asseguradas pessoalmente por nós, tendo ficado no depósito do correio interno durante 5 dias, o que veio fazer com que estas pessoas não estivessem em igualdade de circunstâncias em relação aos restantes. Apesar disso, não houve da parte dos mesmos qualquer atraso na devolução.

Divulgação - Para que a nossa pesquisa tivesse êxito, tomámos algumas iniciativas para a sua divulgação. Em primeiro lugar, mediante a redacção de uma nota introdutória pelo D.C.A., que anexámos aos questionários; em segundo, através da sua divulgação na Reunião de Direcção e na Reunião da Rede Básica, a que presenciavam para além da direcção de topo, as chefias de nível médio, que fariam a divulgação a todos os seus trabalhadores. Quando faltavam dois dias para a data limite, foram enviadas mensagens por correio electrónico a todos os trabalhadores alertando para esse facto. Todas estas fases de divulgação seguidas pretenderam obter a maior colaboração e credibilidade possíveis.

Acompanhamento - Durante a semana seguinte à distribuição do primeiro questionário, visitámos todos os departamentos do C.E.T., para verificarmos como tinha sido efectuada a distribuição do questionário e esclarecimento de algumas dúvidas que surgiram quanto ao preenchimento, à sua confidencialidade, ao método e data de recolha e explicação pormenorizada de assuntos abordados, desconhecidos de alguns dos inquiridos.

Durante as visitas, fomos bastante solicitados pelos trabalhadores relativamente à aplicabilidade dos resultados em acções concretas, no sentido de melhorar a comunicação, que era uma necessidade que sentiam há muito tempo. Manifestaram-se favoráveis à pertinência da realização desta pesquisa e receptivos a outras subsequentes.

Metodologia seguida para as entrevistas - a realização das entrevistas compreendeu um período entre o mês de Agosto de 1996 e Janeiro do ano seguinte, posteriormente à realização do estágio, devido a vários factores. Primeiro, porque a fase de recolha e tratamento dos questionários foi muito complexa e morosa; em segundo lugar, devido ao período de férias que permeou o trabalho e em terceiro lugar, por estarmos condicionados à pouca disponibilidade dos Directores. Realizaram-se nos respectivos gabinetes, com o máximo de privacidade possível, de forma a permitir responder calmamente às perguntas.

A entrevista com o D.C. dividiu-se em duas fases, não tendo excedido cada uma 60 minutos. A entrevista com o  D.C.A. realizou-se em 5 fases, num total de 300 minutos. Apesar de ter sido muito longa, julgamos que não foi desmotivante para o entrevistado, tendo dado um contributo de grande valor ao trabalho.

Foram registadas em banda magnética (gravação), acompanhada da tomada de algumas notas. Foi feito o registo escrito e a correcção de sintaxe dos dados, respeitando ao máximo a transcrição das palavras do entrevistado. A redacção escrita foi posteriormente entregue aos entrevistados para leitura e confirmação, antes de serem publicadas.

Ao longo de todo o trabalho procurou-se utilizar uma linguagem simples, objectiva e concisa, recorrendo para a análise dos dados a quadros explícitos e sobretudo gráficos de fácil leitura, apresentando para cada pergunta, de ambos os questionários, um quadro ou um gráfico, dependendo da quantidade de informação a visualizar, tornando assim mais fácil a leitura de toda a parte expositiva.

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