Acesso ao índice geral

Helena Maria Ferreira Pinto Ramos, A Comunicação Interna. Estudo de Caso no C.E.T., 1997.

Um Modelo de Comunicação Interna


A exacerbada quantidade de informação é demasiada para qualquer organização poder reter. Actualmente, é vital para as organizações adoptarem um processo para filtrar a informação, com vista a uma comunicação interna mais eficaz.

« A  informação  é  a  pedra  basilar  da comunicação,  mas  existe demasiada informação para qualquer indivíduo ou organização poder reter. »[1]

Tom Geddie, consultor de comunicação, propõe um novo modelo de comunicação interna que é muito relevante no clima empresarial actual e que consiste numa pirâmide invertida.

Existem vários passos no processo da comunicação proposto neste modelo, estabelecidos segundo determinados critérios. Primeiro, a informação deve ser filtrada, segundo o critério de relevância e o critério de perspectiva. Depois, deve ser novamente filtrada segundo o critério de criação e fortalecimento da confiança, internacionalização dos valores fundamentais e recompensas de crescimento, que contribuam para os resultados a curto e a longo prazo. Finalmente o feedback, formal e informal, completa o círculo.

Os elementos constituintes do modelo são:

a)     Informação: é o conhecimento adquirido de diversas maneiras, dados, factos etc.. É preciso seleccionar a informação mais importante;

b)     Relevância: consiste em eliminar a informação irrelevante para a comunicação formal. No entanto, é necessário elevar o aspecto humano através da divulgação de informação de trabalho e combater a burocracia de forma a lidar facilmente com os assuntos importantes. O modelo determina que as funções de direcção devem contactar frequentemente com os processos de trabalho, mas os profissionais de comunicação devem criar em todos os trabalhadores uma nova confiança, na equipa e nos novos processos de trabalho.

c)      Perspectiva: a noção de perspectiva (perspective) tem frequentemente falta de esforços de comunicação interna. As empresas são afectadas pela competição e o profissional de comunicação deve servir os empregadores e os empregados, criando um melhor entendimento sobre os assuntos externos à organização.

d)     Confiança e credibilidade: os empregados querem confiar nos empregadores e estes querem ser acreditados. Acontece que em muitas organizações não existe confiança e muito poucas desejam tentar resolver o problema abertamente.

São seis os princípios indicados no modelo para os gestores construírem e manterem a credibilidade:

-  Entender-se a si próprio e aos seus valores;

-  Apreciar os valores e desejos dos colaboradores;

-  Afirmar os valores partilhados para construir o sentimento de comunidade;

-  Contribuir para o máximo desenvolvimento das capacidades dos seus

    colaboradores;

-  Servir a um objectivo e dar o exemplo, mantendo a esperança fomentando

    atitudes optimistas;

e)     Divulgação interna dos valores fundamentais: algumas empresas têm declarações de missão e listas de valores essenciais baseadas em ideais que se traduzem em palavras, mais do que em práticas. E os valores fundamentais neste caso não correspondem aos valores pronunciados. É importante que os verdadeiros valores fundamentais da organização sejam entendidos e aceites com clareza por todos os membros;

f)        Recompensas para o crescimento: a implementação de recompensas permite o reconhecimento de realizações, o conhecimento e atitudes relevantes para o crescimento;

g)     Resultados a curto-prazo - os resultados a curto-prazo são necessários, mas a sua consecução não pode prejudicar os resultados a longo-prazo;

h)      Resultados a longo prazo - A preocupação pela verdade, pela evolução profissional e a divulgação interna dos valores fundamentais permitem alcançar os resultados a curto e a longo prazo;

i)        O feedback formal e informal - o feedback completa o círculo.

A comunicação interna destina-se a um público cada vez mais prevenido que evoluiu, em termos de exigências e aspirações, tendo que ser cativado e convencido. Para isso, é necessário desenvolver a forma de comunicar, mas também ter atenção ao conteúdo.

Para uma comunicação interna eficaz é necessário empenhar todos os elementos da organização, começando pelo Presidente e Directores, incutindo nas pessoas o interesse pela comunicação, em cujo processo os chefes de serviço desempenham um papel de animador, uma vez que as informações que transmitem e o espírito dentro do qual comunicam influenciam a qualidade geral da comunicação interna. Deste modo, o investimento em comunicação interna  requer determinadas competências, meios e tempo.

De acordo com Lionel Brault[2], consideramos que, no futuro, quando a comunicação interna das organizações for desenvolvida na mesma dimensão em que se efectuam os estudos sobre o consumidor, obteremos conceitos mais valorizadores para a empresa do que as imagens fabricadas que têm a pretensão de seduzir.



[1] GEDDIE, Tom B., “Internal Communication: a model for the future”, in IABC Communication World, New Jersey, Nº.12, Jan./Fev. 1995, p.32.

[2] Brault, Lionel, Op. cit., p.29.

Página anterior  Índice  Página seguinte