Acesso ao índice geral

Helena Maria Ferreira Pinto Ramos, A Comunicação Interna. Estudo de Caso no C.E.T., 1997.

O Papel da Comunicação Interna na Mudança


Mudar significa reciclar, renovar, acompanhar positivamente as novas tendências e deixar para trás o já ultrapassado. É avançar sobre os limites do comum, superar modelos a que estamos habituados e enfrentar corajosamente o que desconhecemos.

«[…] quando a comunicação acompanha a mudança, esta gera mais mudança. Toda a gente é informada de cada acção, de cada nova decisão. E esta tranquilização quanto à continuidade do próprio processo induz outras evoluções. Neste caso, a empresa torna válida a mudança. Situa-a como factor dominante e inscreve-a numa dinâmica de diferença[1]

 

Tal como refere Evaristo Fernandes,[2]  a capacidade de uma organização lidar com a mudança das atitudes sociais e dos gostos dos consumidores, depende da vontade dos trabalhadores se adaptarem a novos processos.

Segundo o autor, a comunicação é de extrema eficácia na mudança de atitudes sociais. Por isso, deve ser analisada nos seguintes aspectos: fonte de informação, os meios utilizados, o estilo e linguagem usados, o destinatário,  a finalidade e a informação em si.

O receio do novo, por falta de informações ou mesmo por insegurança profissional, é o principal agente da resistência dos trabalhadores. É por isso que todo o processo de mudança numa empresa exige, necessariamente, um trabalho inicial com pessoas que responderão e executarão, ou não, as acções estabelecidas para que a mudança ocorra com um mínimo de desajustes.

Para este autor, parece estar bem cristalina a ideia de que é necessário apostar no indivíduo, valorizá-lo, fazê-lo compreender melhor a organização. Capacitar os colaboradores para que auxiliem a gestão dos processos de mudança, estimula-os a aceitar novos desafios, facilita a adaptação à nova situação e oferece subsídios para que sejam trabalhadas satisfatoriamente as questões críticas que podem aparecer durante o processo. Uma das vias é instaurar um diálogo aberto e apostar no trabalho de equipa.[3]

Uma estratégia importante é tornar o processo transparente, de modo que os profissionais saibam exactamente qual o objectivo da mudança, o que vai ser modificado, os pontos em que eles poderão ser afectados positiva ou negativamente, bem como as actividades ou funções que permanecerão inalteradas. O facto dos trabalhadores compreenderem o processo de mudança na sua totalidade, facilita a colaboração e estimula um padrão de atitudes positivas.

Outra estratégia igualmente importante, que pode ser adoptada para se obter a adesão dos colaboradores, é divulgar os benefícios que a mudança traz, manifestar firmeza na decisão de a colocar em prática e reafirmar que a sua implementação foi fruto de análises cuidadosas com o objectivo de tornar a empresa competitiva e moderna. Cabe ao líder servir-se das técnicas adequadas para eliminar incertezas, tranquilizar a equipa e transformar a resistência em cooperação, através de novos pactos e compromissos, mostrando a responsabilidade e a importância de cada um naquele momento especial da empresa.



[1] Brault, Lionel, Op. cit., p.165.

[2] Fernandes, Evaristo, Op. cit., p.149.

[3] Idem, ibidem, p.149

Página anterior  Índice  Página seguinte