Alguns
autores são críticos relativamente à eficácia da comunicação
que se estabelece através dos gestores. No entanto, cada vez
mais se considera que o sucesso organizacional depende muito de
uma boa comunicação por parte dos mesmos e, por isso, há uma
necessidade de melhorar a comunicação.
De
acordo com José Rodrigues Palma,
algumas chefias comprimem as informações, bloqueando a sua
circulação, porque confundem o conceito de comunicação
organizada com a ideia de centralizar a informação. Esquecem
que se pode descongestionar grande parte do processo de gestão
pela circulação de informação e, retendo-a, fazem surgir as
distorções e os boatos. Ainda segundo o autor, o bloqueio da
informação não se faz apenas pela omissão, mas também
pela emissão de mensagens carregadas de interesse
unilateral do emissor.
Carrascosa,
de acordo com José Rodrigues Palma, diz que o fluxo de comunicação
se interrompe frequentemente nas zonas intermédias de gestão,
porque são estas as funções mais ameaçadas pelo achatamento
da pirâmide hierárquica.
As funções intermédias de gestão resistem à comunicação,
à partilha de informação, porque consideram-na uma fonte de
poder. Ao fazê-lo, estas funções filtram e distorcem a
comunicação entre a alta direcção e a realidade
organizacional.Por
sua vez, o impacto resultante das comunicações em que o fluxo
de informação é continuamente filtrado e distorcido até ao nível
mais baixo, intensifica os níveis de stress dos empregados que
passam a despender muito tempo a imaginar o que está a
acontecer, direccionando as suas energias para os rumores.
Quanto menos informação estiver disponível aos empregados,
maior será o seu stress e os seus medos. A gestão pode
resolver esta situação estando atenta e acessível aos
empregados, através de um fluxo de comunicação eficaz nos
sentidos descendente e ascendente.
As
organizações que estão verdadeiramente preocupadas em abrir
este canal de comunicação podem implementar, entre outros
meios de comunicação, uma linha telefónica para os
empregados, podem organizar mesas redondas, fóruns ou reuniões
periódicas com pequenos grupos de empregados, ao pequeno almoço
ou almoço, para que os empregados possam colocar as sua questões
sobre a organização e as suas actividades.
Henry
Mintzberg
atribui três tipos de papel aos gestores das organizações,
nos quais a comunicação desempenha um papel essencial:
a)
Relacionamento - neste papel agem como
representantes e líderes da sua unidade organizacional,
relacionando-se com todos os colaboradores da organização,
clientes e fornecedores;
b)
Informação - procuram informações junto dos
superiores, dos subordinados e colegas de trabalho sobre algo
que interfira com o seu trabalho e responsabilidades. Divulgam
também informações importantes sobre a organização e sobre
a sua unidade, como um todo, junto dos grupos relacionados com a
organização;
c)
Decisão - no papel de tomada de decisão o gestor
baseia-se em informações que lhe são transmitidas, tendo de
comunicar as suas decisões a outras pessoas.
Para
além destes três papéis principais, os gestores de nível médio
e os gestores de topo desempenham um papel importante na
instituição que complementa o papel simbólico do presidente,
cabendo-lhes a tarefa de interpretar os objectivos
organizacionais e conduzir os subordinados no sentido desses
mesmos objectivos, de forma a optimizar o funcionamento
organizacional. Os trabalhadores são interdependentes e para
que a coordenação do desempenho individual seja possível, de
forma a que os objectivos organizacionais possam ser atingidos,
é necessário haver comunicação.
Ambos
os tipos de gestores devem então, conjuntamente com os
especialistas de comunicação, ou seja, os profissionais de
Relações Públicas, planear, desenvolver e determinar as
estratégias de comunicação específicas, de acordo com os
objectivos da organização. Steiner
acrescenta que os gestores devem trocar ideias, opiniões e
factos entre si, com a direcção e com o seu staff,
porque eles têm na comunicação, um meio de informar,
persuadir, administrar e liderar, que pode ser uma grande força
unificadora da organização.
Adrian
Buckley refere alguns motivos para uma comunicação estratégica
das chefias:
a)
leva a uma maior eficácia;
b)
integra as pessoas na organização;
c)
envolve as pessoas com a organização - aumenta a motivação
para o bom
d)
desempenho individual e o compromisso para com a organização;
e)
melhora o relacionamento e compreensão entre as chefias
e os subordinados, entre colegas de trabalho, entre as pessoas
dentro e fora da organização;
f)
ajuda a compreender a necessidade de mudança, indicando
como ela deve ser
g)
gerida e como podem ser reduzidas as resistências.
Van
Riel
consubstancia a opinião dos autores, mas reforça a ideia de
que, por ser vital para o sucesso da organização, a comunicação
não pode ser da responsabilidade exclusiva dos gestores, sendo
necessário especialistas em comunicação organizacional e
marketing, como apoio à eficácia das responsabilidades
comunicacionais dos gestores, que devem desenvolver programas
para envolvimento e comunicação com os empregados.
STEINER, Apud, GRUNIG, James E., Op. cit., p.233.
RIEL, Cees B.M. Van, Op. cit., p.10
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