Instrumentos
e Meios de Comunicação Interna
As
Relações Públicas possuem uma diversidade de
instrumentos de comunicação que lhes permite comunicar com o público
interno, motivando-o, mediante uma estratégia de acção
delineada pelo departamento de comunicação ou Relações Públicas.
Segundo
Hebe Wey
um programa bem delineado de comunicação com os empregados
pode incluir seis tipos de instrumentos que actuam em seis áreas
diferentes: os meios de comunicação interna, eventos,
campanhas e programas, actividades lúdicas, convénios e
pesquisa.
A
reflexão sobre os dispositivos organizacionais e a determinação
dos suportes e dos instrumentos de comunicação são elementos
de extrema importância na gestão de uma organização. Estes
elementos estão na dependência de escolhas políticas que,
neste domínio, são frequentemente negligenciadas. No entanto,
é extremamente importante ter em atenção os tipos
de meios utilizados na comunicação interna, que pode ser oral,
escrita, audiovisual e comunicação não verbal. O conhecimento
das características dos meios permite uma selecção adequada
dos instrumentos a utilizar em relação aos objectivos que se
pretende atingir. A comunicação oral satisfaz mais as
necessidades de interacção, enquanto a comunicação escrita,
sendo formal e mais exacta, limita a retroacção. A comunicação
não verbal
efectua-se através do contacto físico, da expressão corporal,
da entoação da voz e do gesto, sendo assim mais exacta do que
a comunicação oral. A comunicação não verbal encontra-se
presente em todas as comunicações efectuadas através de
discurso e em algumas comunicações audiovisuais, acrescentando
uma maior dimensão à comunicação. A comunicação
audiovisual tem um alto nível de penetração junto dos públicos,
permitindo um acesso rápido à informação e ao incentivo de
participação.
3.1
-
Instrumentos de Comunicação Oral
A
comunicação oral é a forma mais apreciada pelos empregados
porque se
efectua
através de um contacto directo com os superiores e permite um
maior à vontade. A comunicação oral é um meio conveniente,
eficaz, rápido e recíproco de transmitir informações aos
trabalhadores. Phillip Clampitt
apresenta alguns instrumentos de comunicação oral que
permitem um considerável nível de discernimento.
Os
instrumentos que podemos utilizar na comunicação com os
empregados são:
a)
Face-a-face:
é o meio de comunicação mais rico, porque permite uma grande
variedade de insinuações-tom vocal, visual, movimentos
corporais, linguagem e cheiro. É também mais restrito e
susceptível de equívocos, porque transmite emoção e
sentimentos. Pode assumir a forma de conversas informais ou
conversas formais individuais. As conversas informais são um
excelente instrumento de comunicação porquanto permitem uma
descontracção maior aos trabalhadores na apresentação de
opiniões e sugestões. No entanto, não podem ultrapassar os
limites da sua eficácia;
b)
Telefone:
é o maior substituto da comunicação face-a-face. É menos
rico, porque não transmite informação visual;
c)
Discursos:
são
instrumentos de comunicação oral descendente que
permitem um contacto directo entre os intervenientes e
proporciona o relacionamento pessoal;
d)
Reuniões:
podem ser departamentais, de formação, conferências ou
trabalhos de grupo. Proporcionam a oportunidade de coordenar várias
actividades, estimular o envolvimento, solicitar novas ideias,
motivar grandes níveis de desempenho e comunicar a cultura
corporativa;
Na
comunicação oral existem ainda os seminários, as conferências
e os encontros. Em todos os casos pode existir um ou vários
oradores e pode haver também espaço para debates. Podem ainda
ser complementados com meios visuais, audiovisuais, ou material
impresso. As reuniões são um importante instrumento de
comunicação, porque fornecem oportunidades para estabelecer a
comunicação nos dois sentidos.
d)
Apresentações
formais:
podem apresentar-se sob a forma de programas de formação,
conversas para motivar, apresentação de novos produtos ou
sobre a política empresarial. Permite a motivação colectiva
de grupos de trabalhadores;
e)
Hotlines:
são linhas telefónicas específicas que servem para
rapidamente disseminar informações a uma grande quantidade de
pessoas num curto período de tempo. Pode assumir a forma de
mensagens gravadas ou conversação. Esta linha pode ser muito
útil para afastar receios ou rumores durante períodos de crise
ou de rápidas mudanças.
3.2
-
Instrumentos de Comunicação Escrita
Segundo
Richard Crable e Steven Vibbert,
os instrumentos escritos que podem ser utilizados na comunicação
interna são:
a)
Cartas:
informam os empregados sobre os seus direitos. Uma carta do
director a um novo empregado demonstra uma atenção especial
dispensada;
b)
Cartas
de integração:
têm a finalidade de envolver os empregados nas actividades,
fazendo-os sentir-se parte da organização;
c)
Material
de referência:
visa explicar os benefícios dos empregados e promove o
entendimento;
d)
Relatório:
este
é um instrumento de comunicação técnico
dirigido a um ou vários públicos. Os relatórios contêm
informações sobre a empresa e podem ser de três tipos: relatório
de pesquisa, relatório de progressos e relatório final
.
e)
Memorando:
este instrumento facilita a circulação da informação em
ambos os sentidos e serve para lembrar os empregados sobre um
acontecimento, criticar atitudes, reforçar comunicações orais
ou solicitar informação;
f)
Proposta:
é um instrumento que serve para pedir consentimento sobre um
determinado assunto;
g)
Material
orientacional:
serve para avisar sobre as atitudes organizacionais e dar
informações básicas que facilitem as transições;
h)
Folhetos:
são utilizados para relatar qualificações, propostas, fontes
de informação, transmitindo também as oportunidades dos
empregados;
i)
Boletins:
transmitem rapidamente informações a todos os empregados sobre
os assuntos mais importantes;
j)
Brochuras:
é um importante instrumento de Relações Públicas pois servem
para reforçar notícias importantes;
k)
Quadro
informativo:
é um dos mais tradicionais instrumentos de comunicação com os
empregados. É utilizado para colocar avisos e chamar a atenção
para acontecimentos. Também pode funcionar como jornal de
parede para afixar notícias pontuais;
Phillip
Clampitt cita os mesmos instrumentos, acrescentando ainda as
publicações para empregados:
l)
Publicações
para empregados:
apesar da diversidade dos instrumentos escritos existentes, o
mais importante na comunicação interna são as publicações
para empregados. Destinam-se exclusivamente aos empregados e aos
seus familiares podendo assumir a forma de revista de empresa,
jornal ou newsletter. Tem a finalidade de estabelecer
contactos com esse público, projectando uma imagem favorável
da organização. Uma boa publicação deve reunir os pontos de
vista da direcção e dos empregados para que a sua leitura
efectiva não seja colocada em causa. Estas publicações, sendo
utilizadas apropriadamente, contribuem para o entendimento da
filosofia corporativa, dos seus produtos/serviços e da política
empresarial.
Annie
Bartoli
apresenta os inquéritos como um importante instrumento de
comunicação com os empregados, apesar de ser um instrumento
com uma certa dificuldade de realização, por um lado, devido
à correcta especificação dos objectivos que pretende atingir
e, por outro, porque os seus resultados devem ser sempre
divulgados.
m)
Inquéritos:
as sondagens de opinião servem para recolher a informação das
pessoas no terreno, podendo ser de quatro tipos: inquéritos
sobre a satisfação (sobre temas específicos); inquéritos
sobre o clima social (sobre antagonismos interiores); inquéritos
socioculturais (sobre sistemas de valor e conhecimento de certas
noções); e inquéritos sócio-organizacionais sobre o estado
de funcionamento e disfuncionamento da organização).
Embora
tenham surgido os meios electrónicos e as novas tecnologias da
comunicação, os meios de comunicação escrita continuam a ser
os principais instrumentos de comunicação interna, na grande
parte das organizações. Isso deve-se ao impacto que provocam e
ao seu carácter de permanência e de valor.
3.3
- Instrumentos de Comunicação Audiovisual
Os
meios de comunicação audiovisual utilizam conjuntamente as
palavras e as imagens. São uma técnica clássica de comunicação
interna que provou a sua eficácia, tendo, actualmente, a união
do audiovisual e das novas tecnologias de comunicação (informática
e telecomunicações) gerado uma revolução dos meios de
comunicação. Podemos utilizar os seguintes meios audiovisuais
na comunicação com os colaboradores internos:
a)
Filmes:
os vídeos institucionais dão uma visão mais ampla da organização
ou das actividades realizadas pela organização aos empregados.
Permitem um tipo de comunicação de prestígio e de grande
utilidade;
b)
Teleconferência:
é o instrumento equivalente ao telefone em reuniões de grupo.
Permite o contacto visual simultâneo dos intervenientes numa
mesma conversação através de uma linha telefónica;
c)
Videoconferência:
é utilizada para fazer chegar simultaneamente a todas as
filiais e empregados uma mesma mensagem. Transmite imagens áudio
e de vídeo aos empregados, via satélite. É um instrumento
especialmente eficaz em sessões de formação e na condução
simultânea de reuniões em áreas geográficas distantes.
Embora seja de extrema utilidade, a videoconferência não
substitui totalmente a comunicação face-a-face, porque é mais
focalizada nas temáticas, demora menos tempo e contém menos
conversação social do que as conferências tradicionais;
d)
Circuito
interno de televisão:
este instrumento é muito importante em ocasiões especiais ou
em demonstrações que, de outro modo, não poderiam ser
assistidas. Adapta-se à projecção de diversos tipos de
demonstrações capazes de comunicarem directamente com o
empregado.
3.4
-
Instrumentos de Comunicação Electrónicos
Os
meios de comunicação electrónicos que se podem utilizar na
comunicação com os empregados são:
a)
Correio
electrónico: permite a transmissão de mensagens a
partir de um terminal de computador para outro. A principal
vantagem é a troca instantânea de diversas informações entre
diferentes níveis hierárquicos, nomeadamente relatórios e
memorandos entre outros. Também comunica com o meio exterior,
ressaltando como desvantagem o facto de ser um meio apenas
disponível nos terminais de computador;
b)
Boletim
electrónico:
constitui um conjunto de notícias ou informações úteis que
podem ser transmitidas por computador. O boletim pode ser
posteriormente impresso e distribuído aos trabalhadores que não
têm computador no posto de trabalho.
Phillip
Clampitt
estabelece uma comparação entre os meios de comunicação
interna frequentemente utilizados nas organizações, a propósito
dos quais apresenta um quadro que reproduzimos em Anexo, segundo
doze dimensões de avaliação:
potencial de feedback (rapidez de resposta do receptor),
capacidade de complexidade (de transmitir mensagens complexas),
potencial de expansão (quantidade e diversidade de mensagens
transmitidas), confidencialidade (relativa ao receptor),
facilidade de codificação (facilidade e rapidez de utilização),
facilidade de descodificação (facilidade e rapidez de
descodificação), condicionalismos espaço-temporais (presença
do emissor/receptor), custo (de utilização), afectividade
(capacidade de transmitir emotividade), formalidade,
sondabilidade (permitir a leitura e análise de aspectos
importantes) e
tempo de consumo (quem despende mais tempo no controlo da
informação, no momento de transmissão).
Na
sua opinião, para que a comunicação seja eficaz é necessário
seleccionar os instrumentos mais apropriados às informações
que se pretende transmitir com base nas necessidades do emissor,
nos atributos da mensagem, nos atributos do instrumento e nas
necessidades do receptor.
3.5
- Campanhas e Programas
Ao
longo do ano, o departamento de Relações Públicas pode
delinear um conjunto de campanhas com o objectivo de
sensibilizar e motivar os empregados. Estas campanhas são
planeadas para diminuir o absentismo, o número de acidentes de
trabalho e a rotatividade de mão-de-obra. Segundo Hebe Way,
podem-se organizar vários tipos de campanhas e de programas de
Relações Públicas, como, por exemplo, as que seguidamente se
enunciam:
a)
Campanhas
de segurança:
visam a informação aos trabalhadores de diversos perigos das
actividades profissionais. Quando estes perigos não são
devidamente informados, podem originar ou agravar as consequências
de acidentes de trabalho;
b)
Programa
de Portas Abertas para Empregados e seus familiares: o
empregado mostra a sua actividade profissional e os seus
superiores aos familiares. Este é um meio muito útil
para levantar a moral dos empregados e envolvê-los com a
organização;
c)
Programa
de Integração de Novos Empregados:
este programa pode ser realizado através de filmes
institucionais ou diaporamas que apresentem aos novos empregados
a organização, o seu historial, métodos de trabalho, etc.;
d)
Outras:
a título de exemplo referimos uma campanha para o
aproveitamento de material, etc..
3.6
-
Eventos
Hebe
Way distingue dois tipos de
eventos, designadamente os de rotina e os eventos especiais.
Os
eventos de rotina
ocorrem com mais frequência na empresa e podem ser:
a)
Cursos
de Formação: têm
o objectivo de integrar o público interno através da descrição
das rotinas de trabalho, de transmitirem as filosofias, políticas
e directrizes gerais da empresa, melhorando o seu empenhamento;
b)
Concursos
Profissionais: aumentam
a criatividade e permitem, através de uma forma de compensação
pré-estabelecida, premiar os empregados que mais se esforçaram
durante um período de tempo. Podem ser também considerados
campanhas ou programas de produção. Boas relações com
empregados são promovidas por prémios especiais conferidos
como recompensa de sugestões apresentadas, frequência e tempo
de serviço, serviços excepcionais, etc.;
c)
Exposições:
que podem ser subordinadas a diversos temas, cativando o
empregado a visitá-las ou a participar na sua realização.
Podem ser exposições de departamento, apresentando os produtos
neles desenvolvidos aos outros empregados da organização,
apresentando os produtos/serviços que vão ser disponibilizados
ao público ou exposições de trabalhos pessoais realizados
pelos trabalhadores;
d)
Seminários:
que
constituem instrumentos de formação, aperfeiçoamento e de
actualização métodos de trabalho e técnicas. São, por isso,
um importante instrumento de formação, que contribui para um
desenvolvimento contínuo do empregado e para a identificação
colectiva da empresa;
e)
Visitas:
consideradas um meio que permite o intercâmbio de diferentes
grupos da organização e o conhecimento real da execução do
trabalho. As visitas ajudam a manter e a criar, quando não
existem, boas relações de trabalho, eliminando as barreiras
que existem entre os empregados e a administração.
3.7
-
Actividades Lúdicas
Estas
acções constituem uma das preocupações mais recentes das
empresas. As actividades lúdicas visam fomentar áreas de lazer
e de desporto ao serviço dos empregados. A empresa pode
conceder apoio económico, sob a forma de Patrocínio que
permita a organização de grupos. São diversas as actividades
que podem satisfazer as necessidades e desejos dos empregados,
sendo muito importantes para motivar os trabalhadores no
desempenho das suas actividades profissionais. As empresas podem
promover actividades culturais (bolsas de estudo), artísticas
(grupo teatral), económicas (cooperativas de consumo),
desportivas (futebol), sociais
(benemerência) e recreativas (exposições,
piqueniques).
3.8
-
Convénios
Os
convénios são actividades de intercâmbio e interajuda entre a
empresa e outras instituições, podendo ser realizados com
hospitais, restaurantes, colónias de férias etc. O seu
objectivo, por parte da empresa, é procurar assegurar o bem
estar do empregado.
3.9
-
Pesquisas
Os
estudos sobre atitudes de empregados são um valioso método na
determinação da eficácia de um programa de relações com os
mesmos, porque estabelecem a comunicação nos dois sentidos e
proporcionam aos trabalhadores uma oportunidade de se
manifestarem, concorrendo para melhorar a sua participação e
orgulho na organização. Proporcionar ao público uma
oportunidade de expor os seus motivos de satisfação ou
desagrado; testar a informação que está a ser fornecida ao público;
satisfazer o desejo dos empregados de expressarem as suas opiniões
e de verificar que estas são levadas em consideração;
estimular o moral e o trabalho de equipa dos empregados,
proporcionando-lhes comunicações satisfatórias com a
companhia, são algumas das principais vantagens das pesquisas
de Relações Públicas. A recolha destas informações
realiza-se através de técnicas de investigação
psicossociais, designadamente a entrevista, o questionário, o
inquérito de opinião e técnicas de observação directa. O
levantamento de dados permite estabelecer programas e
implementar meios e instrumentos adequados às situações.
|