Estamos
na sociedade da comunicação e não basta às empresas serem
eficientes, tendo também que mostrar essa eficiência. Aqui, o
papel da comunicação é preponderante, revelando-se como um
indispensável instrumento de gestão.
Segundo
James Stoner,
a comunicação é a base das funções da gestão. É o
processo que permite transmitir informações necessárias ao
planeamento, à concretização dos planos, à organização e
controlo das pessoas e das tarefas. Os gestores necessitam de
informação para elaborar os planos que, por sua vez, têm que
ser comunicados para se concretizarem. A liderança de grupos de
trabalho obriga os gestores a comunicarem com os subordinados
para que os objectivos do grupo sejam atingidos.
Qualquer
organização necessita de adoptar uma política de comunicação
eficaz, desenvolvendo novas estratégias de comunicação que
lhe permitam criar uma imagem positiva e coerente. A comunicação
externa serve para melhorar a imagem da empresa, contribuindo
também para a sua eficácia. Corresponde a uma preocupação de
dar a conhecer as decisões e de fornecer informações que são
objecto de apreciação pela opinião pública, contribuem para
a transparência da organização e para melhorar o seu
desempenho. A comunicação faz evoluir a organização,
independentemente dos seus objectivos serem de consideração,
de pertença ou de transparência, continuando, desta forma, a
participar na gestão.
Segundo
J. M. Lampreia,
qualquer empresa confrontada com novos desafios verifica que a
comunicação poderá ser um instrumento essencial na mudança,
permitindo uma melhor e mais rápida adaptação da empresa ao
ambiente.
Van
Riel, de acordo com Lampreia,
diz que a comunicação tem obtido uma considerável
importância, pelo papel que desempenha enquanto instrumento
indispensável de gestão pelo que, paralelamente à gestão
financeira, à gestão de produção e à gestão de recursos
humanos, deve contribuir para alcançar os objectivos
organizacionais.
Segundo
Riel, o papel da comunicação neste processo é o de levar a
cabo a função de ‘janela’ e de ‘espelho’. A função
de ‘janela’ diz respeito ao planeamento e execução da política
de comunicação, resultando em mensagens que retratam todas as
facetas da organização de uma forma lúcida e apelativa. Os
resultados previstos dessa representação são as mudanças
desejadas pela organização ao nível cognitivo, afectivo e
conativo, nos grupos-alvo com os quais pretende construir e
manter um bom relacionamento. A função de ‘espelho’
refere-se à monitoração do desenvolvimento ambiental mais
relevante e à antecipação das respectivas consequências para
a organização da política de comunicação, ou seja, a
delineação da construção da imagem junto dos vários públicos
mais relevantes, a publicação das realizações, a avaliação
das tendências futuras e, particularmente, o acompanhamento das
mudanças no clima interno da organização.
Jacques
Lendrevie
reforça esta ideia dizendo que as empresas estão
sistematicamente a emitir mensagens, conscientemente ou não,
sobre si próprias e sobre os seus produtos, o que as leva a
adoptar uma política coerente de comunicação, porque caso
contrário estão a comunicar mal. O autor considera que
actualmente já não se coloca a questão da empresa comunicar
mas de avaliar a eficácia de o fazer involuntariamente e de
forma desordenada ou de forma sistemática, não deixando esta
função ao alcance das outras organizações.
Roger
Hayes, presidente da Associação
Internacional de Relações Públicas, afirma que, por um lado,
a comunicação é um factor determinante na liderança das
organizações, unindo esforços na partilha de uma visão e de
um mesmo objectivo que contribuem para a competitividade
empresarial. Por outro, desempenha um papel crucial na obtenção
de clientes e na sua fidelização. Estes dois objectivos da
comunicação aplicam-se tanto ao público interno da empresa,
com o objectivo de atrair e manter os melhores colaboradores,
como aos seus clientes, que compram os produtos ou serviços.
Ainda segundo Roger Hayes, a imagem das empresas desenvolve-se
com acções de comunicação, onde as Relações Públicas
constituem um vector fundamental.
Como
nos refere J. Martins Lampreia,
uma campanha de comunicação institucional é um investimento
rendível porque permite obter resultados favoráveis aos vários
sectores da organização. A comunicação motiva os
trabalhadores, influencia potenciais investidores, entidades
oficiais e, indirectamente, influencia a área das vendas de
produtos ou serviços.
Na
opinião deste mesmo autor,
a sobrevivência das organizações dependerá intrinsecamente
da sua capacidade de comunicar , ou seja, da notoriedade e da
imagem que conseguirem obter.
M.
Hélène
Westphalen reforça a ideia
anterior, ao referir que a
comunicação tem a missão de posicionar a empresa,
dando-lhe uma identidade distinta de todas as outras. Uma
comunicação bem concebida pode facilitar o sucesso da empresa,
transformando uma dificuldade numa vitória e permitindo ganhar
a guerra económica.
Segundo
a autora, a comunicação é uma operação activa e reactiva.
Activa, porque edifica uma imagem forte que concorre com as
demais organizações e melhora os seus resultados económicos
e, também, reactiva, porque permite evitar rumores e falsos
problemas, apoiando a empresa em tempos de crise.
Na
opinião de Brault, «[…]a
comunicação está na origem de progressos tanto mais
substanciais quanto mais for considerada um poderoso instrumento
de gestão simultaneamente objectivo e meio de uma estratégia
de mudança.»
A comunicação
é um instrumento que melhora significativamente a eficácia das
empresas ao participar na gestão, na estratégia e nas decisões.
Isto porque as trocas de informação são necessárias
para tomar decisões e porque uma decisão eficaz se deve
comunicar claramente. Na perspectiva do autor, a
comunicação é da responsabilidade da Direcção Geral, porque
os seus objectivos, relativamente aos seus públicos, são
fundamentais na gestão da empresa. Assim, a comunicação não
se limita a uma técnica, participando na gestão da empresa de
uma forma global, devendo pertencer ao director o controlo do
conjunto das técnicas que moldam a imagem a transmitir.
Neste
sentido, os directores têm de adoptar uma estratégia de
comunicação interna que consiga gerir e orientar o interior da
organização, estabelecendo o contacto entre departamentos e
definindo simultaneamente uma certa coerência formal e um
projecto de imagem consensual que declinará num acréscimo de
dinamismo à empresa.
Ao
nível interno, a comunicação participa na gestão, mediante a
troca de informações e da sua aplicação prática, na
determinação da estratégia e na tomada de decisões. Ao nível
externo, a comunicação pode melhorar a imagem da empresa a
dois níveis: por uma lado,
contribuindo para valorizar a imagem dos empregados, que
se sentirão motivados pelo orgulho de pertencer à organização
e, por outro lado, contribuindo directamente para aumentar a
transparência da empresa, o que, consequentemente, conduz à
sua eficácia. Um grupo só pode existir pela comunicação e é
ela que, por um lado, cria a coerência no interior desse grupo
e, por outro, cria uma imagem de coerência deste grupo para o
exterior, estabelecendo uma imagem de diferença relativamente
aos outros grupos.
Os
imperativos de base da comunicação indicados por Lionel Brault
são os seguintes:
1.
Pensar
a comunicação de empresa como um todo;
2.
Abrir
a comunicação a várias funções;
3.
Introduzir
a ética;
4.
Escolher
o conceito operacional de projecção;
5.
Pensar
em mudança.
Em
resumo, a comunicação é um instrumento de gestão na medida
em que serve para melhorar o desempenho organizacional,
aumentando a eficácia e levando à evolução da empresa.
STONER,
James A.F, Administração, 2ª Ed.,
Prentice-Hall Rio de Janeiro, 1985, p. 336.
RIEL, Cees B.M. Van , Principles of Corporate
Communication, 1ª ed., Prentice Hall,1995, p.1.
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