É nosso dever não ignorar ou
esconder o passado, pois ele é a razão daquilo que hoje somos.
Em atenção a isso, dedico este
modesto opúsculo como singela homenagem às raparigas e aos rapazes
que se cruzaram naquela que foi a incubadora de saberes didácticos,
na tentativa de passarem o Rubicão da vida, num tempo em que a saída
do círculo, daquele limitado espaço vital, era, só por si, uma
aventura.
Não têm, por isso, estes versos
augustas pretensões, nem tampouco carácter apologético ou
louvaminheiro. Apenas, e tão só, uma tentativa, talvez frustrante,
de replantar e cultivar, com delicado carinho, a irreverência há
muito adormecida em muitas das nossas memórias. Contudo é bom não
esquecermos que a tal irreverência, por vezes exagerada e,
consequentemente, repreensível, nesses casos, foi sempre, através
dos tempos, a marca distintiva da juventude, um sinal de vitalidade,
de mudança e também, quantas vezes, a sua coroa de glória.
Até por isso, valerá a pena
relembrá-la. E, neste caso, tentar fazer vir à superfície, coisas,
naturalmente mais sentimentais do que factuais, vivências daquilo do
que aqui fomos e sentimos, durante um breve período da nossa
existência. Ao cabo e ao resto, estará aqui em causa nada mais do
que a mera conjugação de nós próprios com aquilo que foram as nossas
circunstâncias.
E se toda a juventude em todos os
tempos, tem problemas, os da nossa pacata mocidade foram sérios,
tendo sido o mais sério de todos, é bom não esquecer, o próprio meio
envolvente. Uns, ultrapassaram tudo isso, como souberam ou como
puderam. Outros, nem por isso, até porque uns quantos, infelizmente,
foram surpreendidos pela partida indesejada e sempre antecipada,
para a sua eternidade.
Faço votos para que este pequeno
contributo funcione como reforço do cimento que consolida a relação
que nasceu nos bancos da escola, porque é exactamente aí que
floresce a amizade autêntica, a qual, hoje mais do que nunca, merece
ser reanimada e, sobretudo, entendida à luz do nosso tempo. Para
todos, sem excepção, vai a minha admiração sincera, e a minha
profunda estima.
Manuel Marques Barreira
Cartaria, Primavera de 2007
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