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farol n.º 32 - mil novecentos e sessenta e nove ♦ setenta, págs. 12 a 14.

A CLAVE DE SOL


THE BEATLES

MUITO se falou, muito se fala e ainda falta dizer muito desses quatro rapazes a quem o público não tem regateado aplausos, reconhecendo-os como responsáveis por todo um movimento musical, que surgiu há aproximadamente dez anos. Se a principio houve controvérsias e as opiniões divergiam, hoje são poucos aqueles que se mostram desinteressados pelo lançamento de qualquer disco do agrupamento que se chama BEATLES, um nome simples, fácil de pronunciar e, aparentemente, sem algum significado.

Pois, está a fazer dez anos que Buddy Hoby e os Crickets (grilos) estavam muito em voga e ocupavam posição de destaque nos tops. Foi nessa altura que GEORGE HARRISON, PAUL McCARTNEY, STUART SUTCLlFFE e JOHN LENNON formaram um conjunto muito modesto que nem sequer tinha nome. Lennon procurava um nome sonante, que se fixasse com facilidade e como grande admirador dos Crickets, pensava em vários insectos. Fazendo uma união de beetle (besouro) com beat (movimento musical da época), John obteve o nome que pretendia: BEATLES.

Venceram imensas dificuldades até à gravação do primeiro disco LOVE ME DO. Nessa altura, já conheciam Brian Epstein, que recordam com saudade, e já tinham a composição actual, depois de Stuart Sutclilfe ter sido substituído por Pete Best e este por Richard Starkey, que hoje todos conhecem por Ringo Starr e que tinha sido baterista dos Romy Storm. Ainda nesta primeira fase gravaram um disco com Tony Sheriden MY BONNIE.

Estávamos em 1962. Em oito anos, os Beatles gravaram mais de duzentas canções, notando-se sempre uma evolução que crescia de disco para disco. Com o lançamento de YESTERDAY os olhos de todo o mundo começam a voltar-se para os quatro rapazes de Liverpool e depositam neles grandes esperanças. Pode afirmar-se que os Beatles não nos desiludiram, pois passados poucos meses toda a gente cantava MICHELE e GIRL. Compõem, para cantar num programa da Mundovisão ALL YOU NEED IS LOVE – a mensagem de paz que enviaram a todo o mundo através do pequeno ecrã. Morre Brian Epstein e os Beatles sofrem um grande abalo. Deixam de tocar em público e isolam-se. Entregam-se à meditação e vão para o Oriente onde colhem benéfica influência da música local. O mais influenciado foi George que toca cítara em WITHIN YOU, WITHOUT YOU / 13 / no álbum SERGENT PEPPER'S LONELY HEARTS CLUB BAND.

Mos a obra prima dos Beatles é, sem dúvida, o álbum duplo que eles chamaram THE BEATLES e que ficou conhecido por ÁLBUM BRANCO.

Pairou no ar a notícia da separação e, consequentemente, do fim dos Beatles. Foi por pouco tempo. No fim de 1969 surgiu ABBEY ROAD (nome da rua onde se localizam os estúdios de gravação da E. M. T. em Londres) com um punhado de boas canções. Nota-se, até certo ponto e numa ou noutra canção, a influência do estilo desse outro extraordinário grupo que foi CREM (hoje BLlND FAITH). No entanto, as restantes canções continuam a primar pela originalidade. Já foi publicado em Londres um novo Long Play e nos estúdios de gravação trabalha-se no que sairá durante o próximo mês para comemorar o X aniversário dos Beatles.

Será interessante referir alguns aspectos individuais dos Beatles. E, por curiosidade, falaremos dos ex-elementos.

START SUTCLlFFE foi o primeiro baterista dos Beatles. Acompanhou-os em duas digressões pela Holanda. Morreu vitimado por uma hemorragia cerebral.

PETE BEST foi o segundo baterista, logo após a morte de Sutcliffe. Hoje é padeiro. Noutros tempos, a família possuía uma boîte onde chegaram a tocar.

BRIAN EPSTEIN foi o homem que esteve por detrás do êxito dos Beatles. Foi deles empresário até que as drogas o aniquilaram.

Até neste ponto os Beatles se sentem reconhecidos a Epstein, pois, impressionados com a sua morte, abandonaram os estupefacientes que tomavam nessa altura.

JOHN LENNON foi inicialmente o viola ritmo do grupo. Actualmente não se pode dizer que o seja. Toca vários instrumentos, mas os que mais frequentes vezes utiliza são a viola e o piano.

GEORGE HARRISON toca especialmente viola solo e em algumas canções ouve-se também a sua cítara. Compõe raramente, mas quando o faz constrói música válida e nota-se que há, da parte dele, uma preocupação constante em realizar boas harmonias.

PAUL McCARTNEY é o responsável pela viola baixo, que toca com a mão esquerda. Toca ainda vários instrumentos, entre os quais trompete e órgão.

LENNON - McCARTNEY – por estranho que pareça, a verdade é que esta duplo é ainda um novo elemento dos Beatles do qual convém falar separadamente, pois das duas centenas e algumas dezenas de canções gravadas por eles, a maior parte foi composta por John e Paul.

RICHARD STARKEY ou RINGO STARR, como quiserem, é o baterista actual. Muito activo, dedica-se ao mesmo tempo aos desportos, colecções, cinema e música, claro. Já compôs várias canções e, até certo ponto, aceitáveis.
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Falando de canções, o Clube do 2.º Esquerdo elaborou o quadro que se segue:

1 – BLACKBIRD; 2 – PIGGIES; 3 – SHE'S LEAVING HOME; 4 – JULIA – GOLDEN SLUMBERS; 6 – SAVOY TRUFFlE; 7 – THE FOOL ON THE HlLL; 8 – MOTHER NATURE'S SON; 9 – A DAY IN THE LIFE; 10 – WITHIN YOU, WITHOUT YOU.

Para terminar, uma afirmação um bocadinho ousada, mas na qual o Clube tem muita confiança: se um dia os Beatles se resolvem a compor música séria, o património do músico erudito será enriquecido sobremaneira e o nome desses quatro rapazes brilhará entre os nomes dos melhores compositores de todo o mundo e de todo o sempre.

Contactem connosco.

Pelo Clube do 2.º Esquerdo
José António da Silva Alves Moreira

 

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11-06-2018