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farol n.º 32 - mil novecentos e sessenta e nove ♦ setenta, págs. 15 e 16.

DESPORTOS

Mário Júlio Varela

À semelhança do último número do «Farol», vamos incluir urna entrevista nesta secção de Desportos. Desta vez, o nosso interlocutor é praticante de uma das mais espectaculares modalidades desportivas, de uma modalidade, que, há longos anos, conta, no nosso liceu, com numerosos adeptos activos e passivos.

Para uma breve conversa sobre Basquetebol, temos, diante de nós, José Carlos Tavares, aluno do liceu, várias vezes internacional júnior e que é, sem dúvida, dos melhores jogadores nacionais da sua categoria.

– Sabemos que jogas Basquetebol há imenso tempo. Oficialmente, porém, há quantos anos jogas?

– Há quatro anos. Actualmente jogo nos seniores do Esgueira, clube que representei também em Iniciados, Juvenis e Juniores.

– Pela Selecção do Liceu, também já jogaste, não é verdade?

– Sim, em 1966-67 e 1968-69. Na primeira vez, vencemos todos os jogos, mas não trouxemos o título nacional para Aveiro, porque fomos desclassificados por situação irregular de um dos nossos jogadores. No ano passado, apenas perdemos na final, e após prolongamento, com o liceu D. Manuel II. Ficámos, pois, em segundo lugar, posição que não merecíamos, porquanto até mesmo os treinadores das restantes equipas foram unânimes em nos considerar o melhor conjunto.

– Fala-nos, agora, dos jogos que disputaste pela selecção nacional.

– Joguei 10 vezes pela selecção da F.I.S.E.C. e 3 vezes pela selecção nacional de juniores. Já defrontei a Espanha, França, Bélgica, Itália, Inglaterra e, no 5.º aniversário do Belenenses, joguei contra uma selecção de Sevilha e o Vasco da Gama. Destes 13 jogos venci 6, tendo perdido os restantes.

– Achas que estes contactos / 16 / internacionais te foram benéficos?

– Sem dúvida, porque, defrontando equipas de superior índice técnico, aprendi muito e ganhei mais experiência.

– Qual foi o teu melhor jogo?

– Contra a Espanha, na última Taça Latina, num jogo que foi transmitido directamente pela R. T. P.. Marquei 15 pontos, mas, para além da marcação, penso que joguei bem. Difícil seria fazer melhor, se atendermos a que alguns elementos espanhóis tinham mais de 2 metros de altura.

– Novas regras de Basquetebol, para uns certos, para outros mal elaboradas. Qual a tua opinião acerca delas e do actual trabalho dos árbitros?

– Quanto a mim, estão certas. Possibilitam mais jogo jogado e, consequentemente, a obtenção de resultados mais elevados. No que respeita ao trabalho dos árbitros, a minha opinião é que estão mal auxiliados pelas mesas. Em todos os campos devia haver um cronómetro eléctrico visível pelo árbitro e mesmo para esclarecimento do público, o que evitaria muitos «sururus». Embora anotadas na folha do jogo, as faltas também deveriam ser marcadas num quadro, assim como a marcha do resultado. Aliás é isto que se verifica no estrangeiro, como por exemplo na Espanha e Bélgica.

– Momento actual do Basquetebol português, Importas-te de te pronunciar sobre ele?

– Está em franco progresso, embora lhe falte muito para estar em pé de igualdade com
os mais evoluídos. Este progresso deve-se à existência em Portugal de competentes treinadores, como Alberto Martins, Jeffrey e os professores Monteiro e Jorge Araújo.

– Qual a tua opinião acerca do Basquetebol que se pratica nos estabelecimentos de ensino, e, em particular no nosso liceu?

– O Basquetebol escolar em Portugal é muito fraco, se atendermos a que as principais equipas de países basquetebolisticamente superiores são precisamente escolares, como por exemplo na Espanha e nos Estados Unidos da América. Isto deve-se a um maior interesse e a um estudo mais profundo da modalidade. A nível nacional, o nosso liceu conta com bons praticantes e muito entusiastas. A comprová-lo, aponto a boa classificação que alcançámos no ano passado, a que me referi anteriormente.

– Para finalizar, quais as tuas ideias futuras?

– Penso tirar o curso de professor do I. N. E. F.. Quanto a Basquetebol consoante o local do prosseguimento dos meus estudos, conto representar o Porto, a Académica ou o Sporting.

 

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11-06-2018