Mário Júlio Varela
À
semelhança do último
número do «Farol», vamos incluir urna entrevista nesta secção de Desportos. Desta vez, o nosso interlocutor é
praticante de uma das mais espectaculares modalidades desportivas,
de uma modalidade, que, há longos anos, conta, no nosso liceu, com
numerosos adeptos activos e passivos.
Para uma breve conversa sobre Basquetebol, temos, diante de
nós, José Carlos Tavares, aluno do liceu, várias vezes
internacional júnior e que é, sem dúvida, dos melhores jogadores
nacionais da sua categoria.
– Sabemos que jogas Basquetebol
há imenso tempo. Oficialmente, porém, há quantos anos
jogas?
– Há quatro anos. Actualmente jogo nos seniores do Esgueira, clube
que representei também em Iniciados, Juvenis e Juniores.
– Pela Selecção do Liceu, também já jogaste, não é verdade?
– Sim, em 1966-67 e 1968-69. Na primeira vez, vencemos todos os
jogos, mas não trouxemos o título nacional para Aveiro, porque
fomos desclassificados por situação irregular de um dos nossos
jogadores. No ano passado, apenas perdemos na final, e após
prolongamento, com o liceu D. Manuel II. Ficámos, pois, em segundo
lugar, posição que não merecíamos, porquanto até mesmo os
treinadores das restantes equipas foram unânimes em nos considerar o melhor conjunto.
– Fala-nos, agora, dos jogos que disputaste pela selecção
nacional.
– Joguei 10 vezes pela selecção da F.I.S.E.C. e 3 vezes pela
selecção nacional de juniores. Já defrontei a Espanha, França,
Bélgica, Itália, Inglaterra e, no 5.º aniversário do Belenenses,
joguei contra uma selecção de Sevilha e
o Vasco da Gama. Destes 13 jogos venci 6, tendo perdido os
restantes.
– Achas que estes contactos
/ 16 / internacionais te foram benéficos?
– Sem dúvida, porque, defrontando equipas de superior
índice técnico, aprendi muito e ganhei mais experiência.
– Qual foi o teu melhor
jogo?
– Contra a Espanha, na
última Taça Latina, num jogo
que foi transmitido directamente pela R. T. P.. Marquei 15 pontos,
mas, para além da marcação, penso que joguei
bem. Difícil seria fazer melhor,
se atendermos a que alguns elementos espanhóis tinham
mais de 2 metros de altura.
– Novas regras de Basquetebol, para uns certos, para
outros mal elaboradas. Qual a tua opinião acerca delas e do actual
trabalho dos árbitros?
– Quanto a mim, estão certas. Possibilitam mais jogo jogado e, consequentemente, a
obtenção de resultados mais elevados.
No que respeita ao trabalho dos árbitros, a minha opinião é que estão mal auxiliados pelas mesas. Em todos os campos
devia haver um cronómetro eléctrico visível pelo árbitro e mesmo
para esclarecimento do público, o que evitaria muitos «sururus». Embora anotadas na folha do jogo, as faltas também deveriam ser marcadas
num quadro, assim
como a marcha do resultado. Aliás é isto que se verifica no
estrangeiro, como por exemplo
na Espanha e Bélgica.
– Momento actual do Basquetebol português, Importas-te de te pronunciar sobre ele?
– Está em franco progresso, embora lhe falte muito para estar em pé de igualdade com
os mais evoluídos. Este progresso deve-se à existência em Portugal de competentes treinadores,
como Alberto Martins, Jeffrey e os professores
Monteiro e Jorge Araújo.
– Qual a tua opinião
acerca do Basquetebol que se pratica nos estabelecimentos de ensino, e, em particular no nosso
liceu?
– O Basquetebol escolar
em Portugal é muito fraco, se
atendermos a que as principais equipas de países basquetebolisticamente superiores
são precisamente escolares, como por exemplo na Espanha
e nos Estados Unidos da América. Isto deve-se a um maior interesse e a um estudo mais profundo
da modalidade.
A nível nacional, o nosso
liceu conta com bons praticantes e muito entusiastas. A
comprová-lo, aponto a boa classificação que alcançámos no ano
passado, a que me referi anteriormente.
– Para finalizar, quais as tuas ideias futuras?
– Penso tirar o curso de professor do
I. N. E. F.. Quanto a
Basquetebol consoante o
local do prosseguimento dos meus estudos, conto representar o
Porto, a Académica ou o Sporting. |