Ao prosseguir os
meus artigos do ano passado sobre desporto, vou entrar num capítulo bem difícil de analisar e que grandes polémicas tem suscitado nos articulistas nacionais.
Vou tentar fazer um leve comentário acerca da
estagnação do desporto em Portugal.
É possível que nem todos estejam de acordo, pois,
não se pode agradar a gregos e troianos, mas penso
que este problema existe no pensamento da quase generalidade da juventude portuguesa.
Têm surgido várias
versões sobre o assunto, mas a que parece mais viável é sem dúvida a
falta de mentalização dos pais portugueses para o desporto. São
principalmente os pais com uma classe social bem definida que não
dão aos filhos um mínimo de regalias para a
prática deste. As razões argumentadas são inúmeras. Não quero com
isto dizer que não haja excepções, claro! Simpatizo muito pouco com
o sentimentalismo exagerado que pretende poupar a juventude
portuguesa aos mais leves incómodos. O homem do ar livre há-de sair
vencedor da batalha da vida.
Todos os rapazes e raparigas do mundo deveriam praticar qualquer
espécie de desporto, porque assim aprenderiam com mais perfeição
aquelas lições da vida que tão importantes são para se viver em
harmonia.
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Uma pesada nuvem está suspensa sobre o mundo, apenas
porque alguns países, entre os quais Portugal, não aprenderam essas
lições.
Um doutorado em medicina e dirigente desportivo, formulou há
anos esta pergunta:
– Com igual despesa, qual será a atitude mais criteriosa e
prudente: abrir 408 leitos num hospital, ou criar a possibilidade de
27.000
pessoas adquirirem força e saúde, em terrenos de jogos durante 3 horas semanais?
Quem souber responder, que o responda. Eu optaria pela segunda
hipótese.
O desporto é o maior meio de aproximação entre homens. Existe
um sentimento admirável, comum a todos os que se dedicam a ele. É
a mesma onda de brio por algo realizado, que invade o coração de todos os atletas, quer se trate de um campeão de berlinde, ou do
campeão mundial de pesos, ou de um mestre de xadrez ou mesmo de um
paciente pescador à cana.
Novo ou velho, intelectual ou não, todos eles reconhecem o
valor dos aplausos dos seus amigos, e a impressão causada é sempre a
mesma, qualquer que seja a linguagem.
Mas passemos ao assunto anterior.
Repare-se no comportamento português nos últimos Jogos Olímpicos. Mais uma facto nos veio mostrar que o desporto português está
enfermo.
Comece-se pelas escolas primárias, continue-se pelos liceus,
conclua-se nos clubes.
Dêem-se condições e modifiquem a orgânica até
agora adoptada e o Desporto Português singrará bem alto, mostrando
garbosamente as quinas da nossa bandeira.
Colegas até uma próxima oportunidade.
O vosso amigo:
JOSÉ LEAL (6: F1) |