Maria João Parracho
(4.º C)
O
dia estava maravilhoso. Era um daqueles dias de Primavera, alegres e pitorescos para a gente do campo e um dia como os
outros para habitantes da cidade, O céu azul claro, com um
sol brilhante, parecia um manto de cetim onde luzia um grande
e belo rubi.
Numa das maiores cidades de Portugal, sobre um fio telefónico,
estava um bando de andorinhas. Aquelas avezinhas, vestidas de
negro...
negro não! Azul, sim! Azul, um azul muito brilhante, e brancas no
papo.
Aquelas aves que nos vêm avisar, quando voltam, que a Primavera
chegou
com toda a sua alegria, colorido e movimento, ou, quando partem para
outros países, advertindo-nos que o Inverno, com a tristeza e
com a
melancolia, está para começar.
Mas deixemo-nos disto, e ouçamos o seu diálogo.
– Viva, cara andorinha! Há tanto tempo que te não via. Desde
quando foi?... Ah! Já me lembro. Desde o último Verão, pois não foi?
Eras tu ainda uma gaiata, sempre a chilrear e a dar-me cabo do meu
aço com as tuas brincadeiras.
– Viva, amigo! Já me começaste a pregar sermões, não? No ano
passado não fazias outra coisa. Por falar em aço: tens um poste
mais
novinho e mais bonito, foi por isso que disseste que eu andava a estragar-te, não?
– Hum... por um lado foi, por outro não.
– Como?...
– Pois ninguém repara no meu novo poste a não seres tu e aqueles
pares de namorados que escreviam os nomes aqui na madeira. Agora
é de cimento e ninguém pode escrever aqui. Ai, filha, via-se cada espectáculo!
Nem no Coliseu!...
– Ai, amigo, recordas-te quando resolvemos fazer um concerto?
E quando vieram uns homens cá acima, com uns cintos agarrados a ti?!
Pareciam parvos...
– Velhos tempos, amiga... Agora...
Isto modernizou-se; só se
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ouvem barulhos e tráfego. Olha para aquilo lá em baixo. Parecem formigas!
– Bem, poste, vou-me embora. Vês aquele beiral daquela casa
enorme? É lá que eu vivo.
– Adeus, andorinha, volta, está bem? És tu que me fazes recordar os tempos antigos em que tudo era feito pelo esforço humano
e
pela natureza.
E é bem certo, amigos: o mundo está-se a automatizar cada vez
mais, quando chegarmos ao ano 2.000, o que será? |