Vicente João
Roma, a
grande capital do Ocidente, continua a deslumbrar, em pleno século XX, todo aquele que a visita.
Efectivamente, a Cidade Eterna choca-nos pela revivescência
de um passado magnífico, mas atroz. As ruínas com que o visitante depara, a cada passo, deixam perpassar no seu espírito uma
história que, apesar de passada, se lhe afigura muito presente.
E surgem irremediavelmente reais as cenas terríveis do Coliseu, as
perseguições impiedosas aos cristãos, a vida magnificente da
Corte Imperial. Em Roma o homem esquece o presente para viver
o passado. Sente-se simultaneamente vencedor e vencido, imperador e condenado, deus e animal. Ao encarnar o drama de uma
sociedade efémera, procura libertar-se do misto de desespero e felicidade que ela encerra. E, se o consegue, logo se sente de novo
oprimido pela grandiosidade dos seus monumentos, e volta a render-se à sua época.
Verdadeiramente, é este conflito emocional que enriquece a
visita a uma cidade como Roma. É ele que dá vida a todos esses
mausoléus que há muito fecharam as suas portas. É ainda ele
que abre ao homem perspectivas excepcionais de renovação e
progresso. |