José António da Silva
Moreira
(do clube do 2.º Esq.)
A
música brasileira ocupa, sem sombra de dúvidas, um lugar de destaque no panorama
mundial da música. Não me refiro à
música brasileira em geral, mas àquela que é mais representativa do
país irmão. Para isso, muito tem contribuído a realização de festivais, mas festivais
a sério, onde se dá especial atenção à
gente nova. É assim que se têm descoberto novos valores, que enriqueceram o palco musical do
Brasil. Os próprios compositores e poetas
entregam os seus originais aos novos, para lhes possibilitarem um
reportório de acordo com o seu real valor.
O ritmo é sempre o mesmo, mas
sempre novo. Parece paradoxal mas não é. Se compararmos o «samba» de
ontem com o de hoje, verificaremos uma
enorme diferença. No entanto, não deixa de ser «sambinha» aquele ritmo que faz
«todo o mundo» vibrar.
Existem pelo Brasil, e
muito especialmente no Rio de Janeiro,
inúmeras escolas de samba, onde se aprende a dançar, a tocar e a
cantar. Dessas escolas saem grupos que participam em concursos, nomeadamente no período carnavalesco.
E é pelo Carnaval que o Brasil
edita os maiores sucessos do ano, sendo os responsáveis por esses sucessos, na maior parte das vezes,
desconhecidos. Claro que também existem
consagrados, mas esses, geralmente, não concorrem. Ficam de fora,
«torcem», incitam a juventude.
Quem entra num café,
encontra, quase sempre, mesas ocupadas
por jovens onde se canta baixinho, enquanto a caixa de fósforos de
um marca o ritmo. É assim que, muitas vezes nasce uma canção. E é
aceite, porque traduz com fidelidade os sentimentos do autor ou autores. O público sabe compreender essa música, não só o brasileiro,
como o de todo mundo. É o que falta à generalidade dos autores,
pouco fiéis na tradução, para música, dos seu estados de alma.
Festivais como «Bienal do Samba»
e «Festival da Canção Popular» trouxeram a lume canções como LAPINHA, MARINA, CANTO CHORADO, SABIÁ,
JANUÁRIA, CAROLINA, ANJO DA
NOITE e tantas outras que todos conhecem. Intérpretes como ELIS REGINA,
PAULO MARQUEZ , JAÍR RODRIGUES, JOSÉ VENTURA,
/ 22 / CYNARA & CYBELE, CHICO BUARQUE D'HOLLANDA,
EDU LOBO entre muitos outros levam por todo mundo a mensagem do seu
país. E em cada espectáculo não há lugar vago. Porquê? – Porque vem aí a música brasileira e toda a gente vai ouvir.
Estiveram em Portugal, ainda não há muito tempo, Edu Lobo,
Baden Powel, Vinicius de Moraes e outros artistas do país irmão, fazendo uma série de recitais, um dos quais foi transmitido através da
rádio, televisão, e que foi bisado. Razão? – Cada um que tire as conclusões que lhe aprouver. Mas uma certeza fica bem patente: a
da aceitação que a música brasileira tem entre nós. E garanto-vos que é
assim em todo o mundo.
Não quero acabar sem sublinhar o nome de António Carlos Jobin,
criador da conhecidíssima «GAROTA D'IPANEMA» que, além
de compositor de reconhecida valia, é cantor de voz clara e
intérprete
excepcional de violão.
OUÇAM MÚSICA DO BRASIL! |