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farol n.º 18 - mil novecentos e sessenta e cinco ♦ sessenta e seis, págs. 12 e 13.

Máscaras e Mascarados


  Angolanos

(1)

As Grandes regiões angolanas das máscaras

Eduardo Mortágua
(7.º ano)
 

EM Angola, e como regra, o uso das máscaras coincide com as zonas de prática da circuncisão. Esta coincidência, todavia, não é nem de valor nem de regularidade absoluta. Vários factores divergentes intervêm, até porque a antiguidade da circuncisão difere bastante entre as tribos angolanas, as quais na sua grande parte ainda o praticam.

Daí termos que considerar a existência de uma maior ou menor experiência na factura dos máscaras entre os diversos povos, tendo sempre em conta que os melhores padrões de máscaras correspondem à coexistência do rito da circuncisão e de escolas de escultura.

Podem localizar-se em Angola diversas regiões de uso ainda intenso de máscara, correspondendo a povos como os lacas, Chinges, Minungos, Bâugalas, Luenas, Luimbres, Lutchazes, Bundas, e Quiocos, tribos essas repartidas pelos grupos etno-linguísticos Quicongo, Quibundo, Ganguela, Lunda-quioco e outros.

Há também a notar uma zona de máscaras bastante activa, algo difusa, no centro-sul de Angola, entre o Cubango e o Cunene.

A região da máscara designada vingandzi, cultiva pouco a máscara de madeira, o que lhe confere uma classe muito menor do ponto de visto artístico.

Cabinda, o Congo, a zona litoral dos Ambundos, e daí para / 13 / o sul, ao longo da faixa costeira, até alturas de Benguela, é evidente quase total a decadência da cultura da máscara nativa, por influência da ocidentalização dos costumes.

Paralelamente com a decadência da máscara, e, em certa medida, explicando-a, também o uso do circuncisão caiu e desapareceu. Sirva de exemplo Luanda, em cujos arredores já raramente se praticava em alturas de 1913.

Este facto, a particular expressão facial da escultura conguesa, arreigadas lendas de mascarados entre o Loge e o Onzo, a forte aculturação do Carnaval (revelador de um acentuado culto da máscara e do rito mascarado), são alguns factores que abonam uma passada existência da cultura da máscara no litoral angolano.

No canto sudeste da província, a influência da cultura pastoral camitizada é refractária à factura e rito das máscaras, pelo que o seu uso é inexistente.

Recapitulando os centros vitais da máscara, há a anotar que o dos lacas se apresenta independentemente ou isolado. Os centros Luena, Quioco, Xinge, Minungo e Lunda confluem, interpenetrando-se em algumas direcções. Na zona do tipo vingandzi há evidentes influências dos Quiocos, Luenas, e até dos lacas.

(continua no número 20)

 

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08-06-2018