Eduardo Mortágua
(7.º ano)
EM Angola,
e como regra, o uso das máscaras coincide com as zonas de prática da circuncisão. Esta coincidência,
todavia, não é nem de valor nem de regularidade absoluta.
Vários factores divergentes intervêm, até porque a antiguidade da circuncisão difere bastante entre
as tribos angolanas,
as quais na sua grande parte ainda o praticam.
Daí termos que considerar a existência de uma maior ou
menor experiência na factura dos máscaras entre os diversos povos, tendo sempre em conta que os melhores padrões de
máscaras
correspondem à coexistência do rito da circuncisão e de escolas de
escultura.
Podem localizar-se em Angola diversas regiões de uso ainda intenso
de máscara, correspondendo a povos como os lacas, Chinges, Minungos,
Bâugalas, Luenas, Luimbres, Lutchazes, Bundas,
e Quiocos, tribos essas repartidas pelos grupos etno-linguísticos
Quicongo, Quibundo, Ganguela, Lunda-quioco e outros.
Há também a notar uma zona de máscaras bastante activa,
algo difusa, no centro-sul de Angola, entre o Cubango e o Cunene.
A região da máscara designada
vingandzi, cultiva pouco a
máscara de madeira, o que lhe confere uma classe muito menor
do ponto de visto artístico.
Cabinda, o Congo, a zona litoral dos Ambundos, e daí para
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o sul, ao longo da faixa costeira, até alturas de Benguela, é
evidente quase total a decadência da cultura da máscara nativa, por
influência da ocidentalização dos costumes.
Paralelamente com a decadência da máscara, e, em certa medida,
explicando-a, também o uso do circuncisão caiu e desapareceu. Sirva
de exemplo Luanda, em cujos arredores já raramente se praticava em
alturas de 1913.
Este facto, a particular expressão facial da escultura conguesa,
arreigadas lendas de mascarados entre o Loge e o Onzo, a
forte aculturação do Carnaval (revelador de um acentuado culto
da máscara e do rito mascarado), são alguns factores que abonam uma
passada existência da cultura da máscara no litoral angolano.
No canto sudeste da província, a influência da cultura pastoral
camitizada é refractária à factura e rito das máscaras, pelo que o
seu uso é inexistente.
Recapitulando os centros vitais da máscara, há a anotar que o dos
lacas se apresenta independentemente ou isolado. Os centros Luena,
Quioco, Xinge, Minungo e Lunda confluem, interpenetrando-se em
algumas direcções. Na zona do tipo vingandzi há evidentes influências
dos Quiocos, Luenas, e até dos lacas.
(continua
no número 20)
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