Licínia Maria Senos
Desce o
crepúsculo, a noite desce.
Caiem sobre as coisas plácidas e calmas
Sombras disformes, trémulas e vagas.
Semeadas de ruídos misteriosos.
Mas eis que na aldeia pequenina.
O sino toca Avé-Marias.
Badaladas lentas, compassadas,
Trazem para os homens já cansados
Dos trabalhos do campo, tão pesados.
A alegria de um pouco de descanso.
Então o homem ergue as mãos e ora.
Pedindo a Deus o pão de cada dia.
Ajoelha na terra fria, mas amiga,
Deixando a enxada só, no descampado.
E, enquanto o sino tange docemente,
O homem reza no meio do campo semeado. |