Maria da Conceição
(5.º ano)
Eram 4 horas da
tarde, quando chegámos a Tomar. Na estação já se encontravam algumas
pessoas e pela agitação que se verificava, qualquer pessoa alheia ao
acontecimento do dia chegaria à conclusão de que algo de anormal se
iria dar.
Na verdade, daí por 30 minutos chegaria um comboio, que transportava
um contingente que honrosamente cumprira a sua missão no Ultramar.
Nós estávamos felizes.
Íamos ali a fim de esperar alguns
combatentes intitulados os «Falcões», que, quanto mais não seja de
nome, o leitor conhecerá.
Os nossos pensamentos entrechocavam-se com emoções. Não sabíamos
como nos iríamos conhecer, pois no meio de perto de 700 homens
queríamos descobrir um Salgado, um David, um João.
Como tópicos concretos tínhamos apenas algumas fotografias.
Finalmente o comboio chegou. Por entre densas nuvens de fumo
viam-se surgir uns rostos ansiosos, tentando descobrir por entre a
multidão os que lhes eram mais queridos e com quem não se avistavam
há 28 meses.
O momento era chocante.
Agora viam-se mães enlaçadas nos braços dos filhos, enquanto
lágrimas de alegria e felicidade lhes inundavam o olhar.
Volvidos cerca de 10 minutos todo o contingente perfilou perante o
General da Região que se encontrava junto à porta da estação.
Como nos encontrássemos em missão destacada não nos foi difícil
reconhecer os nossos heróis.
Não menos fácil nos avistaram também e depois de sorrisos
significativos ficámos com a certeza de que não nos havíamos
enganado.
De seguida as tropas percorreram as ruas da cidade em
direcção à igreja, onde foi rezada missa em acção de graças pelos
benefícios recebidos.
Apesar da agitação que se verificava quer da parte das
famílias, quer ainda dos próprios militares, a missa decorreu com bastante solenidade e os seus olhos estavam erguidos para o Alto
numa
prece de agradecimento.
Finalmente todos se dirigiram para o quartel, onde houve uma
homenagem aos mortos daquele mesmo contingente, que haviam dado
as suas vidas em defesa duma causa justa.
Conseguimos falar finalmente e então pudemos ver a alegria
com que nos acolheram, e o bem que lhes fez ali a nossa presença
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tão simples. Associámo-nos à sua alegria e conversámos durante
algum tempo.
Depois da despedida e já de regresso a Aveiro um silêncio se
fez sentir, silêncio esse que me fez meditar e chegar a esta
conclusão:
os «Falcões» voltaram. Fizemos o que pudemos para lhes amenizar
aquelas horas difíceis, passadas longe da família e dos amigos.
Realmente as nossas cartas, cantinhos e outros meios de que
nos servimos para tal fim e que à primeira vista parecem sem importância, exercem influência e disso tivemos a prova.
No entanto outros lá ficaram e continuam a precisar de nós.
Se já fizemos alguma coisa, muito mais temos a fazer de hoje
em diante e sempre mais, sem nunca desfalecer.
O movimento conta com todos aqueles que dele se queiram
abeirar com o coração aberto para dar e mais, precisa muito deles.
Para aqueles que nos compreendem e connosco colaboram, o
nosso muito obrigado. |