(Condensado de «Lectures Pour Tous»
– Agosto de 1960)
O
problema da origem dos petróleos provocou outrora
variadíssimas discussões; esse problema não está ainda
completamente esclarecido. Duas teorias foram abandonadas: a teoria química, que atribuía a formação
dos petróleos á decomposição pela água de carbonetos metálicos, e a teoria vulcânica, segundo a qual os petróleos
se teriam formado por intermédio de reacções e de condensações
de hidrogénio, de metano e de óxido de carbono proveniente de
gases de vulcões.
Hoje em dia admite-se a hipótese de que os petróleos provêm
da transformação lenta, na ausência do ar, e a uma temperatura
moderada, de matérias vegetais e animais de origem marinha.
Pensa-se ordinariamente que se trata de vegetais marinhos,
tais como algas, associadas a microorganismos, animais análogos
ao plâncton que se teriam depositado formando camadas alternadas de Iodos ricos em matérias orgânicas e de Iodos
impermeáveis. Estes Iodos ter-se-iam transformado sob a acção de bactérias
anaeróbias, por fermentação, dando hidrocarbonetos. A massa de
lama teria endurecido pouco a pouco devido à influência da
pressão, do calor e do tempo, formando aquilo a que se chama
a rocha-mãe, semelhante aos xistos betuminosos. Em seguida a
rocha-mãe teria sofrido, por um mecanismo ainda desconhecido,
a transformação em produtos líquidos cuja composição é, de resto,
bastante variável com as regiões petrolíferas. Esta teoria é
justificada pela presença de água salgada nos jazigos de petróleo, e
de peixes ou moluscos fósseis.
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Encontram-se na Roménia e nos Estados Unidos alguns «jazigos
primários» onde o petróleo ficou em contacto com a rocha-mãe. Mas,
mais vulgarmente, os óleos deixaram a rocha-mãe e, por migração
lenta, devido a fenómenos de capilaridade, de pressão exercida por
gases e pela água, etc., espalharam-se em
terrenos de natureza muito variada até terem sido detidos por uma
camada impermeável do solo.
O petróleo permanece então em rochas permeáveis denominadas «rochas de depósito», onde é acompanhado, em princípio, na parte
inferior por água salgada, e na parte superior por gás. Com efeito,
os jazigos apresentam geralmente camadas alternadas de rochas
permeáveis e impermeáveis, e algumas das camadas permeáveis contêm
ou petróleo ou gases, algumas vezes unicamente água salgada,
enquanto que outras são estéreis. É o que explica que os petróleos
não se localizem numa formação geológica determinada e que se
encontrem em terrenos que vão do primário ao fim do terciário.
É uma diferença essencial entre os petróleos e a hulha, que provem
da decomposição de vegetais terrestres nas regiões costeiras de
mares pouco profundos, depois do enterramento.
A formação do petróleo parece ser um fenómeno contínuo,
do qual se veriam ainda actualmente algumas fases primitivas, por
exemplo no Mar Negro, cujos Iodos contêm até 35 % de matérias orgânlcas. |