João Afonso Cristo
(6.º Ano)
NA cidade ou na aldeia, na praia ou no campo, no
país
ou no estrangeiro, qual é o estudante que após uma jornada fatigante de trabalho, não deseja o repouso e a tranquilidade de umas merecidas férias? Qual?...
Por entre milhares e milhares de estudantes que povoam todos os
liceus e demais estabelecimentos de ensino que há pelo mundo, não
há, estamos certos disso, não há um único que não deseje
ardentemente umas repousantes férias,
após mais um ano de contacto com as novas matérias e professores. Um único!...
E assim é que, escaladas que são as íngremes montanhas, passados que
são os duros e alcantilados caminhos – que, infelizmente, nem todos
conseguem percorrer, pois muitos são os que ficam caídos nas bermas
das estradas – assim é que aqueles espíritos, outrora vacilantes,
depois fortes e agora vencidos pelo
cansaço, se atiram para o prado verdejante e fresco que se lhes
oferece e por ar ficam deliciados no prazer que a toda a hora se faz
ouvir nos seus espíritos, com o nome harmonioso, suave e musical de
férias.
E nesse sono mais ou menos longo, o espírito descansa e a alma
sonha, sonha imaginando novos mundos e novas paisagens, – que para
alguns não passam de um sonho dourado...
Mas, assim como tudo tem o seu limite, também esse
«sono», mais ou menos longo, atinge o seu termo...
E tal como uma voz que pretende ser suave mas que se nos afigura um
trovão, uma mão que pretende ser meiga, mas se torna terrivelmente
dolorosa, uma campainha que pretende emitir sons musicais, mas que
não consegue mais do que um ruído
/
21 / catastrófico, assim aquele belo sonho termina por um brusco
despertar do espírito que ainda repousava adormecido.
E na frente do estudante que estremunhado acabara de
despertar, erguem-se novas e mais íngremes montanhas, adivinham-se
mais duros e alcantilados caminhos a percorrer e a vencer. Mas
ele sonha ainda, sonha, agora acordado, com o paraíso que se
lhe abrirá depois de transpostos novos obstáculos que tem na
sua frente.
E ei-lo que se lança de novo corajosamente através dos
ásperos caminhos, esperando vencer redobradas dificuldades, confiante num novo atingir da «terra de promissão», esse paraíso
onde tudo lhe diz baixinho, como uma canção de embalar: Férias, férias, férias... |