MERCÊ
talvez do seu espantoso desenvolvimento industrial, S. João da Madeira
dá-nos, turisticamente, aspectos que podem considerar-se únicos pelo
interesse que oferecem, sobretudo no âmbito psicológico das suas gentes.
Na realidade, existe ali um bairrismo que, no entanto, não tem nenhuma
das feições antipáticas que tantas vezes acompanha aquele sentimento. O
bairrismo em S. João da Madeira é mais propriamente orgulho -- orgulho
legítimo de servir a Pátria, levando-a para além das fronteiras
nacionais pela presença de produtos que são de lá, que foram feitos
pelos seus filhos.
O sanjoanense, regra geral ama a sua
profissão, e a indústria em que exerce a sua actividade. Assim se
compreende toda a sinceridade do seu movimento em favor do uso do
chapéu, desse chapéu que costumes importados estão pondo fora de uso,
mas que ali se persiste em conservar na indumentária masculina como
indispensável não só à linha de elegância como até para a boa
conservação da saúde... E não há, nesse movimento, um sentido de defesa
de interesses próprios porquanto o operário de S. João da Madeira tem
dado sobejas provas da mais fácil adaptação a novas indústrias, sejam
elas de que natureza forem. Como exemplo, aponte-se o caso das máquinas
de costura, que hoje ocupa centenas de braços masculinos e femininos.
Há, pois, ali, e fortemente, um valor
turístico humano que não pode desprezar-se, até porque é único na nossa
terra. E só quem não passou por
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S. João da Madeira ou não contactou com a sua gente é que pode duvidar
desse valor e estimá-lo como coisa de menor importância. Não será longo
o diálogo – que aquela gente tem realmente que fazer – mas dele
raramente deixaremos de colher lições magníficas de dedicação,
competência, amor próprio e patriotismo.
Grande terra é pais S. João da Madeira;
grande gente é pois a de S. João da Madeira. E dizemo-lo com
sinceridade, porque sabemos que assim é através da própria experiência.
Convidamos, pois, o leitor a experimentar este turismo humano, talvez um
pouco sentimental mas, sem dúvida, pleno de interesse. Como não são
apenas os velhos monumentos ou as luxuriantes paisagens que marcam o
valor turístico das regiões, pode pois dizer-se que S. João da Madeira
tem, na maneira de ser das suas gentes, um pólo de atracção turística,
não podendo deixar-se fora do cartaz correspondente, uma visita ao âmago
desse conjunto industrial que, hoje em dia, deve ser o primeiro de
Portugal.
No entanto, entrando nos aspectos de turismo
geral, S. João da Madeira não é, de forma alguma, uma terra destituída
de interesse. Ponto de passagem para quem demanda o Porto, convida a uma
paragem sempre agradável. Por outro lado, pode ser ponto de partida para
visitas a locais de forte pitoresco e belos panoramas.
Atenção, pois, turistas, a S. João da
Madeira.
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