Trecho do rio, em Sever do Vouga, na zona em
que o caminho-de-ferro se cruza com a magnífica paisagem que ladeia o
Vouga
SEVER DO VOUGA
POSSUI UMA DAS MAIORES RIQUEZAS
PAISAGÍSTICAS DE PORTUGAL:
O VALE DO VOUGA
QUEM se dirige a Viseu, tomando a estrada que sai da encantadora
Albergaria-a-Velha, encontra, a poucos quilómetros desta vila beiroa, um
dos mais encantadores cenários que a Natureza oferece ao distrito de
Aveiro.
Paisagem socalcada que nos apresenta, à
direita a tonalidade verdejante dos campos de milho marginando o Rio
Vouga e pinhais que, encosta acima, parecem procurar o céu, e à esquerda
o caminho de ferro que parece suspenso das encostas em que predomina o
pinheiro e o eucalipto para odorificação do ambiente.
E por entre dois montes, entre o caminho de
ferro e o Rio Vouga, que a estrada serpenteia procurando mais fácil
caminhar entre o acidentado cenário, tanto mais maravilhoso quanto mais
abrupto se vai tornando.
Num voltear constante, após Vale Maior e o
Poço de Santiago – onde o caminho de ferro se cruza com o Rio Vouga, por
ponte que é testemunho da engenharia de outros tempos, percurso em que
se confundem as naturais belezas de dois concelhos, entramos no de Sever
do Vouga que com as suas oito freguesias, se estende num cenário
enriquecido pelo Vouga e pelas alturas abruptas de uma serra em que se
situam Talhadas e a própria sede do concelho.
Por um lado, o intenso verde dos seus
campos, a fertilidade das suas terras lavradias; por outro lado a
grandeza esmagadora das suas serras – mas em toda a parte um cunho bem
característico da legião.
Viajando pelo distrito de Aveiro,
principalmente nas regiões vinícolas, alguma coisa sempre se encontra a
falar-nos de Sever do Vouga, do seu concelho, pois, em toda a parte,
vamos encontrar o arranjo da vinha sustentada pelas «amparas» e guias de
pedra das Talhadas.
Tanta basta para se afirmar que, mesmo
daquela envolvente e esmagadora rudeza das serranias, Sever da Vouga
usufrui benefícios da paisagem que a cerca.
São os esteios de pedra, das Talhadas, são
os frutos dos laranjais de Pessegueiro do Vouga, é a indústria de massas
alimentícias e rações para gado, de Paradela, são as madeiras das suas
matas, transformadas industrialmente em Rocas, é tudo
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quanto a Natureza oferece e a mão do Homem transforma, que a Sever do
Vouga confere uma riqueza notável.
Envolvido o concelho no mais maravilhoso
cenário, a que o Rio Vouga empresta toda a sua grandeza, vamos encontrar
– e deploramos que assim seja – toda esta região em lamentável abandono
turístico. Na verdade ela não é mais que passageira miragem para quem
busca as terras de Viriato, e isto porque nem a indústria hoteleira
particular nem as entidades responsáveis pelo turismo se prendem à ideia
do aproveitamento de uma das nossas maiores riquezas paisagísticas – o
Vale do Vouga.
Desde que, ao sairmos de Albergaria-a-Velha,
entramos no Vale do Vouga, para atravessarmos a Beira Litoral com rumo
ao interior, encontramos, marginando o Vouga, todas as necessárias
condições para uma região de turismo: desde a pesca tão fértil no rio ao
repousante ambiente que o envolve, desde a variada rede de comunicações
– inclusive a fluvial, pois a partir do Poço o Rio Vouga se torna
navegável, até com a interesse de só o ser com as tradicionais bateiras
– até à fertilidade de um solo que tudo possui.
Depois de Vale Maior e a caminho de
Paradela, o Rio Vouga oferece, porém, toda a amplitude dos seus recursos
turísticos, interrompida apenas por um dique-represa, e, para além
deste, serra acima, quando já corre à esquerda da estrada asfaltada que
conduz à natural riqueza de um solo que nos oferece as águas termais de
S. Pedro do Sul.
Quem tenha feito este percurso por certo
concordará que não é de todo fácil encontrar-se em Portugal mais belos
panoramas.
E se essa circunstância nos faz acreditar
que é o nosso um verdadeiro país de turismo, dá-nos, sobretudo, a medida
do muito que ainda há a fazer nos domínios do seu conveniente
aproveitamento.
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