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Praias de banhos, Excursões e Estaleiros

Praias de banhos da ria – No cordão litoral do Sul, há a praia da Barra (ou do Farol), a da Costa Nova do Prado e a de Mira (pág. 123); no cordão litoral do Norte, as praias de S. Jacinto, da Torreira e do / 512 / Furadouro. Esta última, a mais concorrida, fica já para além do extremo Norte da ria, não longe do Carregal. De um modo geral modestas e de índole familiar, conservam ainda muitas dos seus antigos palheiros (pág. 38).

 

Excursões na Ria (1) – A melhor época para as digressões na ria é o Verão. Nas outras estações a vida das marinhas está suspensa e não é visível o belo espectáculo dos seus montes de sal, «como um imenso acampamento de tendas brancas, assediando a cidade ao lado do mar». Por outro lado, na Primavera não se pode observar, por ser a época do defeso, a apanha do moliço, o que se traduz em diminuição sensível do interesse da ria, visto a maior parte da sua flotilha de embarcações estar ligada a essa actividade.

A ria é navegável, com mais ou menos rodeios, para as embarcações de fundo raso, em todas as direcções e em todas as épocas, qualquer que seja a maré (2). Há apenas a exceptuar o extremo Sul, entre a Vagueira e o Areão, onde é necessário esperar a enchente.

 

1. À Praia de S. Jacinto (de barco a remos, vela ou gasolina, fretados em Aveiro, no Canal da Cidade. Consultar previamente a Comissão de Turismo ou a Capitania).


Digressão recomendada

A excursão é excepcionalmente agradável a partir das Pirâmides, limite do Canal da Cidade, quando se principia a marginar a ilha de Sama, navegando-se sobre as águas brandas da Cale da Vila. Durante esta primeira parte do percurso segue-se ao longo da soalheira estrada da Barra. De um e outro lado, marinhas.

A margem Norte da cale é a Ilha de Sama, por detrás da qual se ocultam outras (a Ilha do Poço, da Franqueira, de Perrechil), todas planas e cobertas, no Verão, de montículos de sal, refulgentes de brancura, sob o céu azul. Ao longe, na orla indefinida da ria, apontam-se as grandes povoações da Murtosa e Pardelhas, emolduradas pelas colinas arborizadas de Ovar. Um ou outro moliceiro gondolar, movido à vara, ou mercantel, impelido pela vela escarlate, fenícia, cruzam-se de vez em quando com o viandante da estrada e cortam com mansidão a superfície verde das águas do canal. Às salinas sucede, à esquerda, a ampla toalha prateada do Lago do Paraíso. A cidade afasta-se. Principia a ouvir-se o tantã dos estaleiros próximos / 513 / da Gafanha (construção de navios de madeira, de pesca), (pág. 526).

Os antigos estaleiros de Aveiro (3) estavam instalados nas margens da Cale de S. João (hoje Canal da Cidade) e deles saíram 150 navios de comércio e 60 de pesca longínqua da grande frota que possuía Portugal no séc. XVI.

A construção de embarcações de pesca costeira e lagunar, apanha de moliço e transporte, faz-se em sítios dispersos pela margem da ria.

 


RIA DE AVEIRO – ANCORADOURO DA GAFANHA
LUGRES DE PESCA LONGÍNQUA E CAMPOS DE SECA DE BACALHAU
 

À vista dos estaleiros e dos campos de seca de bacalhau, entra-se na largueza do Canal de S. Jacinto. O panorama lagunar redobra de vastidão e suavidade. Desenham-se do lado do nascente as montanhas que demarcam a Beira Alta, desde o cume de S. Pedro (alturas de Arouca) aos alcantis do Caramulo. Perto, à esquerda, ergue-se o Farol da Barra; à direita, vislumbra-se a embocadura da Cale do Espinheiro, no enfiamento da foz do rio Novo do Príncipe. A dez golpes de asa de narceja desembarca-se em S. Jacinto, após hora e meia de vagarosa viagem.

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(1) – Por RAUL PROENÇA e SANT'ANNA DIONÍSIO.

(2) – Já o mesmo não sucedia antes de ser banida a pesca pelos botirões, cujas linhas, de Outubro a Abril, tomavam os canais com cerca de um milhar de estacas cravadas ao través das calas, tornando-se um embaraço e um perigo para a circulação das embarcações, principalmente de noite.

(3)  –  Informações do Comandante ROCHA E CUNHA.
 

 

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