ELEMENTOS DO LAGAR
Vimos já que o plano dos lagares é normalmente quadrangular ou
rectangular, tornando-se muito semelhantes entre si.
As figuras 1, 2 e 3 mostram-nos três tipos diferentes de lagar: um
antigo, com uma vara (fig. 2); outro que poderemos considerar
semi-moderno, pois apresenta já uma maior evolução técnica, embora
tocado ainda a bois (fig. 1); finalmente, um lagar moderno, accionado
por meio de água (fig. 3).
Analisando qualquer destes três tipos, verificamos que, apesar de
cronologicamente diferentes, são constituídos pelos mesmos elementos
fundamentais, que podemos encontrar em outros países produtores de
azeite.
Façamos a análise de cada um dos elementos dos esquemas correspondentes
às figuras mencionadas.
Relativamente ao lagar da figura 1 (◄
página 5), que é um
lagar de parafuso,
encontramos os seguintes elementos: A –
moinho
com duas mós verticais, accionadas por um cambão, por sua vez puxado por
bois; B –
prensa,
constituída por uma zona circular, onde se colocam as seiras, e uma viga
horizontal, apertada por meio de dois fortíssimos parafuso; C –
caldeira
com respectiva fornalha para aquecimento da água destinada a caldear; D
–
monte de bagaço,
previamente apertado num cincho, que servirá para alimentar a fornalha;
E –
depósito
para onde corre o azeite, misturado com almofeira e água das caldas; F –
cincho
para apertar o bagaço vindo da prensa B.
A figura 2
►
(página 6) representa um
lagar de vara simples,
que é formado pelos seguintes elementos: A –
moinho
accionado por meio de uma roda hidráulica G, que transmite o seu
movimento, por meio de um sistema de engrenagem, a uma mó vertical, que
gira no interior do
pio
ou
vasa;
B –
prensa
de vara; C –
caldeira
com respectiva fornalha; D –
monte de bagaço;
E –
tarefas
para onde corre o azeite misturado com a almofeira e água das caldas; F
–
conduta
para a água, que faz girar a roda G; G –
roda hidráulica
que acciona o moinho; H – lenha para alimentar a fornalha.
A figura 3 (
◄
página 7) representa um
lagar moderno
movido a água, o qual é constituído pelos seguintes elementos: A –
moinho
de ferro com duas mós verticais accionadas pela roda G por meio de
engrenagem; B –
prensa hidráulica
accionada pela bateria M; C –
caldeira
para aquecimento da água; D – zona onde se tira o bagaço dos capachos; E
– conjunto de três
tarefas,
ligadas entre si, para purificação do azeite; F – conduta de água para
fazer mover a roda G, que transmite o movimento às mós; H – casa das
tulhas; I – tulhas para armazenamento da azeitona; J – caixa metálica
onde cai a massa, antes de ser colocada nos capachos; L – carris para os
carros da prensa, com uma placa giratória; M – bateria para accionar a
prensa; N – caixa com fundo inclinado por onde despejam a azeitona para
o moinho.
Além dos elementos citados, podem ser encontrados outros objectos, tais
como: seiras e capachos, indispensáveis para a prensagem da massa;
vasilhas de pele de animal, barro, folha de Flandres e chapa de ferro,
para guardar o azeite; candeias para iluminação dos lagares e das
tarefas; varetas para mexer o azeite; recipientes de folha para tirar a
água das caldeiras; etc.
Existem ainda outros compartimentos, em alguns lagares, como quartos ou
estrados para os empregados dormirem, divisões para os motores e lojas
para acumular o bagaço, donde sairá para fábricas de extracção de óleos.
As águas, que se separam do azeite, são geralmente
recolhidas em depósitos próprios, conhecidos tecnicamente pela expressão
poços de decantação.
Daí se retira no fim da lagaragem ou laboração alguns restos de azeite.
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