Almanaque Alentejano - N.º 10

Henrique Pousão

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A morte a destempo

Luís B. B. Jordão

Genial! Henrique César de Araújo Pousão é bem uma figura de alentejano de que todos nos orgulhamos.

Já ouvi dizer que ninguém pode escolher o lugar onde nasce, não se pondo no entanto a mesma proibição quanto ao lugar onde se morre. No caso concreto de Henrique Pousão, veio à vida no Alentejo, Vila Viçosa, porque o pai, Francisco Augusto Nunes Pousão, era delegado do Ministério Público em Elvas. Portanto, não foi escolha sua ter nascido em Vila Viçosa. Mas foi decisão inequivocamente sua vir morrer no Alentejo, a Vila Viçosa, quando, estando em Capri, sentiu a morte aproximar-se.

Henrique Pousão

Henrique Pousão nasceu a 1 de Janeiro de 1859, filho de Francisco Nunes Pousão e de Maria Teresa Alves de Araújo.

Estudou em Portalegre até 1872. A partir daqui seu pai foi transferido, no âmbito da sua actividade profissional, para Barcelos, e Henrique Pousão começou a estudar no Porto, no atelier do pintor António José da Costa; mais tarde, prestou as respectivas provas na Academia Portuense de Belas Artes, onde facilmente se distinguiu, recebendo variadíssimos prémios, alguns dos quais monetários.

Completou os cursos de pintura, escultura e arquitectura, em todas as áreas, distinguindo-se em situações várias.

Cais de Barcelona

Em 1880 foi para Paris por ter sido aprovado nas provas de candidatura ao pensionato, tendo aí tido como professores alguns dos importantes nomes da época. Foi em Paris que uma constipação, gripe ou resfriado, provavelmente mal tratada, lhe traçou o final a curto prazo.

Foi esta situação que o obrigou a abandonar França, deslocando-se então para Itália, por onde viajou na procura de um clima temperado, fixando-se em Capri, não sem antes ter tido alguma participação e estudado no círculo de artistas de Roma.

Foi em Capri que pintou uma parte significativa das suas telas, parecendo sentir que o tempo que restava era escasso, tanto mais que por todos os médicos tinha já sido desenganado.

Regressou a Vila Viçosa em 1884, apressadamente, morrendo a 20 de Março com 25 anos.

A esmagadora maioria da sua obra encontra-se exposta no Museu Soares dos Reis, na cidade do Porto. Sinceramente, recomendamos uma visita atenta.

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Daqui, neste Janeiro de 2014, tomo a liberdade de lançar o desafio ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, para que, juntando à sua volta as instituições ligadas à cultura, a nível regional e nacional, promova uma homenagem a este enorme alentejano, para que não caia no esquecimento.

Luís Jordão
Janeiro de 2014

Senhora vestida de preto