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O TOUREIO E AS ARTES

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Carlos Patrício Álvares (Chaubert)

O Toureio é uma modalidade que tem sido, e é, atacada por muita gente. Têm pena dos toiros que são mal tratados, da insensibilidade dos toureiros – os Forcados, talvez porque é neles que o toiro, impunemente, se desforra das provocações que sofre, são poupados. Falam de espetáculo de mau gosto, cruel, só do agrado das classes mais abastadas. Uma série de conceitos que só a ignorância do que falam justifica.

1º) A génese do toureio a pé, está no Povo. Foram os "lacaios", como ao tempo se apelidavam os empregados dos Senhores que, não tendo cavalos, e querendo também divertir-se, começaram a fazê-lo desafiando os toiros a pé. O êxito obtido levou à absorção do espetáculo pela fidalguia e burguesia, que o puseram a seu jeito. Mas desta vez vez o Povo não se deixou espoliar pacificamente.

Com a conveniência das elites que precisava da sua valentia para prosseguir, entrou no jogo. Ao qual soube impor especial carisma. Saíram dele os primeiros toureiros que impuseram a Tauromaquia.

Tauromaquia que pela emoção, beleza, plasticidade e poesia que contem, inspirou poetas, pintores e escultores. Todavia, mesmo antes, como se pode observar nas pinturas rupestres das grutas de Lascaux e Niaux, em Espanha e França, respetivamente, o toiro foi motivo de inspiração para o homem.

Porém não foram só "artistas" da pré-história que os jogos taureos conquistaram. A sua contínua progressão e sofisticação, fê-los tornarem-se mais atraentes, populares, aliciando diferentes artistas.

Na poesia vamos encontrar nomes como Nicolas Morantin com a sua reverente "ODE", dedicada a Pedro Romero. Juan Aznar Sanchez autor do "EL TOIRO MIO". O português Ary dos Santos com a conhecida e polémica "TOURADA." Rafael Alberti e o seu poema "LA MÚSICA CALLADA del TOREO" homenageando José Bergan.. E porque a Tauromaquia é motivadora, muitos mais existem. Tantos que seria fastidioso e monótono, nomeá-los todos.

Não posso no entanto deixar de referir o tocante "LLANTO POR IGNACIO MEJIAS" do inesquecível Francisco Garcia Lorca, poeta da liberdade, prematuramente desaparecido por se opor à ditadura.

Na escrita temos de José Delgado Guerra (Pepe-Hillo), famoso toureiro do séc. XVII, o "TRATADO DO TOREO". Embora ditado pois o toureiro só sabia assinar, foi uma autentica bússola do bem tourear. O enorme Eça de Queiroz, tanto no seu romance "OS MAIAS", como em vários artigos, também mostrou a sua predileção pelas touradas. Fialho de Almeida, José Ortega y Gasset e, acima de todos, Ernest Hemingway, igualmente lhes mostraram grande apreço. Ainda há mais mas...fico-me por aqui.

Na escultura encontramos artistas, génios, como Francisco Goya, com 33 gravuras dedicadas à Tauromaquia. O surrealista/abstrato Joan Miró. Os controversos Salvador Dali e Pablo Picasso. Este, talvez, o que lhe tenha manifestado maior apreço. Logo aos oito anos de idade, em óleo sobre madeira, desenhou "O TOUREIRO". Obra que passou a levar sempre consigo nas suas deslocações. Aos 87 anos, recuperando temas da sua juventude, produziu uma série de pinturas onde as touradas tinham grande destaque.

Com apreciadores desta qualidade e sensibilidade, tornam-se incompreensíveis as " mini" manifestações que se organizam contra o espetáculo tauromáquico e os argumentos usados para que seja proibido.

Proibi-los é trair a memória de Goya, Picasso, Dali, Miró, do colombiano Botero e de tantos outros artistas, de reconhecido mérito intelectual e humanista. No toureio há poesia, momentos maravilhosos, difíceis de descrever. Outros de uma plasticidade e harmonia contagiante. Assim a sentiram estes grandes nomes.

Proibir os espectáculos tauromáquicos é pois, limitar o talento, a liberdade de expressão e manifestar desprezo pelos valores culturais que ele transmite.

 

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