Na vila de São Manços, com
os seus mil habitantes, ali a poucos quilómetros da cidade de Évora, há,
desde 1965, um grupo de forcados. Na planície alentejana, onde a bela
São Manços se situa, junto à sua igreja, já muito antiga no tempo, corre
a ribeira, onde nas suas águas se refrescavam, nos pegos de Verão, os
seus jovens, que nasceram e cresceram nesta terra, para formarem o seu
Grupo de Forcados. Antes da existência do Grupo, alguns que queriam ser
forcados, pegavam nos Amadores de Santarém, Montemor ou Lisboa.
O primeiro cabo foi, o
ainda hoje grande aficionado, Francisco Pereira. A sua aficcion
ao toiro e ao cavalo fez dele, mais tarde, o primeiro espontâneo a
aparecer numa praça de toiros, montando um dos seus cavalos enquanto o
cavaleiro de alternativa trocava de montada. Foi um caso insólito e
passou-se na castiça praça de toiros desta vila de tantos e tão bons
aficionados. Caso único, que eu saiba, no mundo dos touros. Mas o Xico
Pereira é assim…
Em 1972 passou o comando do
Grupo ao Joaquim Azeda que até 1988 orientou os seus rapazes. Alcançaram
triunfos sonantes e mantiveram acesa a chama que ainda hoje existe.
Acompanha-os ainda bem de
perto, com o seu conselho e o seu apoio de forcado experiente. A ele
seguiu-se o Joaquim Carvalho até 2000. Na entrada do século XXI tomou a
chefia o Rui Piteira e, em 2009, até este momento, o cabo do Grupo é o
jovem Joaquim Branco, neto daquele que construiu a praça de touros e
ajudou a manter bem viva a alma desta forcadagem.
O Alentejo, este Alentejo
que temos no coração, tornou São Manços mais aficionada e um local onde,
a gastronomia e os bons vinhos, não podem ser esquecidos. A este povo
amante do espectáculo dos toiros, o seu Grupo de Forcados já deu muitas
e muitas alegrias, muitas emoções fortes, pelos triunfos alcançados e,
algumas vezes, as nuvens da tragédia também rondaram esta “Família” de
homens das jaquetas de ramagens. Mas o Sol brilhará nestes campos
alentejanos e o Homem e o Toiro continuarão a enfrentar-se para que a
Grande Festa nunca morra. Os Forcados Amadores de São Manços serão uma
das garantias para que isso não aconteça.
Não se redige em algumas
dezenas de palavras todo o vasto historial deste punhado de valentes
que, como todos os Forcados Amadores, a troco de nada, arriscam a vida
em cada tarde e colocam bem alto esta Arte que os portugueses criaram… e
ainda mantêm bem viva.